sábado, 11 de janeiro de 2020

MÚSICA (181)


BAURU, CANNÃ DAS CAPIVARAS – EIS O TEMA PARA CARNAVALIZAR BAURU EM 2020 E BARBARIZAR A CIDADE SEM LIMITES PELO OITAVO ANO CONSECUTIVO*

* O Tomate está triste e de luto pelo falecimento de tomateira desde sempre, dona Eliza Carulo.
Silvio Selva vai fazer a ilustração da camiseta.

Tínhamos alguns temas candentes e levantados no último furdunço do bloco farsesco, burlesco e algumas vezes carnavalesco e para agilizarmos a coisa, uma vez que o Carnaval estará acontecendo logo ali na curva da esquina, deixamos a cargo do Roque Ferreira, que entende dessa festa como poucos, já tendo sido até campeão nos tempos da Escola de Samba Império da Vila, a junção dos temas todos e ele nos apresenta o texto a seguir, sempre com o intuito de abalar as estruturas, marquises e alicerces desta aldeia:

“O Bloco Bauru Sem Tomate é Mixto, nasceu com uma proposta de trabalhar temas envolvendo a cidade de Bauru de forma crítica e satírica. O humor como forma de estabelecer pontes com a maioria da população para discutir a realidade social objetiva. Preservando sua natureza, o tema BAURU, CANNÃ DAS CAPIVARAS vai retratar fatos que ocorreram na cidade que ajudaram a desnudar a decadência da falsa moral burguesa, e os golpes aplicados pela dita elite da cidade, que se especializou em “cafetinar” a coisa pública.
VAMOS AOS FATOS
1 - O prefeito Gazzetta construiu com o Ministério Público Estadual um acordo para desocupação do acampamento Canaã e depositou de forma provisória estas famílias no Parque Roosevelt Bauru, onde foi constituído o Parque Primavera, um local insalubre, sem nenhuma infra-estrutura e saneamento. Jogados a própria sorte.

2 - As capivaras do Lago Sul. A proliferação de capivaras no loteamento de alto padrão Lago Sul, revelou como se implantou em Bauru a estética do medo e segregacionista através dos loteamentos horizontais, propositalmente denominados de condomínios, para esconder com este 171 qualificado como que em Bauru os prefeitos desde 1982 até os dias de hoje, trabalharam a favor dos grandes proprietários de terra, das construtoras para criarem estes “enclaves fortificados”. O Loteamento Fechado é aprovado como qualquer outro loteamento convencional, obedecendo às mesmas regras do Loteamento Aberto, determinadas pela Lei 6.766 / 79. Nestes loteamentos as áreas públicas que obrigatoriamente deveriam ser doadas ao poder público, não o são. O público passa a ser de propriedade privada e gerido por uma Associação de Moradores que faz a manutenção e administração de tais áreas, para em tese proporcionar maior sensação de segurança para os seus moradores. Os muros e as portarias nos loteamento fechados são ilegais. Em Bauru já existe decisão judicial que proíbe este bloqueio. Porém, ai, porém. Sempre existem os “poréns.” Em 15/04/2009 três morrem soterrados em fossa no Residencial Jardim das Paineiras, um pedreiro e dois bombeiros. No residencial de luxo não havia rede de esgoto. Só após a tragédia a rede de esgoto foi construída com recursos do Fundo de Tratamento de Esgoto. Oras bolas; se os moradores se apropriam do que é publico de forma privativa, deveriam então ter arcado com os custos das obras o que não ocorreu. Isso é a típica “cafetinagem” do que é publico por uma “elite decadente e amoral”. Estes recursos poderiam ter sido usados para implantar redes de esgoto em bairros populares. Na época denunciei o uso irregular do dinheiro do FTE, o que obrigou o DAE a fazer a reposição.
Com o prêmio, sempre criamos problemas com os perversos.

3 - A falta de água principalmente do setor da cidade que é abastecido pelo Rio Batalha tende a se agravar com a alteração que ocorreu na Lei das APAs. A abertura ampla geral e irrestrita das APAs em Bauru teve como objetivo criar as condições para regularização de empreendimentos como o Pamplona, pois agora não existem empecilhos ambientais e favorecer outros. O que está em risco são as mais de 40 nascentes de água do Batalha na região. Nesta toada, a ampliação pontual do perímetro urbano da cidade também concorre para a ampliação da periferização da cidade e a conseqüente exclusão, que leva a intensificação da violência social e racial por parte dos aparatos repressivos do Estado, como a PM.

4 - A Corrupção na SEPLAN tornada público após investigações do GAECO que desbaratou uma quadrilha que fraudava documentos para regularização de empreendimentos. Tudo isso integrava e ainda integra uma rede que se utiliza da coisa pública para favorecer interesses privados, inclusive com a ocupação de cargos estratégicos na administração pública.

5 - A Estação de Tratamento de Esgoto se tornou uma grande lenda urbana. O mais difícil foi conseguir o dinheiro e a fundo perdido, entretanto o poder público não conseguiu produzir um projeto técnico exequível, e tão pouco fiscalizar a obra. Se gasta o recurso para construção da ETE com aditivos, os emissários construídos com os recursos do FTE estão se deteriorando, novas redes de esgoto precisam ser implantadas e as necessidades tendem a aumentar em razão da expansão desordenada da cidade, e isso esta relacionado com o planejamento da cidade. Tem muitos de abutres olhando para os recursos do Fundo de Tratamento de Esgoto, todo cuidado é pouco.

6 - As florestas urbanas são capivaras que foram engordadas com o tempo de oito anos de mandato de Rodrigo Agostinho. Este imbróglio que começou em 2006 e que originou uma dívida de R$ 32,9 milhões, tem muitos capítulos, que vão desde laudos de valores das áreas não contestados pela SEPLAN,e até autorização da mesma para construção de prédio como Bela Nações em área de cerrado, alegando que a mesma não se regeneraria. A CEI instalada na Câmara não conseguiu desenrolar a quantidade de nós existentes. De uma coisa podemos ficar certos: os que ficam no andar de cima e que ganham sempre irão continuar ganhado, e os que ficam no térreo continuarão a pagar a conta.
Dona Eliza Carulo tomateira a entristecer todo o grupo.

7 - Então chegamos a uma capivara bem gorda criada na COHAB de Bauru. Investigação do GAECO descobre malas de dinheiro na casa de Gasparini presidente da COHAB, e também as relações com construtoras que prestaram serviços a empresa e os acordos judiciais para pagamento de dividas.
8- Se estamos falando de capivaras uma das mais gordas de Bauru é a do transporte urbano. Infestada de carrapatos esta capivara é mantida numa redoma com uma blindagem quase intransponível. Os seus donos mandam e desmandam neste negócio altamente lucrativo, e nenhuma instituição que tem obrigação de fiscalizar e defender os interesses dos usuários e o interesse público se manifesta.

9 - Agora o 171 qualificado foi a economia porca de R$ 17,5 milhões dos recursos da educação. Com a obrigação de gastar estes recursos até 31 de dezembro de 2019, Gazzetta tentou comprar o prédio da editora Alto Astral por R$ 6 milhões. Na última hora jogou os búzios, e retirou o espantalho da compra do prédio, a mais generosa Câmara Municipal aprovou seu projeto de lei.

10 – Como dissemos em 2018 de forma metafórica, esta cidade tem em cada esquina um coronel, que se acham donos da cidade, do pensamento e da opinião. Estão flanando com tanta desenvoltura que se acham no direito freqüentar veículos de comunicação, para CENSURA, considerando que os atingidos pelo ato arbitrário se calaram. Adotaram o conteúdo do Discurso da Servidão Voluntária, de Étienne de La Boétie, obra publicada em 1570 e escrito quando ele tinha apenas 18 anos de idade, que discute a seguinte questão: por que as pessoas obedecem a determinadas regras se não tem, muitas vezes, nada nem ninguém que as faça obedecer de forma forçosa? Ele diz que mais do que tentar entender o que um tirano precisa ter e fazer para poder exercer poder sobre as massas, vale tentar entender por que as massas obedecem sem resistir.

A maioria população vem “obedecendo” estes tiranos que assumem o poder político, e se utilizam de todos os meios necessários para mantê-la aprisionada, o que abre caminho para as “CAPIVARAS” que apresentamos no desfile do Bauru Sem Tomate é Mixto 2020”, ROQUE FERREIRA

O texto foi passado para o Mauro Santos, nosso Maurinho e a letra já está pronta:

"BAURU, CANNÃ DAS CAPIVARAS
Corre que a Gaeco quer te pegar
Ouve o que a COHAB tem pra contar
Bauru sem tomate é miXto
Quem tá fazendo errado vai pagar

Tem capivara na Sem Limites
Em todo lugar
A corrupção não para
E o povo alienado banca o marajá

Perfeito complô
171 e o fim do Canaã
O povo retirado para onde ele foi jogado
Não tem amanhã

É tudo como num passe de mágica
E o que é público vira privado
Uma cafetinagem descarada
É lago sul, tá tudo dominado

Porém, e sempre tem um porém
Que trava a decisão judicial
Ninguém faz o que é para ser feito, ééé
Elite decadente e imoral

Corre que a Gaeco quer te pegar
Ouve o que a COHAB tem pra contar
Bauru sem tomate é miXto
Quem tá fazendo errado vai pagar

Tem capivara…".


Agora, o próximo passo é esperar a ilustração da camiseta, que este ano foi repassada para o Silvio Selva, o mesmo que durante seis anos, fez a letra da marchinha do bloco, cansou e nesse momento, vai fazer o que gosta, criar a arte que vai embalar a festa. Na sequência, vamos nos reunir no final do mês de janeiro e batermos o martelo quanto ao MUSO (A) e Prêmio DESATENÇÃO.

O lema é sempre criar caso, abalar e dar aquele toque nos insensatos destas plagas. Vamos que vamos, cutucando e com muita ironia propondo a possibilidade de uma cidade sob nova ótica e concepção. Carnavalizando o Tomate cria caso, escandaliza e barbariza com os detratores dessas plagas.

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