terça-feira, 17 de janeiro de 2017
ALGO DA INTERNET (124)
“EU, DANIEL BLAKE”, O PETARDO DE LOACH – PROCURAR EMPREGOS QUE NÃO EXISTEM - Texto de Juremir Machado, recebido via email de Pasqual Macariello, Rio RJ* * Hoje, desculpem, não estou em condições de escrever nada. No máximo, copio esse texto e aqui reproduzo. Um filme inglês retratando a socialização da invisibilidade, essa doença gravíssima que acomete a todos hoje em dia vivendo em países capitalistas, com aprofundamento neoliberal. Numa resenha que havia lido em Carta Capital, algo mais sobre sair chorando da sala de exibição desse filme: “Impossível não chorar assistindo esse novo filme de Kean Loach. A questão é: você chora por você mesmo, chora por causa do seu humanismo incontrolável ou chora porque sabe que tentar deter os planos de extermínio dos mais vulneráveis é como enxugar gelo em Ipanema”. Cliquem a seguir e assistam o triller: https://www.youtube.com/watch?v=ob_uqy1aouk.Comentários de quem assistiu: https://www.youtube.com/watch?v=7nsrc-bM-1Y. No youtube já existem versões completas em espanhol, tente e se conseguir alguma em português me avise, porquer de uma coisa tenho absoluta certeza: esse não vai passar nos cinemas de Bauru. Leiam o texto recebido:
Em 1995, participei de uma entrevista coletiva, na Europa, com o cineasta inglês Ken Loach.
Achei que ele exagerava no melodrama naturalista, requentando Zola e outros escritores do século XIX.
Passados mais de 30 anos, só posso dizer que Loach estava mais do que certo.
Fui ver “Eu, Daniel Blake”, seu último filme.
A gente sai do cinema destruído, arrasado, em lágrimas, indignado.
Dá vontade de dizer uma única coisa: que droga de vida!
A palavra é outra, mas o espaço aqui é familiar.
É a história de um operário que sofre um ataque cardíaco e precisa recorrer à seguridade social.
A perícia, no entanto, foi terceirizada e não tem interesse em que ele receba o benefício.
A burocracia captura Daniel e o reduz à miséria.
Resta-lhe, embora proibido pelo médico de trabalhar, recorrer ao seguro-desemprego, mas para isso ele precisa provar que procura emprego, mesmo sem poder aceitar. Nessa luta, ele encontra uma jovem, com dois filhos, que mergulha no desespero tentando vencer a mesma burocracia, a fome, o sistema, a insensibilidade e a brutalidade do capitalismo.
Resta-lhe a prostituição.
Sei que estou praticando um spoiler brutal.
Ver o filme é outra coisa. Devastador.
É assim: para recorrer da negativa de benefício, Daniel precisa antes receber um telefonema do perito, que não acontece. Um homem que sabe fazer tudo, menos mexer em computadores e navegar na internet, afunda na insegurança.
Até a morte. Tudo isso acontece para preservar as contas do sistema.
No caso brasileiro, precariza-se a vida do trabalhador para preservar os incentivos fiscais milionários a empresas necessitadas como Gerdau, Philip Morris, Eucatex, Videolar e tantas outras beneficiárias da guerra fiscal.
Ao final da exibição, aplausos, emoção e gritos:
– Fora, Temer!
Por que será?
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