sexta-feira, 17 de julho de 2020

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (128)


EMPREENDEDORISMO NÃO COMPREENDIDO – BEIRANDO OS SETENTA ANOS ELAS SE REINVENTAVAM COM CAÇA-NÍQUEIS, MAS FORAM IMPEDIDAS DE CONTINUAR COM AUSPICIOSO NEGÓCIO*
* Texto inspirado em antologias lidas tempos atrás, da verve de Nelson Rodrigues.



Enxergo além da notícia e isso me diverte. Pego as manchetes dos jornais e subtraio delas algo não obtido com a simples menção do fato, nu e cru, frio e insípido, inodoro e insosso. É o que fiz com a notícia que li ontem, quinta, 16/07 no Jornal da Cidade: “Polícia Civil flagra mulheres de 64 e 66 anos mantendo casa de bingos – Em vez de evitar aglomerações, já que pertenciam ao grupo de risco da Covid, as duas promoviam encontros, diz delegado”. Eis o link da matéria completa: https://www.jcnet.com.br/noticias/policia/2020/07/729885-policia-civil-flagra-mulheres-de-64-e-66-anos-mantendo-casa-de-bingo.html

Digam-me com toda sinceridade: Não é lindo isso de não se deixar levar e numa idade quando a maioria está entregando os pontos, essas duas distintas senhoras, reúnem forças e juntas enfrentam o deus e o diabo – diria, a pandemia – e abrem um receptivo negócio a juntar os tais em busca de fortes emoções. Eu me deixo levar por histórias como essas e me coloco no lugar delas, pois muito melhor do que ir vendo a vida ir se dissipando, esvaindo nos dedos, fazer algo, uma iniciativa empreendedora. E pelo que vejo, além da fuzarca proposta pelo negócio, elas estavam auferindo valores consideráveis com o investimento feito, algo em torno de em quatro dias ter alcançado a cifra de R$ 30 mil arrebanhados.


Por favor, não enxerguem o que faziam como contravenção, subversão ou mesmo enganação de incautos. Ninguém é enganado mais nos dias de hoje. Eu, por exemplo, se fosse num lugar como esse iria por livre espontânea vontade, ciente de todos os riscos e talvez o fizesse somente para ver a adrenalina em estado de ebulição, algo assim como ser e estar em lugar inaudito, com o intuito de ter fortes emoções. Quem não precisa de fortes emoções na vida? Todos, com certeza. Assim sendo, imagino a cena do sr delegado de plantão a receber tão distintas senhoras e ter que passar um pito ou mesmo, se for mais durão, enquadrá-las em algum código frio da lei. Na verdade, fosse eu o delegado, puxaria a cadeira mais pra perto de ambas e queria saber detalhes da ideia, de quem foi a mirabolante ideia de aprontar umas, ousar além do permitido. A conversa seria das mais alvissareiras, pois se tiveram a ousadia suficiente para abrir o tal do bingo, com certeza, despojadas, devem ter uma boa história por detrás.


Leio na notícia serem ambas vizinhas e, portanto, amigas de longa data. Esse fato, por si só, dá contornos ainda mais auspiciosos para a trama da sociedade. Imagino a vida modorrenta de ambas, sentadas em suas varandas, até o momento em que uma teve o estalo: “Vamos fazer algo juntas, muito mais interessante do que ir dançar no Clube da Vovó”. E fizeram. Não que o Clube da Vovó não seja interessante, pois é muito e sei que todos que iam até lá nas noites de sexta e sábado, o faziam exatamente para dar sentido variado para suas vidas. Já montar um bingo vai mais além. O pito do delegado, deve ter sido mais por causa da pandemia, um período onde ninguém tem nada mesmo para fazer em casa, porém com mais riscos, do que pelo tal do artífice de estarem praticando o proibido jogo de azar. Minha cabeça ferve só de imaginar como devem ter se dedicado no aprendizado para manuseio das tais máquinas, as tais técnicas para não permitir que o jogador ganhe da máquina. 

Enfim, elas se superaram e merecem uma premiação pela criatividade. Penso nelas recebendo os clientes, solicitas e pimponas, abrindo a casa para deleite dos que buscam aquele algo mais da vida. Perder um pouco de dinheiro não é nada, para quem já perdeu boa parte da vida em algo sem sentido. Elas, as sócias, estavam ali para dar novo sentido para vidas estagnadas e foram impedidas de continuar com tão exponencial e rejuvenescedor negócio. Triste mesmo será vê-las daqui por diante sentadinhas em suas varandas e olhando para o horizonte, com aquele olhar perdido em algo sem sentido e nexo. Elas estavam envolvidas em algo transformador em suas vidas e creio eu, foram mal compreendidas. E além de tudo, nada como algo assim na vila Cardia, bucólico bairro onde residiam, onde o máximo de estripulia que por ali acontece é no horário da novela um joguinho de dominó entre vizinhos. Já um bingo, convenhamos, era os píncaros da glória.
HPA – divagando numa noite de sexta sem poder sair de casa, Bauru SP, 17 de julho de 2020.


DESMASCARADA
Eu e Claudio Lago hoje a tarde na porta do Bauru Shopping Center. Enquanto entro para resolver uma pinimba, ele me aguarda do lado de fora e também aproveita para fumar. Ao seu lado uma senhora magra, dos seus 65 anos, puxa conversa enquanto entro.

No retorno Lago me diz que não gosta de ser deseducado com ninguém, mas quase se alterou com a tal senhora, que nos observava do outro lado da rua.

- Ela me viu com uma máscara "Fora Bolsonaro" e ao abaixá-la para fumar foi me dizendo que estaria precisando de um zíper. Rimos, mas depois veio com uma conversinha de que já passamos dos limites e que isso tudo já está virando doença. Fiquei sem entender onde queria chegar e completou me dizendo que a doença não existe. Vi que estava diante de alguém sem noção, preferi parar de fimar, torcer para que o Henrique voltasse logo e lhe disse se ela não via TV, pois já morreram mais de 70 mil pessoas no país. Ela desdisse e completou que, de outras doenças morrem tanta gente quanto dessa coisa. Preferi atravessar a rua para não ter que me indispor e não consigo entender como, depois de mais de 120 dias de quarentena, a cidade e o país se consumindo em cuidados, ainda existam pessoas com essa mentalidade.

São os tais diálogos e encontros improváveis, mas possíveis neste amalucado momento brasileiro, onde o incentivo para se pensar e agir desta forma e jeito vem lá do mandatário maior. Hoje, depois de 120 dias revi meu amigo e diante do distanciamento da conversa, esse foi um dos exemplos percebidos por nós de que, muita gente ainda não está entendendo e dando a importância necessária para tudo o que estamos passando.


ALGO DE OUTRO MESMO ASSUNTO
1.) OS DE VERDE
Os de verde, principalmente eles pressionaram pela reabertura do comércio diante da Câmara de Vereadores, mas não o fizeram por livre e espontânea vontade. Enfim, o que move, movimenta e facilita os bastidores para a continuidade da pandemia? Eis o link do vídeo: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/posts/3644327292263920
2.) O PAPEL CUMPRIDO PELOS MILITARES NO desGOVERNO DE BOLSONARO REPRESENTAM EVIDENTE GENOCÍDIO
Basta observar as ações tomadas, até com pressão junto à hospitais e Fiocruz para utilização do inútil medicamento, ao escamotear as mortes reais com falsos dados, o se manter escondido de falar à nação diante do caos instalado, o dizer amém a tudo que o Senhor Inominável impõe. Triste papel, fazendo com que percam o pouco de credibilidade que ainda possuiam junto à nação. Só por se manterem aliados a essa desgraça governando o país, fazem parte do mal imposto ao país. Não existe como desdenhar, tapar o sol com a peneira, jogar a sujeira pra debaixo do tapete. Fizeram e fazem tudo errado, em todos os detalhes. Quer mais um deles? Como pode uma quantidade tão grande de gente das Forças Armadas, todos com salários regulares, fazer jus ao Auxílio Emergencial e isso não gerar um ato de seus superiores impedindo o fato? Triste papel.

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