terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (166)


INTERDIÇÕES POR FALTA ALVARÁ BOMBEIROS NA CULTURA, DA PINACOTECA AO MUSEU FERROVIÁRIO - E O PALÁCIO DAS CEREJEIRAS?
No último sábado ouço de um atento servidor municipal da Cultura sobre a interdição pelo Corpo de Bombeiros, a eterna falta de alvará, impedindo qualquer tipo de funcionamento na Casa Ponce Paes, a também denominada Pinacoteca Municipal, localizada na confluência das ruas Antonio Alves com Ezequiel Ramos. Ontem, segunda, ouço mais e me estarreço, as interdições se ampliaram e hoje nenhum espaço museológico na cidade pode ter suas portas abertas, se estendendo desde o MIS e Histórico (ainda provisórios), ao lado da Estação da Cia Paulista, na rua Rio Branco, como o nosso mais famoso museu, o Ferroviário, lá ao lado da Estação da NOB. Tudo se une a própria Estação da NOB, também interditada e sem nada poder acontecer em suas dependências.

A ação desta feita, me parece, veio para fechar de forma contundente o que ainda nos resta de Cultura proveniente das hostes públicas municipais. Cala fundo, pois se já ocorria o funcionamento precarizado, hoje tudo se fecha em copas e diante da lentidão proporcionada pelo trabalho nada edificante da alcaide Suéllen Rosim e de sua sectária, ops, digo, secretária de Cultura, Tatiana Sá, creio essa liberação será coisa de anos. Talvez para o final do mandato ou mesmo para a próxima administração. Ouço dizer que os funcionários de carreira destes locais correm como doidos para ver novamente estes espaços abertos, mas contam, por outro lado, com a morosidade, lendidão e pouca vontade dos atuais administradores. Ou seja, mesmo que, com a abertura gradativa de tudo, arrefecimento da pandemia, teremos esse triste desfecho das portas lacradas nas instituições culturais municipais.

Observo tudo à distância, tento contato com quem lá atua e pode me fornecer informações de como se deram as atuais interdições, pouco consigo e diante do obtido, reuno dados, sem citar as fontes, para não prejudicar a estes, pois persiste por lá um veredadeiro caça as bruxas. Posto a seguir minha opinião sobre este fato em si e tudo o mais. A interdição da Estação da NOB já me era mais do que estranha, pois o prédio não apresenta sequer uma rachadura, agora essa da Pinacoteca e Museu Ferroviário. Se a instituição Bombeiros for levar ao pé da letra o rigor da lei, eles já teriam que ter interditado, em primeiro lugar, o Palácio das Cerejeiras, verdadeiro circo dos horrores em matéria de gambiarras e puxadinhos. Prevejo que, se o mesmo critério dessas últimas interdições ocorrer para tudo o mais, em breve teremos o Centro Cultural inteiro, onde está situado o Teatro Municipal também com suas portas lacradas, assim como a imensa maioria das bilbliotecas públicas municipais (que estão com atividade para acontecer a partir de hoje em suas instalações). Ou seja, tudo correndo riscos. O descaso é latente, mas viceja não só na Cultura e sim, na maioria dos prédios sob administração municipal.

Mais triste fico, pois tenho a certeza vendo a situação atual, de como deverá ficar daqui por diante o complexo da Expo, que sai da guarda feita pela iniciativa privada e agora estará sob responsabilidade da Prefeitura. Não que, a iniciativa privada seja um primor, longe disso, mas para estes, a liberação, ao meu ver se dá de forma mais simples e rápida, mas quando se trata de algo público, mais complexa. Vivemos sob a égide da complexidade de informações e ações. Quero crer que os Bombeiros sempre foram isentos em suas decisões e muito já se fingiram de mortos, para ver a coisa continuar acontecendo, daí observar com olhos de lince como se darão os próximos passos de novas intervenções e liberações. Gostaria muito de saber como a SMC - Secretaria MUnicipal de Cultura enxerga isso tudo. Estamos ficando cada vez mais acéfalos da e de Cultura Municipal em Bauru.
OBS.: A primeira foto é meramente ilustrativa e não ocorre nos locais citados no texto.

O MESMO NÃO PODIA ACONTECER AQUI POR BAURU...
Leio hoje na página Internacional do Jornal da Cidade: "Ex-líder anti vacina se rende à vacinação na Itália - Médico negacionista agora adere à imunização contra a Covid-19. Durante dois anos, o médico italiano Pasquale Bacco, que está com sua licença suspensa por seis meses, foi um opositor fervoroso das vacinas contra a Covid-19. Isso até ver um jovem de 29 anos, que tinha vídeos seus nas manifestações antivacina em seu celular, morrer devido a uma infecção por coronavírus. "Sinto que essa morte foi culpa minha", confessa Bacco, hoje imunizado, ao jornal italiano Corrieri de la Serra. "Para mim, não era uma crença. Quando vi a relidade com meus próprios olhos, me dei conta que estava equivocado". Em entrevista o ex-líder antivacina mostra a linha de pensamento daqueles que se opõem aos imunizantes e expõe o sistema - inclusive o financeiro - que orbita essas pessoas: não acreditam nos resultados. Mesmo assim 83,7% já tomaram ao menos uma dose da vacina contra a Covid, 77,6% estão com o esquema completo e 59,8% já receberam dose de reforço".

Leio isso e me reporto do que acontece hoje em Bauru, quando patrocinado pelo vereador - muita dor - Eduardo Borgo e pelo radialista da Jovem Pan, ops, digo, Velha Klan, Alexandre Pittolli, a insistência em apregoar por todos os meios onde façam uso de algo a desmerecer a vacina, principalmente, neste momento, a infantil. Não torço para que algo ocorra perto deles e os faça mudar de opinião, mas que algo ocorra já e possam se sensibilizar e mudar o roteiro de suas vidas, pois os considero inteligentes, porém, totalmente no desvio, com uma ação mais do que perigosa e à serviço de algo completamente em desalinho com a concentração de esforços para vacinar tudo, todas e todos, isso mundo afora. Não existe mais o que argumentar para estes, pois as evidências dos benefícios da vacina são latentes, porém, continuam apregoando e se mostrando contrários. Tomara que, ao lerem essa matéria, caiam em si e vejam a grande besteira que fazem, podendo o mesmo ocorrer em breve aqui em Bauru, pois os que não estão tomando vacina neste momento o fazem por influência das leituras, aúdios e vídeos encontrados pela aí. Todo influenciador de opinião precisa ser responsabilizado pelo que fala e, principalmente, pelo que faz. Já tiram acertadamente do ar manifestações destes, quando se exaltam da injustificada defesa feita por estes. Que o médico italiano Bacco inspire estes e os façam mudar de opinião, ajudando a salvar vidas daqui por diante. Toc toc toc...

SER RECONHECIDO É SEMPRE MUITO BOM - A ESTAÇÃO DA NOB NOSSA CAUSA MAIOR
Ontem, segunda, 14/02/2022, na Folha de SP, reportagem escrita pelo jornalista Marcelo Toledo, sobre algo muito conhecido da população bauruense, a ferrovia. "Abandono marca ferrovia do Trem da Morte - A icônica ferrovia, por onde o Trem da Morte percorria 1272 quilometros de Bauru à Bolívia não leva mais passageiros e está com várias estações otmadas pelo lixo", estampado na primeira página. O que já é do conhecimento da maioria dos habitantes das cidades por onde a ferrovia levou progresso, hoje, com o modal férreo colocado de lado, resta o abandono. Na página interna, a manchete foi: "Trem da Morte acumula ruínas e abandono entre SP e MS - Situação de antigas estações piorou com privatização sem obrigação de manter transporte de passageiros". Um belo texto, tudo tendo início em Bauru e se estendendo por toda a malha e trecho do chamado Trem da Morte.
Eu me sinto lisongeado por fazer parte desta bela reportagem. Já conhecia Marcelo Toledo de outra matéria para a mesma Folha SP, quando também dei meu depoimento sobre a invasão da Havan no interior paulista e do movimento que muitos faziam para combater aquele formato especuloso de enaltecer a Estátua da Liberdade, isso em pleno interior brasileiro. Desta feita, ele novamente me procura para obter mais detalhes sobre nossa Estação, a da NOB - Noroeste do Brasil e das histórias envolvendo o Trem da Morte. Foram duas conversas gostosas, cheias de lembranças e agora, com a matéria publicada, eis minha citação como participante de parte do seu conteúdo. Agradeço também a jornalista Cristina Carmargo, com quem convivi mais próximo, quando ela atuou brilhantemente por aqui, na rica experiência do jornal Bom Dia. Foi ela quem retomou o contato meu com o Marcelo e me indicou para falar algo mais deste tema que tanto abordo em meus escritos, a ferrovia, a estação e os trens de forma geral. Ser reconhecido nestes momentos é algo pelo qual fico muito lisonjeado.

Eu adoro falar deste tema e em algumas vezes até me empolgo. Enalteço o que já fomos e cutuco mesmo os que deixaram isso tudo se perder, primeiro com a privatização e depois, o abandono generalizado, culminando com essa atual interdição. Sei que nem tudo tinha ou merecia espaço na finalização da matéria, mas ele juntou boas histórias, nomes de pessoas e dicas daqui e da região. Essa imensa foto na primeira página, tirada no MS é quase idêntica da situação atual do que estão propiciando para a "mais bonita estação férrea de todo interior brasileiro", frase de Ignácio Loyola Brandão, a nossa da NOB, na praça Machado de Mello. Essa reportagem é daquelas pra deixar a gente bem puto da vida e não se aquietar, não se calar diante desta bestial interdição, transformando a estação, como em tantas outras, em um lugar tétrico, abandonado e pura ruínas. Quem promove isso deve ser espezinhado, criticado e se possível, chamado aos tribunais. A matéria da Folha de SP me reacende o fogo, que confesso, estava um tanto morno, com pouca lenha. Não podemos deixar isso se perder mais do que já deixaram. Se é pra defender a Estação da NOB estarei sempre de prontidão.

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