Durante uma hora, Edi me pergunta de tudo e respondo tudo, ao meu modo e jeito.
Posso considerar o papo como um Lado B, onde eu sou o entrevistado. Depois me contem o que acharam.
Eis o link da gravação, com pouco mais de uma hora:
Neste feriado, sentado aqui em casa, aproveito para ler, ler e ler. Dia das Crianças, a minha já tem quase trinta anos - e amanhã estará comigo, passeando e proseando, algo de inolvidável valor. Já do motivo do feriado, o da Padroeira do Brasil, respeito. Convivi com a paróquia Aparecida, duas quadras de casa, durante todo o tempo em que residi com meus pais. Herdei deles o Mafuá e lá do meu quintal, vejo a torre da igreja e ouços as badaladas de seu sino - sei lá o que aconteceu, mas ultimamente devem ter proibido, pois não ouço mais. Também não resido mais ali, mas compareço duas vezes por dia, para tratar de meu cão e estar com meus pertences queridos, livros e discos - neste momento terminando a remoção para o Mafuá Dois, longe da água das enchentes. A igreja Aparecida ali continuará e muito movimentada, como hoje a vi. Fui até lá, a pedido de Ana Bia. Queria que, se aproveitando do dia, pedisse algo pelo bem geral. Fui, circulei e pedi. Não me custa pedir e o faço contrito, com fé de que, se o pedido não for atendido, a luta continuará e desta forma, estarei nela envolvido, lutando, esgrimando.
Escrevo de Aparecida e depois me referi sobre essa nossa participação na luta e lida. Eu nunca fui indiferente à luta, pois sei que nada cai dos céus e sem luta, pouca coisa se consegue. É sabido que, quem luta, quem enfrenta os poderosos e os desmandos, padece mais. Sobram razões de protesto e de rebeldia para quem assume postura ética combativa no nosso mundo enfermo de violência e covardia. Quem se mantém quieto, mesmo ciente de toda iniquidade à sua volta, muitas vezes o faz para não ter problemas, mas eu não me furto de tê-los. Os rebeldes pagam o preço, muitos comprometem seus destinos, oferecendo sua carne à dor. A verdade é que os heróis, os santos e os mártires de todos os tempos sempre foram incômodos. São aqueles seres revestidos de carne e de nervos, tão capazes de dor, que saem em busca de sua dor, forçados por um imperativo moral. São os tais que, não se seguram nas calças e colocam a cara pra bater, sem medo de ser feliz.
Hoje, neste dia, quando deveria permanecer aqui quietinho, só lendo, acabo sentando aqui e escrevendo, mostrando um pouco mais minha cara e colocando a face a tapa. Sou assim, sempre fui e continuarei sendo e agindo desta forma e jeito. Eu, felizmente, faço parte de um grupo de pessoas predispostas a assumir posições, muitas de confronto e contrariando o senso comum, tudo porque compreendo que um outro mundo é possível. Não sou herói, muito menos mártir, mas sou do time dos que não se seguram nas calças. Não creio que seguir calado, contido, resignado, aceitando tudo seja o melhor para nossas vidas. Compreendo quem o faça, até como forma de sobrevivência, mas uma vez eu podendo falar e contestar, se não o fizesse, daí sim, além da conivência seria um pulha. Eu grito e quero continuar gritando.
Creio ter misturado assuntos, mas no dia de hoje, feriado, cansado e após ler mais do que nos dias anteriores, a cabeça deve estar em plena abulição. Divagar também é preciso.
James respondeu :
"Um país maravilhoso mas muito desigual.
O que estamos vivendo hoje é que o homem deixou de ser o centro do mundo. O centro do mundo agora é o dinheiro. O progresso roda constantemente sobre duas engrenagens. Faz andar uma coisa esmagando sempre alguém.
Onde há grande propriedade, há grande desigualdade. Para um muito rico, há no mínimo quinhentos pobres, e a riqueza de poucos presume da indigência de muitos"
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