segunda-feira, 24 de agosto de 2020

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (91)


A "TURMA DA GARAGEM" QUER BOTAR NOVAMENTE AS MANGUINHAS DE FORA - OUTROS TEMPOS, NOVA ROUPAGEM
Ouço zum-zum-zum pela cidade e algo me preocupa. Mas antes de escrevinhar sobre as preocupações do momento, melhor esclarecer o que vem a ser e o que foi/representou essa tal de “Turma da Garagem” para a cidade de Bauru. Vivíamos o nefasto período sob o domínio dos militares, provenientes do golpe de 64 e aqui na aldeia bauruense, um forte conluio apoiava tudo o que vinha destes, juntando imprensa, Judiciário, “Forças Vivas”, políticos, empresários e donos do poder, todos muito bem perfilados e atuantes. Capitaneados pelo cidadão que até hoje se apresenta como Dono da Cidade, o então deputado federal Alcides Franciscato, um seleto grupo se reunia periodicamente na garagem de sua empresa de ônibus, a Expresso de Prata, então localizada na rua Azarias Leite, esquina com Sete de Setembro. Neste local, o capo Franciscato, junto do seu mais ferrenho aliado político, o vereador Francisco Dal Medico, do presidente da Câmara Inocêncio Medina Garcia, do diretor do Fórum Nilton Silveira e de representantes variados de empresários, jornalistas, políticos e afinados com o que apregoava o ideal golpista, conspiravam abertamente contra os preceitos democráticos e as pessoas que o defendiam.

Pelo que a história desta aldeia ainda não devidamente contou, Franciscato passava a Ordem do Dia, primeiro para Chico Dal Médico e este de comum acordo com a imprensa local, fazia coro destes e de seus atos. Conta-se a lenda - ainda estamos em verificação para comprovação dos fatos -, certa feita Franciscato deu de presente para o general presidente Figueiredo, seu melhor amigo, um cavalo árabe comprado no Oriente, negro, pelo liso, milhares de dólares, tudo para agradar o mandante mór do país. Mimos como este faziam parte do habituê do deputado que, em cada ida à Brasília, quando em convescotes nos ministérios, audiências e afins, só chegava munido de muitas flores e bombons, tudo caro e importado, para as secretarias, as que anunciavam sua chegada para quem estava dentro das salas. Este se tornou o bem-bom do poder deste político em Brasília. Dizem que Figueiredo se ajoelhou e chorou diante do presente árabe recebido. Conta a lenda – não tão lenda assim -, que o deputado certa feita levou para Brasília um conhecido alfaiate da cidade, que ia e voltava com ele de avião, tirar medidas, provar e depois entregar ternos para o presidente general. Tudo sendo apurado e contado em detalhes para o bem da verdade dos fatos e necessária reconstituição dos fatos, ainda ocultos de nossa intrincada e acabrunhada História Oficial.

De uma pessoa consultada sobre o tema, ouço isso: “Se o presente para quem estava do lado de fora da sala era algo inolvidável, imaginemos o que devia ser tratado lá dentro das tantas salas regularmente visitadas”. Em Bauru, dizem e vou reconstruindo os fatos, quem fazia o serviço para o deputado era o Chico Dal Médico, com Inocêncio, o presidente da Câmara fazendo tudo o que este mandava. Jogo em tabelinha, sempre muito bem pensada, resultando sempre em gol pro time deles. Pois bem, esses todos faziam parte da tal “Turma da Garagem”, que além de conspirar a favor dos seus interesses, também urdia contra os que ousavam resistir contra os mandantes, ditos e vistos como “comunistas”, exatamente como se tenta novamente fazer país afora. Bastou esboçar ser oposição para ser taxado, carimbado, rotulado e execrado. Muitos foram os perseguidos e de cada história ouvida, anotada, o resgate de algo que se não for devidamente contado se perderá com o passar do tempo, pois muitos personagens já estão velhos e tudo ainda somente no interior de suas memórias.

Lembrar desta Turma se faz necessário, até para contar a História como de fato se deu nesta cidade, depois para não deixar que tudo se repita, desta feita como farsa, repetida e continuada. Tramar e perseguir pessoas, eis algo intolerável e que se nada for feito poderá novamente se instalar e ter vazão nesta cidade varonil e nada “sem limites”. Quando muitos fazem questão de repetir ter sido Franciscato “o melhor prefeito que essa cidade um dia já teve”, nada como antes de sacramentar o apregoado, relembrar algo dessa história. Nada contra a formação de “turmas”, pois faço parte de algumas delas por esta cidade – vide a do grupo farsesco, burlesco e algumas vezes carnavalesco, o Bauru Sem Tomate é MiXto -, mas que sejam esclarecidos de fato e de direito suas reais intenções. A da Garagem precisa ser contada, pois foi nefasta e como não foi devidamente desmontada desde aquela época, continua com seus cabos plugados e prontos para produzir estragos. Se a outra produziu tanto mal e perseguições, o que virá por aí, se nada for feito, poderá ser até de pior e mais nefastos resultados.

COM QUE INTENÇÃO...
Com que intenção o Jornal da Cidade publica na sua coluna mais famosa, a Entrelinhas, página 2 do jornal, logo as duas primeiras notas, na edição do último sábado, 22/08, algo como se prefeito já tivesse tomado uma decisão, sendo que ela não saiu em mais nenhum lugar e o caso ainda nem foi devidamente julgado? Longe de ser furo jornalístico. O caso é sobre o dinheiro público do Carnaval - no meu entender, mais que justo e justificado -, quando forças contrárias, todas com ligação umbilical ao retrocesso evangélico neopentecostal, forçando o fim de qualquer ajuda para festas populares e só apoiando verbas e grana para eventos cuja ideia provenha de suas nada santas cabeças. No meu entender, o jornal assume com essas duas notas estar apoiando um dos lados da questão, perde a isenção e deixa de tê-la para o que virá a seguir. Neste momento, quando o país inteiro sofre a pressão de grupos com idênticas propostas, as de cunho conservador, predatório, moralista e que em nada contribuem para resolver e só para complicar nossa situação, no mínimo, o papel do jornal seria de bom alvitre postar os prós e contras, o posicionamento de ambos os lados e não ficar defendendo abertamente um deles. Não creio ser este o pensamento da maioria dos jornalistas atuantes dentro do staff do jornal, pois os que conheço e convivo, sabem muito bem o que de fato se passa nos bastidores, as pressões em curso e intenções existentes nos que defendem que a Prefeitura deixe de investir na maior festa popular brasileira. O argumentos deste é pueril e eleitoreiro, nada mais. A causa nem foi ainda julgada. A imprensa, no caso o JC, fica "requentando" notícia que não existe. Isso é a mando de alguém que quer prejudicar, antecipar ou mesmo influenciar no julgamento. O que existe é somente uma primeira decisão liminar, mais nada até o momento. E pelo visto, colocaram palavras na boca do prefeito. Feio isso, hem!

COISAS ACONTECENDO MUITO EM IGREJAS...
Coisa de uns dois meses atrás publiquei uma foto da obra do artista José Laranjeira que havia sido coberta na parede frontal da Catedral de Bauru, a da praça Rui Barbosa, uma que um dia,muito tempo atrás foi motivo da excomunhão temporária da cidade pelos dogmas católicos. Havia recebido foto de fiel, sobrepondo como era a igreja antes e depois da alteração, quando por ordem do padre e do bispo foi ali instalado uma peça de metal, chamado por ele de "resplendor", encobrindo Adão e Eva nus (não os conhecemos em outros trajes). Pelo que percebi na época, a mudança não agradou fiéis e isso se confirma com o que o mesmo fiel me envia, numa nova foto, desta feita com a retirada da parafernália de metal, a suspensão da cruz de Cristo, ou seja, ela agora está suspensa no ar e a obra do artista volta a poder ser vista por tudo e todos na sua exuberância e imponência. A informação recebida é que, pelo sim, pelo não, o padre e o bispo não assimilaram bem o jeito como fizeram a nova instalação, pois fiel contrariado torna-se também chato, insistindo, postando fotos e daí, como tudo ainda em tempo de lusco fusco pelas igrejas, a REtransformação ocorreu assim sem quase ser notada e quando se deram conta tudo já estava reformatado, sem consultas, enquetes e formulários opinativos. Do fiel que me enviou a foto da situação atual, um recado para minha pessoa: "Olha, a cruz desse jeito ficou linda DEMAIS. Quando estiver por ali vá ver".

4 comentários:

Anônimo disse...

Essa garagem foi influente então. Lembro que o Franciscato chegou a ser, por um período, o braço direito do presidente ditador na época. Foi o deputado articulador do processo de privatização da Rede Ferroviaria Federal. Bauru e suas lembranças TFPistas.
Benedito Mariano

Mafuá do HPA disse...


Recebo de João Jabbour do Jornal da Cidade a resposta para minha indagação: "Decisão do prefeito está publicada no Diária Oficial do último sábado".

ATOS DO GABINETE
À
Liga das Escolas de Samba e Blocos de Bauru
CNPJ 35.714.805/0001-81
Rua Bernardino de Campos, nº 13-17, Vila Souto, Bauru/SP
CEP: 17.051-000
Bauru, 22 de agosto de 2.020
Servimo-nos do presente instrumento para NOTIFICAR Vossa Senhoria da Decisão
proferida nos autos do Processo Administrativo nº 177.779/19, pelas razões contidas no teor do aludido
Processo:
O Prefeito Municipal de Bauru, CLODOALDO ARMANDO GAZZETTA, no
uso de suas atribuições legais, tendo como prerrogativas os regramentos estatuídos pela Lei Federal nº
8666/1993 e;
CONSIDERANDO, a supremacia da Administração Pública na condução e encerramento dos processos
administrativos;
CONSIDERANDO, que a Administração Pública, nos termos da Súmula nº 473 do Supremo Tribunal
Federal, pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não
se originam direitos, ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial;
CONSIDERANDO, que a contratação em questão, muito embora tenha sido fundamentada na Lei Federal
nº 13.019/2014 - MROSC, foi formalizada também com fundamento na Lei Federal nº 8.666/1993, o que
é vedado pelo art. 84 do MROSC;
CONSIDERANDO, o parecer de fls. 85/96 nos autos do Processo Administrativo nº 177.779/19;
DECIDE
ANULAR a contratação levada a efeito por meio do Contrato Administrativo nº 9.702/20, nos autos do
Processo Administrativo nº 177.779/19, em razão de vício constatado no decorrer do procedimento que
levou à contratação;
DETERMINAR, a publicação da presente decisão em Diário Oficial e seu encaminhamento por ofício,
para ciência ao contratado;
Atenciosamente,
CLODOALDO ARMANDO GAZZETTA
PREFEITO MUNICIPAL


Aqui me REDIMO com o Jornal da Cidade, pois a Nota foi feita baseada em dados do Diário Oficial daquele dia. Quem agora deve explicações é o ser prefeito municipal, por ter tomado essa decisão antes mesmo do caso ter decisão final judicial. No aguardo também de nota do pessoal ligado ao prefeito: Elson Reis, Majo Jandreice...

Mafuá do HPA disse...

Recebo mais essa informação: "Aquilo que o Jabour te mandou foi publicado no diário oficial de 17/03 atendendo decisão liminar da juíza. Pode ser que tenha sido republicado dia 20/08. Mas essa publicação não exime a Prefeitura de não pagar a segunda parcela uma vez que o serviço foi prestado de acordo com o contrato e até mesmo como um contrato é rescindido quase 1 mês após sua execução e de acordo com o que foi contratado? Isso na justiça gera processo de "obrigação em fazer" ou seja terá que pagar e abrir uma sindicância interna para achar quem errou e responsabiliza lo. Mas como falamos em politica isso não aparece na mídia. O que aparece é que o prefeito está obedecendo a justiça".

Lu Caram disse...

Parabéns pelo texto sobre a Turma da Garagem.
Realmente não houve o desmantelamento....continuou atuante durante muitos anos e os efeitos nefastos são nítidos e sentidos até hoje
Após a queda de um dos membros da atual composição da Turma, e o possível rompimento entre dois pesados integrantes, tal comando paralelo parece ter perdido um pouco da força e da robustez de outrora.
Mas a luta para acabar com sua influência nos bastidores políticos de Bauru continua....não podemos esmorecer.