TRÊS ATENDENTES NA LANCHONETE, UMA DE CADA PAÍS LATINO
Elas são três e também de três nacionalidades diferentes, porém todas latinas, venezuelana, colombiana e equatoriana. Atendem para o café da manhã o pessoal do hotel onde nos hospedamos aqui em New York USA, numa imensa lanchonete. Ficam detrás de um balcão e os hóspedes vão passando e elas nos servindo. Todas possuem um poder sensitivo além do comum, pois sabem identificar um latino só pelos gestos, sem abrir a boca. Devem fazer pelo olfato, mesmo o grandalhão do chinês, dono do estabelecimento, numa vigilância implacável indo e voltando ao lado delas. Baita de francos sorrisos de gente que rala muito por essas bandas. O fazem até conseguirem se estabelecer a contento e conseguirem permanecer de forma legal. São sempre curtos diálogos, algo como os iguais dando um jeito para estabelecer um elo de ligação. Como já estou por aqui há alguns dias, acabei conhecido e ao me verem sorriem. Trocamos curtos diálogos em espanhol, pois sempre existe fila e a conversa tem que ser rápida. Fico sabendo algo além dos seus países de origem, o tempo por aqui, cada qual meses e em cada uma uma história bem diferente. Todas devem entrar muito cedo no trabalho e sei lá onde moram, talvez bem longe. Cada uma veio a conhecer a outra aqui no local de trabalho e se tornaram amigas. As histórias são diferentes, mas no contexto se parecem. O percurso é a diferença e pelo pouco que ouvi, todas penaram para estarem aqui na cidade grande e fazendo o que fazem. Teriam muito para me contar e iria ouvindo tudo em drops, aos poucos, um curto diálogo por dia, mas a conversação foi interrompida na manhã de hoje, pois amanhã cedo já não mais estarei por aqui. Eu adoraria ir ouvindo, dia após dia algo mais de seus países e mais delas, mas nada mais saberei e o que sei já me basta para entender como se dão de forma dolorosa o que cada um tem dentro de si, pronto para expelir, até para desabafar, botar pra fora. Eu continuarei a admirá-las agora a distância e mesmo sem ter tirado uma única foto delas, creio que suas imagens não mais me abandonarão.
MINEIRIM DE POÇOS DE CALDAS NO THE BRONX
Voltamos para almoçar pela segunda vez no restaurante e churrascaria brasileiro aqui em New York, o Fogo de Chão, ao lado do Museum MoMa, na 53 entre a 5ª e a 6ª avenida. No custo benefício e a comida conhecida e em fartura, preços honestos e dentro do nosso orçamento, atravessamos a cidade de metrô (sempre ele) e ali aportamos após andanças mil por outras paragens. Dentre os tantos brasileiros na casa, o prazer de ser atendido pelo TIAGO, quatorze anos de Estados Unidos, morando com mãe e irmã, trazidas por ele, todos oriundos de Poços de Caldas MG. No restaurante, além do buffet à vontade, a escolha de uma carne e ela sendo servida por um específico garçom, o exclusivo naquele espeto. Tiago ia e voltada à nossa mesa e em todas o papo ia se alongando, ganhando mais detalhes, questionamentos de gente curiosa com a vida de brasileiros nos subúrbios novaiorquinos. Disse a ele de minha proximidade com sua terra, meu pai com casa em Caldas, Pocinhos do Rio Verde, lugar também conhecido e venerado por ele. Em NY diz ter fincado raízes no bairro THe Bronx, segundo ele apenas 45 minutos do seu trabalho. Diz também ser local de residência de muitos brasileiros, inclusive com vários comércios voltados exclusivamente para essa colônia, como padaria e açougue, além de mercado com muita coisa de sua terra. Fala com orgulho do quarteirão onde mora e por lá quase todos mineiros e de Poços de Caldas. E assim, tomo conhecimento de possíveis arranjos migratórios, formatados com o tempo e da acomodação sendo feita, com o jeitinho de cada povo de ir se juntando conforme vai conseguindo espaços. Deve ser um lugar bom para se conhecer e juntar histórias. Uma pena não dar tempo de fazê-lo, mas seu endereço já está registrado e catalogado para conversações futuras, que ainda poderão ocorrer, quem sabe um dia. Generosamente ele me favorece com pedaços extra da carne escolhida e saio de lá estufado e bufando, me arrastando pelas ruas. Porém, como turista não pode parar, sigo meu caminho visitatório, mesmo com o cortante frio e vento me pegando por todos lados, poros e orifícios. Tiago é da colônia dos que vieram pra cá e ralam, buscando construir algo, mas me diz que nem sabe se voltará em definitivo um dia, enfim, chegou, foi ficando e pegou gosto pelo lugar.
MINEIRIM DE POÇOS DE CALDAS NO THE BRONX
Voltamos para almoçar pela segunda vez no restaurante e churrascaria brasileiro aqui em New York, o Fogo de Chão, ao lado do Museum MoMa, na 53 entre a 5ª e a 6ª avenida. No custo benefício e a comida conhecida e em fartura, preços honestos e dentro do nosso orçamento, atravessamos a cidade de metrô (sempre ele) e ali aportamos após andanças mil por outras paragens. Dentre os tantos brasileiros na casa, o prazer de ser atendido pelo TIAGO, quatorze anos de Estados Unidos, morando com mãe e irmã, trazidas por ele, todos oriundos de Poços de Caldas MG. No restaurante, além do buffet à vontade, a escolha de uma carne e ela sendo servida por um específico garçom, o exclusivo naquele espeto. Tiago ia e voltada à nossa mesa e em todas o papo ia se alongando, ganhando mais detalhes, questionamentos de gente curiosa com a vida de brasileiros nos subúrbios novaiorquinos. Disse a ele de minha proximidade com sua terra, meu pai com casa em Caldas, Pocinhos do Rio Verde, lugar também conhecido e venerado por ele. Em NY diz ter fincado raízes no bairro THe Bronx, segundo ele apenas 45 minutos do seu trabalho. Diz também ser local de residência de muitos brasileiros, inclusive com vários comércios voltados exclusivamente para essa colônia, como padaria e açougue, além de mercado com muita coisa de sua terra. Fala com orgulho do quarteirão onde mora e por lá quase todos mineiros e de Poços de Caldas. E assim, tomo conhecimento de possíveis arranjos migratórios, formatados com o tempo e da acomodação sendo feita, com o jeitinho de cada povo de ir se juntando conforme vai conseguindo espaços. Deve ser um lugar bom para se conhecer e juntar histórias. Uma pena não dar tempo de fazê-lo, mas seu endereço já está registrado e catalogado para conversações futuras, que ainda poderão ocorrer, quem sabe um dia. Generosamente ele me favorece com pedaços extra da carne escolhida e saio de lá estufado e bufando, me arrastando pelas ruas. Porém, como turista não pode parar, sigo meu caminho visitatório, mesmo com o cortante frio e vento me pegando por todos lados, poros e orifícios. Tiago é da colônia dos que vieram pra cá e ralam, buscando construir algo, mas me diz que nem sabe se voltará em definitivo um dia, enfim, chegou, foi ficando e pegou gosto pelo lugar.
NA FRIA ESQUINA, TODOS OS DIAS
Na esquina do hotel e por todos os lugares de New York, madrugadas muito frias. Quando aliadas à neve e ao vento cortante,, a sensação térmica dispara. Passar por isso em trânsito, indo ou voltando de algum lugar é uma coisa e ali permanecer a noite toda, bem outra. Os homeless que o digam. Muitos profissionais atuam na noite numa cidade que não para. Escrevo de um desses. Permaneci por quase duas semanas num hotel na Sétima Avenida, movimentada esquina e no lugar um carrinho de lanche. Esse não é dos fixos. Só o vejo sli durante a noite. Nesse período do ano, o céu já está lusco fusco por volta das 17h, logo escurecendo e com a noite o carrinho é instalado na esquina e ali permanece. Ana fuma e desço com ela até a calçada algumas vezes antes de deitar ou mesmo na chegada de alguma incursão noturna. Lá está o carrinho, seu chapeiro. Esse profissional ali atuando nem imagina que o observo. Reconheço sua fisionomia e em cada passada diante de seu incipiente negócio, o encontrado para sua sobrevivência, imagino ao retornar para meu quente e aquecido casulo a sua situação diante das intempéries à sua volta. Ele resiste, insiste e persiste, toda noite no mesmo lugar, até porque, imagino eu, se faltar ou mesmo abrir mão do espaço conquistado, outros o ocuparão rapidamente. Esse um dos tantos enfrentando o frio a unha, sem medo, personagens fixos da noite novaiorquina. Não difere de tantos outros espalhados mundo afora. A diferença é o frio daqui nesse período do ano.
QUASE BOM
Ficando craque em Subway, o metrô novaiorquino ou como começar a entender a coisa justamente quase no momento de ir embora. Agora que estava ficando bom na coisa, sacando das cores das linhas, os destinos Up e Dow, os cruzamentos mais impossíveis, improváveis e tornando seus usuários reis no contorcionismo, a saga de janeiro está prestes a terminar. Inconsolável...
Na esquina do hotel e por todos os lugares de New York, madrugadas muito frias. Quando aliadas à neve e ao vento cortante,, a sensação térmica dispara. Passar por isso em trânsito, indo ou voltando de algum lugar é uma coisa e ali permanecer a noite toda, bem outra. Os homeless que o digam. Muitos profissionais atuam na noite numa cidade que não para. Escrevo de um desses. Permaneci por quase duas semanas num hotel na Sétima Avenida, movimentada esquina e no lugar um carrinho de lanche. Esse não é dos fixos. Só o vejo sli durante a noite. Nesse período do ano, o céu já está lusco fusco por volta das 17h, logo escurecendo e com a noite o carrinho é instalado na esquina e ali permanece. Ana fuma e desço com ela até a calçada algumas vezes antes de deitar ou mesmo na chegada de alguma incursão noturna. Lá está o carrinho, seu chapeiro. Esse profissional ali atuando nem imagina que o observo. Reconheço sua fisionomia e em cada passada diante de seu incipiente negócio, o encontrado para sua sobrevivência, imagino ao retornar para meu quente e aquecido casulo a sua situação diante das intempéries à sua volta. Ele resiste, insiste e persiste, toda noite no mesmo lugar, até porque, imagino eu, se faltar ou mesmo abrir mão do espaço conquistado, outros o ocuparão rapidamente. Esse um dos tantos enfrentando o frio a unha, sem medo, personagens fixos da noite novaiorquina. Não difere de tantos outros espalhados mundo afora. A diferença é o frio daqui nesse período do ano.
QUASE BOM
Ficando craque em Subway, o metrô novaiorquino ou como começar a entender a coisa justamente quase no momento de ir embora. Agora que estava ficando bom na coisa, sacando das cores das linhas, os destinos Up e Dow, os cruzamentos mais impossíveis, improváveis e tornando seus usuários reis no contorcionismo, a saga de janeiro está prestes a terminar. Inconsolável...
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