domingo, 3 de maio de 2020

CARTAS (215)


AREIA MOVEDIÇA DO CAPITALISTA BAURUENSE EXPOSTA NA TROCA DE CORRESPONDÊNCIA DE DOIS AMOTINADOS, LEVANDO À RISCA O CONFINAMENTO:


1.) CARTA DO AMIGO PROFESSOR JEFERSON BARBOSA DA SILVA, O GAROEIRO, EXILADO EM NATAL RN:
Caríssimo Amigo,
Como, sabiamente, diz a Dalva Aleixo:
"Em Bauru nem a areia movediça é honesta".
Se não, vejamos:
As três principais essencialidades do capitalismo:
1ª - Propriedade privada (ela, acima de Tudo e seus Donos, acima de Todos!);
2ª - Lucro ( em tudo, e, quanto mais, melhor!);
3ª - Livre iniciativa.

O princípio capitalista da livre iniciativa é que aquele que empreende para obter lucro, o faz correndo seus próprios riscos! No capitalismo é ganhar ou perder. Perder faz parte do jogo capitalista. Quando por qualquer das inúmeras possibilidades é dilacerada a atividade econômica do estabelecimento ameaçado de entrar no vermelho, eis, o momento de o empreendedor capitalista se assumir como tal, admitindo: "Perdi! Não deu certo! Paciência!"

No capitalismo bauruense, no entanto, a hipótese vigente em todo o mundo capitalista não pode ser, jamais, admitida: "Perder, nunca! Falir, jamais!" E, aí, a areia movediça bauruense começa a se mexer para negar o óbvio.


"Quantos empregos serão encerrados? Não! Abram tudo, em vez de fechar! Que importa que uns poucos morram; a Sem Limites é dos que sobreviverão!"

Quem ainda acredita que qualquer um deles possa estar minimamente preocupado com empregos, empregados, trabalhadores, eles, que passaram todo esse tempo cuidando, egoística e zelosamente de acumular fortuna? É a areia movediça, insincera, se mexendo para, mais uma vez, resolver, à maneira de Bauru ...

Em seu mais recente informe, a Organização Internacional do Trabalho estima que a pandemia já comprometeu e deve fechar mais de 400 milhões de empresas, 232 milhões no ramo comercial!!! Em Bauru, no entanto, onde nem a areia movediça é honesta, o empreendedor capitalista se recusa à quebra como parte do jogo, reivindicando recursos de sobrevida, permanência a qualquer preço, salvação pelo Estado, mas, sem incomodar à União! Com Wallace Sampaio e Reinaldo Cafeo no papel de oráculos da areia movediça.

Caríssimo HPA,
Pergunta, então, o Garoeiro:
Tem ou não razão a nossa amiga, Dalva Aleixo?

2.)
RESPOSTA DO MAFUENTO HPA, ENFURNADO NA QUARENTENA BAURUENSE:
meu caro Garoeiro,
Lisonjeado com a citação do meu nome e a pergunta a mim endereçada respondo da seguinte forma e jeito:
amanhã bem cedinho, o que me pergunta fará parte de uma escrita de sua e na complementação, minha, arrematando o que me passa a bola, prontinha para fazer o gol. Não posso perder a oportunidade diante do gol escancarado.

Essa frase da amiga em comum Dalva Aleixo (como temos ótimos amigos) me faz lembrar de outra de juiz aposentado de Bauru, dita a mim e também bem exemplificando a situação abordada: "Em Bauru, todas as fortunas foram conquistadas de duas formas, ou com muita sacanagem pelo caminho ou ganharam na loteria. Só que em Bauru, até agora, ninguém ganhou na loteria".
Eu, Pedroso Jr e o Garoeiro.

Eu não me cansarei de espezinhar gente como Reinaldo Cafeo, o mais nefasto de todos, neoliberal predatório até a medula, portanto, irrecuperável. Depois, vem todos os outros. Cafeo tem espaço na mídia, rádio e jornal, fazendo uso para propagandear a defesa do que de pior existe dentro do neoliberalismo, a forma cega de massacrar o povo. Tenho um amigo, Marcos Paulo Resende, autodidata em Economia e repetindo em tudo que leio dele: "Esse Cafeo sabe nada de Economia. Não diz coisa com coisa. Adoraria pode debater com ele em algum programa, TV ou rádio para desancá-lo sem dó e piedade, pois só emite algo preconceituoso, sem fundamento teórico nenhum. Vazio". Até o presente momento ele não se pronunciou se topa o confronto. Imagino numa sala da ITE, na presença de alunos. Por fim, ainda do Cafeo, outro amigo, dias atrás, me confidenciava ter conversado num clube, numa roda de final de jogo de bola, creio que no Luso (antes do advento da pandemia), com empresários locais e esses todos preocupados com a situação de suas empresas, cada vez mais deficitárias diante do mundo em crise. Esse amigo pergunta na roda: "Mas vocês não tem ninguém para os orientar, uma bússola para dizer os caminhos". A resposta deles: "O Cafeo nos dá as dicas". Esse amigo riu e disse: "Vocês vão quebrar todos, não vai escapar um. Cafeo tem essa visão que vejo aqui em vocês, dizendo que tudo é culpa do Lula, que querer compreender a China como coisa de comunista, sendo que estão sendo engolidos sem se darem conta. Vou aconselhar algo antes que todos quebrem de vez: mudem de conselheiro, procurem alguém que conheça o que de fato ocorre no mundo. Falta a vocês conteúdo sério e isso não vão conseguir com as informações que possuerm".
Gilberto Bessa, Garoeiro e este mafuento HPA.

Preciso dizer mais alguma coisa? Creio que todos os demais citados por ti, Wallace, Segalla, também Cássio Carvalho e muitos de renome na cidade ainda não entenderam o que se passa no mundo e o que virá pela frente, pois dão ouvidos a quem é muito limitado. Daí, para tomarem decisões como a que vemos em relação a querer impor reabertura do comércio justamente quando a pandemia está no seu ápice, mero detalhe.

Vamos conversando por essa via e meio. Poderíamos até dar início a algo que li muito tempo atrás, Cartas Chilenas, você me dá o tom daí numa carta e eu respondo em outro. Sou leitor da velha Folha de SP, tempos do Folhetim (lembra dele?) e lá, acompanhava toda semana algo assim, troca de correspondência entre dois escritores. Numa semana um escrevia um textão, como se o fizesse para em forma de carta e na outra, ele respondia com mais indagações ao outro e isso ia alimentando uma interminável conversa. Vamos nessa?

Do mafuento bauruense para o exilado garoeiro, HPA.

OBS. antes de encerrar:
Garoeiro não faz uso de facebook. Trocamos e-mails.

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