quinta-feira, 23 de julho de 2015
FRASES DE UM LIVRO LIDO (93)
“MENTE-ME QUE EU GOSTO”, A LEI DE REGULAÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NA ARGENTINA E AQUI NO BRASIL
O Brasil deixou a oportunidade escapar pelos vãos dos dedos (país tem mãos?). Lula quando eleito tinha a faca e o queijo na mão para promover a tão decantada Lei de Médios. Esse o nome na Argentina, que a aprovou, um dos louros do governo de Cristina Kirchner, a para nós, Lei de Democratização dos Meios de Comunicação. O que ocorre no Brasil é um brutal e sanguinário monopólio, onde cinco famílias dominam tudo e a informação chegando para quem dela se serve é a pior possível. Tendenciosa, mentirosa, elitista, autoritária e tudo o mais, vivemos tempos difíceis nas mãos desses. Perdemos o bonde da história. Hoje, Governo acuado, quase impossível levantar e levar adiante o tema. Leve-se em consideração que, mesmo para quem o fez, no caso da Argentina, a contra reação é também difícil, pois como ouvi certa vez de alguém: “Chegar ao governo é uma coisa, ao poder é outra”. O poder não aceita ver seus interesses diminuídos.
Escrevo abaixo de um livro, o “MENTIME QUE ME GUSTA”, do periodista argentino Victor Hugo Morales, para mim uma espécie de Mino Carta platino. Ele analisa o tratamento que o Clarín e o La Nación, dois jornalões de lá, espécie de Folha e Globo, deram para os fatos mais relevantes daquele país no último ano e meio. Como tudo parece estar acontecendo da mesmíssima forma por aqui, reúno frases ditas por ele em recente entrevista, para que comparem e tenham suas próprias conclusões. Um Victor Hugo autêntico, sem filtros:
- “Hoje já sabemos do que os médios são capazes de fazer para colocar um governo de pernas para ar e deixar louco um país”.
- “Em um lapso de um ano foram capazes de mentir tantas vezes, que daria para escrever 50 capítulos”.
- “Existe um comportamento de pessoas alucinadas. (...) Essa gente não está bem da cabeça”.
- “São pessoas com quem não se pode conversar, porque perderam a razão, o raciocínio lógico. O livro trata do acúmulo de mentiras sobre o qual trabalham para desqualificar tudo o que discordem e estão em desacordo com seus interesses”.
- “Deixo claro que existe também um LEITOR CÚMPLICE, UM TELESPECTADOR CÚMPLICE, que moralmente possui o mesmo perfil dos mentirosos dos meios de comunicação”.
- “Não existe maneira de mentir tanto o Clarín e o La Nación sem existir uma cumplicidade do leitor e do telespectador”.
- “Isso se sucede porque o leitor está desejoso de que lhes dêm argumentos a favor do seu pensamento. Se são certos, melhor, porém se são mentiras não importam. Para eles vale tudo para poder participar da discussão política atual”.
- “Se rompeu um contrato histórico entre os meios de comunicação e os leitores, espectadores e ouvintes. De um lado, os meios romperam o tácito contrato de não mentirem. De outro, os leitores romperam a responsabilidade da exigência da qualidade ante a evidência que possuem de que as mentiras são muito mais frequentes e não mais necessitam ser nem checadas pelos leitores”.
- “Ninguém que possa querer estar minimamente informado, que pretenda ser dono de uma boa moral ou de um bom sentido ético, pode aceitar passivamente o que dizem Clarín e La Nación”.
- “É de descabelar pensar que exista uma pessoa que, todavia registre um nível de desinformação tão alto como para ser permissivo com a mentira desses jornais”.
- “O que ocorreu com o La Nación é o maior despropósito editorial da Argentina em toda sua história. Eram respeitáveis porque falava claramente, posição clara. Estragou e jogou sua história na lata do lixo”.
- “Os diários nascem por ideologia. Hoje o que vale é mentir. Vale é multiplicar por oito a quantidade de pessoas que morrem na Argentina para acusar da existência de oito vezes mais homicídios. Vivem entre o ocultamento da verdade e a deslavada mentira. Todos os dias estou refutando suas mentiras”.
- “Para terem passado da perspectiva ideológica sobre uma informação para a mentira pura e simples quem está no meio é a Lei de Médios. Ela afetou diretamente o Clarín e seus espúrios interesses de poder”.
- “O jogo consiste na existência de um poder real, o do establishment. Esse poder real é o que maneja toda a vida e os aspectos de uma democracia, determinando as alternâncias conforme seus interesses. Quando no poder alguém que não vão os combater, não existem problemas. Quando se cansavam de um, colocavam outro. (...) Quando alguém mais independente decidiu enfrentar esse poder real nasceu a verdadeira história moderna da Argentina”.
- “Tenho com o atual governo muitíssimas discrepâncias e que são públicas. Permanentemente reprovo coisas desse Governo. Só porque defendi a Lei de Médios disseram que fui comprado e o que defendi foi a liberdade de imprensa. (...) O fato é que agora estamos todos mais preparados para saber como se dão as coisas”.
- “Agora sabemos com maior claridade as diferenças entre o poder real e o poder político, e o que representam os meios de comunicação, a capacidade das corporações para manejar o país e a obsessão que tem para fazê-lo. Este é um aprendizado que agradeço. Sinto que me fortaleceram, que me ajudaram a ser uma melhor pessoas e um melhor jornalista. É o aprendizado desses últimos seis anos, que é o período que dura mais ou menos um curso universitário. Todos temos a oportunidade de fazer uma extraordinária carreira com essa vivência tão elevada que se deu a partir da Lei de Médios”.
Quando terminei de ler a entrevista dada ao Página 12, publicada na edição de 07/07/2015, me vi diante de algo praticamente idêntico ao o que ocorre aqui no Brasil. A diferença é só uma, lá a tal Lei de Médios foi aprovada, aqui nem foi levada tão a sério pelos governantes. No mais, tudo a mesmíssima coisa, só mudando o endereço. Quero conhecer esse senhor pessoalmente na visita que faço agora a Argentina e trazer de lá autografado o seu livro.
OBS.: Livre tradução feita por esse ainda insipiente leitor em espanhol, mas acreditem, tentando melhorar. Na tira abaixo, Migeul Rep e como age a tal direita aliada aos jornalões daqui e dali.
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2 comentários:
Henrique, quero propor um bom debate de ideias aqui. Muito se fala nesses termos "Lei de Medios", "Lei de democratização da imprensa", mas nunca vi e ouvi nada sólido que apresentasse uma plataforma do tema em que não caísse no vazio, no impossível.
O que seria exatamente essa Lei que defende?? Quais as plataformas para esta lei??
Lembrando que já houve nesse mesmo cenário de imprensa no Brasil um equilibrio de forças culturais, o problema são só governos ou pessoas que querem apenas um filão para se acomodarem??
E tb lembrando a ótima dialética materialista, acima de qualquer lei que se crie hoje, esses canais estão enraizados na cultura do povo brasileiro, o que seria mais inteligente: enfrentar a Globo ou pressioná-la culturalmente no popular como o Porta dos Fundos e o movimento cultural como nos anos 70 e 80??
Marinhos e Frias desaparecem com o tempo, mas e a mentalidade cristalizada na cabeça das pessoas??
Camarada Insurgente Marcos
Marcão
Vc bem sabe o que se faz necessário ocorrer para democratizar os meiosde comunicação e não permitir mais que monopólios floresçam e se firmem como os bastiões da escrita, além de perigosos donos do poder. A deemocratização passa por igualdade de condições, ampliação de oportunidades, algo meio que impensável no país com os moldes oligarquicos de hoje, cada vez mais consolidados, infelizmente.
Abracitos do Henrique - direto do mafuá
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