Quando diante da avalanche de lives – que daqui pra frente chamarei de AO VIVO -, uma atrás de outra, idealizei também uma me tendo como protagonista. Logo de cara pensei: ela terá que ter a cara do que faço, dando um jeito de dar voz para esse pessoal todo que, mesmo pela aí, não aparece e quando o faz, pelas rebarbas do sistema, mal citados e ajambrados. Esse que hoje trago aqui como a SÉTIMA entrevista, bate-papo do “LADO B – A Importância dos Desimportantes” é a mais expressiva cara do que me propus a fazer. AGUINALDO DA SILVA não é só mais um digno representante dessa imensa família SILVA espalhada país afora – também adentro -, mas personifica mais do que um abnegado lutador das causas sociais deste país, destes doando uma vida inteira para estar ao lado das lutas por um país verdadeiramente mais justo. Poucos o conhecem pelo seu nome de batismo, pois diante da sua vida toda entregue para a luta social, alguém lá atrás o comparou com o ex-presidente e a partir de então todos só o chamam assim, LULINHA. E tudo lhe caiu como uma luva. Os dois já foram até fotografados juntos, em histórias que este personagem aqui hoje retratado guarda no fundo do coração e hoje se predispôs a contar.
Eu vinha tentando entrevistá-lo já há duas semanas, sem conseguir. Seu celular não entra no sistema do aplicativo Stream Yard, o que utilizo para o bate-papo. Tentamos de tudo e nada. Sua filha foi ajudar e pouco conseguiu. O tempo passou e eu com a certeza, o LULINHA será o próximo. Passadas duas semanas, ontem demos nosso jeito. Testei com meu celular e deu certo, daí faremos o seguinte para viabilizar a entrevista de amanhã: eu dou meu jeito, levo até ele o meu celular e às 10h, estaremos no ar, eu aqui de casa do meu computador e ele lá de sua casa com o meu celular. Depois que tudo terminar, dou um jeito e vou lá buscar o dito cujo. Na hora H mudamos tudo e conseguindo um salvo conduto, fui até ele e o gravei pelo celular até onde deu a carga da bateria. Quase o mesmo aconteceu com o primeiro entrevistado, o artista de rua Marcílio dos Nascimento, quando ele lá do interior de Minas não conseguia entrar no aplicativo. Fiz diferente, enquanto falávamos pelo Whatts, gravei com minha câmera e depois postei em três partes. Ou seja, se não vai por bem, acabou saindo e tudo teve início. Se tiver que ser na base do improviso, assim será, mas não deixarei de dar voz para os que creio devam estar aqui nesse movimento de resgate de vozes um tanto esquecidas, invisíveis pelas bandas midiáticas.
E este tal de LULINHA é mesmo merecedor de todos os holofotes, sendo a cara do LADO B. Sua vida demonstra isso e assim sendo, como me furtar de não contar algo de onde já esteve metido ao longo de sua vida. Eu desconheço o que ele fez na vida antes de estar enfurnado com as questões sindicais, mas ele irá nos contar algo disso, como tudo começou. O interessante é exatamente isto: ver como foi possível ele ter o toque o levando a se envolver com o que o arrebatou para a vida toda. E tantos outros temas, como o amor pela motocicleta e o envolvimento com esses grupos que viajam pela aí, todos muito bem organizados. Eu no começo me confundia e levei um baita pito dele, quando o chamei de “motoqueiro”. Ele vai explicar a diferença entre este e o que se denomina, motociclista. Vai também decifrar isso de ser atuante na Umbanda, sua religião e algo transformador em sua vida, as pessoas que o influenciaram e qual a ramificação onde está situado. Já imaginaram isso tudo ser contado em apenas uma hora, neste domingo, 09/08, das 10 às 11h? Pois é, a gente sabe que é pouco, mas um bocadinho será ali descrito e desta forma, a gente vai ter o prazer de conhecer mais a fundo quem de fato é este ser que tanto contagia os que dele se acercam.
Eu gosto de ir neste espaço relatando um bocadinho do que já escrevi do entrevistado no meu blog pessoal, o Mafuá do HPA, onde escrevo desde 2007 sem interrupções, praticamente um texto por dia. Do LULINHA o fiz dezenas de vezes e aqui relembro alguns destes:
Em 19.02.2020, após o bloco Bauru Sem Tomate é MiXto o ter escolhido como um dos Musos de 2020 – a outra foi Maria Cecília Campos: “Lulinha é sindicalista, Cecília é professora. Ambos são lutadores, esgrimistas das boas causas. Lulinha sabe como ninguém andar em cima de uma motocicleta e Cecília executa com o mesmo brilhantismo uma aula de sociologia. Lulinha sabe lidar com essa gente toda envolvida nos movimentos sociais e Cecília lida com a devida maestria com legião de alunos. Cada um na sua, mas no frigir dos ovos muita coisa em comum, daí terem sido escolhidos juntos, no mesmo balaio, pois estão do mesmo lado, lutam por algo muito parecido e o ideal, o grande motivador deles não saírem da cancha de jogo são idênticos. Ambos acreditam nas pessoas, principalmente nas mais simples e por causa delas acordam cedo e dormem tarde. Não são empreendedores na forma como hoje o termo é utilizado, mas empreendem algo dos mais dignos dentro da concepção humana, pois querem um mundo mais igualitário, onde as diferenças desapareçam e todos possam ser valorizados, cada um pelo conhecimento que possui. Cada um ao seu modo e jeito não desiste de seus sonhos e por causa deles estão pela aí, fazendo e acontecendo. Cada um com sua sapiência bem peculiar, especificidades bem particulares, mas quando em ação, na junção dos saberes, a melhor contribuição que podem dar para tentar fazer deste mundo algo onde o ser humano seja o centro das atenções e não, como hoje, isso das leis de mercado, valerem mais do que as pessoas. Um luta lá, outro cá, mas vez ou outra estão juntos, irmanados e coesos, como quando no bloco, numa passeata de protesto ou de mãos dadas numa forte corrente a defender a classe trabalhadora”.
Em 26.01.2020: “Escapuli mais cedo hoje da feira dominical na Gustavo, o espaço mais democrático desta aldeia, mas o motivo era mais do que justificável. Eu me juntei a outro tomateiro e fomos visitar o amigo Agnaldo Lulinha Silva, internado no Hospital de Base, o grandalhão mais velho em funcionamento na cidade, ali na Duque com Monsenhor. Lulinha, como já é sabido sofreu um acidente no sábado retrasado quando um veículo atravessou a preferencial e o ejetou ao alto, ele caindo sobre o mesmo e batendo a cabeça no chão, quando seu capacete voou longe. O danado não tem um hematoma no corpo todo, mas bateu a cabeça e isso é fatal para motociclistas. Foram três dias no corredor do PS, quando conseguiu vaga após intervenção da Justiça, depois UTI por mais três dias e agora no quarto, no restabelecimento do corpo, esse maravilhamento da regeneração possível com o passar do tempo. Ele está bem, quadro estável, lá deitadão e recebendo visitas do dia todo. Olhou para mim e Oscar e perguntou que dia o bloco do Tomate desce o Calçadão e quando lhe disse ser dia 24/2, sábado de Carnaval, contou nos dedos e disse que até lá estará bom e afinado, perfilado para o furdunço. Ele é um touro, franca recuperação e desses amigos que a gente faz questão de permanecer junto pro resto da vida. Ele é meu sindicalista de plantão, assim como meu consultor para assuntos umbandistas e sobre temática de clube de motociclistas, sendo esses três o objeto da movimentação de sua vida. Eu e Oscar Fernandes da Cunha voltamos de lá contentes, pois o danado escapou e em breve estará nas ruas e lutas fazendo o que gosta e o move. Ele não quis tirar uma foto em trajes de cueca no quarto, preferindo fazê-lo outro dia, quando mais apresentável. Um gentleman”.
Em 15.05.2016: “Dentre tanta coisa a lhe ocupar o tempo, essa só uma delas e vê-lo falar das atividades do grupo onde participa, a sapiência de saber escolher um onde possa de fato praticar o que gosta, seguindo regras de segurança e ao lado de gente igual a ele, com a cabeça no lugar. No quesito político, eu e ele, junto da maioria dos nossos amigos estamos desolados com os destinos tomados pelo país dias atrás, quando trocou uma presidenta honesta por um grupo de aloprados a transformar o país na Casa da Mãe Joana. Ele, eu e tantos outros estaremos desde sempre empenhados em alertar e mostrar para os ainda iludidos do que está sendo urdido nas catacumbas dos golpistas, uma sórdida trama contra o país e todos os avanços tão duramente conquistados. Falo de LULINHA, o também AGUINALDO, velho resistente bauruense, figura dessas mais do que carimbadas, difíceis de serem encontradas e quando me deparo com alguém com estirpe semelhante, logo me aproximo, pois junto de agente assim, a certeza de caminhar do lado correto dessa vida. Nas fotyos da inusitada vestimenta, um pouco do que ele faz para amainar o pega do dia-a-dia. Preciso começar a fazer algo parecido, para ao menos espairecer e quando da labuta, estar recarregado e pronto para as tantas batalhas. LULINHA é um baita de um amigo, mais que do peito. Pau para toda obra, figura primordial em todos os anos na descida do bloco carnavalesco Bauru Sem Tomate é MiXto, quando desce puxando e controlando o carrinho de som da CUT. Como gosto muito dele, faço questão que todos conheçam também ele seu lado, o da irreverência, mas tudo com muita seriedade. Lulinha não é de brincadeira”.
Em 23.03.2015: “Meu amigo Agnaldo Silva, o popular Lulinha, continua andando “sem medo nenhum de ser feliz” com suas vestes tendo o emblema da CUT bem no meio do peito. Foi ao médico dia desses envergando sua costumeira camiseta e ao chegar na sala de espera, um senhor de idade começa as admoestações. Um insulto atrás do outro, algo do tipo: “E essa presidenta bandida, cachorra, ladra, até quando vai se segurar no cargo?”. Lulinha me diz da educação que lhe foi ensinada lá atrás pelos pais, inclusive os do respeito aos mais velhos e daí o maior motivo para ter se segurado. Esse incentivado ódio, culminando, por enquanto em algo provocativo, com a maioria prontos para o que der e vier na sequência. A indução a que foram levados, conduzidos como cordeirinhos, distorcendo tudo e favorecendo o pior estado de coisas que poderíamos ter. São Paulo na cabeceira dos descalabros do enxergar tudo com uma viseira, vesguice secular de quem se acha o condutor do universo. Quando vão engolir que um poste venceu deles todos juntos e pela segunda vez consecutiva? Nunca”.
Em 27.09.2014: “Aqui pelo interior paulista vejo pouca comemoração dessa grandiosa festa, muito tradicional em vários lugares país afora. No Rio de Janeiro é uma verdadeira febre, com aqueles saquinhos de guloseimas sendo disputados a tapa e a gurizada num contentamento de dar gosto. E essas festas são sempre boas, recheadas com algo dessa nossa efervescência religiosa, bem natural do brasileiro. Viva o sincretismo religioso!!! Triste é ver alguns segmentos arcaicos e rudimentares fazendo biquinho e olhando de lado para algo tão cheio de luz. Aqui em Bauru, para não deixar a tradição cair no esquecimento ocorre festança pra lá de movimentada amanhã lá no TEMPLO DE UMBANDA CACIQUE ROMPE MATO, no jardim Tangarás. Tudo começa por volta das 19h. Imagine a beleza que vai ser presenciar novamente o pai de santo Agnaldo Lulinha Silva (se tenho um guia, ele é o meu) vindo na sua direção lhe entregando um saquinho cheio de guloseimas (minha diabetes adora). Para os que não possuem imaginação muito fértil distribuo foto dele já se paramentando para o grande evento de amanhã lá no coração do Tangarás. Eu vou. E tu???”.
Em 02.05.2014: “Permitam-me, mas hoje quero escrevinhar um bocado e ir postando em forma de drops, ou seja, em pequenas doses, aos poucos, bocadinho do que vivenciei estando nas ruas ontem nas comemorações do Dia 1º de Maio, o Internacional do Trabalhador. Aqui em Bauru tudo se resumiu ao o que a CUT preparou para a data, em eventos ocorrendo o dia todo no parque Vitória Régia. Começo postando um curto vídeo de um original trabalhador, Agnaldo Anastácio da Silva, o popular homem de sindicato Lulinha, companheiro apaixonado pela causa e pelo que faz, ontem diante de um grupo atacando no palco de cover do Creedence Clearwater, ele não resistiu e mostrando também seu lado de roqueiro, pai de santo (incorporou mais do que um ali no ato) e pessoa de bem com a vida, resolvida e feliz, não escondeu de ninguém sua felicidade, a expôs para apreciação dos presentes. "Esperei 40 anos pela vinda do Creedence em Bauru e hoje estou realizado", foram suas palavras captadas pelo meu gravador ouvidal. Lulinha é um baita de um sujeito, simples, correto, amigo fiel e uma das melhores boas praças de toda Bauru e região. Fiquem a seguir com o gingado malemolente do gajo. Espalhem por aí. Ontem tentei aliciá-lo com uma proposta de que se fizesse chegar até minha conta bancária (através de um doleiro qualquer) a quantia de R$ 5 mil reais não publicaria o vídeo, mas ele foi insolente e me provocou dizendo que pagaria R$ 10 mil reais, mas para que fosse publicado. Por fim, nada recebi, fiquei a ver navios, mas o vídeo sai publicado assim mesmo”. Para ver Lulinha dançando no Vitória Régia cliquem a seguir e desfrutem do vídeo: https://mafuadohpa.blogspot.com/search?q=O+que+fazer+em+Bauru+e+nas+redondezas+%2846%29.
Em 15.11.2013: “LULINHA é o sindicalista e umbandista AGUINALDO SILVA, um bom amigo e que anos atrás esteve comigo num dos Conselhos da Água, atuando junto a autarquia do DAE e lá fazíamos o que hoje aquele conselho deixou de fazer, atuar condignamente. Lulinha bate nas onze, atua junto à questão sindical e hoje é um respeitado pai de santo. Hoje a partir das15h no Sambódromo ocorre o “Encontro entre Religiões”, com apoio da ONG Periferia Legal e a intenção é reaglutinar os umbandistas locais e organizar um calendário de festividades dessa religião. Durante toda a tarde e invadindo a noite uma gana de atrações, entre batuques e atabaques, além da parte religiosa. Esse Lulinha é um cara dos mais batutas e sinceramente lhes digo que não gosto nem um pouco de furar nos convites que me faz, pois os recebo entendendo como são feitos, dentro da simplicidade embutida em tudo que faz e com uma paixão interna, dessas que não tenho como dizer não. O motivo para não estar lá tem que ser dos mais fortes e o de hoje espero que Lulinha entenda. Joaquim, o justiceiro do STF pode estar decretando a prisão de muitos nas próximas horas e como temo meu nome estar incluído na tal lista, confesso ter fugido para bem longe de Bauru. Do contrário lá estaria”.
Em 08.01.2010: “Estava na cidade hoje pela manhã quando numa virada de esquina me deparo com algo a me devolver o brilho nos olhos: "o povo nas ruas em plena gravidez". Uma manifestação promovida pela CUT para o lançamento da chapa 2, que concorre em oposição ao comando do sindicato local dos Bancários (hoje na mão da Conlutas), em eleições marcadas para os dias 24, 25 e 26/janeiro. Logo de cara me deparo com Duílio Duka e Lulinha, ambos queridos combatentes das injustiças sociais brasileiras e ambos empunhando bandeiras vermelhas, desfraldadas ao vento, gritando palavras de ordem. Sinto-me trêmulo nesses momentos e fui ouvir do Duílio algo que também sinto: "Como gosto disso aqui, sinto falta". De Lulinha algo também bem peculiar de quem tem um envolvimento especial com a luta dos trabalhadores brasileiros: "Estou de férias, mas vim assim mesmo, nem precisaram me convocarem". Na esquina seguinte outro encontro, com um professor e poeta (esqueci seu nome) e algo sobreo que víamos: "Nos tempos da ditadura militar o povo ia seguidamente para as ruas, era normal manifestações e tudo isso se perdeu rapidamente. Hoje é inusitado ver algo assim e quando o vemos ficamos estupefatos". Triste essa constatação, com a qual concordo e endosso. Parei tudo o que fazia, juntei-me aos amigos e conhecidos, ouvi os discursos já na fase final, defronte a CEF (eles haviam circulado com um caminhão de som pelo centro bancário todo) e vim para casa mais leve, com uma bruta vontade de que na próxima virada de esquina outro movimento igual aquele estivesse também acontecendo. Já não somos mais os mesmos, mas existem uns a resistirem e como é salutar isso”.
Em 12.02.2008: “Se alguém perguntar por um tal de Aguinaldo Silva, pouco gente vai associar ao conhecido Lulinha. Por esse nome todos o conhecem. É personagem marcante e insubstituível em toda e qualquer manifestação sindical na cidade. Ainda mais agora que, comanda o carro de som da CUT. Seu nome, como fica evidente, é uma alusão ao seu envolvimento com a CUT, o PT e os movimentos sociais. Além de toda essa participação ativa e necessária, Lulinha presidiu o Conselho Municipal da Água, na sua segunda gestão e ajudou a fazer a história também desse movimento. Por tudo o que representa, faltou aqui a grande foto, uma dele empunhando o microfone em qualquer uma das tantas manifestações que já esteve presente”.
Isso tudo é só um aperitivo do que virá pela frente no bate-papo dominical, de algo que faço questão de comentar: comentei com outro amigo, o artesão Celsão sobre isso de LADO B, Importância dos Desimportantes e ele me deu a exata definição de como somos vistos, enxergados e também nos situamos no contexto dessa cruel vivência dentro de um capitalismo predatório, onde os invisíveis são não só destratados, como menosprezados e vilipendiados. Ele me disse: “Henrique, eu não sou LADO B, eu sou SEM GRAVADORA”. Domingo estarei entrevistando mais um SEM GRAVADORA, o incomensurável LULINHA.
Eis o link para assistir o AO VIVO por inteiro: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/3713609598669022
Semana que vem tem mais, sempre aos domingos...
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