“PONTO VINTE”, DE JOÃO MINEIRO E MARCIANO É INSPIRADO NA ZONA DO MERETRÍCIO DE BAURU
Fiz mais um Retratos de Bauru (nº 177) essa semana e dessa vez lá a história de José Maria de Jesus, 87 anos, um senhor que para complementar sua renda fica sete horas diárias defronte um bar entregando folhetos de “Compro Ouro”. Escrevi lá dele ser taxista aposentado e ter começado sua trajetória profissional, o primeiro ponto onde trabalhou, o da antiga e hoje não mais existente Zona do Meretrício, lá pros lados do Redentor, depois do Hipódromo (também não mais existente – nenhum único resquício). Nos meus tempos de moleque descia de ônibus no Redentor e seguia por uma estradão de terra, passando pelos escombros do Hipódromo, até chegar ao sacrossanto lugar, o amontoado de casas da zona. Lá no meio, me recordo bem, um ponto de táxi. Tenho um amigo que trabalhou comigo no Bradesco, cuja esposa é filha de um taxista do lugar, mas as histórias dele ali vividas, oriundas do trabalho de seu pai ali foram abafadas ao longo dos anos e nem conversar sobre o assunto deixavam a gente fazer com ele. Ele se foi e com eles as muitas histórias ali vivenciadas.
Esse é Denis Marques |
O caso com o seu Zé Maria é diferente e conto aqui. Só sei que ele trabalhou por lá, nada mais. Fiz a citação no texto sobre ele. Claro, vou ainda ver com ele das possibilidades de num dia, almoçando juntos, ouvir seu relato sobre seus registros profissionais ali vivenciados. Sabe aquela história do "o caso eu conto, mas não revelo o santo". Registros, só isso, interesse histórico nessas entranhas de Bauru ainda pouco desvendadas e desbravadas. Fazem parte da história de Bauru e não podem mesmo ser esquecidas, menosprezadas e muito menos ignoradas. Deixar isso para a posteridade e com os poucos personagens conhecidos com história real sobre aqueles memoráveis tempos. Veremos em outro momento menos conturbado de minha vida. Isso uma coisa, a outra é mais uma demonstração de como o improvável e o imponderável estão sempre a serviço das boas histórias. Mais uma para o meu rol de conhecimento adquirido ao longo das escrevinhações.
Vamos a ela. Descia hoje a pé, do centro da cidade, mais precisamente pela rua Gustavo Maciel até meu mafuá, quando paro para conversar com um velho conhecido, personagem vivo e sempre presente das ruas de Bauru, o DENIS MARQUES. Ele foi meu Retrato de Bauru nº 1, publicado em 23/11/2007. Leiam mais dele clicando a seguir:http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search?q=denis+marques. Na conversa, nem sei como falávamos primeiro do seu Zé Maria e o assunto caiu nos tais taxistas que atuaram por bom tempo de suas vidas lá na Zona. Denis com sua incomensurável sabedoria, adquirida por décadas de ralação nas ruas me apresenta um fato novo, até então desconhecido por mim. “Você precisa contar a história da música ‘Ponto Vinte’, do João Mineiro e Marciano, que faz uma homenagem exatamente a esse ponto de táxi, o da zona do meretrício de Bauru”, me disse. Fui conferir e é isso mesmo. João Mineiro já se foi, mas Marciano o vejo pela aí de vez em quando e na próxima vez que cruzar com ele quero gravar algo da história dessa letra e música. Tenho na memória algo lá da região, uma placa que muitos moradores colocaram em suas casas após o fechamento da zona e mesmo antes, quando já se misturavam as casas: “Aqui é residência particular, casa de família”.
Por enquanto, deixo todos com a letra e depois o link para ouvirem na voz da dupla sertaneja, extraída do álbum deles “Amor e Amizade”. Essas histórias me movem, essa é só mais uma a homenagear Bauru. Para quem como eu, não a conhecia, lá vai: PONTO VINTE (João Mineiro e Marciano) – “Lá no ponto vinte começa a historia/ Começa o caminho de emoções diferentes/ Mal começa a noite a fila começa/ São carros de praça esperando a gente./ Quase todo mundo tem um só destino/ Nem sei se é preciso dizer ao chofer/ Pois o ponto vinte, mesmo que não marque/ É local de embarque pra estação mulher./ Segue o passageiro em busca da felicidade/ Toda noite a mesma coisa, já é tão comum/ Terminou outra corrida de luxo e requinte/ E o carro volta para o ponto vinte/ Buscar quem espera e levar mais um./ Ilusões que alegram infinitamente/ São coisas do mundo, haja o que houver/ O dia é homem que se fez adulto/ A noite é criança que se fez mulher./ Lá no ponto vinte na volta doa dia/ Tudo é desprezo, tudo é solidão/ Pois somente a noite pode dar a vida/ E somente a noite traz a ilusão.”
Cliquem no link a seguir para escutar a tal da Ponto Vinte: http://www.garagemmp3.com.br/os-pingusos-6/06ponto-vinte-joao-mineiro-marciano
2 comentários:
hpa, e o blog do esso maciel continua parado. era um espaço legal pro cara (e pra nóiz), que sacanagem...
Sim, não sei quem me questiona, mas sei disso.
O Esso precisa reformular e apresentar novamente dentro do formato do blogspot.
Não sei fazer isso, por isso não o ajudo.
Veja meu blog, nem fazer a publicação das fotos sem que ocorra um espaçamento injustificado entre as mesmas ocorre e não consigo resolver isso. Também peço ajuda.
Escrevo e esses detalhes me atormentam.
No caso do Esso foi algo onde o ligaram a pornografia, o que acho injusto.
Vejo com meu amigo Marcos Paulo, entendido nessas coisas onde pode ajudá-lo.
Grato
Henrique - direto do mafuá
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