quinta-feira, 25 de junho de 2020

MEMÓRIA ORAL (256)


O PERIGO ESTAVA COMIGO ALI NO PORTÃO DE CASA – FIQUEI COM MEDO – SERÁ NORMAL ATITUDES COMO ESSA DAQUI POR DIANTE?

Continuo em casa guardando todas as medidas possíveis de restrição. Enfim, aos 60 anos, completados dois dias atrás, com expectativa de ainda poder desfrutar de pelo menos mais uns dez de vida, saio da calçada para fora o mínimo possível. Ontem foi um destes dias, quando sai na calçada para atender alguém me trazendo algo solicitado. Ele chega e já me assusto, sem máscaras. Iniciamos uma conversa e o percebo reticente com isso de riscos.

- O que tinha que me acontecer já me aconteceu. Quinze dias atrás, minha filha participou de uma festa com colegas de sua idade, algo só delas, encontro de antigas colegas de escola. A leve e a fui buscar. Foi na casa de uma delas, num condomínio da cidade. Alguns dias depois a novidade, uma delas apresentou sintomas de estar com o Covid-19. Foi um pega pra capar e como uma das moças lá na festa era filho de um conhecido médico, ele me consultou por telefone. Me disse que diante do fato, ele também fez o mesmo, não devia nem me sujeitar a fazer o exame e me receitou o tal do coquetel contra o vírus.

- E sem saber se tinha, foi tomando? – perguntei.

- Sim, ele é médico e também apresentou sintomas, ele e a esposa. Me passou a receita, fui buscar na portaria de seu residencial e tomei. Gastei em torno de uns R$ 130 reais. Tomamos eu, a esposa e a filha. Alguns dias depois o único sintoma que tive foi uma diarreia, a filha também, mas a esposa nada apresentou. Ligo para o médico e ele me pede para ter calma, seguir as orientações, ou seja, me manter reservado e informar de algo mais. Nada mais ocorreu e não parei um só momento minhas atividades. Estou atendendo clientes do meu serviço em cidades vizinhas e vou e volto normal.

- E por que não gosta de fazer uso da máscara? – lhe pergunto, querendo manter um certo distanciamento, mas ele meio que insistindo em se aproximar e querer falar o mais próximo possível.

- Já são mais de quinze dias. Já não tenho mais nada, se é que tive. Lá das meninas, várias tiveram sintomas, ou seja, alguém estava infectada e passou para o grupo quase todo. Corri com os cuidados, me mediquei e continuo a vida normalmente. Não posso fazer cavalo de batalha. Não tripudio nada, mas tem um exagero nisso tudo. Veja você, estão desativando o hospital de campanha lá no estádio do Pacaembu. Não são tantos casos assim e se a gente se entregar, tudo irá piorar. Pegar, pelo que li todos iremos pegar, mais dia menos dia e se peguei, acho que agora me tornei imune com o remédio.


- Mas que remédio é esse? Não existe vacina? Você tomou essa aí que o Bolsonaro quer enfiar no povo? – o questionei.

- Bolsonaro, meu caro, não enfia nada em ninguém. Ele indica e se faz bem, por que não tomar? Eu não tive nenhuma contraindicação. Levei a receita na farmácia, comprei o indicado a mim por pessoa que entende da coisa e cá estou. Na verdade eu só coloco a máscara quando vejo que o cara é chato e vai me criar problema. Tem cliente que quer manter distância me vendo sem e para não criar clima coloco, mas se me pergunta explico o meu caso e da minha imunidade.

Ainda brincou comigo, pois o conheço de longa data, me dizendo ter se esquecido do meu aniversário. Fui num amigo ontem, um padre e falávamos de ti, dizendo que iria te ver.

- Ele riu me disse para te trazer de presente para ti uma camisa da seleção. Eu, sabendo que não gosta do cara, disse que iria levar uma do Bolsonaro.

Não ri e lhe respondi na lata, ciente de que, mesmo com tudo o que já foi revelado sob o lado obscuro do presidente, ele ainda continua fiel seguidor:

- Pudera, essas do Bolsonaro devem estar todas em liquidação, pois a cada dia, cai o percentual de pessoas que ainda conseguem o seguir.

Enfim, não tínhamos mais nada para conversar. Trocamos ali no portão o motivo dele ali estar, mantive o máximo de distância possível, pois tive a certeza de estar diante de alguém de grande risco. Subi preocupado e ao adentrar em casa, pela primeira vez senti medo. Retirei toda a roupa, a deixei para lavar e fui direto para o banho. De cem dias recluso, confesso, este foi o caso que mais me amedrontou. Não sei se indevidamente, mas senti o perigo diante de mim. Estava diante de alguém correndo todos os riscos e assim mesmo, o repudiando. Sei lá, mas depois dessa, me trancafio de vez por mais um tempo, pois mesmo pessoas que deveria ser consideradas esclarecidas não o são e assim sendo, melhor continuar mantendo distância das ruas. Vamos ver até quando aguento isso tudo e vou passar a monitorar esse conhecido à distância, para saber se apresenta mesmo algum risco ou estou já estou paranoico.


DIANTE DE TEXTO QUE ACABO DE PUBLICAR, SOBRE PERIGO NO MEU PORTÃO, EIS ALGO DOS QUE TRIPUDIAM O VÍRUS: SERIA MESMO "MARICON" ESTE VÍRUS?
https://www.pagina12.com.ar/274444-se-burlo-del-coronavirus-en-nicaragua-y-murio-por-la-enferme
Iguais a esse são muitos. Eles renegam o perigo e criam algo fantasioso, servindo para seus interesses. As histórias são muitas, a maioria com finais trágicos. Esse jornalista espostivo da Nicaragua um destes. Até dias atrás ironizava a coisa, pilhérias uma atrás da outra, até o momento em que contraiu a coisa, foi internado e não resistiu. No link a história completa e numa chamada interna do jornal um resumo de sua história:
"“Este virus es maricón, como los puchitos (opositores), mirá cómo es de maricón: lo mata la espuma del jabón”. De esta manera, José Francisco Ruiz, uno de los periodistas deportivos más conocidos de Nicaragua, se burló del coronavirus en su programa de TV. Lo hizo el mes pasado en el Canal 6 de Managua: relacionó la pandemia con la oposición, con teorías de conspiración, y aseguró que se prevenía con medicinas caseras. Nicaragua tiene 2170 casos y 74 muertos. Uno de ellos es el mismo Ruiz. Popular relator de béisbol, de 75 años, falleció la noche del martes, según informó Radio Nicaragua, “después de batallar varios días con sintomatología de covid-19”.
Pelo sim, pelo não, me mantenho trancafiado a com a chava aos cuidados de minha cuidadora, a excelentíssima Ana. A decisão é somente uma: Visitas não serão bem vindas...

O BRASIL LADEIRA ABAIXO
ADEUS FRENTE AMPLA, SOU MAIS ESQUERDA, PT E CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA ÁGUA
Eu já defendi a tal da Frente Ampla, esse movimento andrógino que prega em conjunto a derrubada do Bolsonaro, mas possui ligações nada umbilicais, porém, confesso, me redimi. Como posso querer construir algo ao lado de gente que quer privatizar a água neste país e passar a tê-la como propriedade privada, cobrando os tubos, de nós, consumidores e a necessitando como bem primordial? Ontem, uma cambada de políticos de quase todos os partidos brasileiros votaram a favor dessa pouca vergonha e a partir de hoje, a água não mais será um bem natural do brasileiro, terá dono. Acreditem, foi isso que aprovaram ontem na calada da noite, enquanto estávamos todos dentro de casa em quarentena. Esperem pelo que virá com cobranças exorbitantes pelo mero copo d'água. Pois bem, aqui me confesso PETISTA e com orgulho. Cagada já fizemos, mas ontem honraram a camisa e este partido foi o único a orientar sua bancada para votar contra essa bestialidade.

O PT votou em bloco contra, como sei, votaria também contra a privatização do Banco do Brasil e da Petrobras, outra anomalia patológica que esses vendilhões seguidores do Paulo Guedes querem impor a este país. Ser petista é no mínimo defender o país, não querer seus bens leiloados e se alguns o fizeram, pau neles também, mas no frigir dos ovos, como ontem à noite, muito orgulho. Fomos os únicos com coragem e peito de enfrentar os boçais, os que se vendem a preço de banana e retalham o país ao bel prazer. Acordei e me senti na obrigação de reforçar esse sentimento guardado aqui dentro do peito e pronto pra explodir. Essa Frente Ampla nasceu morta, pois não dá para sentar e pensar algo em conjunto com esse bando de malucos querendo acabar de vez com o que nos resta de soberania. Imagino hoje, se vivo fosse, o que estaria pensando Leonel Brizola do seu partido e dos que lá estão - vide Ciro Gomes -, ainda tendo a coragem de se dizer trabalhistas. Eu sou é PETISTA e defendo este país com unhas e dentes, com o que me resta de disposição, coragem e ainda com muita fibra, a que deve me acompanhar até meus últimos dias. Passar bem Frente Ampla. Hoje todo mundo é contra Bolsonaro, mas poucos, cada vez menos possuem a coragem de ainda defender de fato este país. Bolsonaro será derrubado, mais breve do que imaginemos.
A maioria o quer fora, mas continuariam apoiando a destruição do país, só tendo outro menos imbecil do que o atual no comando. Meu partido o faz, com coragem e ontem tivemos um bom exemplo de como se processam as coisas no intestino das relações de força que nos movem. Esquerda é isso. Resistir é preciso.

OPINIÃO ABALIZADA: "O Projeto de Lei que privatiza os sistemas de água e esgoto no Brasil é uma espécie de sinecura oficial em favor do grande capital. Em plena crise da pandemia, com o país vivendo uma carnificina que já matou mais de 50 mil pessoas, o Senado aprova um projeto do senador Tasso Jereissati, PSDB, que torna os rios e aquíferos propriedade privada. Jereissati é um dos maiores acionista da Coca Cola no Brasil, a maior interessada em dominar este mercado. É Chico, continuamos com “a nossa pátria mãe tão distraída, sem perceber que [continua] subtraída em tenebrosas transações.”, jornalista paranaense, meu amigo, Rene Ruschel.

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