A VERDADE E A MENTIRA NA APRESENTAÇÃO DE UM LIVRINHO INFANTIL – SERVEM PARA LULA E DILMA
Certa feita me caiu às mãos um livrinho dos mais despretensiosos, o “Nuno descobre o Brasil”, obra de caráter infantil da dupla José Roberto Torero (dele o livro do Chalaça) e Marcus Aurelius (deles dois o Terra Papagalli, que tanto gostei). Era para um sobrinho adentrando o gosto por leituras e no livro as aventuras de um menino, que tendo viajado na esquadra de Cabral, aqui vivenciou aventuras no país-paraíso (sic, saudades disso) chamado Brasil. Fui me lembrar do livrinho por uma coisa muito simples: como mentimos e reforçamos isso a cada novo passo dado, principalmente nos dias de hoje.
Na apresentação do livro, sobre a veracidade de terem encontrado papéis num garrafão à beira mar e lá a história do Nuno, esse trecho: “Assim sendo, não podemos dizer com certeza que as páginas que encontramos são verdadeiras. Mas também não podemos falar que sejam falsas. Mesmo porque, se elas forem verdadeiras, as coisas que contam podem ser mentiras; e, mesmo que sejam falsas, pode ser que tragam muitas verdades. Aliás, nós mesmo podemos estar mentindo quando dizemos que encontramos esse livro num garrafão. Vai ver nós o escrevemos em casa, apenas consultando dicionários e enciclopédias. E às vezes é difícil perceber a diferença entre a verdade e a mentira. Não é verdade?”.
Esse negócio de mentir e depois seguir mentindo, insistindo na mentira, como se verdade fosse, tudo para justificar a continuidade de uma ação como a certa é condenável, mas prática corriqueira dos tempos atuais. Estou aqui diante de mim com os jornais de hoje e vejo a capa das revistas semanais, todas incriminando Lula (sempre ele, só ele) de tudo. Daí fui ver de que é acusado. Cheguei a simples conclusão: são meras acusações, nenhuma com provas, tudo suposição e carga pesada da mídia para convencer incautos de serem verdades. Confira se não escrevo a verdade e tente encontrar os tais crimes de Lula. Fui ouvir as tais gravações e lá só uma forçação de barra para tentar de tudo quanto é jeito incriminar o dito cujo, mas tudo conversinha sem algo de concreto. Fofocas levados ao horário nobre e com a pior intenção possível.
Mas como acreditar nisso tudo? Simples. “Se os caras tão dizendo e há tanto tempo, deve mesmo ser verdade. Onde tem fumaça tem fogo. E por que essas revistas todas iriam mentir para nós, seus leitores? Tudo bem que até pode não tenha culpa, mas tem cara e jeito de culpado. E como, só leio mesmo as manchetes, pois não tenho saco para aprofundamentos e nem comparações, com essa besteira de ter que ler a mesma coisa em diferentes lugares, estou mais do que convencido. Leio no mais famoso, assisto o jornal de maior audiência e pronto, eles estão do meu lado. E, se for mesmo mentira isso do Lula, eu já estava cansado do PT e não via a hora deles caírem fora. Aliás, chegaram longe demais. Se por acaso lá na frente descobrirem que nada disso é verdade, me safo fácil, pois digo que fui na onda do tal juiz e se alguém tem que ser cobrado é lá com ele. Posso alegar ter sido induzido a acreditar, mas que gostei, isso gostei, não nego. E por fim, ninguém precisa saber tratar-se de uma mentira, pois de tanto ver a coisa exposta, nem eu mesmo sei como tudo isso começou, mas agora que começou, não tem mais como voltar atrás. Vamos que vamos e até o fim, depois deles fora do páreo a gente vê como é que fica”, afirmam os tais protagonistas de verde-amarelo, o das praças públicas.
“Mentir! Bah, só mais essa vez, tá? E não estou sozinho nessa, vejam quantos fazendo o mesmo que eu? E lá me vem você, um cara que nem conheço, querendo me fazer mudar de ideia e me propondo pensar, estudar, ler, compreender o que está por detrás disso tudo e ainda usando de um livrinho infantil para conseguir seu intento. E eu lá preciso disso. O Lula e a Dilma são as desgraças desse país e tenho dito”, encerra o papo um dos tais protagonistas da mudança em curso.
E daí, eu cá do meu canto, continuo em vão tentando ainda fazer as pessoas sacar das mentiras que alguns nos impingem como verdades absolutas. Perceber a diferença entre a verdade e a mentira é mesmo tarefa para poucos, mas isso pouca importância faz. A mentira já não tem nem mais pernas curtas.
UM TEXTO DE UMA AMIGA - A democracia do afeto - Tatiana Calmon
"Não tenho – nem nunca tive – a pretensão da unanimidade. Li Rodrigues muito novo!
Deixei, há pouco, de ser escravo de cortejo. Li Freud muito tarde! Gosto de pessoas incomuns e desgosto de algumas, por muitos, cingidas de confetes.
Tenho, contudo, ojeriza aos hipócritas, mas nutro respeito por meus desafetos e adversários, leais ou não, pois isto é o que pode – eu disse pode - me tornar melhor que eles, e, afinal, o mesmo direito de quem te estima assiste àquele que te abomina:
Esta é, para mim, a democracia do afeto!
E este sou eu: alguém que acredita - eu disse acredita - ter conquistado a liberdade de ser, pensar e, às vezes, falar o que quiser.”
4 comentários:
O uso de ambulâncias pela CUT para transportar manifestantes e os R$30 pagos para quem fosse se manifestar é mentira também? A quebra da petrobrás e o favorecimento de empreiteiros (os que vocês dizem serem ricos, fascistas e a burguesia) é mentira também?
Cada um acredita naquilo que quiser..........
meu anônimo de plantão
mas isso não acontece de ambos os lados?
sim, acontece e por que vem me dizer só de um?
estaria interessado em dizer que um pode e o outro não pode?
não seria interessante afirmações como da não necessidade disso ocorrer de ambos os lados?
vivenciei muitos do MST que viajaram a troco de um sanduíche de pão e mortadela com água na ida e outro na volta.
e o fizeram por entenderem a causa e estarem engajados nela e se foi o movimento deles que arcou, sem problemas, são os mais aguerridos e conscientes do momento,
cada caso é um caso, meu!!!
henrique - direto do mafuá
Você tocou num ponto muito importante e que talvez demonstre como as coisas acontecem.
Tem um tal representante dos assentados da reforma agrária, que é um cara que tem várias histórias de ser beneficiado por financiamentos que visavam ajudar os agricultores. Eu acredito que 90% dos assentados sejam pessoas de bem e que realmente são agricultores e só querem um pedaço de terra para viver. No entanto, os representantes deles são pessoas que se beneficiam dessa maioria em causa própria. Ou seja, será que a causa é mesmo importante e visa ajudar os pobres?
OUTRA DISTORÇÃO, SE VC CONHECE UM QUE AGE ASSIM DENUNCIE, POIS CONHEÇO MUITOS OUTROS QUE AGEM EM TOTAL ACORDO COM A FUNÇÃO QUE EXERCEM.
HENRIQUE - DIRETO DO MAFUÁ
Postar um comentário