quinta-feira, 31 de maio de 2012

UM LUGAR POR AÍ (26)
ALGO DESSE CAIXEIRO VIAJANTE EM CURITIBA
Meu ganha pão me faz viajar. Continuo mascateando, ao estilo do que os antigos caixeiros viajantes fizeram por esse país afora no século passado. Tudo nessa vida são escolhas. Fiz as minhas e dessa forma consigo conciliar o trabalho com o lazer. Não consigo me afastar disso. Viajo, ralo para dedéu e produzo um lazer por onde circule. Concilio isso maravilhosamente. Nessa semana, de segunda até ontem, 28 a 30/05, não foi diferente. Conto um bocadinho do que vivenciei com minhas andanças por lá. Há coisa de uma década atrás Curitiba foi uma das cidades onde mais vendi minhas chancelas, assim sendo, conheço-a de cabo a rabo. Não me interessa mais voltar aos seus pontos turísticos. Já os conheço todos. O que faço a cada retorno é andar, divagar, escarafunchar lugares, cores, sabores, pessoas, detalhes, etc. Dessa vez não foi diferente. Conto quatro passagens.
Na primeira fui rever um lugar existente há nove anos e que continua como dantes, existindo sem crescer e ser espalhafatoso. Eu e Ana quando em Barcelona nos maravilhamos ao conhecer a griffe Desigual (www.desigual.com), uma louca marca de roupas espanhola trabalhando divinamente com as cores. Falei a ela que conhecia algo assim em Curitiba e bati asas até lá. Trata-se da Milho Guerreiro (www.milhoguerreiro,arteblog.com.br), invencionice da Mari e do Bruno, que faz algo muito parecido e muito antes de tomarem conhecimento da marca espanhola. Essa mistura de cores, possibilidades ousadas de ser irreverente, debochado é algo que poucos se atrevem a fazer. Esse casal faz e bem. E não querem crescer desmedidamente. Não  são vislumbrados com propostas mirabolantes. São pés no chão, como a história do nome da loja, tirada de uma saga do Bruno com os índios xavantes e a crença no milho que os tornam resistentes. Passei horas ouvindo as histórias lá deles.
Na segunda passagem, terça, 29/05, fui rever meu amigo de longa data, o Kizahy Baracat (já contada aqui) e o convidei para algo que gosto muito. Ele aceitou, mas primeiro passamos novamente pela Bar do Torto
(um a homenagear Garrinha de cabo a rabo), tomamos umas brejas e de lá fomos para o estádio Durival (com “u” mesmo) de Brito, Vila Capanema, bem ao lado da rodoviária assistirmos a um jogo da 2º Divisão do Brasileirão de Futebol. Contenda entre o Paraná (do qual é torcedor) e o América MG. Jogos da segundona são muito mais interessantes que os da primeira, já repararam nisso? O bicho pega mais e a vibração é mais intensa. Não são aquelas partidas cheias de não me toques. Vibração intensa do começo ao fim. Ele me introduziu no meio da torcida da casa e só sai triste porque o time perdeu injustamente por 1 x 0 e não pudemos tomar nenhuma cervejinha dentro do estádio (bestialidade, não?). No que vejo do futebol atualmente, a segunda divisão me passa mais emoção e calor humano. Vide o que faço com o Noroeste aqui da minha aldeia.
Na terceira, ontem, 30/05, 20h, no antológico Teatro Paiol, completando 40 anos (1972/2012), inaugurado que foi pelo trio Vinicius, Toquinho e Marilia Medalha, a presença constante de uma cultura mais popular, autêntica e a mover o curitibano até o local. Um antigo paiol de pólvora, adaptado em forma de arena, com o palco lá embaixo e as cadeiras, contornando-o até o teto. Único e aconchegante, recebendo naquele dia atrações da música sertaneja de raiz. O show “Paiol Caipira” foi uma extensão do programa Brasil Cabloco, apresentado nos 630 kHz da Rádio Paraná Educativa AM por Maikel Monteiro, um entendido no quesito música caipira de raiz. Estiveram no palco gente mais nova cantando Renato Teixeira e Almir Sater, como até algo dos Almôndegas ("um vampiro, um lobisomem, um saci-pererê..."). Muita viola e causos, desses para rir e chorar. A dupla Nézio & Raminho encerrou a festança e fez todos ficarem além da hora por lá. Pudera, ambos velhos cancioneiros, duplas desfeitas pela morte dos parceiros, não subiam a um palco há mais de 30 anos. Emocionante ver a tentativa e o esforço de superarem tudo, desde a idade, como a ausência de vivência com o público. Gostei do que vi e só não comprei o CD, pois tive que sair correndo antes do bis, pegar um táxi meio que voando, pois meu ônibus saia dali 20 minutos da rodoviária com destino a Bauru. Agora tento o contato para
conseguir o CD dos caipiras curitibanos. Gravei algo e tento postar aqui junto do texto.
Por fim, nas andanças, como faço sempre, garimpagem. Tem quem colecione selos, moedas, figurinhas, postais, etc. Eu coleciono LPs e CDs e por onde ande acabo trazendo alguns. Dessa vez, com muito pouco, trouxe oito CDs, seis com artistas locais (desde o Woyzeck, indo de Sidail César, Memória de Elefante ao Guego Favetti) e dois mais conhecidos ("Samba Guardado", do Guilherme de Brito e o "Lambendo a Cria", do Martinho da Vila e filhos). Gastei R$ 40 reais em tudo, o mesmo preço que tentaram me vender o último do Lenine, o “Chão”, que não comprei, pois ainda o acho por valor mais dentro de minhas possibilidades. Tenho música para rolar na vitrolinha por junho todo.
É isso que me move. Eu ando pelas beieradas, bolso mais vazio que cheio, porém sempre lotado de possibilidades. Ter histórias para contar me basta. Eu as faço a cada nova caminhada.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

FRASES (90)

BAURU CONTINUA COMO DANTES, MAS ANTES OS POETAS TINHAM VOZ...
Escrevinhei aqui poucos dias atrás sobre como abaixamos a cabeça diante de autoridades que nos visitam. Subserviência total. Sabe aquele político de cidade pequena, que para receber verbas abaixa sempre a cabeça e resignado cumpre um papel de postar seu chapéu à frente do poder, seja ele qual for. Na visita do Temer, que veio para um ato político e não na função de vice-presidente, muitos esquerdistas lá estiveram e fizeram questão de aparecer na foto. Como criticar um sistema e se postar ao lado dos seus representantes quando esses por aqui passam? Temer representa o estilo mais nefasto do PMDB, cheio de artimanhas e ocultando de todos interesses inconfessáveis. Ainda agora, ele esteve em reuniões fechadas com a família Marinho, dona do conglomerado Globo para acertar a defesa do interesse desses junto aos parlamentares. O que vejo disso: Tenta-se de todas as maneiras fazer com que a imprensa, no caso Veja, não seja ouvida na CPI, mesmo tendo tido relação carnal (diria, sexo grupal, repetidas vezes) com meliantes assumidos. É salutar um vice-presidente manter uma posição de defesa desses interesses? E todos estavam lá para o "abraço amigo" e nenhum questionamento sobre o seu posicionamento. Alguém lhe perguntou algo sobre isso? O fato relatado aqui do pisar em ovos é mais evidente a cada visita desse tipo. Fala-se algo, a pregação é contínua até o momento em que o fato está diante de si. Aí o buraco é mais embaixo e estar num evento como esse é "da mais suma importância para o curriculo de qualquer pessoa". Tenho que salientar que na visita do ministro Aldo Rabelo, que veio falar de Copa do Mundo, algo no sentido contrário e salutar, quando estudantes o encostaram na parede sobre sua participação nada louvável na questão da Lei do Reflorestamento. Ufa!, pelo menos isso.

Bauru é diferente de seu passado?. Poetas já escreviam isso desde os tempos mais vindouros de nossa história. O nosso poeta maior, RODRIGUES DE ABREU demonstra bem em seus versos como agia Bauru no passado. Hoje, Lázaro Carneiro, Brandão e Vitor Martinello seguem na mesma linha. Como o tempo urge e tenho que correr atrás de cobrir umas continhas a me atormentar a vida, deixo alguns versos de ODIL JOSÉ DE OLIVEIRA FILHO, um poeta, que junto de Rodrigues de Abreu e Luiz Vitor Martinello tiveram algumas de suas poesias reunidas no livrinho "BAURU POESIA", de 1983. Leiam essas três e reflitam sobre o ontem e o hoje:

1. "COMUNICAÇÃO DE MASSA - 0 Bauru/ O Município/ O Tempo/ noticiaram com destaque/ o empastelamento de A Cidade de Bauru/ em nome da legalidade, do civismo e da democracia".
2. "PARAÍSO - Grileiros e baderneiros/ mulheres sem profissão e marido/ valentões e proxenetas/ vieram/ institucionalizar o pecado".
3. "CORONEL ATO - E aquele homem olhou suas novas terras/ e brotaram quinhentos mil pés de café/  (que o tempo servil quadruplicou)/ e trezentos e tantas casas de agregados".

E mudou algo, pergunto eu?

terça-feira, 29 de maio de 2012

ALGO DA INTERNET (59)

MEUS CAROS E CARAS - PROVÁVEIS SEGUIDORES DO MAFUÁ DO HPA - COMUNICADO IMPORTANTE
Algo de muito estranho aconteceu no blog Mafuá do HPA de ontem para hoje. Postei ontem uma séria denúncia sobre algo que considero merecedor de apuração e no final do dia, pela primeira vez desde que o blog está em funcionamento, ano de 2007, ele é atacado inesperadamente por uma carga de vírus, que no jargão popular, poderia denominar de "infecção, uma espécie de gonorréia internética". Não faço ligação com o texto publicado, mas que foi estranho, isso foi.

Já sei que foi algo provocado por alguém e isso está interrompendo o acesso ao blog.

Como estou fora de Bauru (a trabalho em Curitiba até amanhã), não tenho como tomar todas as providências diretamente aí por Bauru. Acessei alguns amigos, que são entendidos nesse assunto e já estou tentando resolver tudo a contento. Conto também com mais alguns desses amigos (as), que se predisponham a colaborar e dar uma espiada para ver o que aconteceu de fato. Sou cético com coincidências, mas sei que pode ter ocorrido. Acredito também em algo enviado de propósito. O que não acredito é em história de carochinha.

Esse blog tem o próposito de passar adiante minha linha de pensamento e ação, além de publicar um pouco do que produzi durante minha vida (quase 52 anos). Nesses seis anos escrevinhando por aqui (desde 2007), já me aconteceu de tudo um pouco e isso que hoje ocorre é mais uma etapa. Vai render, com certeza uma bela história, contada nos detalhes quando tudo estiver solucionado. Não será isso que me impedirá de continuar cutucando, espezinhando, apontando, mostrando e provando pelos meus escritos que algo não está lá muito normal por essas bandas. Nem só de brincadeiras e frivolidades vive-se nesse mundo. Eu, como sabem, gosto demais de uma "farra", mas sei muito bem dividir diversão, boêmia com colocar o dedo na ferida e expor um pouco do rídiculo a que somos submetidos por muita coisa que nos cerca.

Tinha que repassar isso a todos e pedir compreensão até solucionar tudo, além de desculpas pelos prováveis transtornos causados por indesejáveis vírus aos que me acessaram nesse período. Quando isso acontece é sinal mais do que evidente que devo estar incomodando. E isso é ótimo. Só não quero morrer por causa dos meus escritos.

Um abracito a todos do Henrique Perazzi de Aquino - Bauru SP


Explicação final: Dois computadores infestados de vírus, inclusive o laptop que está comigo na viagem que faço. Vou em três lans houses aqui de Curitiba pela manhã e em nenhuma é permitido o acesso ao blog. Tenho que trabalhar e o que faço é postar um e-mail (o texto acima) para endereços conhecidos, justificando o ocorrido. Deixo a incumbência a alguns conhecidos e amigos de verificarem o que ocorreu (publico o que acharam sobre o fato como Comentários) e só estou conseguindo acessar e postar no blog nesse momento, 18h20, como se nada me tivesse acontecido, eu tivesse tido um surto, enlouquecido, visto fantasmas e provocado um desnecessário pânico entre os mais próximos. O barco segue a correnteza e continuo não fazendo ligação nenhuma com o texto publicado ontem (como sempre de nenhuma repercussão). O que ocorreu foi aquilo que denomino de um raio, vez ou outra poder cair na sua cabeça. Foi a minha vez. Amanhã tem mais...

segunda-feira, 28 de maio de 2012


INTERVENÇÕES SUPER-HERÓI BAURUENSE (36) e MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (178)
BAURU PISA EM OVOS e PRECISOU A TEREZA DIZER

Quem proferiu a frase estampada como título deste texto não foi o Guardião, super-herói bauruense, nem seu criador, o desenhista Gonçalez e muito menos eu, esse mafuento escrevinhador. Quando das denúncias da médica Tereza Pfeifer sobre as evidentes diferenças entre o atendimento do primo pobre, o Hospital de Base, ainda mantido pela Associação Hospitalar de Bauru e o primo rico, o Hospital Estadual, mantido pelo Governo estadual, a cidade inteira ouviu isso da boca de uma corajosa jornalista, no programa jornalístico do horário do almoço da 94FM: “Aqui em Bauru pisamos em ovos. Muitos ficam cheios de dedos quando o assunto é criticar um figurão. Amplo comedimento”. Guardião complementa: “Amplo, total e irrestrito. Comigo não. Se a cidade inteira fica pisando em ovos eu não fico. Aqui não se critica o dono da empresa de ônibus, o do jornal, o chefe da PM, o único deputado, os conservadores e falantes representantes do comércio e da indústria, etc. Quanto às raízes mais do que expostas dos motivos da crise que resultaram nessa decladê do Hospital de Base, poucos são os que dão nomes aos bois. E sobre o que acontece lá dentro dessa até agora indevassável direção da Famesp, a comandar o Estadual e agora nossa Maternidade. Ninguém cutuca quem tem que ser cutucado. Haja ovos”.
A fala de Maria Dalva faz Guardião desencavar uma história antiga, de pouco mais de um ano, que circulou abertamente entre os funcionários do Hospital Estadual. “Querem um fio
para essa meada? Eu dou. Por um erro ou descuido do RH – Recursos Humanos do Estadual foi publicada na internet a relação completa dos holerites de todo o seu quadro funcional em Bauru. Algo que deveria ser normal, até obrigatório, causou um furdunço dos diabos dentro da instituição. O motivo é simples. Alguns médicos ganhavam R$ 50 mil mês, enquanto a maioria ganhava em média R$ 4 mil. Enfermeiras ganhando acima de R$ 6 mil e o restante pouco mais de R$ 1 mil mês. Teve médico que pediu demissão por discordar do procedimento beneficiando uns em detrimento da maioria. O gerente do RH, oriundo de Botucatu foi afastado e dele não se teve mais notícia. Por que a brutal diferença salarial lá dentro? Tem gente ganhando uma fortuna e a maioria pastando. O que seria isso? Nunca ninguém se predispôs a perguntar, questionar, investigar, cutucar ou mesmo pedir para dar uma olhadinha naquilo que saiu na internet e foi logo apagado. E por que não, para dirimir dúvidas, ver a relação hoje? Afinal, tudo não é feito às claras, como apregoa o governador Alckmin. Comecem por aí e talvez esse Guardião seja obrigado a pedir desculpas públicas pelo excesso de zelo ou podemos começar a tomar conhecimento de bastidores ainda não revelados para os pobres mortais”, afirma o super-herói sem pisar em ovos de qualquer espécie.

Ainda sobre o assunto, a reprodução do texto publicado no Bom Dia Bauru por esse HPA, coluna Formador de Opinião, sábado, 26/05, com o título “Precisou Tereza dizer”: “Tereza botou a boca no mundo e o fazendo estremeceu combalidas estruturas. Dessa vez, não falou nada de tão novo, repetiu o que alguns dizem já faz muito tempo, mas acertou na mosca. Estava no lugar e na hora certas. E possui o peso de ser experiente profissional no quesito do reclamo. Assim como o Oficial de Justiça que impediu um despejo, promove desarranjos intestinais em quem tem o poder de decidir. Fez o que tinha que ser feito, deixou o rei um pouco mais nu e na sequência espera não ter clamado no deserto. Essa tão aplaudida Tereza é a médica, de sobrenome Pfeifer. Já foi Secretária de Saúde Municipal e atua há trinta anos no Hospital de Base, dentro da estrutura da AHB – Associação Hospitalar de Bauru. Conhece tudo aquilo como a palma de sua mão. Presta o melhor serviço na região quando o tema é cardiologia, sendo o Base referência no setor. Semana passada engrossou a voz em uma audiência pública sobre Saúde proferindo: “O Hospital Estadual de Bauru, comandado pelo governo estadual atende de portas fechadas, escolhe pacientes. Primo pobre, o Base recebe todos os renegados pelo primo rico. Pé diabético e pobre, não. Isso dá trabalho. Eles optam por cirurgias limpas, sem complicações. Quero saber quem tem saco roxo de dizer: esse paciente vai entrar no Estadual. Parecem ter um gostinho especial em colocar pacientes no Base, independentemente das condições. Nós do Base somos tratados por eles como a Casa da Mãe Joana. Todo o atendimento de emergência e urgência é concentrado no Base. Falta compromisso lá deles, um fecha 17h e nós ficamos abertos para tudo. Desvio de dinheiro, aparelhos quebrados como novos e superfaturados não são novidades, pois essas denúncias são feitas a eles desde 1995”. Não sendo novidade, todos cientes de tudo, quem sentou em cima das denúncias, igual ao que ocorre agora com o procurador da República, Roberto Gurgel, que escondeu tudo o que sabia sobre o caso Cachoeira e Demóstenes, que paguem o pato e respondam por seus atos. Comecemos perguntando para Pedro Tobias, porta-voz governamental: E aí?”.
Para o artigo semanal, publicado também em 26/05, por esse mafuento HPA para o Alfinete de Pirajuí, uma pitadinha a mais, de algo ouvido pela mesma ressonante voz de Maria Dalva. O texto, “Precisou a Tereza dizer e o médico de Pirajuí confirmar” é igual ao do Bom Dia, mas a conclusão tem seu parágrafo alongado: “Coragem não faltou para essa nossa Tereza e idem para um médico aí de Pirajuí, que ligou para a 94FM de Bauru e confirmou o que ela havia denunciado. Quer dizer, o procedimento elitista do Hospital Regional e, consequentemente da estrutura de saúde estadual atinge toda nossa região. Com mais pessoas iguais a essas derrubaríamos facilmente uma carcomida estrutura corroída por desmandos, práticas despóticas e cheia de vícios. Olhem para a camiseta que alguns da cidade deveriam usar a partir de agora e com a inscrição: "EU PISO EM OVOS".

domingo, 27 de maio de 2012

FRASES DE UM LIVRO LIDO (60)

DOIS ANOS DE FRASES DE LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO NA REVISTA BUNDAS

A revista Bundas foi mais uma tentativa do intrépido Ziraldo e sua trupe de fazer humor político no Brasil. Algo inteligente e reunindo algumas das melhores cabeças, dentre elas LFV – Luis Fernando Veríssimo. Esse sem sombras de dúvidas uma das pessoas cujos textos abundam pela internet, como se seus fossem e na verdade não o são (já escrevi isso aqui quando de sua passagem por Bauru). Esse aqui transcrito retiro de minha coleção quase intacta (foi atacada por cupins, que dividem comigo meu mafuá) da revista, ainda não saiu em livro, mas como tenho todos guardadinhos na sequência é como se fosse, tudo dentro de um inviolável saco plástico (diria, uma camisinha). Considero um dos nossos melhores humoristas e texto dos mais refinados, além de afinado com o que gosto e continuo lendo. Confiram:

- Só porque o cara usa rímel e quer pegar no teu pau, não quer dizer que seja fresco, tchê, pode ser pesquisa – ou intriga de paranaense”, 06/07/1999.
- “Fomos além da telefonia sem fio e chegamos à telefonia sem linha”, 31/08/1999.
- “Como é que um país se defende do seu governo?”, 31/08/1999.
- “A Máquina está aí para nos levar na conversa”, 19/10/1999.
- “O que está faltando ao Brasil é uma moral de mesa de pôquer”, 16/11/1999.
- “No Brasil a convicção de que só quem dá é veado, explica outras características nacionais, como a curiosa existência de corruptos sem corruptores”, 23/11/1999.
- “Há os que se perguntam como será o ano 2000, há os que se perguntam se o ano de 2000 será”, 04/01/2000.
- “O fim da 2º Guerra foi o começo da Era Americana. Os americanos salvaram o mundo – e ficaram com ele”, 18/01/2000.
- “A Era Efe Agá vai acabar sendo a Era do Tchan”, 18/01/2000.
- “Por que gastar dinheiro com a realidade quando se pode investir na sua falsificação, o que é muito mais criativo”, 01/02/2000.
- “Em 1500 colonizar um país não era fácil. Para começar
ninguém falava inglês. Nem os portugueses, nem os índios”,
 15/02/2000.
- “Teorias conspiratórias são bons exercícios de imaginação. Voce precisa partir do princípio de que nada é o que parece ser, dos seios da Xuxa ao infinito”, 25/07/2000.
- “Será que a gente somos corruptos? De nascença? Alguma coisa na água, ou no leite da mãe?”, 05/09/2000.
- “O pior Filho da Puta é o que anda armado e a lei ao seu lado, ou pelo menos às suas costas”, 10/10/2000.


Por aqui, dizem que não existe mais espaço na imprensa para um jornal ou revista de humor no velho formato de O Pasquim e Bundas. Balela. Na verdade, lemos pouco. Acabo de voltar da Espanha e de lá trouxe dois exemplares de um fino humor mensal, o da revista “El Jueves – La revista que sale lós miércoles” (http://www.eljueves.es/ ) e o jornal Mongolia – Revista satírica sin mensaje alguno”  (www.revistamongolia.com). Conferir esses sites num domingo é algo prazeroso. Que falta me faz algo assim na imprensa brasileira.

sábado, 26 de maio de 2012

PALANQUE – USE SEU MEGAFONE (23)

AMIGOS NA ESCREVINHAÇÃO: CAMINHOS DA CATIRA E O SERTANEJO NUMA RÁDIO FM * (*Dois textos de amigos, um publicado no jornal e o outro proferido numa palestra. No fundo o mesmo tema, nossa assumida e benfazeja caipirice. Deixei ambos com um parágrafo cada, para diminuir espaços de publicação ).
 
DOCTO Nº 1 - OS CAMINHOS DA CATIRA – Tribuna do leitor, JC Bauru em 22/05/2012:
“Quando o famoso rei Artur, aquele da Távola Redonda, começou a moldar o que viria a ser o grande império inglês, se reunia com seus principais cavaleiros ao redor da mesa no grande salão do sir Ector para elaborar os planos das grandes cruzadas com as quais expandiria o domínio de seu reinado, passavam horas estudando os mapas reveladores da geografia por onde seu exército cruzaria, planícies e montanhas em relevos desconhecidos. Quando tudo era acordado para a partida, seus conselheiros, em passos miúdos e repetitivos, dançavam freneticamente ao redor da grande távola redonda. Era uma dança ritmada ao som de uma lira, isso servia para elevar o moral dos comandantes que dali partiam para sanguinárias batalhas em defesa do reino da Bretanha e do generoso e destemido rei . Entre tantas cruzadas, uma partiu para o oriente para libertar as terras de Israel e assim foram tomando gosto pela terra egípcia, que viria a ser no futuro dominado pela Inglaterra em toda a extensão do rio Nilo e assim essa mania de dançar batendo os pés ao redor de uma mesa foi difundida nas terras do Oriente Médio. Séculos depois, com a tomada da Península Ibérica, isso que já era uma dança organizada e popular entre os árabes e algumas tribos africanas foi incorporada pelos portugueses que com o descobrimento do Brasil trouxeram em sua bagagem cultural essa dança já bem modificada para entreter os portugueses que para cá vinham em missão expansionista, em favor do reino português e do rei das terras lusitanas. Quando os bandeirantes, partindo da Vila de São Paulo, passaram a avançar sertão adentro com as chamadas entradas e bandeiras, foram plantando vilas pelo interior paulista deixando nas posadas sementes de cultura e costumes, entre elas uma dança que, acompanhada da viola portuguesa, levava as pessoas a dançarem em grupo com número indefinido de participantes, agora com uma novidade, pois já se via entre eles negros e índios e isso agregava novos passos na coreografia. Mais tarde, com o surgimento das cidades interioranas nas margens do rio Tietê, os caipiras passaram a festejar dias santos e outras datas comemorativas como festas juninas, casamentos ou mesmo as colheitas bem sucedidas, com bailes e essa dança herdada dos bandeirantes que, ao longo dos anos, foram adaptando ao toque da viola aprimorando os passos, sempre buscando uma forma alegre e simples, como é o gosto do caipira do interior paulista. Isso foi passado de pai pra filho até nossos dias e hoje um grupo de pessoas que, por ser de origem rural, compartilha da mesma ideia que é preservar esse legado cultual e, se possível, passar o bastão a gerações futuras. Acho que somos os novos cavaleiros da távola redonda nessa cruzada em defesa da nossa cultura contra os grandes invasores com seus exércitos eletrônicos”, Lázaro Carneiro, diretor artístico do Clube da Viola de Bauru e aprendiz de catireiro.

DOCTO Nº 2Vida Caipira da Unesp FM: A Busca pelo caipira bauruense, resumo da intervenção apresentada em 24/05/2012, dentro da Jornada Interdisciplinar da Unesp Bauru:
“Interessado em descobrir onde está o caipira bauruense e se está representado pela Rádio Unesp FM, analisei primeiro a bibliografia disponível sobre a cultura caipira (assim tive a chance de ler o excelente "Os Parceiros do Rio Bonito" do Antônio Cândido, reler "O Povo Brasileiro" do Darcy Ribeiro e mais outros sobre a viola caipira, a música caipira, diferenças entre sertanejo e caipira, etc.) e a produção e a mensagem do programa Vida Caipira. A cultura caipira, tipicamente paulista, espraiou-se pelas capitanias de Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná e até nas regiões do Rio de Janeiro e Espírito Santo através das Entradas e Bandeiras. Na mídia, tudo começou com Cornélio Pires que pagou do próprio bolso que se prensasse discos com músicas e causos caipiras (já sucesso em apresentações que ele fazia pelo interior de São Paulo). Pagou do bolso porque o selo não apostou na ideia. Depois do sucesso, as editoras fizeram grupos caipiras para também ganhar com o lucro. Fruto do indígena, do escravo e dos colonos europeus, a cultura rústica é eco de uma longínqua cultura erudita. Os legítimos caipiras tentaram resistir à cultura dos imigrantes. Vencidos, incorporaram vários costumes de além-mar. O que sabemos como "moda-de-viola" representa um primeiro grupo de caipiras urbanos, ou suburbanos. O tema mais comum é a vida no campo, a religiosidade, a lida. Talvez com o sonho de retornar vitorioso à terra natal. Já a geração posterior, não vê motivos para adorar o campo e prefere o tema do amor. A essa música já chamamos sertanejo, fruto da indústria Cultural, visando lucro e retratando os "dramas passionais e desequilíbrios emocionais do homem urbano". Apesar do tema recorrente, as melodias muito parecidas, essa música está aberta a novas experimentações instrumentais. Há anos, os compositores de sertanejo estão entre os 4 com maior rendimento nas cinco regiões do país (dados do ECAD). O programa "Vida Caipira", com duração de 45 minutos, veiculado de segunda a sexta-feira às 6h na rádio Unesp FM, tem a programação de Sérgio Magson e locução de Walter Lisboa. À primeira vista, pareceu-me carecer de atualização, mesmo servindo para guardar as músicas que as outras rádios que tocam música sertaneja desprezam. O tom confessional do locutor, conversando com o ouvinte, comendo sílabas, usando e abusando do nosso erre retroflexo (o que caracteriza nosso sotaque caipira) é o AM no FM; para ser melhor, só deveria ser apresentado ao vivo. Fala longamente, sem pressa, repete diversas vezes o que diz, fala das efemérides e santos do dia e lê um texto do tipo "autoajuda" ou de cunho religioso, espiritual. Querendo provas da correção da minha análise, usei da minha amizade com o meu caipira predileto, o poeta Lázaro Carneiro. A sugestão dele foi ir até o centro de reuniões dos legítimos caipiras de Bauru: o ensaio dos catireiros, sempre às 20h das segundas-feiras, no clube da Vovó, no Bela Vista. Lá, conversei com várias pessoas (muitos com duplas caipiras formadas, com CD e até DVDs gravados). A média de idade era de 70 anos, pouco mais da metade homens. Havia um jovenzinho de 13 anos, aprendiz de cavaleiro, acompanhando o avô. Também presente, uma menina de 10 anos, bailarina, interessada nos passos da catira. Todos conheciam o programa e deram graças por sua existência. Reclamaram de alguns erros (quando, por exemplo, o computador põe uma fala do locutor chamando uma música e entra outra) e por seu apresentador não comparecer aos eventos caipiras da cidade, ou seja, ele acaba não sabendo dos eventos e não os divulga. Mas elogiaram a programação, a abertura dada a eles apresentarem suas composições próprias. Logo, pude concluir, nessa primeira fase da pesquisa, que o programa representa os caipiras da cidade. Pode ser melhorado, usar novas ferramentas de interação para ajudar na renovação do público, mas é um ponto de defesa da legítima música caipira na cidade Sem Limites”. Wellington Leite é jornalista formado pela Unesp Bauru e radialista na Unesp FM e Veritas FM, ambas de Bauru SP.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

BAURU POR AÍ (67)
O NOME DA FILHA DO RUI É UMA LINDA HOMENAGEM AO INSTIGANTE “LENINE”
Ruideglan Paixão de Araújo Silva é maranhense, 35 anos e mora em Pederneiras desde a saída do Nordeste. Ano passado concluiu o curso de História e dá aulas para alunos do ensino fundamental na cidade que escolheu viver. Militante da esquerda gosta das cores do PSOL, mas milita no PT, pois em Pederneiras esse o único partido com características próximas de sua linha de pensamento e ação. Alessandra Coutinho Silva, 31 anos é a esposa, ambos jovens e cheios de planos. Ano passado nasceu a segunda filha do casal, novíssima joia rara na vida de ambos, MONICA LENINE COUTINHO SILVA.
Mas o que esse nome tem de tão diferente? Quarta, 23/05, Bauru assiste a um dos melhores shows ocorridos na cidade, “Chão”, o novo do cantor e compositor LENINE. O SESC explode de gente de todas as idades, sucesso total e a comprovação de ser ele um dos grandes nomes firmados na constelação dos astros brasileiros. No final do show uma legião de conhecidos, fãs e gente atrás de uma foto ou um autógrafo do astro. Dentre eles, Rui, Alessandra e a pequena MONICA. Lenine é super-simpático e atende a todos que o esperavam numa fila do lado de fora do camarim. Ali naquele momento fica sabendo que o Rui havia colocado o seu nome no de sua filha e isso por gostar demais do seu trabalho. Trouxe até a Certidão de Nascimento original para o caso de não acreditarem no que dizia. Abraços, fotos, uma dedicatória e pouca coisa além disso. Muita gente na fila do gargarejo.
Conheço Rui dos tempos em que fui dar uma palestra sobre Patrimônio Histórico para os alunos da Márcia Nava lá na USC e nos tornamos amigos desde então. Empatia de propósitos e proposituras. Cabra arretado, posicionamentos firmes e desses que não fazem homenagens simplesmente por fazer. O motivo tem que ser consistente. E é. “Gosto do Lenine desde que o vi cantando há uns dez anos atrás, acho que na TV Cultura. Ele faz parte de uma seleta safra composta por Pedro Luís, Chico Cesar e Zeca Baleiro. Passei a observá-lo melhor e fui gostando cada vez mais. O legal desse pessoal é que atingem tanto a molecada, como o pessoal mais velho. Fagner fez algo parecido bem lá atrás, mas enveredou- se por outros caminhos. Zé Ramalho canta muito, mas perdeu fôlego junto aos mais jovens. O Zeca vai mais para o lado do pop e o Lenine não decepciona, tá cada dia melhor, letras bem construídas e envolventes. Batem com a minha forma de pensar e agir. Entre todos é muito pé no chão.  Trabalha melhor a poesia, sem ser superficial. Ele me conquistou e não me arrependo do que fiz”, conta.
O que fez foi o seguinte. A filha nasceu e já tinha amadurecido a vontade de homenagear Lenine. A esposa não estava totalmente convencida, mas com fez cesariana, não pode ir comigo no cartório. Tasquei duas homenagens de uma só vez no nome da filha, MONICA (“sem acento, mais universal”, diz) por causa da música do Legião Urbana e LENINE pelo motivo mais do que exposto agora. Logo depois Alessandra aceita bem o nome e tudo continua seguindo em frente. Até saberem do show em Bauru. Eu na fila ouço a história, tiro fotos e a Cristina, jornalista do Bom Dia interessa-se pelo tema. Hoje esse texto saindo aqui, uma matéria no BD ali e contatos sendo feitos para que tudo chegue ao conhecimento da esposa do Lenine, Anna Barroso e consequentemente a ele próprio.

Eu já contei isso aqui e não me canso de repetir. Meu filho por um triz não se chama LEONEL e nem preciso explicar dos motivos, mais do que claro, evidente diria. O nome Lenine é também uma homenagem do pai ao líder da revolução soviética. Não sou contra e quando feitas baseadas em algo consistente como a feita pelo Rui, só tenho a parabenizar pela coragem. Ele foi feliz na escolha, pois quem hoje dentre os grandões da MPB continua produzindo com um incandescente calor criativo (diria revolucionário) fora Lenine? Raros. Veja o último disco do Chico, que adoro. Lindo na poesia, mas nada para nos fazer ir à luta, instigações de revolta. Aprendi a gostar dele por causa disso, mas arrefeceu o fervor guerreiro. Tenho quase tudo do Lenine e ao sair do show de ontem, tinha uma febre uterina incontrolável para comprar o CD do show. Suas letras me fizeram registrar versos num cartão, o único papel que encontrei no bolso naquele momento. E quem hoje produz isso de forma tão avassaladora num “véio de guerra” como eu, beirando os 52 anos? Lenine um dos poucos (cito outro, Aldir Blanc). Rui, você acertou em cheio na homenagem. Esse cara também me toca muito fundo. Dos poucos.
Para lerem a matéria do BD Bauru, autoria de Cristina Camargo cliquem a seguir no link e virem as páginas até a 13: http://www.redebomdia.com.br/flip/bauru/2012/5/25/index.html

quinta-feira, 24 de maio de 2012

DROPS – HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (69)

HABILITAÇÃO, CAIPIRA, SILÊNCIO, FUTEBOL, OLÍMPIADA, VETO E FOTOS SHOW LENINE
Uma explicação antes dos seis testículos (sic), digo textinhos. Lenine, o cantor e compositor esteve no SESC (“Sesc, drogas e rock and rool”, segundo suas palavras, “apesar do segundo eu dispensar”, concluiu) e, com casa lotada, entrada subsidiada (R$ 5, R$ 10 e R$ 20 reais) fez um dos melhores shows vistos em Bauru neste ano. Revolucionário até no nome, instiga com suas letras, algo que muitos monstros da MPB deixaram de fazer. Sussurrei aos ouvidos do prefeito Rodrigo lá no meio da multidão uma que ouvi numa de suas letras, “Amando você cura os problemas da cidade”. Noutras profere algo a ser seguido como mantra: “Quando eu olhar pro lado quero estar cercado só do que me interessa”, “envergo, mas não quebro, igual taquara”, “o que é que eu procuro, afinal?” e o ótimo “preparem-se: isso é só o começo”. Amanhã aqui uma história linda de uma recém-nascida, Mônica. Hoje as fotos do show ilustram meus bestiais escritos.

1.) Essa aconteceu em Jaú e não faz muito tempo. A Prefeitura Municipal contratou um funcionário especializado para fazer a leitura dos hidrômetros de água, serviço feito de casa em casa. Disponibilizou uma motocicleta para a sua execução, mas não contava que o mesmo não possuísse habilitação para dirigir tal meio de locomoção. Sabe qual foi a solução? Contrataram outro funcionário, como motorista do primeiro, esse com habilitação em dia, somente para transportar o primeiro. Em nenhum momento foi pensado em pagarem para que o primeiro tirasse a habilitação. A dupla ficou famosa na cidade e continua executando seus serviços de forma primorosa.

2.) Numa sexta dessas morreu o Tinoco, 94 anos e no programa de rádio InformaSom, 94 FM Bauru, o apresentador e também proprietário da rádio, Paulo Sérgio Simonetti ao ouvir uns acordes da dupla diz: “Isso sim é sertanejo, de raiz eu gosto. Já do jeito moderno, as duplas todas atuais nem um pouco”. Fico estupefato, pois a 94 é a maior propagadora na cidade desse ritmo. Isso me lembra de algo contado por Wellington Leite, radialista da Veritas e da Unesp FM: “O dono da Jovem Pan apregoa adorar Tom Jobim, mas diz que na Jovem Pan ele não toca de jeito nenhum, pois gosta muito mais é de ganhar dinheiro”. Fecha a cortina.

3.) O pito que o ator Paulo Betti deu no final da apresentação da peça “A tartaruga de Darwin”, no Teatro Teotônio Vilela, em Sorocaba na quarta, 16/05 é relevante. Ele convidou estudantes de uma universidade particular para assistirem a peça e esses produziram sons barulhentos durante toda a apresentação. O elenco manteve-se impassível, mas no final, nos agradecimentos disse: “Já fomos estudantes. Sei que alguns nessa idade ainda desconhecem os meandros do teatro, a necessidade do silêncio da plateia. Tudo é um aprendizado e quero com esse toque que todos reflitam. Eu já quis aparecer, depois amadureci”. Foi aplaudido.


4.) Uma de futebol. Todos os campeonatos estaduais terminaram semana passada e num deles uma final inusitada, inesperada e incomum. O campeonato catarinense era para ter terminado duas semanas antes dos demais. O Figueirense ganhou o primeiro e o segundo turno e já podia ser considerado o legítimo campeão. Para não ficarem 14 dias parados uma mente privilegiada criou um torneio convidando outro clube para disputar duas partidas decisivas, o Avaí e esse ganha as duas por larga vantagem. E daí, os brilhantes cartolas tiveram que, com a maior “cara de tacho” entregar a taça para o Avaí. Merecedores também de um troféu.


5.) Uma sobre Liberdade de Expressão. A TV Globo insiste que ela é cerceada no Brasil, mas o que diríamos de algo escamoteado por ela. Daqui a um mês acontecerá em Londres uma Olimpíada a envolver a maioria dos países do planeta e para ela o evento não existe, ou de forma pífia. Justo ela que sempre falou muito em Olimpíadas. Sabem por quê? Ela não o irá transmitir, e sim, a TV Record. O dinheiro fala mais alto que a informação e tem gente a achar isso a coisa mais normal desse mundo.
 
6.) Recebo quase todo dia e-mails me pedindo apoio sobre um “Vete Dilma”, versando sobre a Lei Florestal (abominável, por sinal) tramitando no Congresso Nacional. Não respondi a nenhum, pois acredito estar até bem informado sobre a questão, mas não li o Projeto de Lei e sei também que, pouquíssimos desses que me pedem apoio o fizeram. Damos opiniões variadas, abalizadas, fundamentadas, mas não lemos a fundo mais nada. Entendemos de tudo, superficialmente. Como posso concordar ou discordar sem ao menos ler o documento inteiro? Padecemos desse mal.

PS. final: Hoje os jornais anunciam em alto e bom som alguns shows no final de semana em Bauru, como "Teatro Mágico, The Platters, Planta & Raiz e Péricles", mas foram se esquecer do melhor de tudo, um outro show no SESC, sexta, 25/05, gratuito, 20h, com nada menos que o TRADITIONAL JAZZ BAND. Imperdível é pouco.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

MEMÓRIA ORAL (121)

PISCINÃO DE RAMOS – EU CONHEÇO UM LUGAR/ESTIVE LÁ*
(* Escrevi esse texto inicialmente em 21/01/2002, dez anos atrás e o fiz para ser publicado no Caderno Turismo do Jornal da Cidade – Bauru SP, na seção “Eu conheço um lugar/Estive lá”. O texto não saiu publicado naquela oportunidade porque não tinha fotos tiradas no local. O tempo passou e retornei ao Piscinão no mês de março desse ano, juntamente com a atriz Marisa Basso e o produtor Kyn Junior, num final de domingo, quase 18h (curiosidade dos três em rever o famoso point). Apresento o texto antigo e as fotos novas, submetendo tudo novamente ao JC com solicitação de publicação. A situação já não é a mesma, degradação generalizada e tudo pode ser entendido na comparação com a leitura do texto e a visualização das fotos. Se tudo piorou, a culpa não é do povo, mas do poder público, que não soube cuidar adequadamente do ponto turístico. Lotado, tenho certeza, continua. Vimos isso e a certificação do pouco caso na manutenção do lazer oferecido à população de baixa renda).

Muitos quando viajam para os mais diferentes lugares, fazem questão de relatar essas andanças, enviando-as com os devidos registros fotográficos para publicação na imprensa. Essas coisas massageiam o ego de qualquer um. Muito ficarão sabendo de sua viagem, irão comentar a seu respeito e sempre é prazeroso demonstrar sermos verdadeiros cidadãos do mundo, ainda em condições de conhecer lugares diferentes do nosso. É exatamente isso que quero compartilhar com os diletos leitores dessa seção. Fui conhecer a praia sensação desse verão e não pensem que falo de Saint Tropez. Nada disso. Longe também de ser uma praia da Flórida, Acapulco, Varadero, Riviera Francesa, Mar Del Plata ou Punta Del Este.

A praia em questão é aqui mesmo no Brasil e situa-se na cidade do Rio de Janeiro. Engana-se quem pensa ter molhado meu corpinho nas águas da Barra da Tijuca, Ipanema ou mesmo de Copacabana. O pior desse verão passa longe disso. Nem está na Zona Sul carioca. Como? Não se espantem. A Zona Norte está reassumindo o lugar de destaque, que sempre foi seu de direito. E essa
redescoberta está de certa forma associada com a inauguração do Piscinão de Ramos, no tradicional bairro com o mesmo nome, o mesmo que outrora já teve uma das melhores e mais movimentadas praias do subúrbio carioca. É lá que estive. É lá o grande acontecimento desse verão.

Trabalho regularmente na Cidade Maravilhosa, indo de duas a três vezes por mês para aquelas plagas. Sempre a trabalho, mas não há como não tentar unir o útil ao agradável. É o que sempre procuro fazer. Quem vai ao Rio e se limita a passeios na orla marítima (Zona Sul), nada conhece do mais famoso e antigo “balneário” brasileiro e tem muito a aprender. A Zona Norte é a própria vida do Rio, sua essência e fonte de vida. E foi no tradicional bairro de Ramos, bem ao lado do Complexo do Alemão, tendo de um lado a decantada Avenida Brasil e do outro a Linha Vermelha, a uns 30 minutos do centro do Rio, que ocorre essa maravilhosa redescoberta do subúrbio.

Como isso tudo me é ainda recente, quero assumir publicamente o pioneirismo. Algo tão edificante como o alpinista alcançar o topo de um alto pico e propagar seu feito aos quatro ventos. Ramos não é nada disso propagado, pois  não difere em nada da violência a acontecer aqui mesmo em Bauru. Trata-se de um velho bairro carioca, verdadeira cidade dormitório, localizado as margens da parte mais poluída da Baia de Guanabara, tendo o “privilegio” de possuir uma fétida praia (quer sentir cheiro mais ou menos idêntico faça cooper às margens do nosso rio Bauru, difere pouca coisa). Todo o cenário bucólico de bairro suburbano permanece por lá, mas algo mudou no astral do lugar. Isso se deve ao Piscinão, que trouxe a possibilidade daquela parcela da população voltar a frequentar a praia. O lugar está sempre cheio, muito disputado e na boca de todo carioca.

Não quero me ater a detalhes da construção do Piscinão, pois tudo já deve ser do conhecimento de todos. Trata-se de uma imensa praia artificial, 36,5 mil metros quadrados no total, com uma profundidade máxima de dois metros, com areia branquinha, importada de Sepetiba e com o fundo revestido com uma manta de polietileno. A paisagem não deixa nada a desejar a nenhuma outra praia da cidade. Lá estão coqueiros, quiosques, postos de salvamento dos bombeiros e as “meninas” para a  
azaração. O ponto negativo é o cenário de mau cheiro, pelo menos enquanto a baía não for despoluída (mesma esperança do nosso mais famoso rio), persistirá indefinidamente. Mesmo assim o lugar é uma festa só e foi lá meu lugar escolhido para tomar um belo de um banho de mar.

Lugar dos mais sociáveis, muito mais seguro que qualquer outra praia da cidade. Risco diminuto de voltar com frieira ou bicho de pé, algo comum em certas praias famosas. O acesso é que não favorece muito. Não é difícil, mas tem lá seus perigos, como tudo nessa vida. Nada que esmoreça a vontade de lá estar. Vindo pela avenida Brasil, sentido centro/bairro, entre logo após o cemitério do Caju ou bem em frente a Fiocruz (Manguinhos), sendo cobrado pague seu pedágio para o pessoal da área (aqui também não temos pedágios em nossas estradas?) e continue sempre em frente. Inevitavelmente chegará ao lugar. Não tem erro. Dando sorte encontrará pelo caminho alguns angolanos, pois Ramos é a maior colônia de angolanos do Rio. Falam horrores deles, mas isso é papo furado, pois conheci pessoalmente alguns deles e afirmo serem ótimos em todos os aspectos. Muito mais sociáveis que muita gente de terno e gravata. Esse negócio de não deixar o povo frequentar a praia é um pouco de exagero. Você já tentou entrar no Ferradura Mirim sozinho e sem prévio aviso? É quase a mesma coisa.
 
Brasileiro não se deixa intimidar com esses pequenos “detalhes”. O negócio é levar tudo numa boa, chegar preparado para alguma eventualidade (já tentou sair a pé na Getulio Vargas aqui em Bauru depois da meia noite?), tocar o barco e curtir tudo, pois curtição é o que não lhe faltará. Tem para todos os gostos. Tudo o que tem no litoral paulista, tem lá, ou seja, famílias inteiras farofando à beira-mar e não se importando nem um pouco com quem está ao seu lado. Muito mais fácil conquistar novas amizades nessas circunstâncias que circulando pelo agitado centro da cidade.

Não pensem que estou de gozação. Longe disso. O fato é que fui, provei, gostei e já estou preparando o retorno. A praia é limpa, a água é constituída de 100 litros de água salgada entrando e saindo por segundo, num total de 8 milhões por dia. Quer praia mais sui generis que essa? No Brasil, com certeza não existe. Nem a piscina do seu clube é menos ou mais poluída. O meu novo passo é organizar uma excursão de bauruenses interessados em conhecer o Piscinão. Peço antecipadamente para deixarem o moralismo em casa, gastarem um pouco e desarmados (totalmente, viu!) conviverem com o verdadeiro povo carioca, o do subúrbio. Espírito mais humanitário não existe. Ramos é o lugar. Ótimo recanto para tirar belas fotos eternizando o feito. Seus amigos vão morrer de inveja. A lista de interessados está crescendo e você não pode ficar de fora. Ou vai querer perder a oportunidade de ser um dos pioneiros da terrinha a aportar por lá? Piscinão de Ramos espera todos de braços abertos... Aguardo contatos, preços módicos.
OBS.: Querendo ver fotos ampliadas, cliquem em cima de cada uma e pluft...

terça-feira, 22 de maio de 2012

O QUE FAZER EM BAURU E NA REGIÃO (14)
DO QUE PRESENCIEI, MINHA PREFERÊNCIA NA VIRADA EM BAURU FOI...
Cada um faz suas escolhas de acordo com suas preferências. Eu tenho as minhas e foi dentro delas que busquei fazer meu roteiro e participar ativamente de mais uma edição da Virada Cultural, ocorrida em Bauru no último final de semana, 19 e 20/05. Algumas atividades no sábado e outras no domingo, mas uma me tocou mais do que as demais. Foi a que teve menos divulgação, pois nem constou do roteiro oficial distribuído pela cidade (ninguém me explicou dos motivos). Vamos a ela. Domingo pela manhã, 11h30 da manhã, área externa do SESC, palco montado ao ar livre, cadeiras espalhadas embaixo de árvores e um evento que contou com pouco mais de cinquenta pessoas. Muitos, sem modéstia, estavam lá porque os comuniquei ainda no sábado, pois nada sabiam dele. O SESC tem algo louvável (além, claro, da programação primorosa), cumprem o horário e quem chega depois do a constar na sua programação (com eles "vale o escrito", literalmente), perde parte da festa. Pouco mais do horário, alguns minutos, adentra o palco um grupo de sambistas de Araraquara (um dos melhores redutos de sambas de raiz do interior brasileiro), o Quartet Café (doze anos de muita história e samba do bom), com a fina-flor do samba e do choro. Tocam três músicas e chamam os convidados da manhã, nada menos que o monstro sagrado do trombone de vara, ZÉ DA VELHA e seu parceiro de quase duas décadas, o trombonista SILVÉRIO PONTES. Daí para frente foi um deleite para os presentes, algo a inebriar todos de tal maneira, que se tocassem a tarde inteira, com certeza ninguém arredaria pé (invadiram a hora do almoço de todos e ninguém reclamou). O grande personagem da manhã foi nada menos que Pixinguinha, motivo do último CD da dupla, o “Só Pixinguinha”, edição independente. Silvério mais bonachão brinca desse negócio de gravarem novos discos. “Temos um pronto, mas ninguém quer gravar a gente. Teremos que optar por fazer um trabalho independente ou colocar um brinco na orelha do Zé e tocar soul”. Dentre risadas, o Zé responde: “Me respeita, moleque”. E tocaram até cansar, pois sentem no ar, que quando tem plateia pequena é porque constituída na sua essência de fãs de verdade. Fizeram de tudo, solos, disputas, um completando o outro e com o quarteto uma sintonia dessas que o desavisado acha que ensaiaram a semana toda, mas na verdade não fizeram nenhum, pois encontraram-se ali, momentos antes de tudo comerçar. Já se conheciam de outros embates e tudo saiu maravilhosamente dentro do previsível. Só clássicos e para terminar, Bauru foi agraciada com algo fora do trivial. Zé da Velha toca que é uma maravilha, mas cantou um popurri para endoidecer gente sã. Festa mesmo foi papear com todos reunidos e sem pressa na descida do palco. O nosso maestro George Vidal estava com uma poça de baba debaixo de onde assistiu o show e assim sendo, eu, ele e os demais presentes (Bonelli - ex-gerente do SESC, Elizeth da Cultura e o marido Silvio Vieira, George e Célia Vidal, os músicos Binha e Borracha, PH o entendido de MPB entre outros) temos a certeza mais do que absoluta, éramos uns privilegiados, pois presenciamos o que de melhor passou por Bauru na Virada. E junto disso tudo, o belo espetáculo de dança proporcionado pelo mestre no ofício, o Geraldo Inhesta e a sua parceira de pista (conheceram-se ali, naquele momento), a professora da Unesp, Andressa. Só quando sai dali é que fui lembrar que o estomago roncava e estava com fome. Depois disso, só mesmo ver a beleza plástica do samba do Zé Renato na parte da tarde e mais uma vez a comprovação de que quem sabe mesmo fazer programação é o SESC. Bola mais do que dentro e eu estava lá e vi tudo.