quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

BEIRA DE ESTRADA (73)


DUAS HISTÓRIAS DO PÓS ENCHENTE EM BAURU


1.) FESTA TOMATISTA PÓS-ENCHENTE NO MAFUÁ
Foi na noite de ontem e após uma noite anterior de horrores pelos lados dos moradores todos da população ribeirinha, barrancas do ribeirão Bauru, eis um dia todo de rescaldo, trabalho pesado para deixar as modestas instalações do Mafuá em condições de receber o aval liberatório da Comissão de Frente Tomatista de Defesa Civil e recepcionar com a devida pompa e lastro os baguncistas juramentados do bloco farsesco, burlesco e algumas vezes carnavalesco Bauru Sem Tomate é MiXto, para mais uma festa pré-carnavalesca.

Dessa feita um algo mais, a presença de observadores internacionais, quatro italianos e uma russa, constatando a seriedade da votação ocorrida na festa para o Prêmio Desatenção 2016, a mais nova comenda tomatista, dessa feita, sem nenhum tipo de jabá e concessão. Feita na base do chapéu, onde cada presente votava em alguns nomes ou outros, dentre os muitos a danar essa varonil cidade, terra dita como dos "sem limites". O bloco acertadamente já havia escolhido como mote para o Carnaval 2017, o slogan "A Casa da Eny ainda é qui". Sim, essa casa foi o antro de prostituição brasileira, conhecida país afora pelos altos padrões putanescos e de cafetinagem. Hoje, a cafetinagem é bem outra, ou seja, muito mais danosa, pois seu alvo é o patrimônio público. A mamação das tetas públicas está estampada na arte feita brilhantemente por Fernandão Dias e com primeiras unidades entregues nessa festa, para deleite dos nada politicamente corretos presentes.

Com um mote deste, nada melhor do que o Prêmio Desatenção 2016, uma justa e necessária homenagem anual para personalidades (ou mesmo instituições) que desandaram com a coisa, provocando desinteria malemolente intestinal na conjuntura operacional no percurso institucional de 2016. Sacaram a profundidade do prêmio? É tudo isso e muito mais. Muitos nomes são levantados e gritados como candidatos natos. Uns alegavam que a escolha deveria ser feita por categoria e a cada ano os agraciados sendo renovados (ou até mesmo confirmados). Não houve tempo para tanto e nesse primeiro, a escolha se fez por nomes. Quatro deles foram sacramentados e serão justamente homenageados em festa a ocorrer no mês de fevereiro, antes da festa de Momo.

Por ora, uma festa pós-enchente, num local que no dia anterior estava cheio de barro e lama. 10 cm de barro adentraram o mafuá e ele foi devidamente maquiado, revigorado e recebeu a todos, sem que a maioria percebesse a embutida tragédia do dia anterior. O Mafuá bombou, lotou, extrapolou e tinha gente saindo pelo ladrão. Quer dizer, o motivador dessa reunião de pessoas é imantada, possui elo de grande valia e deve ser incentivada. Num próximo post estremos divulgando os nomes dos agraciados com o Desatenção e com uma breve justificativa de cada um deles.

Curtam as fotos do pessoal tomatista (agregados e convidados) e mais uma esbórnia consentida, preparativos para o Carnaval 2017.
Em tempo: 90% das fotos foram tiradas por Guilherme Reis.

2.) ALGO MAIS DA ENCHENTE – UMA FAMÍLIA COM NOVE CRIANÇAS NO MEIO D’ÁGUA
Sempre existe uma tragédia bem particular em cada evento como o da noite de segunda em Bauru. A chuva foi demais de grande, veio o mundo abaixo e daí, problemas mil, agravados por outros tantos encobertos, enrustidos, jogados para debaixo de tapete. Culpa de uns e de outros. Não entro aqui nesse mérito e sim, ressalto um caso dentre tantos a motivar a comoção popular. Bem aqui vizinho do mafuá, palco de uma tragédia anunciada e a cada tromba d’água o levantar de móveis para não se perder tudo. Quando a ponte da rua Inconfidência transborda, ou seja, a água não mais passa por debaixo dela, consequentemente é direcionada e com muita força para a lateral esquerda, sendo armazenada na quadra 1 das ruas Gustavo Maciel e da Aparecida. Esse o local de enchente no local. Se a ponte não for levantada ou destruída, sem solução. O leito do rio ali é cimentado e quando cessa a chuva, o barro que vem com o rio vai para dentro das casas dos "ainda" moradores do local.

Conto a história de um deles. Triste e que viralizou nas redes sociais e TV. Não os quero identificar e sim o drama e um algo mais. Uma família está morando no local a pouco menos de um ano, ou seja, depois da enchente do ano passado, exatamente na rua Aparecida nº 1-22, local bem baixo, casa boa, muitos cômodos, porém rente à rua. Ali enche e muito. Dessa feita no mafuá entrou 10 cm de água barrenta e bostenta, na casa citada quase um metro. Foram pegos de surpresa, com a subida rápida e com o agravante da sujeira e do cheiro. Essa família mora ali e paga aluguel, contrato feito na imobiliária Guta Vicentini, localizada na rua Antonio Alves 15-15. A família tem um algo lindo, sempre conviveram com muitas crianças, deles mesmo e adotadas.
Hoje estão com nove, todas pequenas e em idade reduzida. Pagam R$ 1 mil de aluguel. Foram avisados dos riscos pela imobiliária quando do contrato? Pelo que sei existe lá uma dica dizendo ser ali área de risco e só. Conversando com a dona da casa, ela diz que a avisaram que poderia ter água na área e quintal, nada aviltante. É do conhecimento até das pedras do reino mineral que ali a enchente bufa.

A tal família perdeu tudo e nesse momento a mobilização por eles é geral. Ótimo isso. Mas quem irá reparar outras perdas. Vamos a elas. A revogação do contrato pode ocorrer sem multa, parece que já se prontificaram com isso. Pode ser reduzido? Contratos nesses locais deveria ser merecedores de outro tipo de atenção, algo bem fora do negócio comercial, mas também olhado pela lado humano. Isso ocorreu? Pelo que sei a família está sendo bem assistida, pois vejo por ali durante boa parte do dia gente da SEBES, CIPs, entidades religiosas e muitos, mas muito mesmo, particulares. Estabeleço aqui a outra discussão e nela gostaria de ouvir a posição da imobiliária sobre tudo o que foi aqui levantado. E se estão aptos a também auxiliar os moradores, eles e o proprietário do imóvel? Já da solução para a enchente, a mais imediata é a demolição (implosão) da ponte e já que o prefeitoi Gazzeta se diz adepto do símbolo com uma MARRETA, acredito mais propício ela ser acionada aqui na ponte e para o bem de toda a população ribeirinha moradora nessas imediações.
PS.: Eu perdi, acredito (toc toc toc), um CPU de computador e nele algo consistente de minha tese de mestrado. Pouca coisa diante de tudo o mais.

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