domingo, 13 de maio de 2012

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (37)

CRISTINA É TUDO DE BOM E ERNANI É O BAURUENSE “BIRA” QUASE EM CARNE E OSSO
Uma peça de teatro é uma peça de teatro, mas em alguns momentos é muito além disso. Fui assistir o “Abalou Bangu 2 – A Festa”, com interpretações divinais do quarteto Cristina Pereira, Ernani Moraes, Renato Rabello e Luciano Borges. Um quarteto que faria corar muitos desses que se intitulam os reis atuais do Stand Up, quando no cara a cara com o espelho em seus reclusos aposentos. Quando vi a turma lá no palco hablando das venturas de morar em Bangu e depois em Copacabana, um local o inverso do outro, me veio a mente o que escrevo aqui nos últimos dias sobre morar e viver no degrau de CIMA e no degrau de BAIXO. Bangu muito bem poderia ser a nossa Nova Esperança, Gasparini, Rasi, Progresso e tantos outros periféricos bairros bauruenses. Lindo o momento da crítica aos paulistas pela utilização desenfreada de termos em inglês para designar suas atividades: “Isso é coisa de paulista” (causou frisson na plateia). No final do espetáculo fomos jantar, eu e Ana e reencontramos Cristina Pereira. Uma atriz ao velho estilo, tipo aroeira, dessas que não se vergam e mantém algo mais do que próprio, doa a quem doer. Tem o maior orgulho de ser o que é, aliás sempre diferenciada e ousada, sua marca. O melhor que consegui da noite de sábado foi o forte abraço dado nela, de retribuição por existirem atrizes a dignificar o que fazem. Ela pegou um jornal em cena e improvisou diante das atuais notícias, num “caco” inigualável. Ana ficou relembrando dos tempos aonde ambas atuaram juntas na Casa da Gávea, reduto dela, do Paulo Betti, Rafael Ponzi, Vera Fajardo e outros do mundo teatral. Cristina confessa que das apresentações em Piracicaba, Botucatu e Bauru, a daqui foi a com maior público. E olha que isso, mesmo com um notado número baixo de ingressos vendidos (maioria de convites). A atriz quer voltar aqui com a peça do Betti, "A Tartaruga de Darwin" e foi muito gentil no prolongado papo no restaurante. Quem se habilitaria? Seria bom conhecermos melhor esses produtores da "Ferreira Eventos Culturais", sempre arrojados e corajosos a investir em cultura pelo interior paulista.

Mas quem eu ontem também queria ter batido um papo era o Ernani, o grandalhão, mestre nesse ofício de fazer humor de verdade, no ponto. Ele protagonizou aqui em Bauru anos atrás algo singular quando a peça “Pérola”, obra prima de Mauro Rasi ficou em cartaz na cidade alguns dias. Ele, grandalhão,
desengonçado, brutamontes (“quando quer, ninguém faz um ogro como ele”, confessa o colega de palco Renato), interpretou magistralmente o cunhado do Mauro, o indefectível Ubirajara, o Bira, que exatamente por aqueles tempos travava um diálogo áspero com os membros do CODEPAC, por causa do tombamento da casa do Mauro Rasi, localizada ali na quadra 13 da rua Bandeirantes (bem atrás do Colégio São José). Ele era contrário ao tombamento, por achar que o melhor era vender logo o imóvel. Mauro sempre ironizou o Bira em suas crônicas n’O Globo (evangélico, turrão...) e o personagem aqui de Bauru não deveria morrer de amores pelo que lia. Mauro morreu e sua irmã, juntamente com Bira passaram a administrar todo o seu patrimônio. Essa é outra história. O que quero descrever aqui é como no teatro, em algumas circunstâncias o personagem é um retrato mais do que fiel do vivido na vida real. Vi Ernani em cena ontem e ali o Bira em pessoa, mesmo só o
conhecendo de vista e pelos seus atos. Ontem ao ver Ernani dar com uma garrafa na mesa, ao estilo durão, querendo resolver tudo na base do vozeirão em tom elevado, era o próprio Bira, sem tirar nem por. Quero resgatar aqui no blog as cartas trocadas entre o então esposo da herdeira e os membros do CODEPAC pela imprensa, numa polêmica ainda não encerrada, pois a casa continua fechada desde aquele momento. Não estou com tempo de procurá-las na desordem desse meu mafuento espaço. Seria ótimo serem postadas aqui, mas... Ernani foi-se ontem tão logo o espetáculo acabou para reencontrar justamente os parentes do Mauro Rasi e não pude falar-lhe das semelhanças e do que vivenciamos aqui em Bauru, não com o personagem, mas com o da vida real, de carne e osso. Aqui, por enquanto, só algo dessaa imensa semelhança.

4 comentários:

Anônimo disse...

Segue a matéria no jornal o cruzeiro do sul de sorocaba:

A fábula "A tartaruga de Darwin"que conta a história de Charles Daewinserá apresentada nos dias 1516 e 17 de maiono Teatro Municipal "Teotônio Vilela". Com texto do autor espanhol Juan Mayorgaa peça foi montada no Brasil por Paulo Bettique dirige e atua no espetáculojuntamente com os atores Cristina PereiraVera Fajardo e Rafael Ponzi. O recorte na vida de Darwin revive a relação do estudioso com a tartaruga de Galápagos que morreu aos 176 anosum dos muitos animais que Darwin estudou durante as pesquisas que levaram à Teoria da Evolução.

Na montagemrealidade e fantasia se misturam na figura de Harrietuma tartaruga que Charles Darwin trouxe das Ilhas Galápagos e que está em processo de evolução para a forma humana. Graças a sua longevidadepresenciou algumas das mais emblemáticas passagens históricascomo a Revolução Russaos campos de concentração nazistaso bombardeio de Guernica e diversos outros eventos da humanidade que ocorreram entre os séculos 19 e 20.

Passados mais de 200 anosa tartaruga já cansada de viver no mundo civilizadotenta voltar às raízesporémtorna-se alvo de uma ferrenha disputa entre um historiador e um cientistaque desejam estudá-la. Sem querera tartaruga desperta ciúme da esposa do historiador. Montada pela primeira vez no Brasil em 2009a temporada na capital carioca rendeu à atriz Cristina Pereira a indicação de melhor atriz no Prêmio Shell.

O Teatro Municipal "Teotônio Vilela" fica na avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes. O ingresso custa R$ 20 inteira e R$ 10 meia. Vendas antecipadas na Just Intercambiosque fica na avenida Mário Campolim278ou na bilheteria do teatro (3238-2222). Preço especial para grupos e escolas com Marco pelo telefone (15) 7834-4648.

Ana Bia

Anônimo disse...

queria saber por onde anda todo o pessoal da cultura ? parece que niguém lê jornal, parece que ninguém sabe o que acontece na cidade.... sei lá por onde andam?!
chega-se a imaginar que nas lamentáveis administrações anteriores a do elson tudo estava bem... não estava, sem sombra de dúvida ! mas, também é fácil chegar quando tudo está ruim. os museus ??? a programação contempla os antigos que entendem do patrimônio museológico de bauru? parece que não. contempla os que pretendem ampliar o posicionamento quanto ao univeso virtual e digital e que já tem proposto questões práticas e que já vem acontecendo? parece que não. tira-se da cartola algo bonito. e que parece que tem que acontecer conforme o calendário. ser funcionário público é mais do que ter salário em dia. é ter um compromisso público acima de tudo. prestigia-se um calendário de coisas pra justificar relatórios.
e a prática cultural de verdade? e a presença na cultura - que é viva - na cidade. não conta? senhor secretário, senhor prefeito, que são os chefes, por favor: conversem com seus funcionários e elaborem melhores práticas COTIDIANAS para a cultura desta cidade.
me mantenho anônimo.
agradeço a atenção.

eventos culturais de Botucatu disse...

bom dia,
li sua postagem, a peça realmente é ótima pena que o publico não comprou a ideia e compareceu em peso, como das outras vezes que nossa produtora já esteve em Bauru.

fica o meu contato
Wagner - Ferreira Eventos Culturais
wagner@culturaeteatro.com

Anônimo disse...

ANA BIA E HENRIQUE,

OBRIGADA, QUERIDOS! ADOREI ENCONTRAR VOCÊS. HENRIQUE OBRIGADA POR SUAS PALAVRAS. AGORA ESTOU AQUI, EM MEU MAIS RECENTE PAPEL, O DE AVÓ DO AUGUSTO QUE NA REALIDADE É UM MISTO DE ENFERMEIRA+ FAXINEIRA + COZINHEIRA + CURANDEIRA + PSICÓLOGA DE ARAKE ( É ASSIM QUE SE ESCREVE?) ABRAÇOS DA CRISTINA.