UM DOCUMENTO CULTURAL E SUA DIVULGAÇÃO, ATENDIMENTO AOS ARTISTAS E CARNAVAL
Circula desde o início da semana aqui por Bauru um documento dos mais sérios, uma Carta Aberta intitulada "CULTURA DE LUTO", assinada por Associação dos Amigos dos Museus, Associação Bauru pela Diversidade, Grupo Musical de Samba e Choro Noz Moscada, Grupo Musical Monte de Bossa, Grupo Teatral Celeiro de Arte – Madê Correia, Associação Paulista de Corais, Coral Vocalis – Maestrina Hilda Campos, Associação de Preservação Ferroviária de Bauru, Instituto Cultural Umbanda Fest, Federação de Umbanda e Candomblé do Estado de São Paulo Reino de Oxalá e Grupo de Pagode Do Jeito Que Elas Querem. O longo texto faz um resumo de quase todos os problemas enfrentados pela Cultura local e descuidados pela atual administração do setor municipal. Ele pode ser lido na íntegra num site criado pelos assinantes da carta, no http://www.democratizandoacultura.blogspot.com/. A intenção é somente uma, a de que o setor tenha uma direção voltada para seus reais interesses, ocorra uma descentralização e o diálogo com os artistas seja reestabelecido. Após um ano, o distanciamento da Cultura local com projetos, artistas e atividades está beirando às raias de um verdadeiro caos, um nervo mais do que exposto na administração municipal. Tudo piorou, tudo está estagnado, uma paradeira total, abandono mesmo e a atitude corajosa desses primeiros onze a assinarem um documento coletivo, demonstra que algo necessita ser feito de imediato. Muitas outras entidades estão preparando documentos paralelos, após reuniões com seus associados e deverão se juntar nessa luta por dias melhores para a cultura bauruense. Permanecer calado é a mesma atitude daquele sujeito que diz não gostar de política e assim sendo, deixa ela ser executada ao seu bel prazer. Para os assinantes não existe ninguém a nos guiar (sim, assino o documento como presidente da Associação Amigos dos Museus de Bauru), um condutor, nada disso, o interesse é de que a Cultura em Bauru volte a raiar. Todas as outras discussões serão posteriores a abertura de uma ampla discussão sobre a tema na cidade.
Toda essa situação pode ser muito bem exemplificada por algo bem simples, quase uma rotina a se repetir com uma frequência muito grande lá pelos lados do Teatro Municipal, onde se concentra a sede da Secretaria Municipal de Cultura. Dias desses reencontro na feira dominical, Luiz Gomes da Silva Zanello, 57 anos, o popular Zanello, fotógrafo e músico local. Ele sempre atuou nas rádios da cidade, empolgou várias campanhas de políticos, com uma dupla sertaneja que fez muito sucesso na cidade, a Zanillo e Zanello. Bauru o conhece de duas formas, uma nessa de músico, sempre acompanhado de seu violão e na outra, o inseperável instrumento de trabalho pendurado ao pescoço, sua máquina fotográfica, registrando eventos mil pela cidade. Participou também da Virada Cultural 2007, com o Zanello Trio Sertanejo. Me diz que dia desses esteve lá na Cultura com a intenção de expor uma idéia, um projeto de levar cultura popular aos bairros, shows de viola quinzenais, com patrocínio para cachês já conseguidos. "Fui recebido por um assessor, que demonstrando ter pouco tempo disponível, me disse não existir verba para artistas de Bauru porque não existiria público. Eles prefeririam contratar, por exemplo, um cantor de pagode famoso, como o Rodriguinho, que é também de Bauru, do que alguém daqui. Entre escolher um nome desses e um daqui, não pensariam duas vezes. E quando lhe disse que iria reclamar, virou às costas e me disse: "Veja o que você pode fazer". São pessoas despreparadas. Tenho muito a oferecer, não sou contra o tal do Rodriguinho e sim a menira de me colocar como se fosse um João Ninguém", foi seu desabafo. A situação é exatamente essa, gente despreparada até para atender os artistas locais, sem nenhuma sensibilidade. Não conseguem nem escutar as pessoas. Essa pequena amostra é o quadro geral do atendimento por lá. Exemplos iguais ou piores existem aos borbotões e faltaria espaço para citação. E muitos sairam de situações idênticas e foram reclamar diretamente ao prefeito, que os ouviu. Porém, a situação persiste e cada vez pior.
E agora vem a questão do Carnaval 2010. Hoje, sexta, faltam exatos 29 dias para a festa de Momo e não sabemos se sairá amanhã a publicação no Diário Oficial do município, o Edital que permitirá o repasse de aproximadamente R$ 100 mil reais para a empresa ganhadora contratar um caminhão de som e remunerar as ditas Escolas de Samba. Quanto tempo o Edital terá até serem abertos os envelopes com as propostas? E se a empresa ganhadora for de fora e optar por não contratar as Escolas de Bauru? Eles podem muito bem optar por contratar uma Escola já pronta, com ensaios já feitos, de cidades vizinhas, com custo muito menor. Nada a impedirá e as daqui ficarão a chupar os dedos. Está tudo sendo feito muito em cima da hora, a toque de caixa, demonstrando a inabilidade e despreparo dos executores da festa, que nada fizeram anteriormente e agora, na "bacia das almas" querem resolver tudo. Vão é criar um problemão sem fim para o prefeito. Alguém não se organizou direito durante o ano passado todo e hoje corre contra o tempo. Não seria melhor e muito mais barato somente os blocos sairem, sem grandes custos, ali mesmo na Nações Unidas, que já possui iluminação própria e no mesmo estilo dos dois últimos anos (leio que eles também reivindicam verba para o desfile - nada mais justo). Antes disso acontecer, alguém teria que se explicar e assumir alguns erros, incertezas, pisadas na bola e até um despreparo. Fará isso? Torço pelo sucesso do Carnaval, mas no atropelo vão é deixar o prefeito numa situação de risco imimente. Seria isso que alguns querem? Que não joguem a culpa em gente do lado de cá...
5 comentários:
meu caro Henrique
Não havia pensado nisso. Ficaria muito mais barato contratarem uma escola já ensaiada, com fantasias prontas, porém de fora, num custo mais mais barato, do que dar os 15 mil para cada uma, que ainda teriam que se preparar. Acho que isso vai dar pano pra manga. Uma empresa qualquer, de fora pode se interessar e apresentar uma prosposta de 80 mil, contratar umas seis escolas por cinco mil cada e uma caminhão por dez mil, ter um alto lucro e sair dando risada disso tudo. Nas pressas sai essas coisas esquisitas e sem sentido. O prefeito não entrará nessa.
Daniel Proença
Zanello eu conheço e merece todo o respeito. Acho que quem o atendeu não sabia direito nem com quem estava falando. Isso que voce relata aqui é só o começo, pois ouço histórias escabrosas de gente que foi atendida aos trancos. Funcionário então, esses não são ninguém. São alvos de constantes flashes fotográficos, é um tal de foto deles em todos os momentos do trabalho. Onde vai dar isso tudo?
se escrever meu nome estou f.
HPA, acho muito importante a defesa constante que você faz à cultura bauruense. Aliás precisamos exatamente disso, pessoas que divulguem mais nossa cultura, pois Bauru está repleta de grandes talentos e bons projetos culturais, mas sempre percebo que a divulgação, quando existe, é feita precariamente. Continue lutando, você não está só!
DeboraH
E ahi, saiu o tal Edital do Carnaval. Até quando as empresas podem se inscrever? Ou ainda não saiu? Informe a gente, para sabermos se vai ter Escola de Samba mesmo ou se estão querendo nos enrolar.
Cristina
Senhor Henrique, não é um comentário e sim um lamento que espero ver publicado.
Agradeço sua atenção.
Biblioteca desativada
O descaso com a cultura
A Biblioteca do Mary Dota foi a biblioteca ramal que apresentava a maior frequencia, o maior numero de acervo, o maior numero de matriculas por cursos. As mesas eram insuficientes para o grande numero de frequentadores. Eram crianças, jovens e adultos que se espremiam em busca de informação. No ano de 2007 ela foi transferida para a sede da antiga regional e o numero de frequentadores caiu assustadoramente. Lugar bom mas errado.
Esperavamos que a atual administração fosse reparar esse erro porem o que estamos vendo é esse equipamento cultural ser fechado. O Mary Dota desde hoje não conta mais com sua biblioteca. Fechou! Dizem os responsáveis que o acervo foi levado para a vila garcia. A Vila Garcia merece mas não em detrimento do Mary Dota.
Mais um descaso com a cultura e desrespeito aos funcionarios que dedicaram a vida e so foram avisados da mudança instantes antes d o caminhao chegar.
Acredito que o proximo passo é fechar a biblioteca central que vive as moscas, dizem os responsáveis que a culpa é da Internet. Ledo engano!
Dizem os responsáveis pela cultura de Bauru que "qualquer coisa" serve.
Ah! Bauru o que foi feito de voce? É só pão o que merece? Mas "não é só de paõ que vive o homem".
Postar um comentário