sexta-feira, 13 de maio de 2016

BAURU POR AÍ (126)


DUÍLIO E ALGO SOBRE NÓS, OS ENFARTADOS (E OS EM VIAS DE) PELA FALTA DE JUSTIÇA – RESISTIR É MAIS DO QUE PRECISO*
*Uma ODE a todos os que resistem, não só em condições favoráveis, mas também nas adversas condições, como as que adentramos desde ontem.


Num momento como o vivido hoje, dia 13/5, um dia após o Golpe ser consumado no país, agora com um Governo só de Machos (sic) assumindo o Palácio do Planalto, sexta-feira treze e dia da Libertação dos Escravos, somente algo me conforta diante de tanta angústia: escrever dos amigos e dos que não abandonam a cancha de luta por nada nesse mundo. Eis um deles e algo de sua longa história de vida, e também de luta.

Duílio Duka de Souza é um baita de um amigo e um neguinho arretado de bom, mesmo sendo de estatura mediana e corpo franzino. Carapinha esbtranquiçada, já com mais de 60 no lombo, o danado se aposentou como professor, anos de devotada militância, diretor da Apeoesp e ao fazê-lo, eis que a sogra adoece. Ele e a companheira Rosana bandeiam-se para Botucatu, terra da esposa e sogra. Cumpre sua sina, longe dos seus, nunca da luta. Como bom esgrimista, a vida continua e foi o danado assuntar na qualidade de forasteiro como se processa a política nas bandas mais frias do estado. Começa a assuntar as coisas, cria muitos casos e pela forma como se envolve com a luta pelo lado certo dessa vida, acumula sempre um tanto de problemas. Chega ao enfarte, quando assunto a todos. Segue a risca as recomendações médicas, dieta balanceada e tudo volta à “quase” normalidade. Só não volta por completo, pois quem conhece o danado sabe muito bem não ser possível segurá-lo nas pernas. Ainda mais quando vai juntando os pauzinhos e diante de algo pelo qual não concorda, acaba se expondo e combatendo os dragões da maldade com as armas que possui, a verve da fala e da escrita. Na grita contra desmandos de vereadores daquela cidade acabou sendo até levado para a delegacia. Os ditos “donos do poder” sempre se fazem presentes agindo com truculência e calando os que denunciam irregularidades usando da força, impondo as condições de proteção do estado capitalista. Ele um junto lutador contra as perversidades vistas a olhos nus. Quando muitos se omitem, fingem não ver para não ter problemas, meu dileto amigo vai de encontro a elas. Tentam calar o neguinho de todas as formas e jeitos, mas ele não se verga. E o corpo padece.

Um outro amigo, tempos atrás, conta uma história dessa passagem do Duílio por Botucatu. Estava esse amigo numa reunião na capital paulista e o oponente ciente dele ser de Bauru, se aproxima e pergunta se conhece algo de um sujeito que está a barbarizar sua cidade, um quehavia chegado há pouco tempo e já causava problemas mil por lá. Quando declina o nome do criador de problemas naquelas hostes, eis o nome de Duílio. O danado não para um só instante. Trégua, nem pensar. Ciente de estar diante de algo merecendo ser denunciado, ei-lo na frente da questão. Recebo ligação dele dias atrás. Está quase branco de tão revoltado. Descolore a cada investida dos golpistas, que nem coragem de assumir o que fazem possuem e se fingem de democratas e alegam possuir base legal para as barbaridades contra a democracia. Sua revolta começa lá onde hoje mora. Um prefeito tucano, reeleito e com um irmão deputado, todos fazendo e acontecendo, com apoio quase irrestrito de uma Câmara de Vereadores fechando questão sobre tudo quando o assunto são os atos do prefeito. Duka não se segura e investe pesado, grita, esperneia, morde e não assopra de jeito nenhum. Nessa conversa me diz: “Não vou dar tréguas para esse pessoal. Se o pessoal da esquerda daqui fica quieto, é omisso, tem medo de por a cara a tapa, eu não tenho e estarei denunciando cada ato irregular que constatar por lá”. E faz isso, indo a cada sessão da Câmara, criando problemas. Tem gente que já corta volta dele nas ruas, abaixa a cabeça quando cruza com ele e não mais lhe dirige a palavra.

Gente como Duílio tem mesmo uma grande probabilidade de ter enfartes, problemas cardíacos variados e também com os brutamontes de plantão. Esse meu amigo tem um lado e dele não se afasta. É como aroeira, verga mas não quebra. Quando vejo o que aconteceu ao país ontem, quero cada vez mais estar ao lado de gente como o Duílio, mesmo que as condições sejam as mais adversas. Somos daqueles a acreditar que o povo, principalmente agora nesse momento, quando perceber o tamanho do baú de maldades que os novos (sic) governantes estão a aprontar sobre suas cabeças, terá que reagir, virar a mesa e restabelecer a normalidade. Ele e os que agem buscando realmente o fim da corrupção, o fim dos desmandos, o fim dos privilégios, das malversações, da cruel exploração do homem pelo homem, da reinante hipocrisia, somos pessoas inquietas e revoltadas, pois nada é pior do que ver a injustiça prevalecer. Escrevo hoje desse meu amigo, o velho Duka, um dos que mais prezo nessa vida, desses poucos pelos quais ponho a mão no fogo sem medo de me queimar, pois no exemplo dele é que me espelho para continuar lutando, numa batalha que toma a vida da gente por inteiro. Enfartes são só parte da conspiração contra quem atua desmedidamente, sem medo, sem tregua, sem receios, sempre com muita convicção. Essa ODE a esse dileto amigo vale para tantos outros e a eles todos dedico essas mal traçadas linhas, na esperança de que na continuidade da luta um dia iremos vencer e vergar os poderosos, os donos do poder desse país. Viva DUKA e todos nós, os que não sevendem, nem entregam as armas. A luta continua, ainda mais agora, motivos não nos faltam para nãoestar só em vigília, nem de prontidão, mas em estado de combate. Resistir é mais do preciso e gente como Duka são os tais imprecindíveis desse mundo. Tenho a felicidade de conhecer e estar ao lado de alguns desses.

Querendo tomar conhecimento do que já escrevi desse velho macanudo no blog do Mafuá, cliquem a seguir, mas não se espantem, pois são páginas e páginas: http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search?q=du%C3%ADlio+duka
Esse quarteto trabalhou junto na Cultura Municipal: eu, Duílio, Vinagre e Sivaldo, de 2005 a 2008, belas recordações.

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