sexta-feira, 12 de junho de 2020
RELATOS PORTENHOS (80) e CARTAS (217)
O LUGAR MAIS INEBRIANTE HOJE DA AMÉRICA DO SUL É A ARGENTINA DE ALBERTO E CRISTINA
A Argentina é hoje o país mais soberano desta nossa América do Sul. Muito mais do que esse meu Brasil, hoje completamente ultrajado, vilimpediado e atuando pelo modal da degradação, servilismo e milicianismo exposto e declarado. Vejam as coisas, enquanto o Brasil, que teve o prazer de ter um Governo soberano, respeitado mundo afora por mais de uma década, o do PT, com seus erros e muitos acertos, acabou sendo golpeado por um conluio lhe impondo o retrocesso e nisso, a então Argentina, vivendo por quatro anos um regime desgradante, neoliberalista predatório com Macri, hoje e pela via eleitoral, pela consciência de seu povo, escolhe pelo retorno ao Governo o peronismo e com ele, Alberto Fernandez e Cristina Kirchner. O que um dia esteve no auge, com seu presidente sendo chamado de "o cara", pelo então presidente do Império do Norte - outro que depois dele, uma desgraça no comando daquele país -, hoje está em ruínas, situação calamitosa e quase num mato sem cachorro e aquele que estava em mal lençóis, hoje se levantando, dando a volta por cima e provando para a parte do mundo ainda em condições de promover avaliações justas, dos acertos na mudança. Triste pelos rumos do meu país, alegre pela do vizinho, até ontem irmão, hoje considerado como perigoso inimigo pelos debilolados que nos governam. Se até tempos atrás nutria lá no interior uma vontadinha de um dia dar com os costados no Uruguai e passar por lá uns tempos, hoje essa vontade se bandeou para a Argentina.
É fácil explicar os por ques dessa mudança. O Uruguai já não é mais o mesmo. Elegeu alguém da direita, não tão cruel e insano como o nosso Bozo, mas por lá, o que antes era motivo de orgulho para os latinos, hoje já ando com pé atrás. O Brasil virou pária do continente, pois pelas últimas nótícias ninguém mais quer receber brasileiros em seu território, até tudo por aqui ter voltado, no mínimo, a ser o que foi um dia. Do jeito que estamos a tratar a pandemia, daqui por diante, rejeitados e humilhados mundo afora. Perdemos em tudo com a chegada desse inapto e contumaz miliciano ao poder, pois ele, ao implantar seu modo de ação, explicitou o lado mais nefasto do ser humano e isso é mais do que perceptível. O país vive um estado de perda total de direitos, andando em marcha a ré. Já na Argentina, outro momento, esse auspicioso e cheio de esperança. Diante da crise financeira e da pandemia, gasta o que lhe resta nos cofres para ajudar o povo necessitado e dá um ultimatum para os credores: "Pago, mas só muito lá na frente. Primeiro reergo o país, depois conversamos". Macri nunca fez isso e até ajudou a enterrar mais o país quando pagou os fundos abutres aos EUA, igual o que Temer fez aqui, aceitando sem negociação e nenhum pio que o Petrobras pagasse valores altíssimos para investidores estrangeiros que perderam dinheiro apostando a sorte com as ações da petroleira.
Cito dois casos recentes ocorridos na Argentina para enaltecer aquele país. O Governo neoliberal de Macri promoveu enquanto esteve no comando do país uma perseguição cruel para com os opositores, sendo agora revelado um formato de espionagem, verificação da vida em detalhes de opositores, tudo para desestabilizá-los e desta forma, abrir caminhos para as lavradagem. Deram com os burros n'água, pois tudo foi descoberto e isso serve agora para demonstrar como agem, sempre na surdina, os que atuam para favorecer a minoria pestilenta de um país. Fazem de tudo e mais um pouco para ali continuarem, golpes muito abaixo da linha da cintura. A carapuça felizmente está caindo. Isso uma coisa, outra o caso da estatização da empresa Vicentin, algo promovido pelo Governo de Alberto/Cristina e a incomodar o lado dos fascistas neoliberais. Essa empresa patrocinou inúmeras formas de dilapidar o erário e mesmo asim quebraram feio. Quando Alberto propõe que os empregados a assumam, a revolta dos que sempre agiram de forma contrária, na pressão para que o poder público resolva a sua situação, nunca a dos trabalhadores. A Argentina de hoje é grande por um só motivo, Alberto possui a força popular para continuar fazendo o que faz. Ele se escorando nessa força pode ir muito mais longe. Demonstrando medo, receio, fenecerá, pois acabará engolido, mais dia, menos dia. Ou seja, daqui por diante a massa de argentinos estará cada dia mais mobilizada e nas ruas a defender um Governo que os enxerga, atua por eles. Estar lá neste momento é viver a vida no seu auge, na sua plenitude.
Como aqui a coisa está degringolada, adoraria passar um bom período por lá, acompanhando de perto as transformações propostas pelo peronismo nessa volta triunfal ao poder. Não existe revolução no que fazem, assim não existia no que Lula fez de bom para com o povo e este país. Tentam encurralar Alberto, da mesma forma como sempre fizeram com Lula, tudo pelas "reformas" em trânsito, mas não só resistir é preciso, como também ir pra cima, não se deixar envolver na trama que o quer contido, restrito ao que manda e impõe as leis de mercado e a força do rentismo excludente. A minha vontade de estar lá é simplesmente porque lá ocorre resistência popular e algo realmente transformador, movimentando as massas e na beirada de completar 60 anos, sem saber quanto mais me resta de sobrevida, por que não ver de perto algo a me fazer bem, rejuvenecer por dentro e por fora? Se antes isso ocorreu com a Venezuela de Chávez, o Equador de Correa, o Uruguai de Mujica, o Chile de Allende, o Brasil de Lula (tempos atrás também com a própria Argentina dos Kirchner's), hoje esse incandecente fogo se dá no Cone Sul, mais precisamente na Argentina. E assim sendo, acompanhar isso bem de perto é tudo o que pode querer alguém com fogo nas entranhas como este velho bardo. Este meu último desejo. Aqui temos Marielle e lá temos Maldonado, ambos ultrajados, como tantos outros, mas se com Macri ocultavam dados, agora que se cuidem quem o matou. A impunidade destes está por um fio. Não consigo ver isso tudo, "A Terra em Transe" e eu aqui, no meu sofá.
JUNTANDO OS MUITOS CACOS NUMA SEXTA MUITO LOUCA - CARTAS ENVIADAS E NÃO PUBLICADAS
São tantas questões juntas e misturadas que nem sei por onde começar. No meu caso, sei bem, misturei vokdca, gim, rum, cachaça e gergelim, noz moscada, que não sei mais se atIno pro lado racIonal ou irracional. Qual seria mesmo o lado do consórcio dos que defendem algo ainda recomendável? Com algumas doses na cabeça, tudo reverberando de uma maneira incontrolável, me presto a reproduzir algo enviado para e-mails variados e sem publicação. Aqui três deles:
1.) CARTA CAPITAL: Assim como CC resiste, insiste e persiste, nós do lado de cá, tentamos fazer o mesmo, ainda detidos pelo prosseguimento da pandemia, loucos para barbarizar nas ruas, contra o fascismo à moda brasileira e, agora o racismo, via a gota d'água ocorrida em solo norte-americano. Não dá mais para presenciar o STF, sendo um dos últimos bastiãos onde ainda se pode escorar, quando olhamos para trás e observamos o que já fizeram, olhos quase vendados para o conluio/golpe em curso desde 2016. Estão tentando agora se redimir e até um que, xinguei de tudo quanto é nome, o ministro Alexandre de Moraes, hoje corajosamente se posicionando contra o Ovo de Serpente mais que chocado, pronto para saltar da casca. E nós, essa imensa legião passando muita vergonha em ver a Gaviões da Fiel cumprindo o papel que deveria ser dos partidos políticos, sindicatos, entidades de todas as matizes, hoje esses seguindo os passos de um Dr. de muita fibra, Sócrates. Não sei se devo sair às ruas neste momento, adentrando os 60 anos, diabético, sendo seguro por correntes presas aos meus pés pela esposa, mas não vejo a hora de tirar o atraso, me juntar ao torcedores nas ruas e cumprir algo pelo qual me foi ensinado por meu pai: nunca andar com carolas e não se envolver com falcatruas, cabeça erguida e lutando pro seu país, soberano e altaneiro. O país tem jeito, precisa de nós, os hoje detidos, enjaulados pela pandemia. Amanhã pode ser tarde, como nos mostra semanalmente CC. Vivo uma encruzilhada e a compartilho com a revista a embalar meus sonhos, o de outro mundo ainda possível, mas ele não vindo sem sangue, suor e lágrimas, como me é mostrado semanalmente. No mês que faço 60, assumo todos meus riscos e me coloco à disposição para os embates todos que deverão vir pela frente. O que tenho perder além da vida? Vale mais não permitir que este país vá de uma vez por todas para as mãos dos milicianos hoje no poder. Se a gente se unir ainda dá tempo, mesmo que o Lula, que defendo até hoje se oponha. Eu quero e estou por um fio para sair às ruas junto da Gaviões, uma legião de loucos que a revista tem que colocar num pedestal neste momento. Eles estão acendendo a chama meio que apagada dentro de cada um dos que, como eu, dentre os que já muito reviramos as ruas deste país e, por motivos variados, nos encontramos mofando e procurando um sentido para dar continuidade à vida. Esse terá que ocorrer aqui e agora. Obrigado por, a cada semana, vocês e a Gaviões não me deixarem entregar os pontos. O velho Mino tem mais utilidade do que ele possa imaginar. Vocês me recarregam e ainda tenho alguma carga na bateria, pronta para ser muito bem utilizada.
2.) JORNAL DA CIDADE - BAURU: CAUSA COMUM, RADICALIZAR AMPLIANDO
Uso como exemplo vivo do que quero demonstrar algo presenciado na Tribuna do Leitor de domingo passado, 31/05, quando dois famosos missivistas do JC, anos de escrevinhações, ali estavam com cartas publicadas na mesma edição e em ambas algo em comum. Paulo Panossian e Márcio M. Carvalho possuem um lado, eu o meu, nunca nos aproximamos e em muitas vezes nos enfrentamos nessas mesmas páginas. Neste dia, notei algo a nos aproximar, mesmo que momentaneamente. Nós três não concordamos com o que está ocorrendo com o país após a chegada do desgoverno de Jair Bolsonaro, messias às avessas. Não se faz mais necessário entrar em detalhes dos desmandos e deslizes cometidos neste ano e meio dele à frente do país. A coisa é tão grave, chegando ao ponto de, nessa questão estarmos unidos em busca do mesmo ideal, defenestrar aquele a destruir o país, levá-lo ao fundo do poço. Não se trata mais de arrependidos ou coisa que o valha. O imbróglio é mais sério.
Poderia continuar eu cá e eles lá, mas neste momento, creio ser o mais sensato uma união em busca de resolvermos o que mais aflige o país, a insustentabilidade do Senhor Inominável. As refregas entre nós não estarão dissipadas, resolvidas, mas adiadas, pois estamos diante de um mal maior. Qualquer pessoa sensata agiria dessa forma e jeito. Sim, neste momento é possível ver gente como Alexandre Frota fazendo mimo com a fala do ex-presidente Lula e Freixo embarcando na mesma causa comum de um Witzel, por exemplo. Mesmo Dória pensar nessa questão igual a Boulos. FHC a Stedile. O fato de lados antes antagônicos estarem quase se aproximando tem explicação. Em toda luta empreendida no passado, troca de farpas, existia um certo respeito pelo semelhante, o oponente era levado em consideração, ideias discutidas à exaustão. Hoje, o outro lado quer e prega a minha eliminação física, não tem ideia nenhuma além da eliminação do oponente. Ou nos unimos contra isso, ou mais dia menos dia, feneceremos todos.
Hoje, diante de grupo miliciano e fascista, louco para ver nascer desse Ovo de Serpente, o que de pior existe dentro do ser humano, algo precisa ser feito. Se o nome disso será Luta Antifascista, Arco de Alianças pela Democracia, Arca de Nóe ou qualquer outro nome, vejo que, a tática é cada um ceder, ver que desunidos não conseguiremos chegar a lugar nenhum. Vamos logo fazer o que tem que ser feito e depois, voltamos para nossas desavenças, tratadas como sempre a tratamos. O momento é para a continuidade da defesa da quarentena, dos cuidados contra o COVID-19, a luta intransigente contra a perda de direitos e a também pelo imediato restabelecimento da democracia, hoje por um fio. A política a nos unir é eliminar o mal maior, o que coloca em risco a atuação e perpetuação de tudo o que conquistamos até agora, daí, sem problemas, que venha essa aliança e façamos logo o que tem que ser feito, sem delongas e papo furado. Amanhã poderá ser tarde. Neste momento, temos que estar juntos.
3.) PIAUÍ: Volto à carga, se me permitirem. Hoje, 19/05, termino de ler - devorar - a edição 164_maio de 2020. Demorei pouco mais que na de abril, enfim, a cama está mais cheia de livros e todos sendo lidos ao mesmo tempo. Me atenho à Piauí e a definição encontrada ao término da edição foi de, em primeiro lugar, me ajoelhar diante de algo lido no texto de Fernando de Barros Silva, "Dentro do pesadelo", sem sombras de dúvidas, o que de melhor está contido em tão rica edição. Se me fosse exigido, pagaria o dobro pela edição, só por causa deste texto (mandem a fatura, pago na hora, muito merecido), irretocável e definitivo. Faço aqui uma comparação com a Piauí de ano e meio atrás, dois anos e constato o quanto li de textos exaltando de forma exponencial o surgimento desse monstro, ideias mais que conservadoras. Sim, mais na opinião de leitores do que dos articulistas, mas nestes também existia isso de enaltecer a queda do país soberano e exaltando o que estava surgindo. Hoje não mais, não vejo mais nenhum pio (pelo menos na seção de Cartas estão silenciados) dos que, criticando a esquerda, favoreceram a chegada do monstro hoje no poder. Ou seja, Piauí mudou para melhor, muito melhor (tomara não seja tarde, para todos nós). Na qualidade de leitor desde seu primeiro número, digo isso com orgulho: hoje me dá baita orgulho ter insistido e me manter leitor. Continuo devorando Piauí, como o fiz com as treze edições com leituras inconclusas. De minha parte, só posso pedir algo: Por favor, resistam, insistam e não desistam. Se pudesse, nesse momento, mais de 60 dias de reclusão, abraçaria com todas minhas forças ao Fernando e assim, estaria me congratulando com toda a equipe de tão vigorosa e altaneira publicação. Em tempos como este, sejam LUZ e não permitam os trevosos de ocupar espaço em tão ricas e dignas páginas.
É assim que me posiciono. Com ácido no cérebelo ou com a cuca limpa.
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