BRECHAS CARNAVALESCAS*
* 52º texto deste mafuento HPA, saindo hoje na edição impressa no semanário DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo:
O Carnaval não vai acontecer como das outras vezes. Até eu que sou daqui de Bauru já curti a festa por aí em Santa Cruz anos atrás no Icaiçara e gostei demais do furdunço na beirada da piscina, com aquele risco de a todo instante cair dentro d’água. Depois, numa das vezes, pernoitei lá no Galeguinhos, naqueles quiosques, alta madrugada e aquela entrada que mais parece uma de fazenda, lá no fundo. Eu sou do time que, para ir ao encontro de festas deste tipo, vou longe. Já pulei Carnaval em inúmeras cidades. Ontem mesmo lembrava com amiga de quando estive, ou melhor, tive o prazer de pular uma noite no extinto Canecão, ali na boca de entrada – ou saída, sei lá, de Copacabana e Botafogo, fervo carioca. O Canecão nem mais existe, assim como, por dois anos seguidos, tudo se arrefece por estas bandas e aquilo que já foi a maior festa popular brasileira, perde seu brilho. Os neopentecostais, sempre do contra e só pensando em seus botões de carolice gostam demais, mas o mundo não pode se deixar levar e cai na desgraça de deixar de festar.
Aqui em Bauru, neste ano, a festa - como por todos os lados -, foi acertadamente e novamente cancelada, mas ela sobrevive nos detalhes. É como você ir observando o mato vicejando e crescendo nas arestas dos paralelepípedos dos calçamentos. Se deixar ele cresce e tomará conta de tudo novamente. Circulo por uma loja exclusiva de produtos carnavalescos aqui no Calçadão da Batista e a vi ontem como a mais movimentada de todas as sete quadras deste comércio central de Bauru. Assuntei e descobri que, festas e mais festas estão ocorrendo pela aí, desde as das escolas municipais estaduais, como espalhadas por aí em residências, chácaras, bares e até empresas. Sei que, muitos podem querer dizer da inconveniência do momento, mas algo pelo qual abomino é a hipocrisia. Pode perceber, os que mais rejeitam o Carnaval são os que lotam templos, igrejas e afins, também retiros espirituais e se nestes lugares pode, me digam, por que essa insistência banal e pueril de culpabilizar o Carnaval pelo aumento da pandemia? Não faz muito sentido.
Se os tais religiosos tomam lá seus cuidados nos seus templos, eu também posso festar e tomar os meus me divertindo. O povo brasileiro já passou dos limites da contrição e precisa, cada vez mais, se libertar das amarras que o prendem a dogmas, conceitos e de gente lhe ditando regras. Sou um dos fundadores aqui em Bauru do bloco, que denominamos de “farsesco, burlesco e algumas vezes carnavalesco”, o Bauru sem Tomate é MiXto (com X mesmo). Não descemos o sambódromo, mas o Calçadão da Batista, sempre aos sábados de Carnaval, 12h. Produzimos uma marchinha, sempre em forma de paródia contra os demandos locais e juntamos a alegria da festa com a necessária pegação de pé aos lobos em pele de cordeiro. Neste ano completamos dez anos de existência e, infelizmente, será o segundo sem poder botar o bloco da rua. Demos nosso jeito e desdizendo dos que fizeram pouco caso da bonança das vacinas e tomaram medicamentos imprestáveis para tratamento da covid, teremos um leve esquenta no sábado de carnaval e se tudo der certo – toc toc toc -, no mesmo dia em que as escolas de samba do Rio e de Sampa saírem, feriado de 21 de abril, nós também o faremos.
Desta forma teremos mais tempo para até lá, continuar cutucando a onça com a vara curta e pegando no pé dos poderosos de plantão, da prefeita, ao presidente do SinComércio, no vereador negacionista e também a mãe da prefeita que gosta de aparecer e dar ordens, como também uma quase prefeita. Tudo é motivo para o cutucão. Quem apronta está sujeito a levar o Prêmio Desatenção, láurea concedida para aqueles que mais pisaram no tomate no ano. Eu não sei a quantas anda a movimentação em Santa Cruz, mas lá no Icaiçara ou mesmo no festim popular, deixo a sugestão, até para incentivar a coisa e ir contra os que pregam contra a festa, que algo possa acontecer no dia 21 de abril, neste ano espécie de Sábado de Aleluia. Faço tudo isso e incentivo para que outros o façam, pois entregar os pontos, jamais. Para escapar de vez da carolice que se avizinha, só mesmo botando o bloco na rua. Motivos não faltam e mesmo sem muitos deles, só o fato de parcela do povo ir pras ruas e rir, fazer festa, já incomoda os acomodados e pregadores do sono coletivo. Algo deve estar rolando por estes dias em algum lugar e descobrindo, nada como, seguindo os protocolos todos, mijar fora do penico.
https://www.jcnet.com.br/.../792754-esquenta-de-carnaval...
O furdunço ainda não aconteceu como os tomateirops gostariam, mas um leve, adocicado, amainado Esquenta ocorreu no Bar do Genaro, coração da vila Falcão, reduto Lado B bauruense e ali, uma amostragem do que poderá vir pela frente em 21/4, se tudo der certo, a pandemia arrefecer e assim, o desfile no Calçadão. Hoje, além do acontecimento no bar, a eleição do Prêmio Desatenção e algo de como somos vistos pelo pessoal do JC. Confiram.
HPA, pelos tomateiros de plantão.
O PRÊMIO DESATENÇÃO
Hoje me reservo a postar o link para assistirem o vídeo divulgando a apuração, das maissérias, totalmente auditável e podendo ser conferida, recontada ou o raio que o parta, pelos ganhadores, segundo o dono do estabelecimento, o Fabrício Genaro, do Bar do mesmo nome, por um ano, mas a recontagem só será aceita se o reclamente portar o comprovante de vacina e fizer todo o trabalho dentro do seu luxuoso banheiro. Como dos demais anos, excluímos da votação os considerados hours concurs, pois tudo perderia a graça tendo eles na disputa (Alexandre Pittolli e Reinaldo Cafeo). Nos reservamos a quem ainda não foi agraciado com o DESATENÇÃO. Amanhã, se a ressaca permitir, escreverei a respeito. Por hoje informo precisar dormir. Cansei. Eis o link: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/281372117437813
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