sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

FRASES DE UM LIVRO LIDO (110)



A SAGA DE ‘DOIS IRMÃOS’ NA TV E ALGO BEM BAURUENSE DA BARBÁRIE CAPITALISTA ENTRE IRMÃOS – A VIDA IMITA A ARTE E VICE VERSA
Agruras do capitalismo me interessam. De vez em sempre junto histórias das muitas malversações promovidas pelo sistema que, inevitavelmente vive de um pisar no outro. Para o sucesso de uns poucos, evidente que milhares terão que padecer. A conta nunca fecha. Esse o capitalismo, ou seja, o reduto onde impera o tal do abominável “deus dinheiro”. A história aqui contada hoje me foi relatada numa fila de banco por um famoso comerciante dessa cidade, desses que além do seu negócio comercial, conseguiu amealhar ao longo do tempo terras e mais terras. Vive com a mão bem fechada e me contou (meu irmão estava junto e presenciou a conversa) algo das desavenças com seus irmãos. Interessante isso da disputa dentro do seio familiar. Quando ocorre, me parece mais fratricida do que com estranhos.

Antes de contar a tal história bauruense (sem identificar sua procedência, ou seja, fica o dito pelo não dito), falo de algo que a TV Globo estará apresentando aos seus telespectadores (eu não mais) a partir da semana que vem, o início de mais uma minissérie, dessa vez “DOIS IRMÃOS”, baseada no famoso livro do amazonense Milton Hatoum. Eis uma breve resenha dessa linda obra tupiniquim: “Milton Hatoum produz um drama familiar em cujo centro estão dois filhos de imigrantes libaneses: os gêmeos Yaqub e Omar. O enredo do romance trata, basicamente, do (não) relacionamento entre os irmãos. (...) Narrado em primeira pessoa, a história se passa em Manaus de 1910 a 1960. Os dois irmãos nunca se entendem, até que Yaqub é obrigado a ir para o Líbano. Quando volta, cinco anos depois, sente-se deslocado dentro de sua própria família, enquanto as intrigas continuam. Aliás, o sentimento de deslocamento é o que sustenta a narrativa, e traz o drama familiar para a esfera do universal.”.

Basicamente isso, a desavença entre irmãos e uma briga mais do generalizada, disputa por bens, poder e conquistas, a maioria financeiras. Quem não conhece histórias desse tipo? Hatoum escreveu um épico e na TV ainda não sabemos como isso será retratado. Tudo começa vir ao ar na semana que vem. Aqui por Bauru uma história bem parecida ocorreu e outras tantas devem estar se desenrolando nesse exato momento, homéricas brigas para ver quem fica com a parte maior do espólio herdado. Comento abaixo em poucas palavras, entre aspas, pois tento ser fiel ao que ouvi ainda a pouco. Uma história de estarrecer.

“O negócio era de todos nós, mas eu trabalho mais do que eles, mereço mais. Suo muito para estar onde estou, eles nem tanto. Nossos negócios são separados, mas somos sócios, só não atuamos juntos. O meu sempre foi muito bem, soube tocá-lo adiante. O de meu irmão nem tanto. Eu acompanhei seu fracasso, dia a dia. Tentei ficar com a parte dele, não consegui. Ofereci o justo, mas não houve acordo. Aquilo também era meu, mas nem eu sabia de todos detalhes do que se passava na firma onde ele administrava, muito menos ele na minha. Mas previa, a dele não ia bem. Pedi para um funcionário meu, dia após dia, ir na firma dele e comprar algo barato, só para ter comigo a nota fiscal e lá o registro de sua numeração. Fiz isso durante muito tempo, todos os dias e assim sabia quantas notas ele emitia por dia. Tinha o balanço de tudo. Eu sempre vendi muito mais que ele. Sabia exatamente quando ele estava pra afundar e segurava as pontas para não deixa-lo quebrar de vez, isso sem ele saber, claro. Tinha medo de oferecer algo naquele omento e ficando com tudo, duas empresas. Imaginava se aparecesse na cidade um grande lojista, dessas redes e daí, quem se daria mal poderia ser eu. Intermediava tudo. Não consegui ficar com tudo e ele fechou as portas. Tento até hoje comprar sua parte em leilões e tudo sem ele saber, pois com ele nem converso. Minha loja continua aberta, a dele não, mas com o fechamento da dele, tudo foi desvalorizado e eu também perdi muito. Um dia aquilo tudo ainda será só meu, eu sei esperar”.

Essa a exata forma de vida capitalista, o modus operandi. Não existe parceiros, ou se existem, são todos pontuais, momentâneos, até o exato momento em que surge uma oportunidade de ter mais do que o outro. E dai, lhufas se do outro lado estiver um até então amigão ou mesmo irmão. “Dois irmãos” versa sobre algo nesse sentido e o relato que ouvi hoje é bem elucidativo disso tudo. De minha modesta parte, continuo mantendo minha vida aos trancos e barracos, com dificuldades mil para quitar meus penduricalhos, mas não querendo de jeito nenhum entrar em questiúnculas como da natureza da relatada aqui. Esse só mais uma das muitas histórias cruéis a envolver a disputa do dia-a-dia capitalista. Como ter tranquilidade diante disso tudo? Viver e deixar viver passa ao largo disso tudo. Deixa eu flanar, vai? É muito melhor...

O BRASIL É OU NÃO O PAÍS DA BARBÁRIE?
Entenda vendo Mino Carta anunciar a primeira edição do ano de 2017 de sua Carta Capital. Sim, por aqui o predomínio da mais insana barbárie. Direto do fechamento, ele comenta a edição 934 da revista, que começa a circular nas bancas, tablets e celulares com algo sobre a Barbárie no presídio de Manaus, onde mais de 60 detentos foram mortos. Assista: https://www.facebook.com/CartaCapital/videos/1336571736364237/ Logo a seguir um comentário bem bauruense, de Rufino Junior, via facebook demonstra como pensam hoje a média dos brasileiros a respeito do assunto: “Que aconteçam mais vezes essas rebeliões. Que morram todos os presos. Esses não merecem nossa compaixão ou preocupação, muito menos devemos gastar com eles. Se estão presos mereceram. Pessoas de bem não vão para cadeia.”.

Engulo em seco, quase vomito e sei, ele não está nada só.

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