Chegou chegando e diante de outros com menos qualificação e quilometro rodado, fazia e acontecia. Surge nova necessidade e pelo, visto, ele o mais gabaritado. Enfim, estava ali para aquilo mesmo, experiência comprovada. Tinham lá uma votação necessitando ser aprovada junto dos vereadores locais e pasmem, este mesmo cidadão, havia se candidatado, não foi eleito e, naquele momento era o primeiro na fila dos suplentes. Feita toda a certificação junto dos pares, o momento exigiria um sujeito tarimbado, com os costados calejados e já um tanto vaselinado.
Tudo foi combinado, o vereador ocupando o cargo era de confiança, mas não tinha o cabedal de expertise necessário para o embate ali se apresentando. Nem era bom de juntar ideias quando diante de forte pressão. Tinham mêdo do danado vacilar. Votar é uma coisa, fazer a defesa, argumentar junto aos opositores, estes com alguns bons de oratória e afinados num discurso corrosivo, caberia a este, adentrar a cancha de jogo e dar o acabamento final para a partida em sua fase final, quase prorrogação.
Pois bem, o vereador foi enviado para uma viagem de negócio, o preparadíssimo assume sua vaga e no dia da contenda final, ele cumpre seu papel. O tal do presidente lá da Câmara correspondia as expectativas, mas meia boca, não saberia tocar o barco sozinho. Outro cujo receio de vacilar, pairava no ar. Precisavam do reforço. Ele se apresenta e mesmo diante de maioria já constituída, uma calada maioria, desses não pronunciando nada além do voto, este chega chegando e apresenta as cartas escondidas nas mangas da camisa.
No final da contenda, partida encerrada e todo o plano já concretizado, este está agora prestes a deixar o cargo, reassumindo o que havia viajado, fiel, porém, ruim de prosa e o bam-bam-bam vai voltar a reassumir seu cargo numa das pastas mais importantes da administração. Dizem que, após tudo ter dado certo, o reconhecimento do clã no poder foi de júbilo e contentamento. Não sabem nem o que fazer para complementar sua remuneração, talvez uma gratificação de grande valia. Estudam algo neste sentido, enfim, o cara foi sensível ao momento vivido, assumiu todos os riscos, foi lá, botou a cara a tapa, não teve medo de cara feia e demonstrou competência.
Dizem que, é assim que o jogo é jogado lá na distante Uruab, lugar onde o judas perdeu e bateu as botas, mas a esperteza é a alma do negócio. Eu, besta que não sou, escolhi viver num lugar longe disso tudo. Meu lugar é tranquilo, tudo acontece como escrito nas estrelas. Gosto de vez em quando de escrevinhar histórias deste tipo, pois dizem, quando a gente escreve, menos elas acontecem perto da gente. Toc toc toc...
OBS.: Nem tentem aproximar ou enxergar semelhanças dessa estória com algo acontecido pela aí, pois trata-se de mera peça ficcional, talvez ocorrida não nessa Uruab aqui citada, mas só mesmo no mundo criado pela verve de Dias Gomes, na já quase esquecida Sucupira.
Será no Sindicato dos Bancários, 19h.
Não existe neste momento pessoa mais qualificada que o Breno para a discussão da causa palestina. Perder essa oportunidade será desperdiçar rico e raro momento, que não se repetirá rapidamente. Casa cheia na recepção a um guerreiro das boas causas.
Vou visitar meu cão Charles, ele cada dia melhor, mais robusto e feliz, agora com a companhia de outro, ele de porte médio e o outro, pequeno. Se entendem num quintal todo cimentado, folia declarada e explícita. Vou lá e não quero mais vir embora. Sou chamado pela Maria, a hoje guardiã de dois cães para ver de perto a situação de outros dois, em situação oposta, na quadra de baixo de onde mora.
Ela vai me contando pelo caminho, conhecer o casal de velhos, Manuel Gaspar dos Santos e sua esposa, Maria Aparecida dos Santos, moradores do bairro desde sua inauguração. Uma casa simples, sem grandes mudanças, de um lado um corredor coberto, este levando para a porta da cozinha e debaixo duas pequenas casinhas abrigando dois pequenos cães. O casal envelheceu por ali, sem perder o gosto por ter ao lado sempre um cão, também ajudando na vigilância e companhia para ambos.
Tudo vinha dando certo, mas de uns tempos para cá, as condições foram se complicando e até mesmo a própria sobrevivência está complicada. Com a pandemia tudo se tornou mais difícil e o casal mais lento, com a distância da residência até o Posto de Saúde se tornando uma tortura quando feita a pé. Se o casal sofre, junto deles dois cachorrinhos, o Apolo, 4 anos e mais recentemente o Ori, 2 anos.
De uns tempos para cá, algo vem preocupando não só eles, mas toda a vizinhança. Os cachorros estão neste momento infestados de carrapatos e tudo tem se espalhado rapidamente para o quintal, paredes e tudo o mais na casa. Um dele, o Apolo já se encontra com parte da face toda consumida por uma ferida proveniente de algo proveniente da ação dos carrapatos. Vez ou outra se vê, dona Maria empunhando uma vassoura e tentando varrer os carrapatos da parede, mas estes caem no chão e até varrê-los, sempre alguns permanecem no local.
Não conseguem nem lavar convenientemente os animas e assim, as situação está por demais agravada. Maria Aparecida e Manuel de um lado e no mesmo ambiente, padecendo de tudo juntos, Apolo e Ori. Semana passada quem por lá passou foram algumas funcionárias da Prefeitura, verificando a situação canina em respeito a leishmaniose. Se inteiraram de tudo e aguarda-se algo também sendo providenciado por elas em respeito aos carrapatos.
Maria me leva até o portão da casa deles, converso com dona Maria, cruzamos com seu Manuel no quarteirão e diante dos dois cães, o que fazem querendo expor a situação e lançar um pedido de socorro. Dizem já ter acionado a ONG do vereador Julio Cesar, a Arca da Fé e também alguns setores da Prefeitura, mas até agora, quem faz algo mesmo são eles, mesmo com movimentação reduzida e condições precárias. Escrevo, a pedido de Maria, pois ela gostaria muito de movimentar os vizinhos todos e ali acontecer uma ação em conjunto. Esperam uma sinalização dos órgãos municipais e temem também uma proliferação dos carrapatos pelas demais casas.
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