terça-feira, 26 de janeiro de 2016

COMENDO PELAS BEIRADAS (11)


EU ABOMINO OS QUE CRAVAM ESTACA NO CORAÇÃO DO S.U.S. - O JORNAL NACIONAL FAZ ISSO ESSA SEMANA

Nosso Sistema Único de Saúde deve ter mesmo costado mais do que quente, tais as bordoadas que leva e continua na ativa, fazendo e acontecendo, ponta de lança do atendimento médico hospitalar no país. Não vive o seu melhor momento (eu também não vivo o meu), mais em função da forma inadequada como o ser humano o trata. Vivemos hoje num mundo permeado pelos desvios de todas as matizes e na área da Saúde, mesmo inconcebíveis, são incontáveis. Aqui mesmo em Bauru ocorreu um imenso escândalo, ainda não muito bem esclarecido, que foi o caso do Mensalão da AHB – Associação Hospitalar de Bauru, quando o Governo Federal enviava verbas mensais e carimbadas para o Hospital de Base e outros, porém boa parte caia nas contas bancárias de gente com ligação umbilical com nosso deputado estadual. Isso ocorre no país todo e depois ainda possuem o disparate de acusar o SUS de estar enfraquecido e coisa e tal. Ele não é vilão, é sim, saco de pancadas, mas mesmo assim continua cumprindo o seu papel, aos trancos e barrancos, como boa aroeira, verga mas não quebra.

Ouço algumas vezes por semana o programa de rádio que a médica vereadora Telma Gobbi tem na Auri-Verde, ela que foi gerente da Unimed em Bauru e ainda mantém laços de diretoria por lá, uma cooperativa privada cobrando muito do usuário e assim como todos os planos de saúde privados nesse país se recusando a fazer todos os tipos de cirurgia. O SUS faz e ainda é o ruim. Temos três médicos vereadores e não vejo nenhum deles fazendo uma calorosa defesa do SUS. Um deles, Raul de Paula disse certa vez numa demonstração do que veio: “médico não trabalha por mixaria”. Escrevo deles porque sinto demais a falta da classe médica na defesa do SUS, do que representa e de sua cobertura ampla, geral e irrestrita. Adoram desdizer do mesmo e colocam o dedo em suas feridas que é uma beleza, mas viceja hoje em nível nacional elogios exaltados e rasgados para a medicina privada, como sendo de primeiro mundo, tecnologia de ponta, só que na hora do vamos ver quem faz o serviço pesado continua sendo o SUS. Cirurgia com complexidade, ou seja, de altíssimo custo, os privados recusam e dão o jeito de encaminhar para realização de forma gratuita, sem onerar seus cofres. Fazer e incentivar esse procedimento é o mesmo que sonegar imposto, roubar ao estilo dos de colarinho branco. Aqui em Bauru criaram uma Fundação, mais um intermediário no meio da Saúde, num papel antes dos governos, hoje repassados criminalmente para OSS e OSCIPs.

Escrevo isso tudo porque nessa semana no Jornal Nacional, da TV Globo, o William Bonner está apresentando para a nação reportagens diárias descendo a lenha no SUS e colocando num pedestal (ou no próprio altar) o sistema privado. Compra gato por lebre quem quer. Mostram descaradamente só o lado ruim do SUS, nunca o bom, o que atende a todos, indistintamente. Vejo isso como parte de um sórdido plano para ir minando as forças do SUS e o que representa para todos nós, usuários e contribuintes. A intenção é alavancar mais e mais o sistema privado, onde tudo é pago. Nele, quem tem dinheiro tem ótima saúde, quem não tem, péssima. Adoraria ver reportagens mostrando as falhas todas, mas apresentando sugestões, soluções e encaminhamentos propositivos. Não vou algo assim na TV Globo, sei disso. Isso nem mesmo os nossos médicos vereadores fazem, preferem se omitir. Como é triste ver a maioria dos de jaleco enveredarem pelo mesmo caminho do mostrado na TV.

Fiquemos todos de olhos bem atentos. Se o SUS de hoje é ruim, o de amanhã poderá piorar. Tem muita gente torcendo e fazendo das suas para isso ocorrer. Não se deixe levar por tudo o que a TV apresenta como pronto e acabado. Enxergando o outro lado daremos início a uma bela de uma discussão, justamente a que eles não querem fazer, a do fortalecimento do SUS. 


O grande negócio mesmo é defender o SUS. É o que faço, aqui e agora.

2 comentários:

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK:

Rodrigo Ferrari Sobre essa história de médico não tralhar por mixaria ou de médico com cargo em cooperativa viver de descer o malho no SUS, recordo-me de um caso que me ocorreu, aí em Bauru, quando era usuário da Unimed. Eu tinha uma pinta saliente na altura do ombro e resolvi procurar um especialista conceituado, cujo nome vou omitir, em respeito a ele. Ele disse que talvez fosse melhor retirar, para evitar que pudesse virar um problema no futuro. Aceitei fazer o procedimento, que foi bem simples, realizado na clínica dele. Dias depois, retornei lá para fazer o curativo, com uma enfermeira. Conversando com ela, acabamos entrando nessa questão da remuneração. Eu pensava que o médico havia ganho uma fábula para remover aquele nódulo da minha pele. Que nada: a cooperativa pagou R$ 28,00, na época - SEGUNDO A ENFERMEIRA ME FALOU. Eu duvidei, mas ela disse que era assim mesmo e acrescentou: "Para remover estes pontos e fazer o curativo em você, estamos ganhando em torno de 60 centavos". Isto foi o que ouvi na época, por volta de 2008. Não sei como está agora. O fato, porém, é que, do lado de quem usa os planos, também não vejo melhora. A gente paga 200, 300, 400 reais por um plano meia boca e fica obrigado a pagar mais 20, 30, 50 reais de fator a cada procedimento que vai fazer. Dependendo do caso, tem de gastar ainda mais por um exame complexo. No fim, se descobrir que tem algo muito grave e difícil de curar, o plano fatalmente acabará batendo a porta na sua cara. Então, todo mundo lembra que o SUS existe. E dá-lhe obrigar prefeitura e Estado a torrar todo seu orçamento para pagar medicamentos caros ou custear tratamentos experimentais, mesmo que seja na casa do chapéu. Não vemos ninguém processar plano de saúde - nem aqueles que acham que SUS é coisa pra pobre. É melhor socializar a desgraça com o estado. Eu compreendo o desespero de quem está para morrer. O que não entendo é o cinismo das autoridades. Muitas vezes, não tem um nutricionista no posto de saúde para ensinar o sujeito a comer direito e evitar doenças ocasionadas pelo peso alto. Porém, o SUS paga integralmente todos os transplantes de fígado intervivos realizados em locais como o Einstein ou o Sírio. Não tem especialista para quebrar uma pedra no rim ou operar apêndice inflamado, problemas que atingem milhares de pessoas. Mas tem grana para tratamentos com robôs em Dalas, para um individuo isolado. O que o Brasil precisaria definir é que rumo quer tomar. Se quer priorizar o sistema público, tem de fortalecê-lo e elencar as prioridades. O que não dá é para ficar com esse socialismo às avessas, em que o Estado assume tudo aquilo que o plano se recusa a cobrir.

Patricia Karst Caminha Por favor, transforme em post! Muito bom!

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK 2:

Rodrigo Ferrari O SUS é tão "péssimo", que todos os transplantes complexos de órgãos realizados no Brasil são bancados por ele. Vai procurar algum país do mundo onde transplante é integralmente pago pelo Estado. Aliás: no caso dos transplantes, que chegam a custar R$ 100 mil, o Albert Einstein e o Sírio atendem pelo SUS. Pena que é só nesses casos fabulosos. Tente ir lá tratar de uma amídala inflamada, que verá o que acontece.

Maria Emilia Lomba Sabemos o motivo da Globo, é muito dinheiro vindo das operadoras de saúde prá criticar o sistema, por isso não mostram a realidade, é só pesquisar como funciona, o que é o Sus gente!!!

Ventura Picasso O SUS é a melhor organização de saúde pública do mundo. É meu único plano, e sempre fui bem atendido.

Vera Pasq O ano passado liguei para o programa e bati boca com a Telma Gobbi, não aguentei mais, pois alem de meter-se a falar mal, sabe ela de tudo. Faço tratamento no SUS e tenho o meu remédio continuo fornecido pelo governo. E minha neurologista, um amor de médica, disse que os melhores anos dela, foi quando clinicava a medicina em família pelo SUS. E pela forma como me atende sei que faz por amor ao ser humano.

Maria Cristina Romão Nossa, parece que existe dois SUS aqui...rsrsrsrs

Rodrigo Ferrari E existe, mesmo. Um que tem milhões de reais para cobrir tratamentos caros, para algumas poucas pessoas (nem estou entrando no mérito das condições sociais ou da necessidade, pois muita gente precisa de verdade), e outro que não dá conta de sanar coisas simples e baratas.

Kizahy Baracat Não reclame do SUS, reclame do seu prefeito que e um gestor incompetente.