AH, ESSA ETERNA DISPUTA!
SUPERANDO O MAU HUMOR E COLOCANDO EM PRÁTICA OUTRO MÉTODO PARA SE DESEMBARAÇAR DE SITUAÇÕES SEM PÉ NEM CABEÇATem momentos em que você não só quer, como necessita permanecer quietinho no seu canto, sem ser importunado, mas é exatamente nestes momentos que o telefone toca ou alguém bate à sua porta. Eu sou sorteado e vez ou outra, agraciado com algo desta natureza. Hoje assim se sucedeu. Eu tento esconder, escamotear, disfarçar o mau humor. Tem momentos que consigo, noutros a pessoa percebe, noutros nem se dão conta e até tiro uma.
Hoje foi assim e até agora, confesso, não sei quem foi que me ligou.
- Oi, seu Henrique, foi difícil conseguir o seu telefone. Leio muito o que escreve, gosto, discordo pouco e queria comentar umas coisinhas contigo, me aprofundar numas questões, até para ver se entendo melhor ou se lhe passo algo de interessante e diferente, coisas que o senhor pode até aproveitar em seus textos. Eu quero colaborar.
- Mas com quem estou falando? Não reconheço sua voz – digo.
- Não está me reconhecendo pois deve estar desatento. Peço só uns minutinhos de sua atenção, nada mais. Eu sou o Joca, não o cachorro que morreu de calor lá no aeroporto, mas o que trabalhou contigo décadas atrás no banco. Viajávamos juntos, fizemos até umas incursões pelo submundo da vida, algo do qual nunca mais me esqueço.
É chato demais isso e, infelizmente tem me acontecido muito. De uns tempos para cá tenho demorado muito para reconhecer ou mesmo lembrar de algumas coisas encruadas lá no meu passado. Neste caso, para não ficar chato, dei corda:
- Puxa, quanto tempo, hem! Como vão as coisas?
Pois não é que o sujeito, o tal do Joca desaba a me contar sua vida inteira e justamente neste momento, quando estava entretido, enfurnado numa passagem divinal de um livro do jornalista Joel Silveira, passagens de sua vida profissional. Foram uns dez minutos de ladainha e por mais que ele contava, não me veio à mente quem seria este tal de Joca. Tento agilizar a prosa, que na verdade, ocorrida somente por uma das partes.
- Então, Joca, mas o que te traz até mim? O que te fez vir até mim e me ligar?
- Queria te contar do Pedrão, aquele do Corcel Azul, o que nos levava pra cima e pra baixo. Sabia que ele morreu faz uns três anos?
Nossa mãe! Não me lembrava quem era esse Joca, agora muito menos, este Pedrão, mas dei corda:
- Sabia não. O cara era muito agitado, não? Você era mais íntimo dele do que eu. Conte mais.
- Então Henrique, eu tenho uma página do Tik Tok e conto histórias, relembro passagens. Isso faz sucesso e assim, me tornei influencer. Queria ver se você me ajudava a relembrar alguma boa do Pedrão, pois já contei algumas e sei, ele aprontou muito, algumas estávamos juntos. Bote a cuca pra funcionar.
Só me faltava essa. Mas como tive que deixar o livro de lado, fiz seu gosto. Adentro o jogo.
- As histórias que sei dele todo mundo sabe. Não me lembro de nenhuma que a galera já não saiba, a não ser a do dia em que tivemos que chamar a polícia, pois ele, mesmo sendo da mesma instituição, numa eleição interna, transportou eleitores ilegalmente e filiou até a mãe de seus correligionários. Fomos todos parar no plantão policial. Mas isso já foi muito comentado por aí, não?
- Nunca ouvi falar disso. Que conversa é essa? Nem sabia que foi líder dentro daquele agrupamento. Desembucha.
Não sabia o que inventar pro cara, mas tinha que ser algo rápido, pois do contrário perceberia minha inventação. A mente viajou na maionese.
- Não só ele, como a então esposa. Sempre aprontaram, fizeram isso tudo para se consolidar, esmagando quem não concordasse e tivesse dentro do esquema. Foram pra capital, convenceram os mandatários, passaram por cima dos daqui e assim se mantiveram por décadas. Da boca pra fora, bela viola, por dentro, pão bolorento.
- Henrique, isso vai dar o que falar, hem! Então, tudo o que o cara fazia era na base do ultraje político?
- Sim, não acredito que você não sabia. Você vai ver que isso não é novidade. Quando publicar vai ver pela reação, isso é história velha. O pé de meia foi se consolidando. Ninguém crescia dentro daquela agremiação. Eram só os dois. Foram histórias de seguidas arrumações ao longo do tempo, uma mas escabrosa que a outra. Você não lembra?
- Quer dizer que se publicar, não vai dar xabu? Tá tudo já mais do que revelado?
- Sim, só você não sabia. E tem mais. Conto outra, só pra abastecer o seu Tik Tok. O casal se separou, mas as armações nunca foram desfeitas, acordos nunca desfeitos. Depois, ela aprontou uma, comentada por muito tempo. Indicou um cara lá, para comandar a equipe, só para enfraquecer o grupo contrário, mas quando ganhou a causa, deu um jeito de botar o tal cara pra correr e tudo ficou como dantes no quartel do Abrantes.
- Puxa, Henrique, eu não lembro, mas se me conta, fico feliz em me passar tudinho assim em detalhes.
Ufa! E assim dei por encerrada minha conversa telefônica com este tal de Joca. Nem sei de onde tirei essas estórias. O fato é que, pelo visto, o danado está agora municiado e vai espalhar a coisa pela aí. O deixei bem abastecido. Isso deve render boas contendas pela frente, ainda mais citando o nome dos injuriados. Podia ter me saído melhor, mas foi o que consegui assim de uma hora pra outra. Agora, matuto aqui pra tentar me lembrar quem seja este tal de Joca. Será que ele ligou para o Henrique certo? Enfim, muita coisa é também explicada no meio de baita confusão.
Hoje foi assim e até agora, confesso, não sei quem foi que me ligou.
- Oi, seu Henrique, foi difícil conseguir o seu telefone. Leio muito o que escreve, gosto, discordo pouco e queria comentar umas coisinhas contigo, me aprofundar numas questões, até para ver se entendo melhor ou se lhe passo algo de interessante e diferente, coisas que o senhor pode até aproveitar em seus textos. Eu quero colaborar.
- Mas com quem estou falando? Não reconheço sua voz – digo.
- Não está me reconhecendo pois deve estar desatento. Peço só uns minutinhos de sua atenção, nada mais. Eu sou o Joca, não o cachorro que morreu de calor lá no aeroporto, mas o que trabalhou contigo décadas atrás no banco. Viajávamos juntos, fizemos até umas incursões pelo submundo da vida, algo do qual nunca mais me esqueço.
É chato demais isso e, infelizmente tem me acontecido muito. De uns tempos para cá tenho demorado muito para reconhecer ou mesmo lembrar de algumas coisas encruadas lá no meu passado. Neste caso, para não ficar chato, dei corda:
- Puxa, quanto tempo, hem! Como vão as coisas?
Pois não é que o sujeito, o tal do Joca desaba a me contar sua vida inteira e justamente neste momento, quando estava entretido, enfurnado numa passagem divinal de um livro do jornalista Joel Silveira, passagens de sua vida profissional. Foram uns dez minutos de ladainha e por mais que ele contava, não me veio à mente quem seria este tal de Joca. Tento agilizar a prosa, que na verdade, ocorrida somente por uma das partes.
- Então, Joca, mas o que te traz até mim? O que te fez vir até mim e me ligar?
- Queria te contar do Pedrão, aquele do Corcel Azul, o que nos levava pra cima e pra baixo. Sabia que ele morreu faz uns três anos?
Nossa mãe! Não me lembrava quem era esse Joca, agora muito menos, este Pedrão, mas dei corda:
- Sabia não. O cara era muito agitado, não? Você era mais íntimo dele do que eu. Conte mais.
- Então Henrique, eu tenho uma página do Tik Tok e conto histórias, relembro passagens. Isso faz sucesso e assim, me tornei influencer. Queria ver se você me ajudava a relembrar alguma boa do Pedrão, pois já contei algumas e sei, ele aprontou muito, algumas estávamos juntos. Bote a cuca pra funcionar.
Só me faltava essa. Mas como tive que deixar o livro de lado, fiz seu gosto. Adentro o jogo.
- As histórias que sei dele todo mundo sabe. Não me lembro de nenhuma que a galera já não saiba, a não ser a do dia em que tivemos que chamar a polícia, pois ele, mesmo sendo da mesma instituição, numa eleição interna, transportou eleitores ilegalmente e filiou até a mãe de seus correligionários. Fomos todos parar no plantão policial. Mas isso já foi muito comentado por aí, não?
- Nunca ouvi falar disso. Que conversa é essa? Nem sabia que foi líder dentro daquele agrupamento. Desembucha.
Não sabia o que inventar pro cara, mas tinha que ser algo rápido, pois do contrário perceberia minha inventação. A mente viajou na maionese.
- Não só ele, como a então esposa. Sempre aprontaram, fizeram isso tudo para se consolidar, esmagando quem não concordasse e tivesse dentro do esquema. Foram pra capital, convenceram os mandatários, passaram por cima dos daqui e assim se mantiveram por décadas. Da boca pra fora, bela viola, por dentro, pão bolorento.
- Henrique, isso vai dar o que falar, hem! Então, tudo o que o cara fazia era na base do ultraje político?
- Sim, não acredito que você não sabia. Você vai ver que isso não é novidade. Quando publicar vai ver pela reação, isso é história velha. O pé de meia foi se consolidando. Ninguém crescia dentro daquela agremiação. Eram só os dois. Foram histórias de seguidas arrumações ao longo do tempo, uma mas escabrosa que a outra. Você não lembra?
- Quer dizer que se publicar, não vai dar xabu? Tá tudo já mais do que revelado?
- Sim, só você não sabia. E tem mais. Conto outra, só pra abastecer o seu Tik Tok. O casal se separou, mas as armações nunca foram desfeitas, acordos nunca desfeitos. Depois, ela aprontou uma, comentada por muito tempo. Indicou um cara lá, para comandar a equipe, só para enfraquecer o grupo contrário, mas quando ganhou a causa, deu um jeito de botar o tal cara pra correr e tudo ficou como dantes no quartel do Abrantes.
- Puxa, Henrique, eu não lembro, mas se me conta, fico feliz em me passar tudinho assim em detalhes.
Ufa! E assim dei por encerrada minha conversa telefônica com este tal de Joca. Nem sei de onde tirei essas estórias. O fato é que, pelo visto, o danado está agora municiado e vai espalhar a coisa pela aí. O deixei bem abastecido. Isso deve render boas contendas pela frente, ainda mais citando o nome dos injuriados. Podia ter me saído melhor, mas foi o que consegui assim de uma hora pra outra. Agora, matuto aqui pra tentar me lembrar quem seja este tal de Joca. Será que ele ligou para o Henrique certo? Enfim, muita coisa é também explicada no meio de baita confusão.
OBS.: Texto escrito numa só sentada, meio que psicografado após ler por seguidas horas algo da verve do grande Joel Silveira. Pra bom entendedor, meia palavra basta.
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