quinta-feira, 6 de agosto de 2020

CHARGE ESCOLHIDA À DEDO (161)


DESUMANIZAÇÃO E O FIM DO TRABALHO COMO ALGO IMPRESCINDÍVEL - SEM EXPECTATIVAS
Ouço no rádio, vejo na TV e leio no jornal que o país atravessa sua pior crise de desemprego, tudo agravado com a crise provocada pela pandemia. Nenhuma surpresa. O país já não andava bem das pernas. Bolsonaro, Guedes & Cia, os que se aproveitam do momento para passar tudo, a tal da boiada que o criminoso ministro do Meio Ambiente havia mencionado. Tão logo reabra a economia, o desemprego que já é algo inolvidável, vai dar um salto, pulo ainda inimaginável. Apenas 48% dos brasileiros em idade para trabalhar estão efetivamente ocupados. Muitos querem fazê-lo, mas não existe trabalho à disposição. A taxa da informalidade está estimada em 34%. O país conta com quase 13 milhões de desempregados e quando somados com os que desejam fazê-lo, esse índice chega a mais de 30 milhões de pessoas. Os loucos que nos governam apostam todas as fichas na precarização do trabalho, praticamente pondo fima na legislação trabalhista. O empresário, também acuado por um desGoverno, fraco, inoperante e que não o auxilia, mesmo recebendo apoio destes, prefere continuar aplicando seu dinheiro, numa pérfida atividade rentista e nada investe, pois enxerga o destrambelhamento em que estamos enfiados. Não existe cenário otimista. Postos de trabalho são desativados, perdidos e não renovados a cada instante. E para completar, nem quarentena séria ocorreu no país, tornando tudo piorado.

Ao pobre não resta opção, ou morre de coronavírus na rua ou de fome dentro de sua casa. Um dirigente sindical argentino, Luis Barrionuevo afirmou anos atrás como um mantra a real situação do trabalhador e de quem procura por emprego nos tempos atuais: "Não se faz dinheiro trabalhando". Antigamente existia do tal do direito ao trabalho, mas hoje foi sumariamente reduzido no direito de trabalhar pelo que o patrão quer te pagar e nas condições impostas por ele. Isso quando houver trabalho para todos. Essa imensa massa de gente sem trabalho ainda não se deu conta se o pior é essa loucura por arrumar um novo trabalho ou conservá-lo sem férias, sem aposentadoria, sem direitos, sempre de boca fechada, sem ter quem mais o defenda quando com algum problema com o patrão. O trabalho não é mais imprescindível, pois quem o detém está preferindo usar o dinheiro em outros investimentos. 

Prevalece o medo, esse estampado na fisionomia da maioria dos trabalhadores. Como lutar por direitos, sem ao menos ter o que comer. Neste novo formato não existe direitos, muito menos humanidade. É a total desumanização das relações trabalhistas. Para o pobre que consegue algo, um bico, sem nenhuma garantia, hoje ganha, amanhã pode estar sem esse mínimo, pois não existe mais garantia de nada. Viceja essa hiperexploração dos trabalhadores por meio dessas plataformas e ainda com o disparate enxergando-as como o progresso. O discurso meritocrático mata e existe uma névoa no ar, demonstrando que se está tudo muito ruim, a tendência é piorar. Pois que venha logo um levante destes todos tratados com tanta indignidade.

QUEM FAZ A DÍVIDA E QUEM PAGA A DÍVIDA
O que acontece hoje na Argentina, quando o governo de Alberto Fernández consegue um acordo eliminando parte significativa da dívida construída em quatro anos pelo desGoverno de Maurício Macri, hoje foragido em Paris é algo para ser olhado com o devido cuidado. Governos neoliberais predatórios gastam e se endividam de forma descontrolada e não conseguem depois pagar. Fazem e acontecem, trabalham aliados ao prescrito pelas leis de mercado, o rentismo, os tais do 1% e foda-se o resto. Quando saem, um enorme estrago é deixado para trás e os governos ditos por estes como populistas, são estes que irão resolver o malefício de alguns anos de barafunda total. Macri destrói com as finanças argentinas e agora, mesmo em tempos de pandemia, chega Alberto, peronista e começa a consertar o estrago.

Podem contestar a vontade, mas o mesmo aconteceu aqui no Brasil. Quando da saída de FHC, o país estava quebrado, devendo até as cuecas. Chega Lula, o PT, paga tudo e ao sair deixa uma reserva financeira que nunca antes tivemos. Hoje, nenhum avanço, tudo sendo privatizado e Bolsonaro já avança sobre as tais reservas. O país já destroçado, sem que ocorra nenhuma espécie de negociação para salvá-lo. A salvação, como já é sabido, mesmo que muitos a neguem, virá com a devolução para administrações oxigenadas e não perfiladas com o neoliberalismo e capitalismo predatório. Não existe a menor dúvida de como se processam as coisas nos bastidores do poder. Hoje, num texto curto, rápido de ser lido, algo sobre isso no diário argentino Página 12, aqui compartilhado: https://www.pagina12.com.ar/283239-la-deuda-un-sintoma-argentino

Uns estragam tudo, levam o país ao fundo do poço e daí, ressurgem os que a salvarão. Quando o processo estiver concluído são novamente vencidos ou derrubados pelos mesmos de antes e o processo assim segue, espécie de moto contínuo. Eis algo da sina latino-americana. Hoje, a Argentina sendo salva e o Brasil sendo destruído, mas tudo pode se inverter em alguns anos.

MELHOR CHEGAR JÁ AUTOPROCLAMANDO SUAS REAIS INTENÇÕES, SERIA MAIS HONESTO - MANUAL DE INSTRUÇÕES DO BOM CORRUPTO
O mantra seguido por boa parte dos que adentram - e nela permanecem - na política brasileira e mundial, cegos seguidores do que lhes dita as tais leis do mercado, profecia neoliberal predatória, contra os interesses pátrios, mas seguindo fielmente um de enriquecimento ilícito foi profetizado há mais de 60 anos pelo argentino Roberto Arlt, numa espécie de conselho para quem queria obter sucesso na carreira política:

- "Proclame: Roubei e quero roubar mais. Prometa leiloar até a última polegada de terra argentina, vender o Congresso e instalar um cortiço no Palácio da Justiça. Em seus discursos, diga: Roubar não é fácil, senhores. É preciso ser cínico e eu sou. É preciso ser traidor e eu sou".

Segundo o escritor, essa seria a fórmula de êxito seguro, pois todos os sem-vergonha falam de honestidade e as pessoas estão fartas de mentiras. Dessa forma, sendo sinceras já desde o princípio, dizendo logo de cara a que vieram e a quem servirão, abrirão as portas para todos os que nela já estão, será felicitado pelos ali já atuando, "oba! Esse é dos nossos" e perceberá a aproximação dos que estão ali, no exercício do jogo de xadrez, só para encherem as burras. Encontrão sua turma logo de cara e não perderão tempo.
Escrevo isso movido pela lenga-lenga que vejo vinda de alguns hoje tentando se iniciar no mundo político, com aquele discursinho cerca-lourenço, tentando enganar incautos com algo propositivo, quando na verdade o mofo está embutido em tudo o que fez até a presente data. Só se deixa enganar quem é muito leso, descuidado ou está também na mesma situação, louco para abiscoitar fatia nesse lucrativo negócio. Tem uns que vejo pela aqui,que pela amor dos meus filhinhos, só mesmo excomungando logo de cara!

Seria de bom alvitre se iniciarem com algum conhecimento de causa, uma leitura a servir de guia, mola mestra, tipo um Manual de Instruções, daí recomendo, leia o primeiro capítulo de “Os sete loucos”, de Roberto Arlt: https://revistacult.uol.com.br/home/leia-o-primeiro-capitulo-de-os-sete-loucos-de-roberto-arlt/. Portanto, iniciantes no assunto, marinheiros de primeirsa viagem, por favor, não adentrem a cancha de jogo sem se inteirarem a contento das reais regras do jogo. Procurem por especialistas, sendo a literatura de Arlt um ótimo começo. Essa dica VALE OURO, portanto, por favor, deixem minha parte na portaria.

8 comentários:

Anônimo disse...

Meu caro Henrique, o texto é longo, porém ajuda na reflexão sobre o momento e o que podemos e devemos. Abraço.
Na UTI do Hospital Tide Setubal, localizado em um bairro proletário de São Paulo 1, 95% dos pacientes com Covid-19 morrem. No Rio de Janeiro, um estudo feito pela Fiocruz mostrou que o percentual de mortes nas UTIs de hospitais públicos é o dobro do percentual nos hospitais privados.
É uma novidade da Covid-19?
Num poema escrito entre 1954 e 1955, João Cabral de Melo Neto cantava:
E se somos Severinos iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte Severina:
que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fomeum pouco por dia
(Morte e Vida Severina)
Se “atualizarmos” o poema, podemos dizer que os proletários morrem nas “operações policiais” nos bairros proletários, a maioria das vezes bem antes dos 20, morrem de velhice bem antes que os moradores de bairros da pequena e média burguesia e continuam a morrer de fome um pouco por dia, como mostram as reportagens sobre os entregadores de aplicativos.
A Covid-19 apenas faz saltar aos olhos essa situação absurda, acelerando todo o processo. E mostrando que o dinheiro público tem destinação certa. Apesar de todas as medidas que despejaram rios de dinheiro em bancos privados, estes choram e lamentam que o lucro diminuiu pela metade durante a pandemia. Continuam a ganhar bilhões, mas somente a metade dos bilhões que antes ganhavam.
Enquanto isso, no Rio de Janeiro, por exemplo, a empresa terceirizada que fazia funcionar o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) praticamente parou porque não recebe pagamentos. E o estado e município dizem que o problema é da empresa, nada temos a ver com isso.
Os postos de saúde do município do Rio estão quase todos paralisados, em virtude da falta de pagamentos de médicos, enfermeiros e pessoal de apoio. Podemos acrescentar aos versos que se morre de doença todo dia por falta de atendimento. E quem conta as mortes? “É uma cova grande para teu pouco defunto, mas estarás mais ancho que estavas no mundo… a terra dada não se abre a boca”.

CONTINUA

Anônimo disse...

CONTINUAÇÃO


Na Índia, depois que um ministro falou que não se podia contar os mortos, agora inventam uma contagem enquanto a pandemia se espalha pelo segundo país mais populoso do mundo sem nenhum controle, sem médicos ou qualquer atendimento. O canto de João Cabral vale no Brasil e na Índia, e a única diferença para os proletários dos EUA é que lá o serviço de estatística é eficiente, porque a máquina de matar proletários funciona com a mesma fria precisão, e morrem mais pobres, negros e latinos que todas as outras parcelas da população.
100 mil mortos!
Os jornais querem dizer que média móvel de mortos (média de mortes relatadas dos últimos sete dias) baixou de 1 mil para 995 (em 3/8/2020) e isso talvez mostre que a epidemia está “cedendo”. E os governos estaduais, municipais e federal repetem a mesma cantilena, com algumas variações de tom e nota, mas sempre voltando à mesma nota de “reabertura da economia”.
As fábricas, que nunca pararam ou fecharam, mostram que para os proletários nunca existiu o “isolamento social”. Os ônibus e trens, que tiveram diminuída a sua frequência para que se pudesse manter a “lotação ideal” de espremer o proletariado como sardinha em lata para se obter o lucro da concessão, nunca tiveram isolamento social. E o que abriu agora, principalmente, foram os bares, shoppings e outros centros onde a pequena burguesia desesperada vai celebrar a sua vida vazia às custas das vidas proletárias, já que o proletário se pegar Covid-19 e necessitar internação irá para o hospital com 95% de chance de morrer e o pequeno-burguês para o hospital privado onde a chance de morrer é bem menor.
Nos tempos longínquos (não faz dois meses) em que a burguesia se estranhava com Bolsonaro, esse era o alvo preferido das críticas, enquanto as mortes chegavam à triste estatística de 10 mil. Agora, quando o número de mortos é multiplicado por 10 e Bolsonaro, governadores, centrão, prefeitos e juízes estão tocando a mesma marcha fúnebre, os sinais de alerta somem dos jornais.
Para os proletários, resta uma fria certeza: é necessário combater para enterrar de vez o sistema capitalista e todo o seu festival de horrores. Os tempos de “Morte e Vida Severina” precisam ser deixados para trás. E para isso é necessário se armar com as armas da crítica marxista, antes do tempo em que a crítica das armas se fará falar.
ENQUANTO ISSO EM BAURU: O prefeito Clodoaldo Gazzetta continua praticando a necropolitica no transporte urbano.


ROQUE FERREIRA

Marcos disse...

Nesse post há que se fazer algumas observações:

1-Os que se dizem de esquerda precisam urgentemente voltar a estudar o marxismo, entender o que é o trabalho. Não está e nunca esteve faltando trabalho, olhe ao redor, veja quantos serviços, infraestrutura, quantas coisas faltam para a sociedade...há trabalho mas não há empregos porque no capitalismo o trabalho não está relacionado a atender as necessidades coletivas da humanidade, e sim apenas a satisfazer a necessidade de lucro das empresas. Uma sociedade não é construída por grandes corporações e sim por aqueles que trabalham, enquanto empresas usurparem o trabalho na forma de empregos, os verdadeiros trabalhos para toda uma sociedade não serão feitos.

2-Marx ficaria horrorizado se estivesse vivo no século 21 ao ver pessoas que se reivindicam de esquerda, celebrando o acordo da Argentina com os abutres da dívida pública, a esquerda que comemora um país que se curva ante as fraudulentas dívidas públicas e o encher dos bolsos do baronato, é chegar ao fundo do poço. Primeiro foi o Brasil com a traição de classe do PT que na verdade trocou uma dívida externa pela interna que explodiu aos volumosos juros pagos ao baronato. A matriz econômica inaugurada pelo FHC em gerar absurdos superávit primários para repassar ao mercado financeiro segue até hoje, daí a bomba que explodiu no colo da Dilma e deu passagem para chegar onde chegamos.

Ser de esquerda é romper com o status quo, é ser anti-capitalista, quando o discurso se incorpora ao capital e passa a ser parte do sistema e não contra ele, deixa de ser esquerda para ser um lado da moeda direita. O discurso já sai derrotado e é isso que tem feito o Bolsonaro se manter intacto no governo.

A CUT está paralisada, morta...assim como demais organizações sindicais, estudantis de todos os partidos do PT ao PSOL estão adaptados ao sistema. Ou surge uma nova forma de organização popular revolucionária, ou será a morte anunciada de toda uma nação, porque sem uma outra sociedade, sem socialismo, será a barbárie...e revolucionários não propõe governar o capitalismo e nem a barbárie.

Camarada Insurgente Marcos

Mafuá do HPA disse...

Resposta ao amigo Marcos Paulo:

Sim, Marcos, capitulo, trabalho existe aos borbotões, o que não existe é emprego dentro do formatado e em em curso, capitalismo predatório e excludente.

Não me envergonho em apoiar e escrever sempre que posso apoiando algo como o que está em curso hoje na Argentina, com o Governo de Alberto/Cristina. Seguem tendo uma oposição feroz, violenta, cruel e insana e isso por si só já é prenuncio de estarem no caminho certo. leve em consideração que, todos os que aceitam participar da luta transformadora, mas usando ou dentro do atual sistema, não podem romper violentamente, assim de uma hora para outra, pois sofrerão a força do braço repressor. Exemplos existem aos borbotões. Lula fez muito, pelas rebarbas. Podia ter feito muito mais, mas sabia que se, indo além do permitido pelo sistema, nada faria. Fez e seu legado está aí, ruim ou bom foi o conseguido. Alberto segue caminho similar, porém, com algo mais que talvez falte a Lula e aos seus, um envolvimento maior com o lado popular, daí com mais respaldo possa mudar de fato alguma coisa.

Todos os que lutam fazendo uso do atual sistema padecem deste mal. Você bem sabe que, se Macri continuasse um acordo como o feito nunca ocorreria. Lula pagou, hoje Alberto paga e vejo a Argentina seguindo por um caminho que nós hoje nem sonhamos em ter. Se ele vai pagar é outra coisa, mas empurrou para a frente e em algo mais que positivo para o povo e aquele país. A gente bem sabe que ser revolucionário, na acepção da palavra é bem outra coisa, mas quem o faz de fato hoje em dia, dentro deste mundo cada vez mais insano e neoliberal? O que foi feito por gente como Lula, Mujica, Chávez, Correa, Kirchner, talvez Lugo e Bachelett, pode ser credito como positivo, início de uma longa caminhada. Revolução sabemos é bem outra coisa, vide o feito por Fidel e Che em Cuba. Sem revolução, mas dentro do sistema, algo é feito e salutar.

Sim, a CUT errou feio, mas não foi a única. Nós mesmos, todos indistintamente, perdemos o contato com o povo. Eu tenho pouco contato como povo, você idem, ou seja, escrevemos muito, você muito bem, mas cadê nós estarmos lá junto do povão e não deixar acontecer essa lavagem cerebral? Sim, quero que possamos ao menos ver Lula competindo novamente, Correa idem, Maduro vencer o golpe nos seus costados, Alberto e Cristina prosseguirem seu caminho, pois são caminhos possíveis dos que fazem algo fazendo uso do possível dentro do sistema vigente. Eu também quero e muito que surja um movimento realmente popular, transformador, que vire essa mesa, confronto necessário, mas enquanto não nos organizamos, melhor possibilitar o aqui já comentado, do que nada.

Baita abracito do mafuento Henrique

Marcos disse...

Só temos essa vida, se pergunte se vale a pena terminá-la na auto-enganação e incorporado ao status quo que gerações de revolucionários vem denunciando e tentando destruí-lo. Vale a pena deixar de morrer comunista para morrer por narrativas partidárias??

Não me compare com a CUT e partidos na tentativa de invalidar os fatos argumentados, eu não sou representante sindical e nem tenho em mãos a estrutura sindical e partidária como tem a CUT e os partidos, nenhum indivíduo para o bem ou para mal organiza massas populares e sim direções de organizações consolidadas na sociedade. Eu vivo para ser subversivo e não para conciliar com esse sistema e viver de dar justificativas para as traições. Marx em Engels nunca organizaram nenhum piquete e muito menos as massas, mas a partir do conhecimento e divulgar as ideias deram o ponto de partida, ponto esse que está faltando na política.

Polarizou-se a estupidez das guerras de narrativas, se você olhar a forma como se utilizam delas tanto um lado como o outro(bolsonaristas e progressistas), o tal do "cancelar" o contrário, é a mesma ferramenta, não há debate. Eu tenho N divergências com a Lilia Schwarcz, mas é uma pessoa que proporciona debate e veja os ataques absurdos que ela recebeu pelo seu último artigo, isso não é debater, não é contra-argumentar, é linchamento virtual.

Veja que repercussão boa deu o texto contra o Cafeo por estar bem fundamentado, ele tentou responder num outro artigo e fugiu de diversas questões navegando em falácias, vou até fazer uma tréplica se o jornal permitir para desfazer alguns sofismas.

Quando não se muda o status quo e o PT manteve suas estruturas intactas com a mesma matriz econômica é manter tudo o que sempre combatemos e as pessoas continuam excluídas de desenvolvimento humano, a única reforma(e reforma não é rompimento) que o PT fez foi a da previdência que atacou os servidores públicos, de resto foi a douração de pílula de sempre, lembre-se que o FHC aproveitou de um momentâneo consumo das famílias para se eleger e reeleger em primeiro turno nas duas vezes, o PT também teve seu momento e agora o nazista tenta o dele, nazista que só surgiu justamente pela falência partidária no Brasil como proposta de mudar o status quo, partido é tomar parte e quando se deixa de tomar parte para ser o mesmo, deixa de existir o sentido de partido. Consumo não é desenvolvimento humano, tanto que quando ele cai, a ilusão que segurava as pessoas se finda.

O PT não tinha ameaça nas eleições porque o PSDB já havia naufragado justamente quando abraçou a interdição ideológica do neoliberalismo nos anos 90 achando que realmente aquilo era o fim da história, mesmo com o desgaste e aperto nas eleições de 2014, ainda assim o PT não tinha oposição até porque o discurso econômico dos dois partidos se confundem, o Bolsonaro soube explorar o vazio dessa oposição com o discurso totalmente moralizador e conservador assim como os nazistas nos anos 30 ante uma economia naufragada, porque o Brasil além de desigual é um país de mentalidade conservadora e isso é um dos legados do PT que abraçou e permitiu o crescimento neopentecostal no país. E ainda temas como exploração de classe, universalização e mudança estrutural na educação e saúde nunca existiram e ainda fortaleceram o setor privado da educação com essas fábricas de diploma que só emburrecem ainda mais o povo, na saúde enfiaram as PPPs com as OS, privatizaram campos de petróleo, massacraram o povo ribeirinho, Força Nacional expulsando moradores no RJ por obras das olimpíadas. Como pode passar pano para tudo isso e muito mais?? Isso não é ser de esquerda e qualquer justificativa é queda na certa nas narrativas como fazem os neoliberais.

Continua...

Marcos disse...

Aplaudir pagamento de dívida pública é o absurdo dos absurdos, sendo que nem auditoria é feita. Na Argentina mantenho contato com grupos realmente de esquerda para acompanhar a situação, até pq convenhamos, peronismo nunca foi de esquerda, são esses revisionismos absurdos que nos empurram cada vez mais pro fundo do poço, tipo a "esquerda" brasileira que hoje ama o Vargas. Marx explica que a única parte da riqueza nacional que é de posse coletiva é a dívida pública é porque quem paga essa dívida é a classe operária, é a pequena burguesia, os camponeses. Quando se louva esses pagamentos e acumulo de reservas cambiais há que se perguntar às custas de quem e quem vai pagar essa conta. Será com o sangue e suor dos trabalhadores que produzem toda a riqueza e não a usufruem justamente por pagar a "dívida" ao baronato financeiro.

O debate não pode ser reducionista e nem passador de pano, a tão elogiada Argentina na pandemia era tb para inglês ver, olha o desastre que está acontecendo agora por lá com os casos explodindo, tudo porque o governo não teve peito em fazer lockdown, fez uma quarentena para inglês ver, deu um auxílio baixo que não se corrige pela inflação galopante da Argentina e agora sucumbiu de vez as pressões empresariais. Ah e no Maranhão o Flavio Dino tb decretou que empregadas domésticas tb são serviços essenciais, isso só mais um exemplo para ver o quão "diferente" são, né?

Vc citou vários ex e presidentes da América Latina, isso é reduzir o debate de um processo histórico, no caso do Maduro é uma piada defender esse cara, o povo venezuelano estará fudido seja com os EUA ou com o Maduro, o cara que assim como o outro "esquerdista" Daniel Ortega queria dar cloroquina para a população, olha o absurdo que o Ortega faz na pandemia, isso é a polarização da bizarrice porque falamos do Bolsonaro e seus absurdos na pandemia e não querem denunciar os "parças" de lá. E o Morales que chamou o Bozo de irmão e entregou o Batistti para a Itália, é inacreditável...isso explica e muito o buraco que estamos.

Eu estou fora das eleições de 2022, chega. A luta revolucionária não cabe nas urnas do sistema burguês e suas regras, tentamos ainda dialogar em 2018 frente a um discurso nazista, mas nem o Lula, do PT passando por todos os partidos ditos de esquerda até o PSOL, nem a CUT, UNE, querem derrubar o Bolsonaro pq só pensam em projeto eleitoral e isso vai custar caro ao país porque vão garantir mais 4 anos de Bolsonaro. Apostam no quanto pior melhor(vc dizia muito isso dos tucanos) engessando qualquer mobilização grande contra o governo. Assim como o PSDB nunca mais ganhou eleição nacional no médio prazo, o mesmo vai acontecer com o PT, porque o dia que não for o Bolsonaro, será outro do mesmo espectro, porque essa dita "esquerda" é incapaz de radicalizar o discurso realmente classista para outra ponta. Vai ser para o Bolsonaro a oposição mirradinha como foram os tucanos para o PT. Até ala evangélica o Lula quer criar no PT, sério mesmo que vc acha que esse é o caminho??

Camarada Insurgente Marcos

Marcos disse...

“A dívida pública, isto é, a alienação do Estado – seja ele despótico, constitucional ou republicano – imprime sua marca sobre a era capitalista. A única parte da assim chamada riqueza nacional que realmente integra a posse coletiva dos povos modernos é… sua dívida pública. Daí que seja inteiramente coerente a doutrina moderna segundo a qual um povo se torna tanto mais rico quanto mais se endivida. O crédito público se converte no credo do capital. E ao surgir o endividamento do Estado, o pecado contra o Espírito Santo, para o qual não há perdão, cede seu lugar para a falta de fé na dívida pública. A dívida pública torna-se uma das alavancas mais poderosas da acumulação primitiva. Como com um toque de varinha mágica, ela infunde força criadora no dinheiro improdutivo e o transforma, assim, em capital, sem que, para isso, tenha necessidade de se expor aos esforços e riscos inseparáveis da aplicação industrial e mesmo usurária.” (Marx – O capital, Tomo 1)

Marcos disse...

Meu, quebre as correntes, não morra petista, morra comunista. Faça valer a pena. Pode ter certeza que é a melhor coisa que alguém pode lhe dizer como reflexão profunda.

Camarada Insurgente Marcos