OS SATYROS, COM "VESTIDO DE NOIVA" EM LENÇÓIS PAULISTA
Tenho que relatar isso. Estive ontem em Lençóis Paulista assistindo pela primeira vez algo do grupo OS SATYROS, encravados bem juntinhos à praça Roosevelt, no coração de São Paulo e com uma proposta teatral das mais atraentes a arrojadas. Essa Cia de Teatro está apresentando pelo interior uma novíssima versão de "Vestido de Noiva", de Nélson Rodrigues. Lá em Lençóis, tudo foi possível graças ao PAC e a união com a Cultura local, na pessoa do sempre atento Nilceu. Como eles ainda não possuem o seu teatro e o auditório tem capacidade para no máximo umas 150 pessoas, levaram tudo para a boate Four, que lotou e bombou. Casa cheia e diversão garantida, pois o pessoal dos Satyros estiveram impecáveis. Nesse primeiro contato, após tudo o que já havia lido deles, sai de lá (eu a amiga Lygia Juncal, que esteve comigo) com a alma lavada e querendo mais.
"A história é bem simples: a personagem Alaíde é acusada de roubar o namorado da irmã, é atropelada e envolve-se com uma cafetina do início do século 20. Daí pra frente é um mergulho sem censuras na alma humana, como só Nélson Rodrigues seria capaz de realizar. (...) Ver uma obra revolucionária fora do seu contexto histórico nem sempre é uma experiência prazeirosa. Muito pelo contrário... Normalmente as inovações trazidas por ela já foram absorvidas pelas obras posteriores e nós, expectadores contemporâneos, não conseguimos entender o pôrque de tanta importância atribuída à obra original. (...) Vestido de Noiva realmente merece a denominação de clássico. Cinquenta anos depois de escrita ainda conserva todo o vigor que uma obra de arte deve ter, não é umapeça de museu", relata Edgard Almeida, em fevereiro de 2008, num texto encontrado na internet.
A epopéia pelo interior paulista foi iniciada por Lençóis e a grande novidade foi rever Helena Ignez no papel de Madame Clessi. Foi uma pena Norma Benguel não estar com eles nesse empreitada, pois estava gravando para a TV Globo. Eles realmente são ousados e procuram esquecer o que já havia sido feito antes, apresentando uma nova leitura sobre a obra. Com um cenário utilizando-se de imagens gravadas e lançadas num grande véu sobre o palco, viajamos junto com o grupo. O elenco é grande e bem eclético, contando inclusive com a dama cubana, a transexual Phedra Cordoba, que do alto dos seus 70 anos, retornando com o grupo agora de Cuba, faz uma ponta divinal. Adorei e já me prontifico a na próxima ida para Sampa ir em busca de outras coisas disponibilizadas por eles. Foi uma noite e tanto, tanto que vi por lá, como pela companhia (a que estavacomigo).
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