domingo, 10 de maio de 2020

CARTAS (216)


UMA DO GAROEIRO E DUAS DE MINHA LAVRA
1.) O CAPITALISMO NATIVO PRECISA ENTENDER QUE PERDER FAZ PARTE DO JOGO - A força da pandemia, CARTA de Jeferson Barbosa da Silva - Garoeiro - Tribuna do Leitor, Jornal da Cidade, edição de hoje, domingo, 10.05.2020

É mera ilusão alguém achar que seu negócio irá escapar da quebradeira quando ouve dicas, sugestões e falsas soluções de pretensiosos sujeitos desinformados. Essa falácia de abertura de lojas como afronta ao protocolo mundial de amargo isolamento e resguardo é inaceitável perigosa proposta. Nem serve para promover episodicamente a economia nem garante uma volta daquilo que não pode voltar. O vertiginoso desenvolvimento do capitalismo atual, em sua etapa avançada de imperialismo transnacional, produziu um gigantesco emaranhado de meios e formas de produção como jamais imaginado.

Na medida em que a recomendação historicamente acertada da saúde pública impulsiona distanciamento social com ênfase no isolamento domiciliar, para evitar o colapso da rede de atendimentos, murcha, definha-se, tende a zero a atividade econômica. No comércio de atacado e varejo, principalmente. A Organização Internacional do Trabalho, departamento das Nações Unidas, acaba de relatar que mais de 400 milhões de empresas estão quebrando, no mundo, por conta da pandemia. No comércio, são 232 milhões as que já estão condenadas. Warren Buffett, o bilionário americano publicou no Washington Post de 2 de maio de 2020 o relatório trimestral de seu conglomerado gigantesco. O negócio dele está calçado num patrimônio de 73,5 bilhões de dólares - a Berkshire Hathaway - cujo prejuízo causado pela pandemia, até março de 2020, alcançou 67,6% do bolo, ou seja, US $ 49,7 bilhões. Que fazer? Raivosas carreatas, certamente, não! "Você só pode pretender ganhar a guerra se conseguir conhecer o seu inimigo", reza o velho preceito. Ninguém no mundo, até hoje, estudou com profundidade e verdade o capital, melhor do que Karl Marx. John Maynard Keynes, o grande economista britânico nasceu 16 anos depois da publicação de O Capital, de Marx, e em sua obra áurea, de 1936, "Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda" nada formula que pudesse remeter a Marx.
Nos meus estudos de há muitos anos atrás, ficou-me a ideia de que para Marx - especialmente no Livro I - dois mais dois é igual a quatro, enquanto que para Keynes, pé no chão com as crises e as quebradeiras gerais, dois mais dois é igual a quatro, mas, pode ser que seja cinco, também. É que ele conseguiu construir toda uma teoria econômica capitalista a partir do conceito de uma única palavra: "propensão". "Esse resultado 4 pode apresentar propensão de ser um três, ou, melhor ainda, um cinco".
Propensão de gastar, ou propensão de poupar. Divergências a parte, para ambos não poderia haver uma economia capitalista, sem o Estado, contra o poder estatal, pilar mestre das relações e dos processos. O que estão tentando, a um custo estratosférico, hoje, no Brasil, é a pretensão de instaurar um regime capitalista tanto quanto possível, sem o Estado, contra a União. Com a imposição de inesperadas rigorosas contingências introduzidas pela pandemia do covid-19, o feitiço vira contra o feiticeiro, e a falta de Estado passa a ser o abismo final. Quem dos que vivem o desespero da quebra foi cobrar da União algum regalo?
Marx e Keynes estariam debochando desses 'economistas' picaretas que se acham, que passaram longo tempo defendendo estado mínimo, livre iniciativa, livre mercado e não têm, agora, mais o que dizer. Sem deixar escapar, entretanto, que perder faz parte do jogo...
OBS - Aqui o link da publicação:

https://www.jcnet.com.br/opiniao/tribuna_do_leitor/2020/05/723327--a-forca-da-pandemia.html

2.) TEMPOS DA PESTE - Saiu na edição deste mês, maio 2020, revista Piauí:
A piauí_163, abril, chegou mais cedo nas bancas aqui em Bauru, até estranhei, mais gordinha, bem do jeito que estávamos precisando, os em convalescença, retidos/detidos em quarentena. Estava ótima, de cabo a rabo, porém não deu pro cheiro. Foi devorada em questão de dias. Pudera: trancafiado, a leitura nos embala. Legião igual a mim deve estar se esbaldando. Lembro de minha orientadora no mestrado, dois anos atrás, quando lhe disse: “Compro revistas e não leio, coleciono. Gosto delas, linha editorial, um dia as lerei.” Ela olhava pra mim e dizia: “Desapega. Esse dia não chegará. O que passou, passou; vai acumular papel e nunca mais vai ler.” Ela não previa a quarentena. Contei, eram treze edições porcamente lidas, textos pulados, lia o que dava. Hoje, 21 de abril, já li todas, devorei, degustei, me lambuzei e estou como aquele bicho insaciável acoplado em mim, querendo mais e mais. Fui no site, descobri novos textos. Ótimos, todos de alguma forma ligados ao tema da peste. Foram devidamente devorados. As demais revistas tiveram o mesmo fim. Enfim, coloquei toda a leitura atrasada em dia. E agora, diante da possibilidade disso durar mais uns meses, claro, livros e mais livros, mas fica sempre aquele gostinho de quero mais para com a piauí. Minha modesta sugestão: durante o período de pandemia, duas edições por mês, quiçá semanais. Nada como revistonas gordas de quinze em quinze dias. Nessa de abril, eu poderia citar vários textos do meu agrado. Parabéns pelo conjunto da obra, assim no atacado. Gostei demais da conta.
Eis o link da publicação: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/fica-sempre-aquele-gostinho-de-quero-mais-para-com-piaui/


3.) NIRLANDO, ALDIR, MIGLIACCIO... UFA! - Saiu editada na edição desta semana da revista Carta Capital, nº 1105, nas bancas:
A lista só cresce. Rubem Fonseca, Aldir, Migliaccio são perdas irreparáveis, grande monta, mas quero aqui em Carta Capital escrever de Nilrlando Beirão, pois com ele aqui convivia toda semana. Eu, na qualidade de leitor, me considerava seu parceiro, alguém por quem dividia angústias, encontrando em seus escritos o atendimento de clamores pessoais. Jeito refinado de escrever, só dele, no ponto. Degustava tudo em estado de puro êxtase. Começo a leitura da revista com o editorial do Mino e já pulava pro fim, encontrando no QI, aquilo que no futebol chamamos de passe de mestre. Mino levantava a bola e o Nirlando sapecava sem perdoar. Caçapa sempre. A gente perde o jeito quando duplas assim são desfeitas. Sentirei falta imensa, principalmente pelo peculiar trato com a língua. São as tais peças insubstituíveis, mas a roda gira e assim como quando Sócrates se foi, souberam encontrar Afonsinho, outro mestre no ofício. Sabemos, nada será como antes, mas para (quase) tudo existe um alguém. Na modestia de leitor atento, sei que Nirlando ficaria contente em ver ocupando seu espaço no QI o já colunista Alberto Villas. Se ele regatear, promovam alternância, cada semana um: Villas, Eric Nepomuceno, Fernando Morais e Gilberto Maringoni. O QI não pode perder o pique. Mino precisa ter com quem bater bola e assim, mesmo com a ausência do primoroso texto, um substituto à altura e CC continuará minando, dia após dia, a resistência da insanidade querendo tomar conta deste país. Não desistam...


OUTRA COISA
1.) O MOTIVO DE NÃO DIVULGAREM O VÍDEO
Bolsonaro, como já é sabido até pelas pedras do reino mineral é incompetente, despreparado e perigoso, miliciano e atentando contra os interesses nacionais. Está se recusando a entregar o tal vídeo de reunião ministerial por um motivo bem simples, ele e os seus destilaram o ódio à China, hoje nosso maior parceiro comercial. Estamos por um fio, como conversava ontem com o amigo jornalista Aurélio Fernandes Alonso, para os chineses se encherem de nosso posicionamento os atacando e interromperem todas as compras destes com o Brasil. Para a China, simplesmente uma troca de fornecedor, mas para o Brasil o caos se instalando, pois todo o agronegócio e afins, boa parte da classe empresarial estaria adentrando o que chamamos de zona vermelha, ou seja, produtos sem comprador. Na continuidade desse discurso totalmente sem fundamento desses incompetentes, o país sairá mais uma vez perdendo e o descrédito, hoje já imenso, estará se aprofundando. Quando mais precisamos dos chineses, pois os EUA se fingem de amigos, mas só nos apunhalam, me parece que ficaremos em breve chupando os dedos em com respeito aos acordos com os chineses. Outro ponto, a fala desse também incompetente ministro da Educação, que no caso dele, é de desEducação, deste feita desafiando ao vivo e a cores, na presença de outros ministros de Estado, todos calados, ataques contra as instituições, como o STF, Câmara dos Deputados e Senado Federal. Se tudo isso não é motivo para um impedimento, talvez só mesmo com um levante, uma insubordinação dos ainda conscientes para retomar e devolver esse país a caminhos salutares. Pra mim já deu, estou pronto para resistir... EIS O LINK: https://www.ocafezinho.com/2020/05/08/video-que-planalto-nao-quer-mostrar-traz-bolsonaro-xingando-china-e-weintraub-chamando-ministros-do-stf-de-filhos-da-puta/?fbclid=IwAR2ohjdKLg3dQOSCMNsV9y2yLr8nzlAH-eqprmkHmxzkCwCmwJmOkgBZMKY

2.) ONDE ESTARIAM OS MILITARES NACIONALISTAS?
Estão em falta, pois estando alinhados e perfilados com o que Bolsonaro faz com o país, deixaram de lado algo que antes se apregoava ser uma se suas maiores virtudes, o nacionalismo. Num dos desGovernos mais entreguistas em toda sua História, o Brasil padece também de uma linhagem de militares pensantes, pulsantes na defesa dos interesses nacionais. Olhamos para trás e constatamos que poucos tiveram realmente esse ímpeto, porém, mesmo no advento dos tristes anos da vigência do golpe militar, algo se sobressaia, os militares defendiam o patrimônio brasileiro, o território, hoje não mais. Ou seja, pioraram. Pudera, com um patrono do Exército como o Duque de Caxias, dizimador de um povo soberano na Guerra do Paraguai, não se pode esperar muita coisa. Ontem foi o dia de conversar com o amigo jornalista Aurélio Fernandes Alonso. Falava a ele do histórico dos militares e tentava buscar na memória algum que representasse de fato a defesa do panteão nacional, desabrido contra os que investem contra nossas riquezas. Falavámos do mago Golbery, mas esse, mesmo fazendo algo que hoje nenhum dos atuais fardados fazem mais, que é manter diálogo com a oposição, até com representantes da esquerda, não era bem o que buscava citar com exemplo. Por fim, me lembrei de um, solitário marechal de saudosa lembrança, anos 50/60, Henrique Teixeira Lott. Esse tinha de fato um comprometimento com a Constituição e com a legalidade, chegando a enfrentar outros fardados dentro da corporação, até para garantir a posse de presidentes. Jucelino e Jango que o digam. Falta isso aos de hoje e quando se observa, cada vez menos oficiais dispostos a seguir o legado de Teixeira Lott, uma só certeza, estamos de mal a pior, daí para os atuais estarem ladeando o Senhor Inominável, nenhuma supresa. Quiçá teria sido único? Saudades do Lott!!! EIS O LINK: https://www.cartacapital.com.br/politica/partido-militar-controla-o-brasil-mas-nao-controla-o-bolsonaro/

3.) SER CORINTIANO É SEMPRE MOTIVO DE MAIOR ORGULHO
Ainda mais agora, botando pra correr o bando de fascistas da avenida Paulista. Cada dia mais corintiano e anti-bolsomínion. EIS O LINK: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/torcida-corintiana-agradece-os-elogios-por-afugentar-os-fascistas/?fbclid=IwAR3QngKB-Sylx9lKaamFtC428VlYKCmKEsjMDBr_56XYPagk1Q3FMoFKQUU

Um comentário:

Mafuá do HPA disse...

UM MOMENTO PARA ESPAIRECER...

Nas bancas (as ainda abertas e sobreviventes), a última edição da revista mensal Piauí, maio/2020, com mais uma capa pra lá de boa. Essa revista é para que gosta realmente de ler, textos longos, algo marcante nesses tempos, onde as publicações definharam em todos os sentidos. Leio de cabo a rabo, de capa a capa, ou melhor, agora na querentena consigo ler inteira. São quase 100 páginas de boa pegada e na deste mês, um algo deste HPA. Com a edição do mês passado, eu cá trancado, li quase numa só talagada e ao me ver querendo mais, escrevi para a revista e a carta sai em destaque na edição deste mês, a primeira da fila, publicada na íntegra e com três jocosos e saborosos comentários espalhados na seção de Cartas. Eis a carta:

"A Piauí_163, abril, chegou mais cedo nas bancas aqui em Bauru, até estranhei, mais gordinha, bem do jeito que estávamos precisando, os em convalescença, retidos/detidos em quarentena. Estava ótima, de cabo a rabo, porém não deu pro cheiro. Foi devorada em questão de dias. Pudera: trancafiado, a leitura nos embala. Legião igual a mim deve estar se esbaldando. Lembro de minha orientadora no mestrado, dois anos atrás, quando lhe disse: "Compro revistas e não leio, coleciono. Gosto delas, linha editorial, um dia as lerei". Ela olhava pra mim e dizia: "Desapega. Esse dia não chegará. O que passou passou, vai acumular papel e nunca mais vai ler". Ela não previa a quarentena. Contei, eram 13 edições porcamente lidas, textos pulados, lia o que dava. Hoje, 21/4, já li todas, devorei, degustei, me lambuzei e estou como aquele bicho insaciável acoplado em mim, querendo mais e mais. Fui no site, descobri novos textos. Ótimos, todos com algo tendo como tema a peste. Foram devidamente devorados. As demais revistas tiveram o mesmo fim. Enfim coloquei toda leitura atrasada em dia. E agora, diante de algo que prevejo possa durar mais alguns meses, claro, livros e mais livros, mas fica sempre aquele gostinho de quero mais para com a Piauí. Minha modesta sugestão: durante o período de pandemia, duas edições por mês, quiçá semanais. Nada como revistonas gordas de quinze em quinze dias. Nessa de abril poderia citar vários textos do meu agrado. Parabéns pelo conjunto da obra, assim no atacado. Gostei demais da conta".

A resposta: "Nota precavida da Redação: Gostaríamos de deixar claro para: (a) todas as autoridades sanitárias brasileiras: (b) a Organização Mundial de Saúde: (c) o CDC norte-americano: e (d) quem quer que mande lá na China que o NOVO CORONAVÍRUS NÃO FOI DESENVOLVIDO NA NOSSA REDAÇÃO COM O INTUITO DE CRIAR CONDIÇÕES IDEAIS PARA QUE A REVISTA PUDESSE SER FINALMENTE LIDA DE CAPA A CAPA, PRÁTICA QUE, DE RESTO, JÁ DEVERIA SER O HÁBITO DE TODA PESSOAS CIVILIZADA DESDE BEM ANTES DA PANDEMIA".

Não pararam por aí e na resposta para outro leitor, esse triste por ver a tiragem da revista diminuindo: "...Quando a quarentena passar, o Brasil e o mundo voltarão a ser inundados de exemplares da revista. Faltará celulose no mercado, até porque contamos com o entusiasmo do HENRIQUE PERAZZI DE AQUINO. Ele infectará Bauru com o vírus da Piauí, Bauru infectará São Paulo, que infectará o Brasil, que infectará o planeta. Bauru será a nossa Wuhan".

E por fim, para outro leitor, mais uma: "Confinamento - e falta de exercício - é uma maldição. A balança não mente: estamos engordando na quarentena. A Paiauí que você está segurando tem 94 páginas, DEZESSEIS a mais do que a dos mês passado. A continuar assim, dentro de uns meses o leitor precisará de um guindaste para ler a revista. Nem mesmo o HENRIQUE PERAZZI DE AQUINO será capaz de esgotá-la em um mês".

Fiquei lisonjeado...

HPA - Bauru SP, terça, 12 de maio de 2020.