quarta-feira, 23 de julho de 2008

DIÁRIO DE CUBA(6)

A CHEGADA NA ILHA, A RECEPÇÃO NO AEROPORTO E A ENTRADA NO HOTEL
Estávamos em plena viagem aérea, como relatei na postagem anterior. Na parada que a Copa Airlines faz na Cidade do Panamá, enquanto aguardávamos nosso vôo, conhecemos um brasileiro, paulista como nós, de Limeira, William Friedrick, indo trabalhar numa indústria plástica na República Dominicana. Já no vôo, empresto um jornal de um argentino de Córdoba, onde a manchete é sobre o aperto de mãos entre Uribe e Chávez, em Santo Domingo, tentando diminuir as escaramuças após a invasão da Colômbia em território equatoriano. Empresto a minha Carta Capital com o mesmo tema na capa e seguimos lendo. Uma nicaragüense me chama a atenção, vestida como se fosse uma baiana brasileira vendedora de quitutes. Sei que o sincretismo religioso em Cuba é tão marcante quanto o nosso. Outra percepção: muita gente da América Latina e do mundo todo entre os passageiros, menos brasileiros. Éramos os únicos.

Descontando o fuso horário, chegamos em Havana, 8/3, por volta das 12h30 e na confereência inicial Marcos constata que seu celular Tim Internacional não funcionará por lá, mesmo com o vendedor brasileiro afirmando que não haveria problemas. De nada valeram as garantias fornecidas. Dali para a frente, os contatos com o Brasil, só pelos fones nos hotéis, os públicos, feitos com cartões (iguais aqui) e via internet (hotéis e postos específicos). Na primeira visão, vista da janelinha do avião, a emoção estava estampada em nossas faces e difícil de ser contida. Na fila da esteira, esperando as mochilas, não me seguro e inicio as fotos, que passariam de 1300, nos 19 dias da estadia por lá.

Num vôo com mais de cem passageiros, poucos são os escolhidos para aquela conversa aduaneira ao pé do ouvido, com o pessoal fardado do aeroporto. Desconheço os critérios, mas fui um dos escolhidos. Éramos uns cinco. São feitas muitas perguntas, acho que de praxe nessas ocasiões, como os motivos da viagem, onde ficarei hospedado, quanto dias, se conheço alguém por lá e se essa era minha primeira vez. Digo ser o sonho de mais de trinta anos e que vim para conhecer a experiência mais impressionante de ser diferente, num mundo dominado pelo capitalismo. Não passo por nada vexatório, tipo o que nossos turistas andam passando na Espanha ou tendo que até tirar os sapatos para entrar nos EUA. O policial cubano é atencioso, conversa num local aberto, com muitas testemunhas e após uns 20 minutos, sou liberado. Marcos, em pé me aguardava e diz: “Ô louco, meu, não voltava mais, vamos perder o translado para o hotel”.

Boca maldita, não deu outra. Como éramos os únicos brasileiros, uma vã estaria a nossa espera e foi dispensada diante da demora na apresentação na saída. O pessoal da Cubatur foram extremamente atenciosos, sendo disponibilizado um táxi até o hotel. Mal deu tempo de olharmos com maior atenção para o aeroporto, modesto, mas com tudo em cima. Tiro uma primeira foto no caminho, um caminhão branco de pequeno porte. Comento sobre os motivos da demora: “Cubano deve ser desconfiado com certos visitantes, talvez pela quantidade de reportagens contrárias ao regime comunista. Possuem um receio normal por certo tipo de turista. São um tanto calados nesse sentido”. Viemos e queremos entender e não contribuir para confundir. Queríamos confrontar toda a bagagem adquirida ao longo dos anos, com a realidade vista naquele momento pela janela do táxi. Mal conversamos, pois olhávamos por todos os lados. Quando nos demos conta estávamos na porta do Hotel Vedado, apartamento 310 (Calle O e/23 25 Vedado), onde ficaríamos até o dia 13. No relógio, pouco mais de 14h e tudo à nossa espera.

Continua...

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