quarta-feira, 9 de setembro de 2020

PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (157)


A INFORMALIDADE LEGALIZADA E O CASO DE MARKINHOS PIRES, MEU AMIGO DO SAMBA E SOBREVIVENDO COM O TRABALHO ADVINDO DE SUA MOTO
O estrago proporcionado pelo desGoverno de Bolsonaro nas hostes dos trabalhadores assalariados é algo incomensurável, de grande monta e ainda não compreendido por estes, a maioria dos próprios trabalhadores. A novidade agora é que, com nova legislação vigente a empresa possa ter até 50% dos empregados em contrato por hora. Que é isso? Simples. Não querem mais carteira assinada, a empresa privada poderá pagar por hora e o pobre trabalhador nunca mais irá se aposentar, pois se mal consegue sobreviver com o que ganha, como irá fazer para pagar por fora a Previdência? Não terá como, pode esquecer. Um filósofo italiano, Franco 'Bifo' Berardi apregou que "o capital deixou de alugar a força de trabalho das pessoas, mas compra 'pacotes de tempo', separados de seus proprietários ocasionais e intercambiáveis". Uma quase escravidão disfarçada. O sujeito tem que estar disponível para quando o patrão precisar, que dele faz uso só por aquelas horas e paga somente por elas, porém as contas destes continuam todas iguais no final do mês, água, luz, telefone, gás, alimentação e aluguel. 

Todos são transformados em 'empreendedores', quando na verdade, a maioria sem o perceber são usados para enriquecer uma minoria e deixá-los cada vez mais empobrecidos. Daí, se faz necessário lutar com unhas e dentes pela manutenção de um estado onde o direito do trabalhador esteja garantido por lei. O Estado e as empresas privadas comprando somente nacos, 'espaços de tempo' do trabalhador o oprime cada vez mais e o tona cada dia mais miserável. Impossível alguém conseguir se manter dignamente dentro dessa nova concepção. A exploração é evidente, latente e escandalosa. Não é o caso de uma livre concorrência como querem fazer passar, pois os pobres coitados se matando de tanto trabalhar, ainda se acham pequenos empresários. Uma aberração trabalhista da pior espécie. O que mais se vê pelas ruas, nos exemplos de tantos jovens e também velhos arriscando suas vidas em cima de motos, com nenhum destes tendo nenhuma garantia em caso de doença, acidente ou mesmo queda da quantidade de horas trabalhadas. Essa precarização do trabalho e do trabalhador só prejudica a ele mesmo.

Como fazer ele, o trabalhador entender de fato o que se passa? Conto a história de um jovem que gosto muito, meu amigo, sou também amigo dos seus pais e me espelhando nele, faço uma reflexão sobre a situação de todos os na mesma situação, a imensa maioria do povo trabalhador brasileiro no momento atual. o que será preciso fazer para que Markinho Pires enxergue a sacanagem que o desGoverno de Jair Bolsonaro faz com ele e os trabalhadores brasileiros? Não desisto deste meu amigo, mesmo que ele possa me agredir, em primeiro lugar por gostar muito dele e dos seus. Trabalhei com seus pais. Geraldo Pires, o Geraldão. foi maquinista do Projeto Ferrovia para Todos da Prefeitura e convivemos juntos por quatro anos, quando ali atuei. Baita pessoa humana. A Edneia Pires, a Néia, a mãe era no meu tempo de Cultura Municipal a retaguarda do setor e com ela tive convivência diária por quatro anos. Incomensurável figura humana. O Markinho era uma menino, ajudava o pai nas atividades com a locomotiva Maria Fumaça. Era fininho, corpo esguio de moleque e entrava dentro da caldeira da locomotiva para fazer sua limpeza. Sai de lá todo sujo de fuligem. Quantas boas lembranças. 

O tempo passou, Markinho cresceu, se transformou num imenso sambista, respeitado pela cidade, primeiro no Cartola e depois como mestre de bateria no bloco Estrela do Samba de Tibiriçá. Por muito tempo viajou por tudo quanto é lugar com a torcida organizada do Noroeste, a Sangue Rubro. O revia e continuo revendo neste lugares. Ele sempre me respeitou e eu a ele. Somos cordiais um com o outro. Na vida profissional tentou de tudo depois do casamento e o vi enfrentando o touro a unha para arcar com as despesas de uma vida a dois. Roda essa cidade de cima abaixo com sua moto, primeiro como entregador de peças automotivas, depois pizzas e tudo o que mais houvesse. Foi até Uber, sem nunca nada ter que o desmereça em nenhum dessas atividades. Não teve boa sorte com registros em carteira e na maioria das vezes atuou na informalidade. Quer dizer, não contribui para a Previdência e isso o deve atormentar, como atormenta a imensa maioria do povo brasileiro.

Eu não bato de frente com as ideias dele, nem ele com as minhas. Ele me sabe anti-Bolsonaro e eu o sei pró-Bolsonaro. Só queria entender dos motivos dele ter aderido de forma tão aguerrida a essa ideia de que, com ele o país mudaria e sua situação teria melhora. Passado esse tempo já com Bolsonaro no Governo, tudo piorou, mas ele continua firme e rijo a defendê-lo com unhas e dentes. Escrevo dele, mas me espelho em tantos outros com a mesma vivência sofrida das ruas, só dureza, tudo muito piorado e mesmo assim, ainda acreditando no caro. Lá atrás eu até entendo dos motivos dele ter aderido, a influência de mudança, apostou fichas no novo, o que falava sua linguagem, mas agora, após a constatação de que, o presidente e os seus age contra os pobres, que o emprego como dantes não mais existe e tudo feito pelo Bolsonaro, como deve andar a sua cabeça? Escrevo dele, pois queria muito poder conversar por longo tempo com ele, entender o que o faz seguir ao lado do bolsonarismo. Seria uma forma de entender não só o seu caso, mas o de tantos iguais a ele. Entendo que, se não entendermos isso, se não nos atentarmos para o que se passa na cabeça destes, nada mudará. Não será eu o agredindo que mudarei nada. Eu quero só entender e ele também a mim, para tentar mudar algo e partir daí, retransformar este país. o vejo cada vez mais agravada sua dependência e desproteção, abandonados ao léu, à própria sorte pelos atuais governantes e estes ainda crendo em quem lhes crava a estaca no peito. Que loucura é essa que não me entra na minha cabeça? Foram totalmente desvalorizados com a chegada de Bolsonaro, a cada novo ato, mais e mais empurrados para a miséria, uma visível desvalorização da mercadoria que possuem para oferecer, sua força de trabalho jogada na lata do lixo e apoiam o algoz. Será que conversando com o Markinho eu passarei a entender isso melhor? Não sei, mas não me canso de tentar, pois só mudaremos este país para melhor quando todos estiverem de fato bem informados sobre a real situação onde se encontram. 

OBS.: Markinho eu o uso como exemplo, primeiro por gostar muito dele e depois, por vê-lo como liderança no que faz, em tudo que faz e por ter plena consciência de que nada ocorrerá de mudança neste país sem a participação de gente como ele. E se a gente que quer mudar esse país não souber de fato a quantas anda a cabeça do povo, nada conseguiremos de concreto.

TEM OS QUE A GENTE NÃO DESISTE NUNCA DE ACREDITAR E TEM AQUELES QUE JÁ DESISTIMOS JÁ TEMPO
Hoje de manhã publiquei um texto aqui pelas redes sociais sobre um baita amigo, ele trabalhando com sua moto, entregando tudo o que vier pela frente, sem registro, sem nenhuma possibilidade de contribuir para a Previdência e ainda iludido com o fenômeno bolsonarista, este que só lhe joga bola nas costas, dana com sua vida e mesmo assim, ainda continua lhe dando apoio. Não desisto nunca dele e de todos os que, ralando diuturnamente, seguem a vida e ainda não conseguiram compreender todo o mal embutido no que está em curso com o governo do Bolsonaro. Cheguei a perguntar: diante de tudo o que já ocorreu, todo o baú de maldades despejado sobre a classe trabalhadora, o que ainda faz com que o apoiem? Tentar entender isso tudo e não só compreender, mas estar ao lados de todos os oprimidos e cumprindo mais do que um papel na retransformação do país, muito mais que isso, conversar muito, até a exaustão, pois é impossível estes todos ainda iludidos não conseguirem enxergar o óbvio diante de tanta perversidade em curso. O processo é lento, muito penoso, trabalho intenso e estar envolvido nele me dá esperanças de reversão da atual situação, pois sem esse alento, o melhor seria desistir de vez e isso não quero e não irei fazer.

Mas - sempre tem uma mas -, existem outro tanto de pessoas pelas quais já desisti. Estes os que considero perda de tempo tentar ao menos dialogar, pois percebo sempre estiveram contrários a qualquer tipo de governo com uma mínima conotação esquerdista ou de tentar igualar as desigualdades deste país. São os que escolheram um lado, o da minoria excludente, estar ao lado dos tais 1% endinheirados e privilegiados deste país. A imensa maioria destes não faz parte e nunca fará parte deste seleto grupo, vive das rebarbas e sobras deste, mas viveram uma vida inteira assim e fazem de tudo e mais um pouco para subir mais degraus e estar na situação almejada uma vida inteira. Daí, evidente que pobre, trabalhador, menos favorecido, movimentos sociais, reivindicações trabalhistas, isso tudo é a ralé da ralé. Defender estes, coisa de comunistas.

Cito, como o fiz no texto matinal, exemplificando o que escrevo e agora o faço com alguém, que se apertado pode até não se dizer declaradamente bolsonarista, mas pelos seus posts e posicionamentos, mais que claros a opção pelo lados destes e apostando mais e mais fichas na continuidade do desGoverno atual. André Duarte é promoter, trabalha com eventos culturais na cidade, pessoa conhecida na noite bauruense e envolvida com as questões dos bares, comércio e afins da Zona Sul da cidade. Não é me amigo, somos conhecidos, de longa data. Trocamos farpas e tentamos vez ou outra algum diálogo por aqui. Em todas, eu não o convenço e nem ele a mim. Continuamos a amizade via facebook e mais para ver o que ele posta e da mesma forma, ele para comigo. Somos cidadãos destas plagas, posicionamentos bem opostos um ao outro. Ele defende uma coisa, eu bem outra. 

Tudo o que posto em sua página, desde um simples comentário, sou sujeito a todo tipo de admoestação agressiva por parte de seus amigos. Ele não é agressivo comigo, mas muitos por lá o são. Seus amigos todos pensam mais ou menos da mesma forma e jeito dele, se dizendo liberais modernos, empresários dos novos tempos. Eu sou mesmo antiquado, ultrapassado, pois quero preservar alguma dignidade para o trabalhador e estes, defendem tudo o que já foi aprovado com Bolsonaro como necessário para esse "novo país" fluir e se estabelecer. Não existe meios de convencer gente como o André. Desisti de tentar, pois mesmo com tudo o que aconteceu no país tempos atrás, eles preferem o que viceja hoje. Abominam a esquerda, num medo injustificado, pois não vi até o momento nenhum risco para o que defende. Nem cobrar mais impostos dos ricos ainda conseguimos aprovar, nem a reforma agrária ainda ocorreu de fato e muito menos criminalizar os perversos lavajatistas. André faz parte dos que, dificilmente algum diálogo possível surtirá efeito daqui por diante. Uns eu aposto fichas, outros já dou como caso perdido. E olha que, assim mesmo, reconheço, ele não é dos piores, pois existe além do que representa, alguns numa perdição inaudita, desdizendo até da Terra redonda, da utilidade das vacinas, bota fé na cloroquina e faz vista grossa para o milicianismo e a rachadinha. E ainda acredita em Sergio Moro, mesmo sendo bolsonaristas e defensores do Queiróz. E olha que, num passado nem tão distante, quando não nos conhecíamos como hoje, algum diálogo era até possível. O que mudou?

2 comentários:

Marcos disse...

Me passa seu whatsapp no email, gostaria de fazer um comentário sobre o post mas estou com problema no teclado e para escrever texto longo seria um parto...no whats consigo gravar audio. Manda assim que ver a msg para não esquecer.

Camarada Insurgente Marcos

Mafuá do HPA disse...

ME ADICIONA 14.991416973
HENRIQUE