Degeneração total. Governador Arruda, do DF, comprovado mensaleiro, mas ele não só continua no cargo como afirma ser um injustiçado e confiando na Justiça. Por aqui, a Polícia Federal prende uma quadrilha dentro da AHB – Associação Hospitalar de Bauru. Dias depois, todos soltos e confiando na Justiça. Um vereador não consegue fazer uma simples manifestação diante de uma praça de pedágio, impedido por decisão judicial, enquanto que, os donos do lucrativo negócio, os que assorearam as águas provenientes da rodovia e dizimaram um parque ecológico, mantém suas catracas funcionando a pleno vapor. Nem pensar em liberar as cancelas do pedágio enquanto não solucionarem esse problema. Em Catanduva outro exemplo, no famoso caso dos médicos pedófilos. A decisão foi rápida e certeira, o borracheiro foi sentenciado com cana dura, enquanto que os mandantes, os médicos, aguardam em liberdade. No caso da Cutrale, em Borebi, os sem-terra são expulsos, mas é morosa a decisão sobre a utilização da terra por quem não é o seu verdadeiro dono. Por que uns poucos sempre se dão bem nessas questões e repetem sempre a mesma ladainha: “Confio na Justiça”? Adoraria ver essa mesma Justiça tornar-se inconfiável para essa gente, dita “fina”. Mais dia menos dia, como lá na Itália, lançarão sobre a face desses “injustiçados”, não a réplica do “Il Duomo de Milão”, mas a estatueta da própria Justiça, aquela com a venda nos olhos. E ao fazer isso poderão também “confiar na Justiça”?.
AUTENTICIDADE - texto publicado no jornal BOM DIA, edição de 09/01.
Eu tenho um amigo um tanto diferenciado. Família com recursos financeiros, ele renega o dinheiro fácil e as benesses oferecidas para viver de acordo com a sua ideologia, a comunista. Opções foram sendo repetidas ao longo dos anos. Abdicou de todas, preferindo construir sua vida à margem do mundo capitalista. Vive feliz, sempre apertado. Inventou seu próprio meio de sobrevivência, pois dificilmente empregariam alguém a se recusar tirar do peito camisas vermelhas com a estampa da foice e do martelo, seu inseparável vestuário. Montou seu próprio e pequeno negócio e segue agindo conforme sua consciência. Coisa para poucos. Considerado por alguns como lunático, num tempo onde os ideológicos vivem em constante provação, ele resiste e persiste. Calmamente diz não às ofertas para capitular. Enquanto muitos vivem atrás de empregos públicos e quando o perdem, entram em desespero, ele age ao contrário, pois se nega a entrar nesse jogo. O testo de vez em quando. Da última fui questioná-lo da conveniência de ter um emprego com tempo integral para desenvolver suas atividades de conscientização, igual a muitos por aí. “Não seria interessante algo a lhe garantir tranqüilidade para a militância, sem os percalços de hoje?”, lhe disse. Sério e resoluto me disse: “Nada disso. Isso só faria perder minha autenticidade. Teria amarras, cabresto e não poderia opinar e enxergar o mundo com a liberdade atual”. Encerramos o assunto. É único, um exemplo e desconheço outro igual.
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