O LABORATÓRIO DO FASCISMO TABAJARA NÃO É BRINCADEIRAOs exemplos pululam e gritam aos meus ouvidos, calam minha voz e me faz se entregar a algo, até para distrair a mente e assim permitir que durma. Foi o que fez a amiga Amanda Helena num relato doído, sentido e já quase se entregando, resignada, sem outras saídas: "O Brasil tá pegando fogo e eu tenho vontade de tacar fogo nesses vermes todos que estão por trás disso, como não posso fazer, fico aqui esquentando mufa e pensando na minha mão deslizando em teclas, mesmo sem saber tocar. Sabe aquela coisa que mexe com os hormônios da gente? É isso que o piano me faz....".
O Senhor Inominável, no mais recente pronunciamento diz que não existe preservação da natureza igual a feita pelos seus, neste atual desGoverno. Abro a janela e a fuligem do fogo, ainda distante de meu lar, invade tudo e se instala sobre o chão e móveis. O interino da Saúde, aquele que de Saúde está vendo se consegue assimilar alguma coisa quando investido do cargo, é efetivado no cargo e alguém aqui pelas redes sociais, me manda "chupar o dedo". É muita incompetência, malvadeza e crueldade, tudo junto numas pessoas que estão aí exatamente para destruir tudo, possibilitando o terra arrasada. Das instituições, antes com algum respeito, perco o pouco que tinha. Ainda ontem, amigo que foi acompanhar e tentar ajudar a apagar o incêndio em área de preservação ambiental no entorno de Bauru volta de lá afirmando que a Corporação dos Bombeiros, que foi acionada para apagar as chamas ou tentar fazer algo neste sentido, se postou a serviço dos interesses do dono do imóvel, o grande latifundiário e deixou a coisa rolar. Algo parecido com as policias que, pagas por nós para nos proteger, fundam algo novo, uma instituição paralela, o milicianismo e se tornam grandes empresários da malversação.
Alianças eleitorais espúrias se consolidam e no frigir dos ovos podem até se fundir, visando tirar quem está no poder e lá instalar outros, até piores, mas em nenhum momento o intuito de resolver a questão da imensa maioria da população, mas o de atender interesses do tais "donos do poder". E quem poderia nos ajudar, levam vida legislativa meio que desplugada da realidade, pois até para votar em títulos de cidadão, se deixam enganar e votam na algoz, que se apresenta sem sobrenome e assim faz de bobo quem deveria repudiar a bestialidade.
Alianças eleitorais espúrias se consolidam e no frigir dos ovos podem até se fundir, visando tirar quem está no poder e lá instalar outros, até piores, mas em nenhum momento o intuito de resolver a questão da imensa maioria da população, mas o de atender interesses do tais "donos do poder". E quem poderia nos ajudar, levam vida legislativa meio que desplugada da realidade, pois até para votar em títulos de cidadão, se deixam enganar e votam na algoz, que se apresenta sem sobrenome e assim faz de bobo quem deveria repudiar a bestialidade.
A gente junta tudo no mesmo balaio, vai formatando sequencialmente tudo o que acontece e sem saída, como num beco e daí, o desalento chega ao seu ápice. Resistir é preciso, necessário e se alguém aí tiver uma vaga ideia de como podemos fazê-lo em conjunto, numa ação coletiva feita para sacar estes todos malversadores do poder, me abra a mente, diga e me indique o caminho. Sigo da minha trincheira, fazendo o que posso e como posso, sei ser pouco, mas estabanado e perdido, sei não posso parar, mas acho não produzo nem mais mera marolinha no que precisamos fazer de fato para alterar tudo o que vejo acontecendo.
SEU JOÃO ME DISSE NA LATA: " EU PUXO COM MEUS BRAÇOS UMA CARROÇA PELA CIDADE" Eu o conheço de outros tempos, quando ainda não fazia o que faz hoje, recolher reciclados pela cidade, preferencialmente na Zona Sul, área previamente já estabelecida para ele e dividida em acordo com outros, que fazem e vivem da mesma coisa, de porta em porta, principalmente junto das lixeiras de edifícios, onde levam os lixos fechados e dali retiram o servível para revender depois em locais pré-determinados. Até alguns anos atrás ele tinha em emprego, trabalhava no serviço de vigilância, prestando serviços até em alguns dos prédios onde hoje volta até eles, mas para outro tipo de serviço, o de coletar o lixo dos seus moradores.
Sua vida se alterou bastante com o passar dos anos e a pandemia praticamente o encurralou nas cordas, como um boxeur já prestes a jogar a toalha. "Eu fiquei doente e fui descartado do que fazia. Fiquei parado, mas não tinha mais como, daí vim catar lixo e vivo disso. Bauru inteira é dividida entre outros como eu e cada um pega o lixo de determinadas regiões. Eu procuro não invadir a de ninguém e faço de tudo para ninguém vir invadir a minha, mas o mundo é dos espertos e se a gente bobear e chegar tarde, é bem provável que outro já passou antes da gente e recolheu aquilo que vai ser o único dinheirinho que tenho conseguido nestes tempos de pandemia".
Eu não posso ficar fazendo muitas perguntas, pois ele acaba de sair de um prédio e enquanto amarra sacos de lixo junto ao carrinho, para depois num outro lugar mais tranquilo abri-los e ver o que serve. Tudo é cronometrado e o sigo por alguns minutos. Eu passava pela rua e o conheci, resolvi parar e perguntar como ia. Não sabia como abordá-lo e o fiz dessa forma, pois já conversamos muito tempos atrás. Sua imagem também mudou bastante e hoje, suado e com um ar bastante cansado, diz tudo ter piorado, mas não reclama, pois diz ainda soube cavar um lugar para ganhar algum. Falamos do tempo, eu reclamando dizendo que falta chuva e ele, ao contrário, me dizendo que detesta chuva, pois fica praticamente impossibilitado de sair catar suas coisas.
O mais triste de tudo foi na despedida, ele pegando o guidão do seu carrinho e começar a caminhar, com aquele peso enorme às costas, vira para mim e diz: "Eu sei o que estou parecendo. Não precisa fingir, todo mundo vê. Isso aqui é como se fosse uma carroça e eu o cavalo, o burro puxando a carga. Virei isso, meu caro". Nos despedimos e eu perdido, sem saber o que dizer depois do que ouvi. Fico na esquina até vê-lo parar lá adiante, atravessar a rua e ir num local já sabido, onde o porteiro de outro prédio o aguardava facilitando seu acesso para que carregue mais sacos, grude todos ao seu carrinho. Vim embora e tento escrevinhar algo sobre ele, seu João, hoje com muito menos idade que os meus 60 anos, mas aparentando bem mais e sem esperanças de ter daqui por diante algum outro emprego ou atividade que modifique sua vida e a faça ter um sentido como dantes. Que serão destes todos? Diante desta encruzilhada, quando não sabemos nem o que nos acontecerá logo mais, diante de tanta insanidade, estes como seu João, padecem muito mais. E são tantos, cada vez mais e mais na mesma situação.
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