O Caderno H, de Mario Quintana, tem uma longa história. Começou a ser publicado na revista Província de São Pedro, de Porto Alegre, em 1945. O Caderno H continuou a sair a partir de 1953, quando Quintana ingressa no jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, na página literária dos domingos. Mas somente em 1973 o poeta selecionaria desse amplo material os fragmentos que comporiam a primeira edição em livro do Caderno H, publicada pela Editora Globo. Desde essa data, as diversas reedições da obra confirmam-na dentre as que mais interessam ao grande público do autor. O Caderno H também torna visível que o poeta se interessou por essas modalidades de forma por toda a vida, ao mesmo tempo que continuava praticando a poesia em versos livres ou de formas fixas como o soneto, destilando por quase trinta anos sua obra em epigramas e prosa.
Terminei mais uma leitura desse saboroso livro, numa edição grandiosa da Editôra Globo e repasso a todos algumas frases pinceladas de lá:
- "Um trouxe a mirra, o outro o incenso, o terceiro o ouro. Incenso e mirra evaporaram-se... Mas e o ouro? Os textos nada dizem sobre a aplicação do ouro."
- "Já repararam? A má reputação sempre fez parte da fama..."
- "Um dia, por dever de ofício, fui a um desses concursos de Robustez Infantil. Havia cada mãezinha".
- "Democracia? É dar a todos, o msmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, isso depende de cada um".
- "Ah! Esses vizinhos habilidosos que estão sempre consertando coisas, martelando coisas, nas horas mais insólitas, enquanto eu me acho entregue apenas a este silencioso vício: a leitura".
- "Uma das coisas que não consigo absolutamente compreender são os que se convertem a outras religiões. Para que mudar de dúvidas?"
- "Não se pode pode conhecer nada num minuto e só por isso é que os turistas não conhecem o mundo".
- "Quem bebe por desgosto é um cretino: só se deve beber por gosto".
- "Deus nos promete a vida eterna, mesmo porque, se não fôssemos nós, o que seria dele? Um Deus dos hipopótomos, das aranhas, das lagartixas..."
- "Amai-vos uns aos outros é muito forte para nós: o mais que podemos fazer, dentro da imperfeição humana, é suportarmo-nos uns aos outros".
- "Por favor, deixa o Outro mundo em paz! O mistério está aqui".
(terminei a leitura em 20/06/2008)
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