e já se passaram cinco anos
A CASA DO MILTÃO DOTA E O PAÍS ONDE ESTÁVAMOS SENDO ENFIADOS, ALGO DE CINCO ANOS ATRÁSLembrava essa história outro dia com o Claudio Lago, presidente do PT local, que um dia foi detido em pleno calçadão da Batista, por panfletar com supostos santinhos da candidatura do Lula, cassados como fora do padrão estabelecido. Já contei essa história por aqui. Muita gente baixou no plantão policial e depois de um enorma bafafá ele foi solto. Quase na mesma data, três viaturas da Polícia Civil baixaram defronte essa residência da foto, na quadra dois da rua Elizeu Alvares Gomes, junto aos trilhos férreos, centro da cidade, tentando enquadrar outro. Num outro, dentro um Juiz local, com mandato na mão, prontos para prender o ex-vereador Milton Dota.
Este do alto dos seus mais de 80 anos, com adesivos de Lula pregados no portão da casa - por lá até hoje -, recebeu-os à altura, sem se intimidar e falando grosso. Disse não ter nada de ilegal no ali colado, fazendo questão de mostrar todos e se dizer convicto eleitor de Lula. O Juiz e os demais vasculharam tudo e só foram embora, quando este dobrou a tal intimação, colocando-a no bolso e dizendo não haver motivos para o alarde. Pelo que se soube estava ali para averiguar denúncias. Chegou chegando, com três viaturas e mais o seu veículo, porém todos voltaram sem levar detido o eterno militante Dotão.
Essa história e, também a da prisão do Lago, servem muito para exemplificar o país que já tivemos e onde estávamos nos enfurnando com o advento da barbaridade do desGoverno do Seu jair. Poucos anos se passaram desde o ocorrido e o presente momento. Hoje, pelo que se sente, muito daquele ímpeto de perseguir adeptos dos movimentos sociais e políticos de oposição, estão amainados, contidos, porém, algo ainda paira no ar deste insólito País. Gente como Lago e Dotão, pela resistência que tiveram no período, não se escondendo e colocando a cara para bater, merecem agora o reconhecimento público. A coragem é algo para poucos. Destes dois, vivenciei e tenho plena certeza, não se omitem e nem se acovaradam diante de ímpetos de retrocesso, patrocinados por tudo aquilo em curso.
Enfim, onde e como estaríamos hoje se o projeto autoritário do Seu jair - em minúscula mesmo - tivesse sido implando em sua totalidade? A pensar: três viaturas para prender pessoa com algo de Lula colado no seu portão. Daí, a conclusão, resistir é preciso, além de mais do que necessário.
fui lá e vi com meus próprios olhos
EM AREALVA, A HISTÓRIA DA BENEMÉRITA CAUSANDO INCÔMODOOntem passei boa parte do dia lá pelos lados de Arealva. Estou envolvido com um belo projeto, numa tentativa de implementá-lo dentro do edital da Lei Paulo Gustavo, essa na sequência da Lei Aldir Blanc, injetando dinheiro público para atividades culturais de cada cidade deste país. Circulando pela cidade fui conhecer o parque municipal, onde está localizado várias secretarias, como a Educação e Cultura, além da Biblioteca Municipal e junto dela um parque, que já era bonito e agora, sendo todo remodelado e reestruturado. Dia 12 de outubro será a inauguração de algo temático, o Parque Catarina Lenharo, todo com réplicas de dinossauros espalhadas por todos os cantos.
Este sobrenome, Lenharo, hoje anda causando certa comoção na vizinha cidade. Explico. Neide Lenharo, filha da homenageada com a denominação do parque, que junto do marido se mudou do Guarujá para Arealva, trouxe consigo vários ideias e investimentos. Primeiro, um enorme condomínio residencial, lugar onde também reside. Depois, eles dois com empresa de grande porte do ramo odontológico, passaram a promover variadas ações filantrópicas pela cidade. Uma é o parque, com brinquedos variados para a criançada e agora, réplicas de dinossauros, de pequeno e médio porte. Alguns já estão intalados no local, porém ainda cobertos com uma capa plástica, aguardando o dia da inauguração e outros, os maiores chegando nos próximos dias.
Tem quem já se mostre muito incomodado com a chegada dos ditos, vistos como "forasteiros", observados com todo esmero, pelo que já estão a fazer pela cidade. Bancaram tudo no parque e o até o presente momento não pedindo nada em troca, ou seja, isso incomoda muito alguns. Incomoda mais quando corre pela cidade que ambos doaram para entidades assistenciais, um total de R$ 500 mil reais, R$ 100 para cada e dias atrás, doaram também o valor de R$ 5 milhões para o Hospital Amaral Carvalho, o do tratamento de câncer de Jaú.
Na cidade não se fala em outra coisa, Neide e o marido Ariel, vieram para ficar e causar. Uma pessoa na praça da cidade me contou algo mais. Um senhor com a dentição ruim, ótimo prestador de serviços local, teve todo o seu tratamento bancado pelo casal e uma pessoa deficiente, recebe ajuda continuada, pois encontrava-se em situação pra lá de péssima. Ou seja, vieram, se fixaram e estão a contribuir em muito para com a cidade. O prefeito entendeu isso e deixou por conta e risco dela o novo formato do parque, o dos dinossauros.
Circula pela cidade boatos de acaloradas discussões entre alguns vereadores, não entendendo o que se passa e descontentes por nada ter passado por eles, ou seja, tudo ocorrendo direto entre quem doa o dinheiro e o beneficiado. Mas como? Tiro as fotos do local, sendo ainda repaginado para a inauguração do dia 12, algo muito aguardado pela população e pelo que se vê, algo mais, dentre tudo o que já foi feito e pelo visto, continuará sendo proporcionado pelo casal, que em pouco tempo, chegaram chegando e já são motivo da maioria das conversas pelas esquinas. "Lembre-se deste nome, Neide Lenharo", me disse um senhor com chapéu de palha na praça central da cidade, dando a entender que mais virá pela frente. Tem quem goste muito e tem quem ande apreensivo, porém, algo de novo anda acontecendo na Cidade dads Águas, distante 30 km de Bauru e possui exatamente essa chancela, "Lenharo".
LIVROS
Diga-me, por que que queima livros?- O quê? Bem, é um trabalho como outro qualquer, um bom trabalho, com muita variedade. Segunda-feira queimamos Miller, terça-feira Tolstoi, quarta-feira Walt Whitman, sexta-feira Faulkner e sábado e domingo Schopenhauer e Sartre. Reduzimo-los a cinzas e depois queimamos as cinzas. É o nosso lema oficial.
- Então não gosta de livros.
- Gosta da chuva?
- Sim, adoro!
- Livros são lixo. Eles não têm interesse nenhum.
- E por que as pessoas ainda lêem, mesmo sendo tão perigoso?
- Precisamente porque são proibidos.
- Por que são proibidos?
- Porque ler livros torna as pessoas infelizes.
- Acredita mesmo nisso?
- Oh, sim. Livros perturbam as pessoas, tornam-nas anti-sociais.
- Pareço anti-social?
Fahrenheit 451, 1966, François Truffaut
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