terça-feira, 19 de março de 2019
DICAS (182)
BONITEZA TORTA – ALGO DO EVENTO “FESTA!” NO SESC BAURU, DOMINGO À TARDE
Domingo à tarde é de uso exclusivo para futebol? Que bom quando a resposta é NÃO. Seguindo essa invertida regra do mais se vê pela aí, que são as TVs todas ligadas em jogos e mais jogos de futebol, eu tento fazer o posto, mesmo gostando bastante deste esporte. Saio para o SESC, despedida do projeto FESTA! – Festival de Aprender 2019 (Desvelando Aprendizados), que de 15 a 25/03 tomou muitas de suas unidades, não só para discutir temas relacionados ao Design, como valorizar algo feito com as mãos (futebol é com os pés) e muito mais com a força da mente sã (Garrincha jogava com a mente, hoje poucos o fazem). Me delicio com a escolha feita, ou melhor, com o acerto no melhor encaixe para uma perfeita destinação de tempo para modorrentas tardes domingueiras.
Eram duas palestras numa só. Das 16 às 18h, duas falas e um só debate proveniente da conversação. Descrevo ambas. Com o tema “Artesanato, Design, Inovação e Tradição”, as palestrantes Adélia Borges e Lena Martins, com mediação da professora local Paula da Cruz Landim. Primeiro falou Adélia, depois Lena. Eu ali, sentadinho, bem comportado e ruminando internamente em como poderia tirar proveito daquilo tudo. Gostei e isso, por si só, já é mais do que suficiente para a produção de alguma escrevinhação. O paraíso e universo, tema principal foi o Design e algo de sua ramificação. Saco algo onde possa se aproveitar da mensagem recebida do escutado. Uma palestrante mais teórica, técnica, profunda conhecedora da História e outra só mão na massa, fazendo e acontecendo uma vida inteira. Da junção a descoberta: o futuro é feito a mão. Por mais que o avanço tecnológico atinja níveis inimagináveis, o saboroso é continuar curtindo o sabor advindo da percepção do trabalho manual, oriundo desse tal de “sangue, suor e lágrimas”. O que uma máquina te entrega pronto nunca terá o sabor de algo feito, pensado e trabalhado com a desenvoltura do manuseado artesanalmente. Para mim, quando tudo tão perfeito, bela bosta, pois dou muito mais valor para o resultado com aquelas imperfeições do propiciado pela mão humana.
Adélia ganhou um avião feito por um artesão local, presente da professora Monica Moura, peça comprada numa feira de artesanato na manhã do domingo, provavelmente a Ubá, ali no parque Vitória Régia. O encanto nos olhos da presenteada não seria o mesmo se o avião fosse produto de uma empresa de brinquedos, produção em série e fino acabamento. No meu entendimento, a belezura do termo lá ouvido, “boniteza torta”, pode vir dessa comparação. Para muitos, algo inimaginável no limiar do século XXII, quando gente como as apresentadoras fazem questão de valorizar e reafirmar, “o futuro é feito a mão”. E mãos bem humanas, de artesãos mundo afora, como este que fez o avião e que descobrirei o nome em breve. Cida, criadora de bonecas de pano, sem colagens e costura, como reafirmou por diversas vezes na palestra, maranhense carioca, tem uma linda definição para apresentação do seu trabalho, “fazendo arte com o que a vida oferece”.
O aproveitado das explanações de ontem à tarde foi isso. Não sei se assimilei direito a propositura, mas quando vi artesãos locais interagindo com a mestra Adélia, phd nessas questões de valorizar o feito dos verdadeiros e originais artistas, tão diferentes e tão iguais em tantas coisas, confirmo ter acertado na escolha de onde meto a colher. Até por ter me apropriado do termo “historiador das insignificâncias”, termo criado pelo historiador carioca Luiz Antonio Simas, já me sentindo em casa, saco da algibeira dois trenzinhos de madeira, cria a verve do artesão de madeira, Chico Cardoso, lá do Gasparini e a presenteio, não sem antes explicar de Bauru ter sido um dos grandes entroncamentos ferroviários do país e Chico, semdo ferroviário, segue nessa vibe, uma que a besta elite desta aldeia parece querer cada vez mais de distanciar, não dando a devida importância para o modal férreo. Outros artesãos ali presentes aproveitaram para expor e dizer dos seus produtos, desde bordados, rendas, etc.
Conversa boa, estendida para até muito depois das palestras, num dos locais abertos numa noite de domingo em Bauru, o Bar do Skinão. Quanto assunto, quanta conversa boa, quanto anotação trouxe para casa e no final, a certeza mais que absoluta: ganhei mais o dia botando o bloco na rua e indo assuntar qual a das palestrantes, do que ter permanecido estatelado no sofá vendo futebol pela TV. E hoje, segunda ,18/03, palestra da Adélia na Unesp logo mais à noite.
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