quinta-feira, 28 de maio de 2020
ALFINETADA (191)
AMOLECER OU EMDURECER – SEM PERDER A TERNURA JAMAIS... Escrever diariamente e publicar esses textos mafuentos é algo complicado. Nem todo dia a inspiração está conspirando a favor. Tem dias em que todos te elogiam e te colocam num quase pedestal, noutros muitas veladas críticas, algumas até por debaixo do pano, com ajuda para lhe cravarem a faca nos costados. Eu estou aqui neste espaço desde 2007, com publicações diárias, possuo um lado, dele não me afasto e pago o preço pelo que escrevo. Não tenho receio de colecionar amigos, adversários, inimigos e até alguns me esperando na esquina para me dar uns tapas. Em outros, confesso, muitos me esperam também para um fraterno abraço. Nada mais me intimida. Aos quase 60, vivendo neste país hoje quase sem nenhuma esperança, sobrevivo assim, aos trancos e barrancos, com algo aprendido ao longo dos anos: não dá mais para contemporizar com quem age e conspira contra os preceitos mínimos de um mundo, onde até bem pouco tempo vivíamos sem maiores problemas, mas daqui também há muito pouco tempo, poderemos estar diante de perseguições, justamente por querer continuar o espírito livre, leve e solto.
A tal da TOLERÂNCIA ZERO faz parte hoje do meu jeito de ser. Perdi a paciência em tratar bem quem me apunhala. Vejo muitos com caras de bonzinhos, chegam até de mão estendida, rindo com aquela cara montada para a ocasião, mas pelas costas professam uma ideologia que me quer morto, daí me pergunto: por que devo continuar amenizando para esses e pegando leve? Cansei. Esse mundo internético escancarou muita coisa e tudo está mais do que explícito. De que adianta o cara se fazer de bonzinho, com algumas ações sociais, mais quer um mundo excludente, onde só o lado pelo qual sua cabeça viaja deva sobreviver e dar as cartas. Para os que perderam a noção, hoje encontraram outros iguais a eles pelas redes sociais e curtem, compartilham e ajudam a promover a desestabilização de um mundo justo. Não tenho receio nenhum de expô-los, pois já estão expostos, suas falas, escritos, curtições estão aí para quem quiser ver. Escrevo de todo mundo com a liberdade que sei administrar. Meço muito bem o que escrevo, sou até comedido, mas assim como elogio muitos e sou paparicado quando o faço, escrevo também para alguns de forma dura, pois seus posts e postura de vida se mostram não contra o que penso, mas contra o modo sociável de viver em comunidade.
Por que vou pegar leve com o cara que canta na noite todos os caras da MPB, mas posta que “precisamos boicotar esses cantores comunistas”? Vou na veia dele, pois é hipócrita. Continua cantando todos, desde Chico a Gonzaguinha, mas lá em seus posts prega contra o que esses dizem em suas letras. Como posso apoiar alguém como esse promotor aposentado, que dias atrás fez uma defesa numa carta ao jornal afirmando, “tudo o que Bolsonaro faz é ótimo para o país, continue”? Ele apoia todas as medidas favoráveis ao que pensa. E só. E foi promotor, esteve em tribunais e julgou semelhantes. Hoje mesmo, na mesma Tribuna do Leitor do JC, um outro defende o atual ministro da Educação, que diz que tem que prender e matar todos os contrários ao Bolsonaro, “começando pelos ministros do STF”. Dá para pegar leve com um cara desses? Esse tipo de gente é um atentado contra o Estado de Direito e não me contenho em coloca-los no seu devido lugar. Outro que se faz de bonzinho, o presidente do SinComercio, Walace Sampaio, que num texto anteontem jogou pesado contra todos os que querem tentar se manter vivos daqui por diante: “Chegou o grande dia para Bauru!”. Devo fazer vista grossa para gente assim?
Um desses que se fazem de bonzinhos, outro dia tive que lhe responder pelo reservado: “Seu M. por favor, se o senhor como pobretão como nós todos, resolveu ficar a defender ricos e os que nos fodem a nossa vida, a escolha é só sua, mas vir encher o saco em minhas publicações, expor sua doença em defender golpistas, peço que caia fora, pois serei obrigado a ser mal educado contigo. Detesto os que ainda não sacaram das sacanagens que estão a fazer conosco e defendem golpistas. Caia fora o quanto antes, vá procurar sua turma, bem longe daqui”. Esse até dias atrás não caiu fora, continuando me enviando posts com montagens cheias de fake News. Cravei algo contra ele e me pediram calma. Devolvo: eles possuem calma para conosco? Nenhuma. E por que deveria ter para com eles? Ah, vivemos um momento onde o confronto será inevitável e assim sendo, não será passando a mão na cabeça de defensores da ditadura que iremos sobreviver. Sou assim e pronto. Chega de pegar leve com quem não merece. Quem consegue se arrepender e enxerga a cagada onde se meteu, tudo bem, mas quem ainda segue cego, a defender a insanidade em curso, esses são irrecuperáveis.
DE ALGUNS, PENA NENHUMA E TOLERÂNCIA ZERO, MAS DE OUTROS, MUITA PACIÊNCIA E CONVERSA Saio para ir na padaria e no caminho encontro com velha conhecida da região, uma senhora de 66 anos, empregada doméstica aqui perto de onde moro. Ela vem todo dia lá do Jaraguá, dois ônibus, todos lotados, tanto na ida como na volta, continua trabalhando, mesmo estando na idade considerada como de risco em tempos de pandemia. Evangélica, caminhamos juntos pela calçada.
- E aí, não dispensaram a senhora até agora. Continua tendo que vir todo dia?
- E posso reclamar? Não tenho esse direito, eles, os meus patrões são muito bonzinhos comigo. Reduziram meu horário, agora posso chegar até no máximo 9h e saio por volta das 16h, para não pegar o horário de ônibus lotado, mas minha rotina fora isso não mudou nada.
- E esse vírus, hem! Quando vai acabar?
- Esse não é vírus de pobre e sim de rico. Pobre continua se esfolando, indo e voltando ao trabalho, com menos ônibus, com ou sem máscara, mas não deixando de bater cartão e cumprir sua missão no mundo. O que me salva é meu Deus, ele me protege, nada mais. Peço muito a ele e não entrego os pontos. Tenho amigas que os patrões pediram para não vir, mas já não estão recebendo o mesmo valor. Outro disse para ficar em casa e quand otudo normalizar volta a chamá-la e daí, volta a pagar. Como não era registrada, ensinou ela a fazer o cadastro para receber os R$ 600 reais e assim ganha menos da metade do que ganhava. Eu não posso fazer isso, pois minha filha está desempregada e tem minhas duas netas.
- E na igreja tem ido?
- Não tenho, mas o pastor lá do bairro, ele é muito gente fina. Ele passa em casa, conhece meus horários, ele vai lá e o seu continua reservado, pois a obra não para.
- Que obra é essa? Ele está fazendo ação social de ajudar os frequentadores com dificuldade?
- Ele diz que não faz porque não consegue, a igreja é muito pequena e os custos são altos. Nesse mês, disse que muitos que estão parados deixaram de contribuir e me pediu se não podia dar um pouquinhoi mais, pois eu não parei. Ele é tão bozninho, eu dei, pois sei que ele ora por mim e pelos meus.
- E esse Governo, que coisa, né, não faz nada pelos pobres. A TV diz que ele está perdendo a confiança de quem votou nele.
- Eu não perdi, pois quem me orienta, o pastor, me diz sempre que estão armando contra ele e ele só quer o nosso bem. Eu acredito, pois lá na casa do meu patrão, a TV fica ligada o dia inteiro nessa TV Globo e eu me arrepio, pois só fala de morte e de gente trancada, enquanto eu estou bem viva, protegida e só vejo gente trancada aqui nesse bairro, lá no meu, muito pouca coisa mudou.
Chegamos na padaria e como todos por lá me olham meio atravessado, mudo de assunto, compro meu pão, pago, me despeço dela e volto pensando em como a gente vai mudar isso tudo que enfiaram na cabeça das pessoas mais simples. Algo precisa ser feito, mas como demonstrar,sem ofendê-la que ela está sendo enganada por tudo e todos?
OBS.: As fotos são meramente ilustrativas.
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Um comentário:
Mesmo com toda positividade ,e boa vontade pela vida (que é lindaaaa!!)o mundo ,está ficando adverso dos poetas ...dos artistas e loucos no geral!!!Pero endurecerse hay que...!!
Maria Vera Prestes Pereira
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