segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

MEMÓRIA ORAL (100)

ZÉ DA VIOLA, UM VIOLEIRO AO SABOR DO VENTO
Existe na cidade de Bauru, interior de São Paulo alguns baluartes quando o assunto é a música, ainda mais quando se fala de algo mais específico, como o bem tocar um violão de sete cordas, uma viola caipira ou um cavaco. Adentrando essa seara é impossível não tocar no nome de José Domingos Mucheroni, 72 anos, professor autodidata e uma excelência com o instrumento nas mãos. Zé da Viola, como prefere ser chamado, está em atividade há décadas e sua história é dessas a merecer ser passada adiante, pois além da singularidade, das idas e vindas, dos erros e acertos, demonstra mesmo na adversidade ser uma pessoa de bem com a vida, acreditando ser possível reverter tudo na próxima curva ali na esquina.

A excelência musical é fruto de um início enfronhado no meio musical. O pai, Ernestinho Mucheroni foi dos precursores da viola na cidade e o menino pegou gosto pela coisa logo cedo. “Meu pai era catireiro. Naquela época as festas nos sítios eram com fartura, não existia o dinheiro, mas muita comida e bebida, principalmente a cachaça e um pouco de vinho. O frango era feito com farofa e servido numa bacia, com a catira comendo solta a noite inteira. Os velhos ficavam ouvindo aquelas demoradas modas de viola, com até 25 versos, tudo com princípio, meio e fim, histórias contadas no ponto da viola. A catira era formada de 12 pares, 24 homens batendo os pés e mãos entre aquelas histórias. Vivi isso desde muito cedo na minha vida”, conta um alegre e despojado contador de histórias.

Nesse tempo já fazia suas estripulias, nunca abandonadas. “Eu pegava o violão de meu pai escondido e acabava quebrando as cordas. O velho ia pegar o instrumento na hora de ir tocar, guardado num saco tipo de farinha e via o estrago. Percebia meu interesse. Dava um trabalhão para ele, pois as cordas eram envolvidas em carretéis. Era sofrível. A viola desafinava, precisava tirar o craveiro de madeira, raspar numa pedra rústica para tocar. Fui aprendendo e depois vim a consertar violas. Ele até gostava, pois ao invés de estar na rua, seguia seu gosto”, continua. Sua lembrança vai mais longe e começa a lembrar dos melhores violeiros de Bauru. “Entre 1945 e 1950, por aí, o campeão era o Zico Martelinho, um vendedor de doce, vivia disso, depois vinham outros como o Zé Carvoeiro, que vendia carvão, o cabo Antoninho, da Força Pública, o Zé Oréfice, tio dos famosos Falsetis e meu pai, que era pedreiro e nas horas de folga violeiro.

Lembra também nunca ter freqüentado uma escola musical. “O único a me ensinar algo foi Carmelo Grillo, hoje com 94 anos e ainda dando aulas de violão. O resto aprendi tudo na convivência. Aos 14 anos meu pai comprou o meu primeiro violão, um Gianinni e comecei a tocar em casa, festinha de aniversário. Minha primeira dupla foi com minha irmã, a Aparecida. Nesse tempo fui para a capital e lá meu primeiro emprego, na SP Light, por volta dos 16 anos. Conheci amigos nas rádios, lembro bem do Grêmio Juvenil Tupi. Voltei para Bauru com 32 anos, casado e já com filho. Daí revi a turma que tocava por aqui, o Lali, Zé Vieira, Tiãozinho, Mário Carvalho e o Edivardo Viotto, mais conhecido como maestro Badê”, continua seu relato.

Zé da Viola é um inveterado contador de histórias, algumas muito engraçadas envolvendo os muitos personagens, todos musicais que atravessaram sua trajetória. “Uma vez fui tocar em Campo Grande, viagem longa, chegamos quase na hora e fui procurar o endereço, rua Cândido Mariano. Nada, um sufoco e momentos antes do baile começar conseguimos chegar e fui falar que havia perguntado por tudo quanto é lugar a rua, foi quando me disseram que estava nela fazia tempo, tava lá Marechal Rondon. Fomos a piada da noite. E outra, essa um causo, de um sujeito que ensaiou durante anos uma atração circense com um porco e um galo como violinista e cantor. Ofereceu em vários lugares e nada. Passado um tempo, situação difícil, quando um dono de circo foi comprar o número, foi obrigado a dizer que não podia mais, pois não tinha mais os dois, sendo obrigado a comer a atração, primeiro o cantor depois o violinista”, conta entre risos. Uma das melhores é a vivida com o maestro Brasil Loureiro, que contratou ele e um amigo para um conserto chique, onde teriam que ler as partituras e nem ele, nem o amigo sabiam: “Tocamos da nossa forma e no final, ele nos chamou, pagou R$ 70 para cada músico e para mim e o colega R$ 100 cada, mas disse que fomos diferentes, colocamos arranjos que não estavam previstos, afirmou ter gostado muito, percebeu tudo e nos mandou pra ‘pqp’, pediu para aprendermos música, pois não sabíamos nada da coisa escrita. E nunca aprendi. Não tenho mais jeito”, conclui.

Das pessoas que já tocou, lembra com saudade de Nelson Gonçalves, que acompanhou em várias apresentações. Mais recentemente o acordeonista Toninho Ferragutti é outro, personagem de histórias variadas. “Por volta dos anos 80, o Toninho, que era de Botucatu tinha uma namorada aqui e quando vinha vê-la arrumávamos bailes para ele tocar conosco. A gente pegava uma sanfona de 80 baixos e dava pra ele, grandão, acostumado a uma de 120, a mão escapava, voltava pra cima, mas sempre muito habilidoso, não fugia do pau. Doutra feita fui com ele num estúdio e Toninho deixou todos de boca aberta, pois improvisou o Panela Velha só de olhar a partitura, com os pés nas costas. Três sanfoneiros não tinham conseguido e ele matou a pau. Pudera, treinava o dia inteiro. Ele é vegetariano e uma vez fomos almoçar na avenida Paulista, comemos e quando foi embora, entrei numa padaria e pedi um churrasquinho. É desses que ouve uma música um única vez e já sabe tudo o que tem que ser feito. Aqui em Bauru, o Sebastião Lima, chefe jurídico do Expresso de Prata, um colecionador de acordeons é seu seguidor maior, sabe de todos os festivais de sanfona e por onde o Toninho está no momento”, relata sobre Ferragutti, com quem esteve por duas vezes ano passado, a primeira no Templo Bar e depois no SESC Bauru.

Se deixar, ele fica a dedilhar o vilão durante o tempo todo e a relembrar histórias. “Caburé é o pai do Eraldo Bernardes, um outro que seguiu o viés artístico familiar. Ele chegava para o violinista e pedia, ajeita aí um tom para mim e aprontávamos com ele. No fim ele falava que agitamos mal, que tom era aquele e eu lhe dizia, nada disso, esse é o famoso Tom & Jerry. Tenho uma outra história, essa com o velho Carmelo e meu pai, pedreiro, que enrolou durante um bom tempo de fazer uma obra na casa dele. Certo dia o Carmelo o pegou de jeito e arrumou um ajudante ali mesmo, que ficou fazendo um buraco na rua, enquanto ele foi comprar o material. Nisso passou um bravo fiscal de Prefeitura e queria multar. Quem mandou fazer isso? O ajudante meio sem graça disse que tinha sido o seu Ernesto. O fiscal abaixou a crista e saiu de fininho. Carmelo conta essa até hoje, é que na época o prefeito da cidade era o Ernesto Monte e o tal fiscal achou que a ordem era do prefeito e não do seu Ernesto, meu pai”.

Diz ter muita saudade dos velhos tempos e dos amigos que se foram e também que “a vida do músico é cheia de percalços, uma correria de um lugar para outro, quando em ascensão não se tem qualidade de vida, é duro manter todos os compromissos de forma muito séria". Dos tropeços nem gosta de falar, preferindo sim, tocar em alguns dos outros. “Estudei comportamentos musicais e a deusa grega dos teclados é Euterpe e a dita cuja mexe com a cabeça de alguns músicos, deixando eles muito loucos. Os meio bestas, que tem um comportamento meio estranho nós falamos que são Namorados de Euterpe, a Feiticeira. Hoje o João Gilberto, o Yamandu Costa e o velho Hermeto são todos Namorados de Euterpe”, diz sorrindo. “Mas eu também aprontei algumas, veja o caso do Bagaço que gostava de algo diferente e cantava pra ele um verso modificado de Cartola, o “volto ao jardim/ na certeza que devo cheirar” e até um “até quem é de cheirar, cheirou...”, continua todo entusiasmado.

A verve de humor o persegue e até os cabelos compridos, amarrados num laço, marca registrada dos últimos tempos é motivo para piadas. “Num baile, um senhor meio cego, chegou perto e veio com graça, me chamando de senhorita e pedindo para dançar com ele. Num outro momento, esse mais recente, eu vendendo meus iogurtes pela rua, sou chamado de longe, por um ô dona, dona, nem olhei, pois percebi que estavam me confundindo com uma mulher”, diz. Esse negócio da venda de iogurtes em saquinho pelas ruas é algo do seu atual momento, difícil, mas uma simples questão de sobrevivência tirada de letra quando perguntado sobre o assunto. “Muitos me vêem pelas ruas e se espantam. Vejo por outro lado, ganho meus R$ 40 a R$ 50 reais todo dia, uns mil por mês e digo que tudo foi recomendação do meu médico, que pediu para fazer longas caminhadas todo dia. É isso que faço, rodo uns 15 km por dia, das 10 às 18h ou das 14 às 20h, a empresa é boa, me dá até carro para trabalhar, esse de duas rodas que empurro pelas ruas. A caminhada 0800 é a gratuita, gastando sola de sapato e não ganhando nada, na minha ganho meus trocos. Prefiro levar tudo na brincadeira e digo que isso aqui não é um emprego, é um pesadelo”, conta com certo humor.

Essa sua vida atual, tentando continuar com suas aulas de violão e viola, que acredita terão reinício após o Carnaval, em dois endereços, ministradas em qualquer local e horário é o grande motivador de tudo. Não desiste e diz estar entrosado com alguns da nova geração, tendo já tocado com Binha, Sargento Pedro, Sebastião José Tomás, Marli da Escaleta, Guilherme e outros. “Minhas últimas apresentações foram no chorinho do Bar Aeroporto e na Praça Luiz Zuiani, no Projeto do JC. O que eu ganhei, gastei, foi assim a vida inteira. Se correr atrás ainda dá para viver de música, tanto que continuo compondo. Lembro de uma que fiz para o centenário de Bauru, o “Há gosto pra tudo”, juntando o mês do aniversário da cidade com a planta cujo chá serve para quase tudo. Quer ouvir? Os tempos são outros, mas eu resisto e se convidarem toco a noite toda”, continua um relato que, pela entonação de voz e animação, pode prosseguir também por tempo indeterminado. Zé da Viola é um resistente, procura rir de tudo e assim vai virando as páginas de uma atribulada e conturbada forma de tocar a vida.

Para finalizar ouçam essa, com Caburé e Zé da Viola: http://il.youtube.com/watch?v=qq-xJj-PW3w

domingo, 27 de fevereiro de 2011

FRASES DE UM LIVRO LIDO (46)

'CHEIRO DE GOIABA', LIVRO DE GABRIEL GARCIA MÁRQUEZ
Hoje é domingo, o sol aqui no sertão paulista bate forte e doído, muito propício para saídas outras que não a permanência aqui no suadouro deste mafuá. Não sem antes cumprir o prometido, a publicação de um textículo, digo texto diário. O faço com a galhardia propiciada pelo domingo e por atividades outras que me esperam lá fora, dentre elas a caminhada na Feira do Rolo, a Cia Pia Fraus na praça Rui Barbosa, um cinema com o filme Biutiful, o renascimento do Noroeste no Alfredão, o show do Pato Fu no SESC, uma visita ao Zé da Viola, o namoro, uma escapada com o filho, almoço com os pais e as leituras do dia. Do livrinho (por ser curto, saboroso como uma boa goiaba bichada, leitura para uma sentada), conversas com Plínio Apuleyo Mendoza, amigo de juventude de Márquez. No livro, o escritor colombiano revela a sua história e o que pensa da literatura, das mulheres, da política. É pouca coisa e depois o domingo, pois ouço daqui um helicóptero circundando a feira rolística(hoje deve ter batida contra os ambulantes e camelôs) e um trio elétrico tocando carnaval (para onde irão esses?).

- "Há um momento em que todos os obstáculos são derrubados, todos os conflitos se apartam e à pessoa ocorrem coisas que não tinha sonhado, e então não há na vida nada melhor do que escrever. Isso é o que eu chamaria de inspiração".
- "A vida cotidiana na América Latina nos demonstra que a realidade está cheia de coisas extraordinárias".
- "Em Cem Anos de Solidão, um condenado à morte diz ao coronel Aureliano Buendía: "O que me preocupa é que de tanto odiar os militares, de tanto combatê-los, de tanto pensar neles, você acabou por ser igual a eles". E concluiu: "Nesse passo, você vai ser o ditador mais despótico e sanguinário de nossa história".
- "Como teria agradado ao escritor de 30 anos, que eu era com um suéter furado nos cotovelos, ter vivido uma aventura com uma dessas moças bonitas e sofisticadas que hoje se insinuam junto ao escritor de 50 anos e este deixa de lado para não alterar a tranquilidade e a organização de sua vida".
- "Que tipo de governo você desejaria para seu país?", me perguntam. - "Qualquer governo que façam os pobres felizes", respondo.
- "Com efeito, apesar de muitos poucos reconhecerem, todo homem normal chega morto de medo a uma nova experiência sexual".

OBS.: Esse livro eu não tenho em minha modesta biblioteca, tendo-o lido em 2004 (o livro é de 1982) num dos lugares que adoro frequentar e o faço desde que me conheço por gente, a Biblioteca Pública Municipal de Bauru.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

ALGO DA INTERNET (42)

A OBSOLESCÊNCIA ABSOLUTA, UM DEUS DO MERCADO E DOIS AMIGOS EM SAMPA
Prometi para mim mesmo que hoje ficaria o mínimo possível diante dessa tela internética. Posto algo em estilo vapt-vupt e vou curtir um pouco da vida nesse ensolarado sábado bauruense. Deixo três indicações de algo a me motivar:

1. ) "Baterias que "morrem" em 18 meses de uso, impressoras bloqueadas ao alcançar um determinado número de impressões, lâmpadas que derretem às mil horas... Por que, apesar dos avanços em tecnologia, os produtos de consumo duram cada vez menos? Filmado na Catalunha, França, Alemanha, Estados Unidos e Gana, o documentário “Comprar, descartar, comprar - A obsolescência planejada” faz uma viagem através da história de uma prática empresarial que consiste na redução deliberada da vida útil de um produto, para aumentar o seu consumo pois, como publicado em 1928 em uma influente revista de publicidade estadunidense, “um artigo que não se deteriora é uma tragédia para os negócios." O documentário, dirigido por Cosima Dannoritzer e co-produzido pela TV espanhola, é o resultado de três anos de pesquisa; faz uso de imagens de arquivo pouco conhecido, fornece provas documentais e mostra as desastrosas conseqüências ambientais decorrentes dessa prática. Também apresenta vários exemplos do espírito de resistência que está crescendo entre os consumidores, e inclui a análise e opinião de economistas, designers e intelectuais que propõem alternativas para salvar a economia e o meio ambiente. Uma “luz” na origem da obsolescência planejada Tomas Edison fez a sua primeira lâmpada em 1881. Durou 1.500 horas. Em 1911, um anúncio na imprensa espanhola destacou os benefícios de uma marca de lâmpadas com um certificado de duração de 2.500 horas. Mas, como foi revelado no documentário, em 1924 um cartel que reunia os principais fabricantes na Europa e os Estados Unidos negociaram para limitar a vida útil de uma lâmpada elétrica à 1.000 horas. O cartel foi chamado “Phoebus” e, oficialmente, nunca existiu, mas, em “Comprar, descartar, comprar” é mostrado o ponto de partida de obsolescência planejada, que hoje é aplicado a produtos eletrônicos de última geração, como impressoras e iPods, e aplicada também na indústria têxtil. Ao longo da história do “vencimento previsto”, o filme descreve um período da história da economia nos últimos cem anos e mostra um fato interessante: a mudança de atitude nos consumidores, através do uso de redes sociais e da Internet. O caso dos irmãos Neistat, do programador de computador Vitaly Kiselev, e do catalão Marcos López demonstram isso. África, aterro eletrônico do Primeiro Mundo. Este uso e descarte constantes têm graves conseqüências ambientais. Como vemos nesta pesquisa, países como o Gana estão se tornando a lixeira eletrônica do Primeiro Mundo. Até então, periodicamente, centenas de containers chegam cheios de resíduos, sob o rótulo de "material de segunda mão", e, eventualmente, tomar o lugar de rios ou campos onde as crianças brincam. Além da denúncia, o documentário dá visibilidade aos empresários que implementam novos modelos de negócio, e ouvem as alternativas propostas por intelectuais como Serge Latouche, que fala sobre empreender a revolução do “decrescimento”, a redução do consumo e a produção para economizar tempo e desenvolver outras formas de riqueza, como a amizade ou o conhecimento, que não se esgotam ao usá-los".
O texto acima não é meu. Recebi via e-mail do amigo carioca Pascoal Macarielo, fui conferir e fiquei encantado, recomendando a todos. Está em espanhol, sem legenda e para quem quiser pesquisar é possível encontrar no Youtube versões com legenda, preferi essa mesmo:
http://www.youtube.com/watch?v=QosF0b0i2f0&feature=player_embeddedv=QosF0b0i2f0&feature=player_embedded#!

2.) Meu filho, Henrique Aquino, 16 anos passa em casa ontem no final de seu estágio na escola e fico interessado em algo que está lendo na minha tela do computador. Percebendo meu interesse, mostra várias tiras retiradas de um site, o http://www.umsabadoqualquer.com/ do cartunista Carlos Ruas (pacote grátis com 500 tiras donwload, os mais antigos são melhores). O personagem principal das tiras de Ruas é "Deus", sim o onipotente e onisciente, que tudo pode e tudo vê. Lendo as tiras junto dele ouço seu comentário: "Como não previu que o Adão comeria a maçã e daí por diante, se é onisciente?". Poderia lhe dar as explicações bíblicas, que toda igreja tem na ponta na língua para essas perguntas, mas preferi não fazê-lo. Ficamos é lendo e rindo com as tiras e lembrando de um outro diálogo, também travado com ele tempos atrás. Sua avó materna vendo-o lendo um livro de tiras do Laerte, "Deus", disse-lhe: "Como voce consegue ler uma coisa dessas, não se brinca com isso". Ontem pernoitando em Reginópolis, vi num canal católico um padre respondendo a essa pergunta e a fiz para o filho: "Padre, o que será desses pobres coitados que não acreditam em Nossa Senhora quando morrerem? O que acontecerá a eles?". Fiquei com medo do meu futuro e hoje, ao acordar e ligar o rádio para escutar o noticiário algo mais sobre a profanação e aproveitamento do divino. Na 94FM um anúncio de uma igreja, num culto com algum pastor famoso e algo inusitado: "O Santo Sudário é uma realidade. Chegou a hora de voce também ter uma partícula desse manto sagrado. Venham..." Charlatanismo puro, escória humana a merecer cana dura. A tal igreja, segundo ouço, fica pelos lados da rua Pedro de Toledo. Diante de tudo isso, o Deus do Carlos Ruas é fichinha, porém ótimo e nos faz ficar boquiabertos diante da imensidão de besteiras a que somos submetidos, como no filme citado no alto.
Em tempo: Hoje, filho e minha ex-esposa Cleonice estão abrilhantando a matéria "O bom e velho amigo", no Bom Dia, texto da Camila Turtelli, sobre o trato com animais velhos, colocando novamente o cão Pimpa, 16 anos, no jornal.

3.) Mariza Basso e Kyn Jr são meus diletos amigos e não me canso de falar de gente que gosto. Esses além de gostar, sento regularmente nas mesas dos bares. Eles batem cartão e possuem mesa cativa no Bar Aeroporto (devem ter conta com caderneta e crediário no pedaço). Novamente estão na estrada, com a Cia de Bonecos, o lindo teatro que produzem e espalham mundo afora. No convite que recebo deles: "OLÁ PESSOAL, ESSA SEMANA SERÁ A ÚLTIMA APRESENTAÇÃO DO ESPETÁCULO O CIRCO DOS OBJETOS NO SESC CONSOLAÇÃO: SALA BETA, UM ESPAÇO NOVO E ACONCHEGANTE, MAS LIMITADÍSSIMO, COM APENAS 40 LUGARES SERÁ NO SÁBADO DIA 26/02 ÀS 16 HORAS, APAREÇAM! ABRAÇOS A TODOS!
MUITO AXÉ!".
Como é impossível estar em dois lugares ao mesmo tempo, recomen do para os como eu, que estaremos bauruando, o acesso ao site deles: http://www.marizabasso.com.br/ e no skype: marizabassoformasanimadas. A novidade patrocinada pelo casal será uma Mostra Internacional de Teatro de Bonecos, realizado em Bauru no final de junho, com participações de grupos da Argentina, Portugal e brasileiros. Pediram sigilo quando me contaram a novidade no começo do mês, mas como o Bom Dia noticia hoje, reafirmo a ótima sacada. E nem eram recebidos pelos dois anteriores Sectários, digo Secretários de Cultura de Bauru.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (19)

APA, A INVASÃO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E UMA DECISÃO EM 04/04
Uma questão que gosto de discutir por aqui é a expansão predatória do mercado especulatório imobiliário sobre o Cerrado, principalmente em cima de áreas consideradas APAS - Área de Preservação Ambiental. Isso está virando praga em Bauru, um grande negócio para uns poucos e para quem defende a preservação, uma enorme dor de cabeça, pois a pecha de chatos, inconsequentes e inconvenientes é algo inerente na luta. Troco e-mails com o presidente do SOS Cerrado e os publico aqui, para acompanhar um pouco mais da luta desse "Indiana Jones" contra os que estão buscando, não só tomar posse do "Santo Graal", mas acabar de vez com ele:

Henrique.
Através de uma pessoa que me procurou como advogado, tomei conhecimento de um absurdo com o patrocinio de advogados da Prefeitura Municipal. A ação já denunciada perante a 1ª Vara da Fazenda Pública (2174/06) não está sendo suficiente para atender aos objetivos capitalistas, pois a verdade começa a aparecer. Então ao arrepio da lei ajuizam outra ação na 2ª Vara da Fazenda Pública que tomou o n. 160/2011 onde novamente ocultam que o local é uma APA e que já existe uma outra ação sobre a mesma área, e pedem que seja dado liminar sem ouvir partes envolvidas, onde como se sabe se conseguirem "passam o trator em tudo e adeus APA". Felizmente a juiza não deu a tão malfadada liminar, mas havérá um audiência dia 4 de abril e aí ela vai dar ou não tal liminar. Já protocolei ontem petição advertindo a juiza sobre o local ser APA e da existência de outra ação. Preciso de sua ajuda para denunciar no blog e contactar com algum jornalista para poder "colocar a boca no trombone"
Amilton Sobreira, advogado e presidente do SOS Cerrado, 24/02.

CARO AMILTON
REPERCUTO AMANHÃ NO BLOG, MAS QUERIA QUE VC ME INSTRUMENTALIZASSE COM MAIS DETALHAMENTO. EXPLIQUE MELHOR SOBRE A REGIÃO E O QUE QUEREM DE FATO FAZER LÁ. AMANHÃ DESPEJO TUDO NO BLOG. HENRIQUE

Henrique,
Essa área fica depois do IPMET na região de cerrado, me parece que eu já levei você no local. A Prefeitura não está conseguindo seus objetivos na Ação 2174/06 na 1ª Vara da Fazenda Pública, que já temos denunciado, inclusive ajuizei Ação Civil Pública contra a Prefeitura em apenso a esse processo. De uma maneira desonesta a Prefeitura ajuizou outra ação sobre o mesmo local, indo para outra Vara a 2ª onde a juiza desconhece o assunto cujo processo tem o n. 150/2011 pedindo uma liminar sem ouvir ninguém , não dando nenhuma possibilidade de defesa, para retirar toda e qualquer pessoa que estivesse nesse local e abrir ruas e praças, sem dizer que é área de cerrado, e sem informar da outra ação. Isso é um golpe, proibido pela lei processual, pela ética da OAB, pois imagine se a juiza cai no golpe e dá a liminar "adeus APA", depois que tiverem destruido toda a APA e tirarem todo mundo, tenha ou não documento da área. Mas, ainda bem que a juiza não deu a liminar, mas marcou uma audiência para 4 de abril para ouvir as pessoas.
Amilton Sobreira, advogado e presidente do SOS Cerrado, 25/02.

Eu, o HPA, concluo ao meu jeito. Tomem vocês mesmos suas conclusões. É ou não é difícil defender algo contra o mercado especulatório predatório imobiliário brasileiro? Sabemos que alguns vereadores da Câmara Municipal de Bauru estão ao lado dos 'novos investimentos e investidores' (sic). Dar nome aos bois é o próximo passo. Nos ajudem nessa empreitada.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

RETRATOS DE BAURU (96)

BRECHA, O VOLANTE QUE VIROU REI DA PANCETA
Afonso Ferreira da Silva, 62 anos é o popular Brecha, comandante em chefe do Bar do Brecha, uma das coqueluches entre os bares bauruenses. O apelido Brecha foi conquistado ainda nos tempos em que era centro-médio, o popular volante, atuando nos times do Matsubara e da Desportiva, um já extinto time de Santa Cruz do Rio Pardo. Quando o futebol foi deixado meio que de lado, em 1973 foi trabalhar no restaurante Reghine, de onde saiu com a idéia fixa de possuir seu próprio negócio. Montou o bar em 1989 já com o famoso nome no antigo Posto Continental, na sua parte frontal, defronte o Cemitério da Saudade. Junto da esposa, Elizabeth, que hoje é também chamada de dona Beth e até de dona Brecha, seguindo uma receita aprendida dos tempos de morador rural em Espírito Santo do Turvo, onde nasceu, sempre soube como ninguém destrinchar as partes internas de um porco. Seu sucesso começou daí e ganhou fama. Com a reforma do posto, criou coragem e ampliou seu negócio, reformando a área na sua parte de trás e lá, junto de um cunhado, esposa e dos filhos deste, conduzem o estabelecimento que ficou famoso pela panceta mais divinal da cidade, além de outras especialidades, como a porpeta, um bolinho de carne recheado de queijo. Simpático, cumpridor absoluto e irredutível do horário de funcionamento, que faz questão de manter exposto em letras garrafais na parede, abre e fecha religiosamente sempre dentro do determinado, isso já por quatro anos. Tudo ali é feito com esmero, como os vários molhos, um para tempero da carne, outro batido para ser levado a mesa e outro mais ardido. Hoje, o frigorífico está entregando as peças de panceta personalizadas, com carimbo pessoal e a forma de preparar, diz ele, é a mesma dos tempos de roça: "Matava porco, não tinha geladeira e a barrigada fazia para comer com a família. A receita tirei daí e a forma de preparar é meu diferencial". Brecha, diz que o apelido veio dos tempos de boleiro, pois fuçador, procurava as brechas para fazer seus golzinhos e assim como lá, no quesito comercial, encontrou a sua se firmando de forma vigorosa. Brecha virou point.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (24)

MEU PITACO SOBRE OS PROBLEMAS NA SEAR E NA SAÚDE
Tem certos assuntos que, dizem é melhor se mostrar isento, sem opinião, passar batido. Meto constantemente a mão em cumbuca e não tenho receio algum de emitir opinião sobre os atuais problemas na SEAR – Administrações Regionais e na Saúde municipal. Vespeiros puros, temas levados à Câmara de Vereadores e com opiniões contundentes e em alguns casos, com entonação de partidarismo explícito.

1.) Na questão da SEAR e da acusação de funcionários em cargo de comissão demitidos pelo secretário Ricardo Oliveira PTB, algumas constatações. Cargo de confiança o nome já diz, está ao sabor do vento e da cabeça do detentor do poder. Muda conforme a inclinação do poder. Não discuto se é errado ou não. Quem o assume deve estar mais do que ciente disso. Atirar só depois que sai é cômodo demais. Por que nada foi ventilado antes? Nenhuma denúncia anônima, nadica de nada. Não coaduno com o modo de governar de Ricardo e nem estou aqui para defendê-lo, mas algo que me preocupa nisso tudo e não vejo essa discussão na pauta do dia. Vi a foto dos demitidos e nela militantes antigos das hostes tucanas, alguns ligados ao vereador Marcelo Borges. Por que esses teriam que continuar no governo? Se o critério é estar afinado com a linha de pensamento do secretário, credito nisso o desligamento. Fazer uso, além disso, extrapola o bom senso. Deixo claro que, tanto a linha adotada pelo PSDB, como a do PTB são para mim o formador do caos administrativo. Mas se a escolha foi essa...
2.) Na questão da Saúde, o negócio é muito mais sério do que a fofoca envolvendo a questão anterior, ou a mera queda de braço por demonstração de poder. Aqui é o modelo que está falido (e lá não estaria?). A Saúde como é tocada nunca terá seus problemas solucionados, tudo é medida paliativa e lá na frente a explosão se repete, cada vez mais forte. Nem cogito a privatização do setor. Por que os médicos que passaram nos concursos não querem assumir? A questão seria só a salarial? Que essa classe é uma das mais unidas, não tenho a menor dúvida. O espírito de corpo, o grau de coesão da tropa de branco é elevado e percebo que nem numa reunião com a Prefeitura não expuseram nenhum dos seus, vieram falar em bloco. Tudo bem que estudam nove anos, gastam muito nesses anos, mas já se encontram acima da média nacional e estão sempre a querer mais. Bauru sempre viveu uma velada situação de forte segmentação médica a impedir a entrada de mais médicos na cidade. Embolo tudo isso e demonstro uma saída, polêmica, mas viável. No Haiti sabe quem está a resolver os problemas médicos de um devassado país? Cuba, sim, os médicos da ilha se predispuseram a pegar pesado, com a mão na massa e num convênio com o governo cubano estão lá atuando desinteressadamente. Quando o negócio não é só grana, não é ela a mola propulsora, a direcionadora e a questão humanitária, a de querer resolver de vez a questão está realmente em jogo, Cuba se faz presente. E por que não?
Jogo essa questão para a do basquete local. Anunciou-se que o time estaria com proposta milionária para a debandada e jogou-se a batata quente para a Prefeitura resolver. Ela fez mais do que deveria (e continua a fazer), mas pelo visto o time continua por aqui. Na Saúde, vejo da mesma forma. Encurralem todos, proponham um convênio com o governo cubano e ouçam o que virá depois. Falarão de “intolerável ingerência externa”, mas toparão sentar-se à mesa de negociação, quando constatarem que a partida pode ser perdida. Mas que não é uma má idéia, isso não é. Passem para frente.

E POR FIM, ALGO A RELEMBRAR UM AMIGO: Leandro Gonçalez, está com algo novo na praça. O seu fanzine pessoal, o "pau de Arara" já está no número 3 e agora lança junto o de um amigo, o "Quanto Vale I". Todos vendidos pela bagatela de R$ 2 reais e na Banca do Orlando, na Rua Primeiro de Agosto, centro de Bauru. Com a cara e a coragem, Leandro imprime tudo em copiadora (numa de boa resolução) e coloca em prática o ditado: Mais vale um gosto que dinheiro no bolso. Semana passada levei até ele o Fausto Bergocce, que de passagem por aqui à caminho de Reginópolis foi até seu ateliê e falamos de tudo um pouco: técnicas do traço, a arte de Lanzellotti e instigando nele a perspectiva de lançar um livro com parte de sua obra. É algo que ajudarei no que for preciso. Leandro faz e acontece.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

BAURU POR AÍ (49)

ENCONTRO CULTURAL E APRESENTAÇÃO DE STAFF SOB OS TRILHOS DA MARIA FUMAÇA
Aos singelos e incessantes apitos de uma Maria Fumaça algo dizia que havia movimentação diferente na mensal feira “Estação Arte”, junto à antiga Estação da Cia Paulista e colada à Feira do Rolo. Motivo mais do que justo para lá me dirigir. Foi o que fiz na manhã do domingo passado, 20/02/2011. De secretário novo, Elson Reis, a Cultura municipal estava toda exposta à visitação popular. Da integração de uma feira de artesanato com a popular do Rolo, tudo certo, afinal, o público já está ali mesmo, bastou juntarem-se a ele. Querem algo mais, um pequeno e significativo detalhe. A trilha sonora que se ouvia era de primeira, preparada com esmero pelo homem de rádio Wellington Leite, que em dois CDs, mostrou a todos a trajetória de Jorge Ben Jor. Um luxo, pois algo que sempre vi como problema era deixar o som relegado a um segundo plano, sendo tocado segundo gosto de quem tivesse CDs no momento e o que se ouvia era sempre algo de lamentável. Acertaram na mosca. Daqui para frente música de qualidade nos alto-falantes da Estação Arte.

E lá a reunião de todo o staff da atual Secretaria, com alguns recém empossados. ELSON REIS como secretário, NELI VIOTTO como Diretora de Proteção ao Patrimônio, JAIR MARANGONI como Diretor de Ação Cultural e os diretores RONALDO GIFALLI na Divisão de Museus e ALEX GIMENEZ na Divisão de Pesquisa e Documentação. Uma ótima solução mais do que caseira, onde só Jair não é funcionário de carreira. Acredito na união desses e dos demais servidores, para se conseguir o algo novo ou a busca da concretização do amplamente buscado e propagado, que afinal a cultura seja de fato levada até a periferia da cidade. Roque Ferreira, o único vereador presente na feira prega algo duro na questão. “Proponho o encerramento das atividades de duas secretarias na Prefeitura, a SEAR – Administrações Regionais e a da Cultura. Após isso, na Cultura um levantamento da situação e sua reabertura com novo redirecionamento. Ela está sem rumo hoje, não existe programa a ser seguido. Já para a SEAR sou pela extinção definitiva. Perdeu o sentido”, diz.

Roque, como eu e todos os citados na nova composição buscam a solução dos problemas culturais no setor público municipal. Ouvi algo interessante no debate criado na sala dentro da administração do futuro MIS – Museu da Imagem e do Som. “Sou contra o pagamento de cachê para músicos em projetos como o do Jardim Botânico. Gosto do projeto, mas acho que dessa forma nunca se atingirá a periferia, que não tem como ir lá. E mais, o público que lá freqüenta tem possibilidades de pagar por eventos iguais a esse em outros lugares. Os da periferia além de nada receber em seus locais, não têm como irem nesse e muito menos pagarem por eventos outros”, ainda Roque Ferreira. Uma louvável discussão, em alto nível. Questão de prioridades e de se saber o que se quer e onde se quer fazer cultura.

Orlando Alves, cuidando do futuro MIS conta algo presenciado em Ourinhos. “A Prefeitura paga cachês para shows em bares da cidade, com rodízio nos bairros da cidade”, disse. Uma discussão acalorada entre os presentes e todos vislumbrando possibilidades disso realmente acontecer, desde que ocorra de fato um rodízio nos bairros da periferia, onde eventos como esse precisam de fato ocorrer. “Mas aqui algo assim não vingaria. Não deixariam”, continua Orlando. “Como não, faça um projeto, encaminhe para a Câmara e encaminho com a devida defesa”, diz Roque. Circularam também pelo local a professora da Unesp Ana Bia Andrade e o vice-presidente da Associação de Preservação Ferroviária de Bauru, Ricardo Bagnato, que num certo momento alugou o secretário Elson por prolongados minutos e no final sai com essa: “Ele me ouviu ali em pé por mais tempo do que os dois que o sucederam. Entendeu o que quis apresentar e agendamos conversas outras. Foi uma conversa muito boa”, diz. Ou seja, boa vontade de todas as partes e uma luz no fim do túnel. Por fim, uma foto coletiva junto à Maria Fumaça e a certeza de que algo novo pode estar nascendo de conversas como essa.

ALGO DE MUITO INTERESSANTE NA NOITE DE HOJE: Convite - Programação:
"Noite com Arte" - Oficina Cultural "Glauco Pinto de Moraes", dia 22 (terça-feira) das 19 às 22 horas, Rua Amazonas nº 1-41 - Apresentação: Exposição de Retratos do ilustrador Greifo de Pintura da artista Júlia Filardi - Relançamento de livros dos escritores Munir Zalaf, Luiz Vitor Martinello, José Carlos Mendes Brandão, Rosa Gabrieli e lançamento do livro de Mariluci Genovez - Música com Coral Vocalis - Ju Machado ao piano abrindo apresentação de parte do
Espetáculo:"Sereno na Flor" com dança e performance - Grupo Expressão Poética - Texto com Ze Francisco - Dança solo com Lenita - Rancho Cultural: Catira e violeiros - Espaço Aberto p/ manifestações - Rap com Júlio Black - Monte de Bossa - DIREÇÃO GERAL E GENIAL DE REGINA RAMOS.