sexta-feira, 2 de maio de 2008

UMA ALFINETADA (26)
UMA "FORÇONA" PARA O SESC
Se hoje digiro cultura em todas as suas possibilidades, isso se deve a uma formação ocorrida ao longo dos anos. Aqui em Bauru, sempre que posso, não me furto nunca em apontar um dos culpados (com culpa comprovada em cartório) por ter tido essa tendência cheia e excentricidade. Sou uma declarada cria do SESC Bauru, pois desde que passei a me interessar por eventos culturais souberam preencher minhas expectativas e a de milhares de bauruenses. O SESC sempre foi ponta-de-lança no quesito Cultura, em posição de liderança no setor. Isso se deve a algo planejado lá atrás e colocado em prática com uma maestria de causar invejas mil.

Nos anos 80, tenho recordação do primeiro show promovido naquele espaço. Foi com o João Bosco, no tempo em que eles produziam um catálogo, cheio de páginas, contendo todas as letras. Depois vieram Carlinhos Vergueiro, Edu Lobo e tantos outros. Assisti de tudo ali e fui, cada vez mais, pegando gosto pela coisa. Deu no que deu. Bato cartão, tanto na época das vacas gordas, como na das magras. Se a fase atual não anda lá essas coisas (a programação de maio voltou a arrepiar), tenho plena consciência de que a culpa não é da direção do SESC.

Quem freqüenta como eu aquele espaço já tomou conhecimento, desde o ano passado dos problemas ali vividos. Foi necessário um breque em muita coisa e todos do lado de cá sentimos o baque. O comentário era (e é) de que o SESC havia perdido verbas e incentivos, porém, como o samba, "agoniza, mas não morre". Num documento assinado por Danilo Santos de Miranda, atual Diretor Regional do SESC Bauru, está claro o problema: "o Governo Federal tomou medidas para melhoria da formação técnica dos jovens brasileiros que, do modo como estão sendo propostas, por mais bem intencionadas que sejam, constituem ameaça de uma intervenção do Estado em uma entidade privada. (...) O remanejamento de recursos implicará na restrição drástica da diversidade e do alcance da reconhecida ação do SESC. (...) O SESC não pode ser sacrificado no altar de prioridades transitórias"(o documento na íntegra pode ser obtido pelo email@bauru.sescsp.org.br).

Que algo precisava ser feito no setor, bato palmas para o Governo Federal, mas não dá para colocar tudo na mesma cumbuca. O trabalho do SESC precisa ser valorizado, enaltecido e mantido. Vamos juntos bater tambor (bem forte) para que essa chama não se apague. Por outro lado, Bauru possui uma bela junção cultural, única no interior, onde se fundem atividades advindas dos mais diferentes pólos, como Secretaria Municipal de Cultura, Oficina Cultural (Governo Estadual), produtores locais, universidades, CPFL Cultural, o SESC (é claro)e outros, cada um a seu modo alavancando o setor. Tem quem reclame, mas quando olho à nossa volta me sinto satisfeito. Têm para todos os gostos.

PS.: Esse texto é dedicado a um ex-funcionário do SESC SP, Marcelo Pavanato.

Henrique Perazzi de Aquino, 47 anos, descontente por estarmos deixando de pintar a nossa aldeia ou estarmos pintando-a com os olhos do mercado. Isso nunca deu muito certo (http://www.mafuadohpa.blogspot.com/).

2 comentários:

Anônimo disse...

Adoro o Sesc e te conheço de lá.
Baterei tambor...
Yara

Anônimo disse...

- Bela lembrança Henrique!
O Marcelo, de lá, com certeza, sorriu com sua sincera homenagem!
Obrigado meu amigo!

AC Pavanato