REGISTROS LADO B (09)

9º AO VIVO “LADO B” COM CELSÃO, HIPPIE, ARTESÃO, DIRIA TAMBÉM, ANDANTE, PERAMBULADOR GERAL, RODINHAS NOS PÉS

“Sou um insaciável colecionador de inutilidades e historiador daquilo que é irrelevante”, Luiz Antonio Simas. Completo: A irrelevância para alguns é o que me estimula e incentiva a continuar.

Os Bate Papos dominicais seguem em frente e a cada domingo pela manhã, na maioria das vezes concorrendo com a Fórmula 1 na TV, das 10 às 11h, neles apresento e deixo registrado um bocadinho da história de pessoas pelas quais, creio eu, merecem ter suas histórias registradas, contadas e divulgadas, pois ousaram resistir, persistir e insistir. O entrevistado deste domingo, 23/08, 10h, Celso Ferraz Lisboa, CELSÃO HIPPIE, 65 anos, artesão da Praça Rui Barbosa, do Calçadão da Batista e cidadão do mundo, pois desde os 17 anos, quando pela primeira vez pegou um trem e foi das com os costados na capital, São Paulo sozinho, somente pra espiar e perambular pela cidade grande, nunca mais parou. Quando o convidei para contar algo de sua trajetória, disse isso que uso aqui, “Lado B - A Importância dos desimportantes”, riu e me disse: “Eu, meu caro, não sou nem Lado B, sou sem gravadora. Faço parte de um grupo que muitos não enxergam na Cultura, nem na Contra Cultura Artística, mas sei, sou dos que fazem a história acontecer. Não sou visto como desimportante, somos a escória, a contramão da história”. Ele pegou bem o espírito da coisa e como se dá a intenção deste escrevinhador mafuento, Historiador das Insignificâncias. 

Falemos dele e de suas estripulias. Dele publiquei ou recolhi:

Em 03.10.2015 escrevi de vários personagens das ruas bauruenses, dente eles: “Circulo pelo Calçadão da Batista e lá reencontro Celsão, um artesão a viver de sua arte. Seu ponto fico é na praça Rui Barbosa, mas desde que a reforma do lugar começou o ajuntamento dentre os tantos por lá tornou impraticável seu comércio. Beneficiado que foi por ação do vereador Roque Ferreira, propiciando aos artistas atuarem no Calçadão mudou-se de mala e cuia para defronte a loja Pernambucanas e lá, com sua lona estendida no chão e seu alicatinho nas mãos, torce e retorce suas peças. Ao me ver sou chamado e me diz: “Escreva de mim, agradeça ao Roque por poder estar aqui. Isso foi conquista dele. Hoje, não só a praça é do povo, como o Calçadão”. Celsão é daqueles que, como eu, inventaram o próprio emprego e viaja país afora, fazendo turismo ao seu modo e jeito, ou seja, conhece lugares e trabalha nessas praças. Eu já parei com isso, ele não, o fará, pelo visto enquanto tiver forças”. 

Em 02.04.2020 uma nota curta e rápida de algo dele: “RIR PRA NÃO CHORAR - CUECA DE MÁSCARA, IDEIA DO CELSÃO - Celsão Hippie dando o seu jeito e propondo a cueca bem lavada como máscara para se proteger do coronavírus - Ele mostra na prática como se dá todo o processo de colocação da máscara na fuça, mas recomenda que antes a lavem adequadamente. Eis o link com a sugestiva ideia: https://www.facebook.com/celsao.hippie.1/videos/124055739210835/”.

Em 25.12.2009 escrevi dele no blog: “Paro na praça Rui Barbosa, bem no centro da cidade, em busca de um original Papai Noel e o encontro logo de cara. Celsão é um famoso artesão da cidade, remanescente de uma geração quase extinta de hippies (existem uns dez na praça com suas bijuterias e outras cositas), trabalhando em madeira, cortando uma peça com uma serrinha elétrica. Conversamos sobre o fato dele estar ali com um chapéu noelino e da alegria de tê-lo visto na revista Revista do Brasil (edição de outubro), quando afirmou ter sido um dos últimos a deixar o Festival de Águas Claras, realizado décadas atrás em Iacanga, 50 km de Bauru. Abre um sorriso e me diz, sem medo de ser feliz: “Aquilo foi tudo de bom, tinha cachaça, maconha e cogumelo a vontade. Não queria mais sair de lá. Hoje tô calmo, em outra, mas não abandono o estilo de vida. Vivo de minha arte e da calçada da praça”. Esse é meu Noel. Ainda na praça, observo em estado de puro êxtase algumas crianças se banhando no novo chafariz, diante de um calor de mais de 30º. Dá uma vontade difícil de ser contida de seguir o mesmo caminho. Imagino qualquer dia desses, Celsão e sua turma lá dentro d’água”.

Em 07.12.2012, quem encontro trabalhando como papai noel numa loja da cidade: “CELSÃO, DE ARTESÃO À PAPAI NOEL, ESSE BATE NAS ONZE - Natal está aí, hoje a abertura noturna do comércio do Calçadão da Batista e com ele a chegada do Papai Noel, que todos os anos abre o evento aportando na cidade de Maria Fumaça. O uso do Natal pela sua forma consumista é explícita e ocorre de forma massificada, fazendo parte dos usos e costumes do sistema capitalista. A festa tem que estar ligada ao vender, comprar e consumir e Papai Noel seu representante máximo. Ele, o Noel é o representante do Lado A da cidade e os que estão sob as vestes, o Lado B, um bem diferente do outro, opostos, diria. Sempre por detrás da máscara uma figura popular, um tipo do povo, um trabalhador conseguindo um ganho extra. O sentido do Noel para mim é somente esse, o da pessoa que ali trabalha e valorizo esses, pois suam a cântaros debaixo daquelas vestes acaloradas. Na homenagem a um deles, o justo reconhecimento de todos os demais, que até dia 25 estão espalhados mundo afora. CELSÃO é o famoso artesão da Praça Rui Barbosa, barba comprida, alva como neve e a revender o que produz, oferecido sob uma toalha estendida na saída da Catedral, quase esquina da rua Antonio Alves. Ali bate cartão onze meses por ano e no mês de dezembro faz um bico para reforço de renda. A partir dessa semana pode ser visto diariamente na parte superior das Lojas Pernambucanas, ali no Calçadão, travestido com as vestes de Papai Noel, embalando o sonho de muitas crianças e até adultos. De uma hoje ouvimos: “Nunca tive a visita dele quando criança, mas hoje posso fazê-lo para meus netos”. Celso é figura das mais populares e um dos seus orgulhos foi de ter marcado presença em todas edições do Festival de Águas Claras e o de continuar trilhando os caminhos percorridos por Raul Seixas, pois não abandona de jeito nenhum aqueles ensinamentos. Vê-lo com essas vestes que pouco representam tudo o que ele é, não nos deixa mais alegre ou triste, Celso é um que enfrenta o touro a unha e não se envergonha de nada que fez, faz e fará. Simplesmente está lá e os que quiserem passar para um papo ou até mesmo uma foto serão bem vindos, só não pode puxar sua barba e ou ficar de gozação, pois daí ele sai do trono e mostra suas garras”.

Em 04.05.2020 Celsão explica por onde anda neste período de pandemia: “A quarentena nos pegou na prainha de Arealva. Meus filhos alugaram uma casinha para que a Ellen e eu tivéssemos onde ficar nesse período sombrio... Se ficamos trancados acabamos mais loucos que o Batman... Daí a Ellen começou a fazer tapetes e bolsas de crochet... Eu estava sem material... Arrumei uma enxugada e parti pra academia. Ops, horta... Tá aí o resultado”.

Em 01.08.2020 ele publicou um pequeno Histórico de sua trajetória em sua página no facebook: “PARABÉNS BAURUZÃO - QUERO AGRADECER A BELA E QUERIDA BAURU... BAURU QUE ME ACOLHEU DE BRAÇOS ABERTOS, QUANDO EM 1970, AOS 15 ANOS DE IDADE CHEGUEI NESTA CIDADE. ESTUDEI NO C.E. PROF. MORAES PACHECO, NO LICEU NOROESTE ONDE PARTICIPEI DE UMA DAS MAIORES BANDAS MARCIAIS DO PAÍS, TBM ESTUDEI NO CURSOS BRASÍLIA, NO PREVÊ OBJETIVO, E NA UB, HOJE UNESP... FREQUENTEI O NIPO, OKINAWA, CUCA LEGAL, BELA VISTA, SÃO RAFAEL, NADIR, CLUBES QUE HJ SERIAM CHAMADOS DE DANCETERIAS TALVEZ... NO OKINAWA O SOM ERA DE VITROLA COM O MANO NO COMANDO, HJ SERIA DJ. NOS DEMAIS ERA COM BANDAS. TBM TINHA O BANCÁRIOS, OS BAILES DO B.A.C., DA LUSO, DO B.T.C., O PAULISTA E OS DA PANELA DE PRESSÃO... A NOITE BAURUENSE SEMPRE FOI MUITO BOA. BEM ANTES DO MADAME PIMENTA, CACHAÇARIA, BAR DA ROSA, TEMPLO, ARMAZÉM... ÉPOCA DO GATÃO DA NOITE, POSTINHO DA DUQUE, H2. DAS BANDAS DE BAILE, PORÃO 2000, TERRÍVEIS...

MODELO 7, STYLLO A... DO RICK STONE, STAGE, DO CARLINHOS BAURUZÃO, DO PAÇOCA E TANTOS OUTROS GRANDES NOMES DE BAURU... NESSA AMADA CIDADE NASCERAM MEUS 3 FILHOS, DOIS AINDA MORAM EM BAURU E O CAÇULA ESTÁ NA ITÁLIA. TENHO MUITA SAUDADE DA PRAÇA RUI BARBOSA, ONDE EU EXPUNHA, JUNTO COM, O FINADO JUNINHO PÉ DE PANO, ROMÁRIO, O GAÚCHO,O BOLHA, LUIZ CABEÇA BRANCA, O BRANCO, A PAULA E A MÃE,BOVSAMIR VENDENDO PIPOCA DEPOIS MONTOU A BANCA, O AU AU, O IRMÃO OLIVEIRA PREGANDO PRA QUEM PASSAVA...A LUIZA, O RICK STONE, O CIGANO MAZZOTO, O TUBARÃO, MINEIRO, O ADULA, OS SKATISTAS... E TANTOS OUTROS MALUCOS QUE POR LÁ PASSAVAM... HOJE BAURU COMEMORA 124 ANOS... SÓ TENHO AGRADECER ESSA CIDADE, CIDADE SEM LIMITES, POUS SEU CORAÇÃO É GIGANTE E SEMPRE ACOLHE MUITO BEM A QUEM CHEGA, DE PASSAGEM OU PRA FICAR. OBRIGADO BAURU... CELSÃO HIPPIE, CONHECIDO NO BRASIL COMO CELSÃO DE BAURU”.

Na manhã de hoje posto um algo a mais convidando e instigando o Bate-Papo:

TÁ CHEGANDO A HORA... CELSÃO HIPPIE REVELANDO SEUS SEGREDOS NO 9º AO VIVO LADO B JUNTO DESTE MAFUENTO HPA
É logo mais, hoje, 10h, aqui pela minha página.
Nas três fotos gileteadas de Celso Mellani, tiradas em 12/12/2009, em reportagem feita anos atrás, só um bocadinho do que a gente encontra do Celsão Hippie fuçando no google e nas rebarbas da internet. Com uma trajetória mais que inebriante de vida, um pouco mais deste que, desde muito cedo ganhou a ESTRADA e com o vento no rosto enfrentou esse mundão com a cara e coragem. São as histórias dos tais que ousam uma vida inteira, não se conformando em permanecer com a bunda acomodada num sofá qualquer.
Venha conosco, daqui há menos de duas horas, por este bat canal, o do "Historiador das Insignificâncias", mafuento HPA.

Eis o link do 9º AO VIVO para assistir a conversa mais longa das nove já realizadas, 1h20: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/3756403671056281

Domingo que vem o 10º Bate Papo Ao vivo. Até lá...