domingo, 18 de maio de 2008

DIÁRIO DE CUBA (3)

Escrevi esse texto que, deve sair publicado na revista JÁ, aqui de Bauru em uma de suas próximas edições, sobre Cuba, a pedido do seu editor e faz tudo, o Sílvio. Publico em primeira mão aqui no mafuá, com mais algumas fotos, dentre as mais de mil que tirei quando lá estive em março último.
A VISÃO QUE TEMOS DE CUBA E A REALIDADE LÁ ENCONTRADA
Estive em Cuba justamente 30 dias dias após Fidel Castro deixar o Governo daquele país. Fui realizar um sonho acalentado por mais de 30 anos. Se tivesse ido, baseando-se no que lia por aqui, influenciado pela intensa propaganda negativista, encontraria somente miséria e ditadura. Para mim, confesso, não sofri choque nenhum, pois nunca me deixei influenciar pela dita "grande imprensa brasileira", muito pelo contrário, sou fervoroso adepto de buscar outras fontes de informação. E dessa forma sigo me informando.
Fiquei por lá 20 dias e o que vi foi exatamente o contrário de tudo o que nos querem fazer crer como a sua realidade, a imprensa neoliberal do mundo atual. Ainda hoje, com quase 50 anos de Revolução Cubana, a experiência cubana continua um osso atravessado na garganta do sistema capitalista. Encontrei um povo com um nível cultural bem acima da média do brasileiro, pois todos podem estudar (se quiserem) até a universidade, com tudo gratuito. A saúde é mais do perfeita e atende, também gratuitamente a todos, indistintamente, com uma perfeição que me fez invejar e desejar o mesmo para o lado de cá. Ninguém paga aluguel e todos estão instalados em casas confortáveis, que podem até não possuir um visual externo bonito, mas por dentro não deixam nada a desejar aos de nossa classe média. Se o salário que ganham é baixo, saem na frente, pois não possuem os mesmos gastos que temos aqui. E como são alegres, tocam suas vidas com uma simplicidade, sem o luxo e o excesso de coisas desnecessárias, o tal consumismo do mundo capitalista. Com certeza, vivem com um padrão melhor do que o nosso, mesmo Cuba sendo infinitamente mais pobre do que o Brasil.
Percorri o país todo, primeiro conhecendo Havana, onde fiquei a maior parte do tempo (8 dias) e o restante, indo de ônibus, com uma mochila às costas, por Santa Clara, Cienfuegos e Santiago de Cuba, já no outro extremo da ilha. Não vi nada relativo com a nossa violência urbana. Circulei livremente, conversei com todo o tipo de pessoas e acompanhei o dia-a-dia em escolas, hospitais, locais de trabalho e quando leio que só agora estão sendo liberados a internet e os celulares, tenho que discordar, pois muitos já estavam com esses equipamentos há um bom tempo. Eles possuem o mesmo direito de ir e vir daqui, com a mesma restrição nossa, a financeira. Não viajam por falta de grana. Conheci muitos que sairam e decepcionados com o que encontraram do lado de cá, voltaram mais do que correndo. Haviam sido picados pela "mosca azul", mas quando se depararam com a realidade capitalista, não tiveram dúvidas em voltar na primeira oportunidade. Fui a Cuba não em busca de encontrar grandes avanços tecnológicos e científicos, serviços turísticos de primeira linha e um primor em tudo. Preenchi todas as minhas expectativas, principalmente constatando que um outro mundo é mais do que possível. Cuba está aí para provar isso e só por isso, essa pequena ilha, tão perto do tão poderoso EUA, não tem o direito de fracassar, pois para milhões de habitantes do planeta (nos quais me incluo), continua sendo a esperança viva de que a utopia não é um mero sonho. E lutar por esse sonho continua sendo nossa tarefa diária. E assim toco minha vida, buscando a realização do sonho socialista do viver como sinônimo de amor, ao próximo e a si mesmo.
Henrique Perazzi de Aquino, 47 anos, professor de História, funcionário público

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom Dia...

Estou com viagem marcada para Cuba principalmente para Conhecer Havana e com o mesmo objetivo; conhecer as pessoas, a cultura, e o que realmente acontece em Cuba...

Sua opiniao neste blogger ajuda muito a quem pretende ir...

abç...

Fidel Mosquera