CUBA DE GUTIÉRREZ E ALGO DE COMO IR SE SAFANDO NA MISÉRIA E NA POBREZA
Ele começa essa sua cruel história de um menino criado nas ruas e nos cantos mais inóspitos de uma grande cidade, Reinaldo, um dos muitos sem esperança, em qualquer cidade mundo afora, desprovido de tudo, vivendo à parte, com um pensamento de Edmundo Desnoes: “o subdesenvolvimento é a incapacidade de acumular experiências”. Viajei com a história do menino abandonado nas ruas de Havana, conheci lugares e situações por mim não imaginadas e na convivência do personagem com mendigos, traficantes, prostitutas, travestis e velhos alcoólatras, ele ia conseguindo suportar a fome e a miséria. O autor pega um pouco pesado, mas assim mesmo, num certo momento, repete o que muitos estrangeiros – eu um deles – sempre imaginou viver em Cuba: “Quando um turista incauto e melancólico aterrissa no meio dessa fauna não agressiva, mas engraçada e convincente, geralmente cai fascinado na armadilha. Acaba comprando rum ou tabaco de merda, achando que é original e que está sendo muito esperto e que está tendo muita sorte. Às vezes, meses depois, acaba casando com uma dessas esplêndidas mocinhas ou se junta com um garoto pintudo. Depois dessas proezas, o turista garante aos amigos que agora é feliz, que a vida nos trópicos é maravilhosa e que gostaria de investir aqui o seu dinheiro e ter uma casinha à beira mar, com sua neguinha complacente e atraente, abandonando o frio e a neve, para não mais ver as pessoas educadas, cuidadosas, calculistas e silenciosas de seu país. Enfim, cai num transe hipnótico e sai da realidade”.
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| "O ser humano é só estômago e sexo", do autor. |
Quer Gutiérrez queira ou não, Cuba continua atraindo e muito gente mundo afora, pois na pobreza se reinventa. Ele mesmo, que de bobo não tem nada, escreve e conta proezas inconfessáveis, mas de lá não arreda pé. Ou seja, o ruim é o bom. Cutuca, mas não quer outra vida. Ele, numa outra faceta, assim como este escrevinhador, gosta de coisas populares, de sentir o cheiro do povo e de estar no meio deles. O livro conta uma história cruel, recheada de muito sexo, relações de quem está vivendo à margem e assim encontra meios disponíveis para continuar ir tocando a vida. Para todos como Reinaldo, o rei de Havana, esteja onde estiver, em qualquer cidade do mundo, seja Rio de Janeiro ou Nova York, vivendo onde vive e com as escolhas feitas, seu fim será sempre o mesmo, vida curta, sem esperanças e perspectivas. Os que foram buscar algo diferente o encontraram, principalmente em Cuba.
Juntei duas ou três frases do livro e com elas, conto parte da história, da trama desenvolvida pelo autor:
- “Ninguém dizia a verdade. Neste mundo ninguém diz a verdade. É tudo mentira. Por que eu vou dizer a verdade? Que nada”.
- “Para que a gente nasce? Pra morrer depois? Se não te mnada para fazer. Não entendo por que passar por todo esse trabalho. Viver, disputar com os outros para não foderem você, e no fim de tudo a merda. Ahh, tanto faz estar aqui fora como lá dentro (ele estava preso)”.
- “O pobre num país pobre só pode esperar o tempo passar e chegar a sua hora. E nesse intervalo, desde que nasce até morrer, o melhor é tratar de não arrumar encrenca. Mas às vezes a gente, sim, arruma encrenca. Ela cai do céu. Assim, grátis. Sem a gente procurar”.
- “Nããão... eu não tenho que ir embora. Eu nasci em Cuba, morro em Cuba”.
- “É verdade, gente que tem dinheiro é mais filha da puta que a gente”.
- “É assim. O ser humano se acostuma com tudo. Se todos os dias nos derem uma colherada de merda, primeiro a gente reage, depois a gente mesmo pede ansiosamente a colherada de merda e faz de tudo para comer duas colheradas e não só uma”.
- “A única propriedade do pobre é a fome”.
- “Quem nasce para centavo nunca chega a peseta”.
- “A vida dura desbota muita coisa, acrescenta rugas, enfim”.
- “Ninguém trabalhava, ninguém tinha horários, ninguém tinha de levantar cedo. Não havia empregos e todos viviam assim, milagrosamente, sem pressa”.
- “- Meu amor, você sabe que aqui só ficam as menininhas. Não posso alugar nada para um homem. – E o é que eu vou fazer? É meu marido. Largo ele na rua? – respondeu. – Filhinha, marido fica em casa com os filhos. Puta não pode andar com marido a tiracolo, hahaha”.
- Não tinha nada em que pensar. Nunca sentia necessidade de pensar, de tomar decisões, de projetar ir pra cá ou para lá”.
- “Sua morte e sua desgraça era que vivia exatamente o minuto presente. Esquecia com precisão o minuto anterior e não se antecipava nem um segundo ao próximo minuto. Tem quem viva o dia a dia. Rei vivia minuto a minuto. Só o momento exato que respirava. Aquilo era decisivo para sobreviver e ao mesmo tempo o incapacitava de fazer qualquer projeto positivo. Vivia do mesmo modo que a água estancada num charco, contaminada, se evaporando em meio a uma podridão asquerosa. E desparecendo”.
- “Rei sentiu o cheiro e ficou à vontade. Os odores da miséria: merda e podridão. Sentiu comodidade e proteção à sua volta. Ah, que bom!”.
Li de cabo a rabo, assimilei os golpes, principalmente os abaixo da linda da cintura. A escrita de Gutiérrez tem esse sentido, ele quer chocar os que o leem, principalmente nos que endeusam Cuba. Não me sinto ferido, cutucado, pois o que produz é ficção. Evidente que a pobreza grassa sobre Cuba, mas diante de tudo o que acontece mundo afora e levando em conta todos os problemas pelos quais aquele país passa por querer ousar ser diferente, isso por si só, me conforta. Ontem um cara pela internet, desafeto e bolsonarista querendo me provocar diz: “Então, esquerdista se ganhasse na loteria o que faria em primeiro lugar?”. Minha resposta: “Fretaria um avião, lotado de amigos (as) e os levaria para passar um mês em Cuba, tudo por minha conta”. Ele me ofendeu e me dei pro satisfeito. Cuba continua povoando meus sonhos...
E ALGO DA "POBREZA" CULTURAL DA "SEM LIMITES"
Juntei duas ou três frases do livro e com elas, conto parte da história, da trama desenvolvida pelo autor:
- “Ninguém dizia a verdade. Neste mundo ninguém diz a verdade. É tudo mentira. Por que eu vou dizer a verdade? Que nada”.
- “Para que a gente nasce? Pra morrer depois? Se não te mnada para fazer. Não entendo por que passar por todo esse trabalho. Viver, disputar com os outros para não foderem você, e no fim de tudo a merda. Ahh, tanto faz estar aqui fora como lá dentro (ele estava preso)”.
- “Nããão... eu não tenho que ir embora. Eu nasci em Cuba, morro em Cuba”.
- “É verdade, gente que tem dinheiro é mais filha da puta que a gente”.
- “É assim. O ser humano se acostuma com tudo. Se todos os dias nos derem uma colherada de merda, primeiro a gente reage, depois a gente mesmo pede ansiosamente a colherada de merda e faz de tudo para comer duas colheradas e não só uma”.
- “A única propriedade do pobre é a fome”.
- “Quem nasce para centavo nunca chega a peseta”.
- “A vida dura desbota muita coisa, acrescenta rugas, enfim”.
- “Ninguém trabalhava, ninguém tinha horários, ninguém tinha de levantar cedo. Não havia empregos e todos viviam assim, milagrosamente, sem pressa”.
- Não tinha nada em que pensar. Nunca sentia necessidade de pensar, de tomar decisões, de projetar ir pra cá ou para lá”.
- “Sua morte e sua desgraça era que vivia exatamente o minuto presente. Esquecia com precisão o minuto anterior e não se antecipava nem um segundo ao próximo minuto. Tem quem viva o dia a dia. Rei vivia minuto a minuto. Só o momento exato que respirava. Aquilo era decisivo para sobreviver e ao mesmo tempo o incapacitava de fazer qualquer projeto positivo. Vivia do mesmo modo que a água estancada num charco, contaminada, se evaporando em meio a uma podridão asquerosa. E desparecendo”.
- “Rei sentiu o cheiro e ficou à vontade. Os odores da miséria: merda e podridão. Sentiu comodidade e proteção à sua volta. Ah, que bom!”.
Li de cabo a rabo, assimilei os golpes, principalmente os abaixo da linda da cintura. A escrita de Gutiérrez tem esse sentido, ele quer chocar os que o leem, principalmente nos que endeusam Cuba. Não me sinto ferido, cutucado, pois o que produz é ficção. Evidente que a pobreza grassa sobre Cuba, mas diante de tudo o que acontece mundo afora e levando em conta todos os problemas pelos quais aquele país passa por querer ousar ser diferente, isso por si só, me conforta. Ontem um cara pela internet, desafeto e bolsonarista querendo me provocar diz: “Então, esquerdista se ganhasse na loteria o que faria em primeiro lugar?”. Minha resposta: “Fretaria um avião, lotado de amigos (as) e os levaria para passar um mês em Cuba, tudo por minha conta”. Ele me ofendeu e me dei pro satisfeito. Cuba continua povoando meus sonhos...
E ALGO DA "POBREZA" CULTURAL DA "SEM LIMITES"
PARA REFLEXÃO SOBRE O EDITAL “VIVA CULTURA” (é esse o nome?) – E A NOVA POSSIBILIDADE, A DE UTILIZAÇÃO FUNDO CULTURAL PARA AUXÍLIO ARTISTAS
Enquanto muitas cidades conseguiram via Edital Público o auxílio emergencial para os seus artistas, em Bauru um edital foi proposto pelo Secretário Municipal de Cultura, recusado pelo Jurídico da Prefeitura Municipal, com uma contraproposta, “vá buscar auxílio na iniciativa privada”. Da dificuldade de se conseguir algo desta forma neste momento, vislumbra-se uma outra possibilidade:
- a utilização de valores existentes de saldo em contas do FEPAC, um fundo pró cultura, existente em plena arrecadação de valores. Ninguém sabe, poucos conhecem qual o saldo do FEPAC. Informações dão conta que estaria beirando os R$ 200.000,00. Esse saldo realmente existe? Quem o administra? Como são gastos esses valores? E qual a dificuldade de utilização para finalidade de auxílio aos artistas? Conselheiros já estão se manifestando a favor da utilização para o auxílio e aprovariam isso facilmente até numa reunião extraordinária, daí, nada melhor do que ouvir quem detém o manuseio da conta, para as informações: Queremos tomar conhecimento do saldo e o extrato atualizado.
Paralelo a isso, o que tem sido feito:
- sendo divulgado que a Construtora Zopone se comprometeu com 10.000,00 (é a única empresa que teria, até o momento se comprometido com algum recurso);
- na real, qual a razão/parecer dado pela Secretaria de Negócios Jurídicos para a não realização do edital? Como dezenas de cidades pelo Brasil conseguiram lançar editais e Bauru não consegue? A Lei 8666 é a mesma para todos (Lei das Licitações) e por que só aqui nada se consegue?
- em nome da transparência, a razão da negativa é jurídica ou financeira (se for financeira, quem tem que se manifestar é a Secretaria de Finanças)?
Dai, voltando para a utilização do Fundo FEPAC:
- se for financeira, qual a razão de não se usar os recursos do FEPAC? Os recursos do fundo devem ser usados, exclusivamente, para a promoção de atividades culturais e manutenção dos equipamentos culturais públicos da cidade. Para usar em outras ações, seja de saúde, obras não ligadas à cultura, etc, há a necessidade de aprovação da Câmara;
- as informações recebidas dão conta que a última movimentação de valores desta conta, aprovados pelo Conselho Municipal de Cultura se deu em fevereiro de 2019 e com aquisição de equipamento para o Teatro Municipal. De R$ 120 mil, foram aprovados R$ 80 mil. Depois nada mais passou pelo Conselho;
- a reclamação percebida pelos conselheiros é que os valores arrecadados pelo FEPAC caem numa conta do Fundo de Assistência Social, porém teria que permanecer em conta específica e quando requisitada voltam para a Cultura sem nenhum tipo de correção. A finalidade do fundo é única: promoção da atividade cultural, assim sendo, neste momento, estaria sendo muito bem utilizada se revertida para lives/eventos dos artistas revertendo valores para auxílio deles próprios.
Vamos juntos levar essa ideia adiante? Com a palavra quem de direito para respondê-la...
Enquanto muitas cidades conseguiram via Edital Público o auxílio emergencial para os seus artistas, em Bauru um edital foi proposto pelo Secretário Municipal de Cultura, recusado pelo Jurídico da Prefeitura Municipal, com uma contraproposta, “vá buscar auxílio na iniciativa privada”. Da dificuldade de se conseguir algo desta forma neste momento, vislumbra-se uma outra possibilidade:
- a utilização de valores existentes de saldo em contas do FEPAC, um fundo pró cultura, existente em plena arrecadação de valores. Ninguém sabe, poucos conhecem qual o saldo do FEPAC. Informações dão conta que estaria beirando os R$ 200.000,00. Esse saldo realmente existe? Quem o administra? Como são gastos esses valores? E qual a dificuldade de utilização para finalidade de auxílio aos artistas? Conselheiros já estão se manifestando a favor da utilização para o auxílio e aprovariam isso facilmente até numa reunião extraordinária, daí, nada melhor do que ouvir quem detém o manuseio da conta, para as informações: Queremos tomar conhecimento do saldo e o extrato atualizado.
Paralelo a isso, o que tem sido feito:
- sendo divulgado que a Construtora Zopone se comprometeu com 10.000,00 (é a única empresa que teria, até o momento se comprometido com algum recurso);
- na real, qual a razão/parecer dado pela Secretaria de Negócios Jurídicos para a não realização do edital? Como dezenas de cidades pelo Brasil conseguiram lançar editais e Bauru não consegue? A Lei 8666 é a mesma para todos (Lei das Licitações) e por que só aqui nada se consegue?
- em nome da transparência, a razão da negativa é jurídica ou financeira (se for financeira, quem tem que se manifestar é a Secretaria de Finanças)?
Dai, voltando para a utilização do Fundo FEPAC:
- se for financeira, qual a razão de não se usar os recursos do FEPAC? Os recursos do fundo devem ser usados, exclusivamente, para a promoção de atividades culturais e manutenção dos equipamentos culturais públicos da cidade. Para usar em outras ações, seja de saúde, obras não ligadas à cultura, etc, há a necessidade de aprovação da Câmara;
- as informações recebidas dão conta que a última movimentação de valores desta conta, aprovados pelo Conselho Municipal de Cultura se deu em fevereiro de 2019 e com aquisição de equipamento para o Teatro Municipal. De R$ 120 mil, foram aprovados R$ 80 mil. Depois nada mais passou pelo Conselho;
- a reclamação percebida pelos conselheiros é que os valores arrecadados pelo FEPAC caem numa conta do Fundo de Assistência Social, porém teria que permanecer em conta específica e quando requisitada voltam para a Cultura sem nenhum tipo de correção. A finalidade do fundo é única: promoção da atividade cultural, assim sendo, neste momento, estaria sendo muito bem utilizada se revertida para lives/eventos dos artistas revertendo valores para auxílio deles próprios.
Vamos juntos levar essa ideia adiante? Com a palavra quem de direito para respondê-la...
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