UMA TARTARUGA EM SOROCABA NA NOITE FRIA DE QUARTA, 16/05
O teatro é tão instigante quando provocativo. Além de fazer pensar, nos faz tirar a bunda da cadeira. Não todos, mas os que assim procedem são encantadores. Foi o que fiz após receber convite, primeiro da atriz Cristina Pereira (que esteve em Bauru com “Abalou Bangu 2”) e na sequência do ator Paulo Betti, uma espécie padrinho do meu romance com a Ana Bia (foi ele quem me apresentou a Ana quando de sua chegada na cidade). Ambos os atores, mais Vera Fajardo e Rafael Ponzi estão se apresentando em Sorocaba (terra natal do Paulo), 270 km de Bauru com a peça “A TARTARUGA DE DARWIN”, texto do espanhol Juan Mayorga. Esse irrequieto casal, querendo rever amigos diletos e tocados pelo tema da peça, demos um breque em tudo e na tarde de quarta, 16/05, nos mandamos para lá. Sintam o enredo da peça: “A tartaruga de Darwin é uma fábula fantástica sobre a história contemporânea, onde a realidade e fantasia se misturam na figura de Harriet (Cristina Pereira), uma tartaruga que Charles Darwin trouxe das Ilhas Galapagos e que está em processo de evolução para a forma humana. Graças a sua longevidade, presenciou algumas das mais emblemáticas passagens históricas. Esteve presente na Revolução Russa, nos campos de concentração nazista, no bombardeio de Guernica, entre outros eventos da humanidade nos séculos XIX e XX. Depois de viver duzentos anos e testemunhar os acontecimentos mais importantes do século XX, Harriet, cansada de viver no chamado mundo civilizado, quer voltar à raízes e passar o resto de sua vida longe dos homens. A tartaruga tornou-se alvo de uma ferrenha disputa entre o Professor e historiador (Paulo Betti) e Doutor e cientista (Rafael Ponzi), além de despertar o ciúme de Bete (Vera Fajardo), mulher do professor, já que este só tem olhos e ouvidos para as revelações da mulher/tartaruga”.
Da peça só tenho elogios. Texto difícil, com o envolvimento dos personagens mais importantes da história da humanidade e o desencanto de quem teve a possibilidade de conviver com gente de todas as índoles, profecias, idolatrias e concepções. Num certo momento, além de todas as decepções, a assistente do historiador, quando só com Harriet lhe pergunta sobre sua falta de fé, desencanto com as religiões. Ela sem pestanejar: "Vivi duzentos anos, já me certifiquei de que nada disso pode ser mesmo possível. O mundo também chegará nessa conclusão, podendo até esperar mais duzentos outros anos, mas será inevitável". Na saída, após o ajuntamento natural com alguém famoso, que é daquela cidade, saímos com Paulo e Cristina e fomos todos saborear os pães na famosa Padaria Real de Sorocaba (escrevo mais de pães e padarias na semana que vem), rodeados de papos intermináveis sobre pães, peças teatrais, Casa da Gávea, Bauru, escrevinhações (ele não escreve mais para o Bom Dia de lá), vida a dois e colocar as conversas em dia. No fim ganho deste o CD do musical “a Canção Brasileira – A história de amor que gerou o samba-canção”, obra prima que Bauru já viu no Teatro Municipal, sob sua batuta. Aproveito para passar seu contato para o produtor Vinagre, numa tentativa de trazer a Tartaruga para Bauru. Para finalizar Ana envia para eles um e-mail com algo sobre o inebriante dia e nosso modo de tocar a vida: “Super queridos Paulo e Cristina: Ficamos muito felizes com o encontro de ontem. Não imaginam a felicidade da Neide, amiga de mamãe que nos hospedou gentilmente e ainda teve que acordar às 4 da manhã de hoje quando de lá saímos. Em sala de aula, às 10 da manhã em Bauru - misturei tartaruga com design e deu samba carioca de primeira, daqueles de partido alto! Ô texto du bom! Complexo - imagino difícil pra vocês atores - e daqueles que faz a gente pensar muito depois do impacto inicial. Pra pensar no tempo é genial também! Parabéns mais do que sinceros. AB”. A vida de um sonhador é preenchida desses pequenos e inebriantes detalhes, que nos faz cavar desvios em tudo o que fazíamos, só para estar ao lado de queridas pessoas. Somos assim e pronto.
DICA PARA HOJE, 17/05, 20H, DR BEER: As vozes de duas irmãs se fundem numa casa nova, ambientada entre a vila Pacífico e a Dutra, DR BEER, no final da av. Elias Miguel Maluf (dentro de um posto de combustível, mas sem cheiro e gosto de gasolina). PAULA VELOSO, hoje radicada no Nordeste e MÁ VELOSO, sua irmã que só toca em ocasiões especiais estarão fundindo repertório e enfeitiçando olhos e corações dos que se dispuser a lá estarem. Sai daqui correndo, pois ontem perdi o show delas no Templo Bar e se perder o de hoje, nem sei mais quando essas duas irmãs estarão cantando e encantando juntas novamente. Quem chegar por último é a mulher do padre.
Um comentário:
HPA
Não via a Tartaruga por aqui, mas conheço essas duas irmãs, a Paula e a Má e sei que são do balacobaco.
Conte como foi o show delas...
Nico
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