quarta-feira, 30 de julho de 2008

ALGO DA INTERNET (06 )
AlGUMAS RÁDIOS PLUGADAS COM ESSE MAFUÁ

Aqui em cima da minha mesa nesse desorganizado mafuá, mantenho bem diante dos olhos uma Tabela do Brasileirão 2008 (Séries A e B), da revista Placar e um rádinho de pilha ligado em quase todos os momentos em que estou por aqui (ouço muita música também). Ainda consigo gostar demais de futebol e desses dois campeonatos em curso. Vou anotando os resultados na medida em que vão ocorrendo. Acompanho tudo e ouço por algumas escolhidas. Dentre as preferidas estão a BANDEIRANTES SP (http://www.radiobandeirantes.terra.com.br/), TUPI RJ (http://www.tupi.am.br/) e GAÚCHA RS (http://www.radiogaucha.com.br/). Quando não sintonizo pelo rádio, ouço pela internet. Aqui em Bauru, ouvia só a AURI-VERDE (http://www.radioauriverde.com.br/), mas de uns tempos para cá prefiro ouvir as narrações do jovem locutor RAFAEL ANTONIO, da BAND AM Bauru (não possuem site). Ainda intercalo as duas, menos os comentários preconceituosos da Auri-verde, num noticiário de tom jocoso e de muito mal gosto, que antecede o programa esportivo diário.

Meu time? Sou NOROESTE. Adoro ir ao campo aqui em Bauru e o faço até sózinho, quando não encontro companhia (estive na última quarta assistindo o 2x0 no Mirassol). Em São Paulo, ainda torço pelo CORINTHIANS, ainda mais agora na 2ª Divisão. Adoro todos os times do Rio, acho até que por causa dos muitos anos trabalhados naquela linda cidade. Sofro quando os times cariocas vão mal ou quando a imprensa paulista fica a martelar aquela besteiraiada sobre rivalidade. Bestial.

A tabelinha fica aqui, atualizadíssima e o rádio também. Experimentem ouvir essas três rádios de fora. Tem gente muito boa em todas. Destaco alguns. RUI CARLOS OSTERMANN, na Gaúcha, MILTON NEVES (ouço sim e dou boas risadas com as besteiras desferidas por ele), na Band e JORGE NUNES, um irreverente vascaíno, junto com o APOLINHO, na Tupi. Aqui em Bauru, meus preferidos são o RAFAEL ANTONIO, da Band e o CACÁ, CARLOS GALVÃO DE MOURA, comentarista eventual da Auri-Verde.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

UMA MÚSICA (28)

INVOCAÇÃO À MARIAMA - HINO DE DOM HÉLDER CÂMARA
“Mariama, Nossa Senhora
Mãe de Cristo e Mãe dos Homens!
Mariama, Mãe dos Homens de todas as raças
de Todas as Cores, de todos os cantos da terra.
Pede ao teu Filho que está festa não termine aqui,
a marcha final vai ser linda de viver.
Mas é importante, Mariama, que a Igreja de teu Filho
não fique em palavra, não fique em aplauso.
O importante é que a CNBB, a Conferência dos Bispos,
embarque em cheio na causa dos negros,
como entrou em cheio na Pastoral da Terra e na Pastoral do Índios,
Não basta pedir perdão pelos erros de ontem.
É preciso acertar o passo hoje sem ligar ao que disserem.
Claro que dirão, Mariama, que é política, subversão, que é comunismo.
É, Evangelho de Cristo, Mariama.
Mariama, Mãe querida, problema de negro,
acaba se ligando com todos os grandes problemas humanos.
Com todos os absurdos contra a humanidade,
com todas as injustiças e opressões.
Mariama, que se acabe, mas se acabe mesmo a maldita fabricação de armas.
O mundo precisa fabricar é Paz.
Basta de injustiça, de uns sem saber o que fazer com tanta terra
e milhões sem um palmo de terra onde morar.
Basta de uns tendo de vomitar pra poder comer mais
e 50 milhões morrendo de fome num ano só.
Basta de uns com empresas se derramando pelo mundo todo
e milhões sem um canto onde ganhar o pão de cada dia.
Mariama, Nossa Senhora, Mãe Querida,
nem precisa ir tão longe como no teu hino.
Nem precisa que os ricos saiam de mãos vazias
e os pobres de mãos cheias.
Nem pobre nem rico.
Nada de escravo de hoje ser o senhor de escravos amanhã.
Basta de escravos.
Um mundo sem senhor e sem escravos.
Um mundo de irmãos.
De irmãos não só de nome e de mentira.
De irmãos de verdade, MARIAMA".
D.Helder Câmara – Arcebispo de Olinda e Recife , in Missa dos Qilombos, 1982.

Fiz questão de publicar essa homília de dom Hélder como se música fosse, pois ela é muito mais do que isso, foi (e continua sendo) para mim uma espécie de hino, desde que a ouvi pela primeira vez nos idos de 1982, comprando logo a seguir o LP, “Missa dos Qilombos”, onde Milton Nascimento, Pedro Tierra e Dom Hélder/Dom Casaldáliga produziram essa missa, de tanta repercussão e tão em falta nos dias atuais, onde tentam novamente criminalizar os feitos do único movimento social legítimo brasileiro, o MST. Hoje, mais do nunca, precisaríamos demais da ação de um dom Hélder, de um dom Evaristo Arns e dom Casaldáliga (o único ainda em atividade). E aqui por Bauru, de um Dom Padin. Hoje, nem a Igreja é mais a mesma e muito menos os movimentos sociais.

Por que fui me lembrar disso exatamente agora? Foi com uma grata surpresa que na abertura da V Mostra Afro, no Museu Histórico Municipal de Bauru, num cartaz feito a pincel atômico por um jovem estudante, onde foram retratados vários líderes, negros ou não, mas sobre o tema, revi a frase final do hino. Foi inevitável vir à tona tudo sobre a Missa dos Quilombos e seus desdobramentos. A força dessa emocionada fala de dom Hélder continua mais viva do que nunca e nós todos, muito precisados de ações como as dele. Ver um jovem produzindo um cartaz, onde está ressaltado essa emocionada fala é para crer que nem tudo está perdido. Retomemos, pois, nossa ação paralisada pelo tempo. Quando me indagam sobre minha religiosidade, respondo sem pestanejar: Acredito na Teologia da Libertação, desses Doms todos citados nesse texto. Se Deus existe é na ação desses aí que ela se manifesta claramente, na luta aos desvalidos, despossuídos, desqualificados e destituídos.

domingo, 27 de julho de 2008

MEMÓRIA ORAL (42)

UM BAR AO ESTILO PARANGOLÉ
Bar que é bar deve possuir um diferencial, algo para atrair a atenção e diferenciá-lo dos demais. O Restaurante Barracão, no bairro Geisel, em Bauru, bem que poderia ter outro nome, algo mais com a cara do seu dono, o Baiano. Aquilo é uma loucura de encher os olhos, coisa aos moldes dos parangolés do Hélio Oiticica ou da vestimenta paramentada do imortal Bispo do Rosário. Chegar ali e não se impressionar é praticamente impossível, tal a parafernália espalhada por todos os lugares. Como se fosse uma espécie de museu de quinquilharias, tal o amontoado de peças expostas, frequentar aquele estabelecimento é desfrutar do inusitado.

Está certo que lá é um barracão (daí o nome), cravado numa esquina periférica da cidade, onde antes funcionava uma oficina mecânica, mas há dezesseis anos abriga o restaurante (sim, lá são servidas refeições no sistema self-service) e bar de Humberto Pérsio de Oliveira, um baiano, mais paulista do que nunca. "Fui fabricado na Bahia e vim nascer no Sul Maravilha. Nos meus 60 anos, sempre fui chamado de Baiano e assim ficou. Gostei do nome, como gosto de juntar coisas. Quando montei o bar, trouxe o que tinha e criei isso aqui. Daí pra frente não pararam de chegar doações. Eu não compro nada. Tem quem viaje já pensando em trazer uma peça nova para colocar aqui. Eu deixo", conta um sempre sorridente Baiano.

E lá tem de tudo. Comecemos pelas cachaças de coloração variada, com sugestivos adesivos indicando a serventia. Três chamam muito a atenção: Bom para chifre, bom para o pau e bom para o cu. Pergunto a ele, se esse líquido é mesmo afrodisíaco. "Passaram por aqui alguns médicos, participando de um congresso e me disseram que as raízes tem mesmo essa função. Comemos de tudo e entupimos as veias e quando bebemos desses extratos, elas se dilatam e funcionam melhor", me diz. E aí a grande maioria acaba provando um bocadinho do líquido dessas garrafas (num deles, uma cobra está curtida na cachaça), num tira-gosto, nem sempre cobrado, antes de adentrar a comilança nas iguarias da casa.

O mineiro de Sete Lagoas, Marconi, está na cidade há nove anos, tem um trailler defronte o hospital do Centrinho, mas bate cartão por ali e tem uma teoria meio que esquisita para demonstar a frequência diante desse balcão. "Eu não bebo todo dia, bebo toda noite. Quando me perguntam que dia bebo, respondo que aos sábados e domingos. Nos outros dias eu bebo à noite", explica após encher novamente o copo numa tarde de sábado. "Venho aqui sempre que posso e não quero saber de outro lugar, a comida é boa e encontro gente de tudo quanto é lugar do país, mesmo aqueles, como o Baiano, que afirmam serem de fora, não sendo. O Baiano possui esse nome mais pelas baianadas da casa", conclui.

Outro que atravessa a cidade é Álvaro, morador do Marambá, mas habituê por ali. "Tem um pouco disso, santo de casa não faz milagre. Sou amigo de toda a vizinhança, mas a freguesia vem mesmo de longe", diz o atento Baiano. Álvaro me faz circular pelo salão, mostrando algumas raridades, como um cadeado, que diz ter sido usado para prender escravos e um enbornal de couro para transporte de valores, todos quase centenários. O caminhoneiro Luiz Carlos deixa o caminhão em casa e nos dias de folga, aparece de bermuda e chinélos. "Eu me recarrego aqui, desestresso das estradas", diz. Baiano interrompe trazendo um morteiro, dizendo ter sido utilizado na revolução de 32. "Um amigo não tinha mais onde colocar isso em sua casa. Trouxe para mim e guardo com muito cuidado", explica.

Continuo circulando pelo salão e do lado de dentro descubro um painel, numa porta fechada, usada para os clientes pregarem recados e cartões, desde vendedores de leite de cabra a aulas particulares. Numa mesa vazia ao fundo, um passarinho come migalhas, sem ser importunado e parece já conhecer a rotina da casa, tanto que não mais se assusta com o barulho proveniente do burburinho do local. Quase ao lado do balcão do caixa, fotos de Fidel Castro, trazidas diretamente de Cuba e em cima da porta da cozinha, desfraldada uma vistosa bandeira do MST. Olhando para os lados, muito mais, desde um banner do rum Havana Club, um poster do Titãs e placas de ruas, entre peças e móveis antigos. Pergunto ao Baiano se ele não têm mêdo de um pé de ferro postado bem acima de minha cabeça, cair em cima de algum cliente. "Têm esse risco, mas ele está bem preso. Risco muito pequeno. Isso aqui é uma santa bagunça e o santo da casa é forte", responde entre risos.

Ao pedir mais uma cerveja, sou orientado a ir buscá-la pessoalmente no freezer. Descubro ser essa uma das normas da casa: você adentra o lado dentro do balcão quando quer. E quando abro a garrafa, deixo automaticamente a tampinha num grande monte, criado por um potente imã. Ver aquele monte de tampinhas é mais um dos atrativos da casa, como a garrafa gigante com as sobras de todas as cachaças da casa (nada é desperdiçado por ali), com um rótulo tendo o nome de "Barake Obama USA". Baiano não soube explicar o motivo do nome de candidato dos EUA estar ali e eu, também não quiz provar aquela mistura de cor indefinida.

Preferi, isso sim, juntamente com Gisele Pertinhes e Alexandra Aiello, minhas convidadas, comer duas suculentas pratadas, primeiro de moela e, depois, de língua de boi. Baiano ainda traz um copo de caldo de piranha, recusado por elas, mas entornado por mim. Antes da despedida, Gisele descobre um ovo de avestruz bem na nossa frente, Alexandra um poster de Janis Joplin a nos abençoar lá do alto e eu, tomo a última cachacinha, servida pelo prestativo dono do estabelecimento (ele não sossega, não pára de apresentar novidades), dessa vez, junto com umas borrifadas de pura água de côco. Sábado à tarde, é praxe o lugar fechar suas portas por volta das 15h30, só rebrindo no domingo. É a deixa para irmos. Na despedida, Baiano nos leva até a porta e desfere a última: "Amanhã, domingo, tem javali, vocês vêm, né?".

Henrique Perazzi de Aquino, Bauru SP, entre 26 e 27/07/2008.
RETRATOS DE BAURU (31)

CHICO CARDOSO, O ARTESÃO DA FERROVIA
Chico Cardoso é ferroviário aposentado, pela Noroeste do Brasil e morador do Núcleo Gasparini, onde faz o que mais gosta, artesanato em madeira, tendo como uma de suas especialidades, os trens, de variados tamanhos e cores. Faz e acontece num corredor nos fundos de sua casa, onde mantém uma equipada oficina de marcenaria. É de lá que saem as maravilhas que encantam a todos. Mãos habilidosas, tem o dom de observar algo novo e mesmo sem ter sequer uma cópia, acaba saindo uma verdadeira obra de arte, cheia de minúcias e detalhes. Viaja levando sua arte para todos os confins desse estado, num malabarismo onde tudo cabe em seu carro, de uma forma que só ele sabe montar e desmontar. Além de tudo isso, coordena o Coral Artencanto, lá mesmo do seu bairro, onde assobia e chupa cana. Está também envolvidíssimo com tudo o que diz respeito ao bairro que escolheu para morar e as coisas da ferrovia. Sempre que lhe sobra um tempinho está lá pelos corredores do Museu Ferroviário prestando um apoio voluntário. Pra gostar dele é simples, basta conhecê-lo.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

UMA FRASE E UM QUESTIONAMENTO (20)

O ex-deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh (http://www.greenhalgh.com.br/) faz um lobby escancarado para o banqueiro Daniel Dantas e provoca escárnio em todos os que o admiravam. Mas nem sempre foi assim. Leio nesse momento um livro sobre o grupo Clamor ("Clamor - A vitória de uma conspiração, Samarone Lima, editora Objetiva RJ, 2003, 262 pgs), criado durante os momentos mais nefastos da ditadura militar brasileira, por três pessoas, numa ação clandestina, de grande velocidade e denunciando todos os perseguidos pelas ditaduras militares na América Latina, principalmente as do Cone Sul.Essas pessoas ousaram desafiar frontalmente o regime militar. Os fundadores da Clamor foram a jornalista inglesa Jan Rocha, o pastor Jaime Wright (com o decisivo apoio de dom Paulo Evaristo Arns) e o advogado Greenhalgh. O Clamor começou a reunir-se em 1977 e a história do grupo foi, ao longo de mais de dez anos, uma fantástica luta, uma rede de solidariedade de reconhecido valor. Não há como não reconhecer o que fizeram.

Hoje, ao ver Greenhalgh envolvido dos pés à cabeça nesse escuso caso da defesa ao nefasto Daniel Dantas, fico sem entender a mudança. Como uma pessoa que fez aquilo tudo no passado, consegue se aliar ao que de pior existe no país? Eu não entendo e continuarei não entendendo, até ouví-lo, pois ainda não consigo deixar de nutrir respeito pelo seu passado. Hoje, sentado ao meu lado, em meu carro, folheando uma revista semanal, um senhor ao ver a foto de Greenhalgh me diz: "Esse tem cara de malandro. Nunca confiei nele". Comigo acontece exatamente o contrário. Acreditei, e muito. Ele possui passado dos mais ilibados e dignos. O que nos deve é uma explicação, até para que entendamos melhor como conseguiu passar de um lado para outro. Como alguém, possuindo todo o envolvimento (o de uma vida toda) voltado para os direitos humanos dos desaparecidos políticos, pode se bandear para as hostes de Daniel Dantas? Não encaixa e fico mais perdido que cego em tiroteio.

De tudo, tiro das páginas introdutórias do livro sobre o Clamor, uma frase de Hannah Arendt, in "Homens em tempos sombrios", para reflexões coletivas: "Mesmo no tempo mais sombrio temos o direito de esperar alguma iluminação, e que tal iluminação pode bem provir, menos das teorias e conceitos, e mais da luz incerta, bruxuleante e frequentemente fraca que alguns homens e mulheres, nas suas vidas e obras, farão brilhar em quase todas as circunstâncias e irradiarão pelo tempo que lhes foi dado na terra". Serve tanto para aquele período, como para o atual. Cai o pano rapidamente.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

UM COMENTÁRIO QUALQUER (16)

A internet é mesmo alucinante. Conto aqui uma historinha envolvendo esse mafuá. Carlos Betarelli é paulista, estudou Física em São Carlos e depois caiu no mundo. Acabou aportando em Belo Horizonte, onde faz parte da vitoriosa equipe da "Aliás Comunicação - Convergência de Ações", uma conceituada agência publicitária lá na capital de todos os mineiros. Ele havia militado politicamente na esquerda, onde conheceu uma pessoa tão logo ela havia voltado do exílio. Essa pessoa é Darcy Rodrigues, ilustre personagem sempre presente por aqui. Pois bem, Carlos não sabia como rever Darcy e teclou no Google o nome do amigo e foi ler o que havia a respeito dele. Num desses textos, lá estava alguns aqui do mafuá. Leu, entrou em contato, já papeou com Darcy e conseguiu matar a saudade de tantos anos. Carlos foi do movimento estudantil, não atuou na clandestinidade, como Darcy e tantos outros, talvez pela idade, pois é uma geração após aquela tão agitada. Militou sim, no MR-8, onde conheceu o amigo. A Aliás (http://www.alias.com.br/) faz campanhas políticas e uma delas, inusitada no resto do Brasil, é a doPelicano (a inusitada mistura política entre PSDB - tucanos e PT - petistas). Fica o registro desses reencontros só possíveis, graças a esses recursos todos disponíveis por aqui. Esse Mafuá se sente agradecido por ter servido de ponte nesse recontato. Valeu...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

DIÁRIO DE CUBA(6)

A CHEGADA NA ILHA, A RECEPÇÃO NO AEROPORTO E A ENTRADA NO HOTEL
Estávamos em plena viagem aérea, como relatei na postagem anterior. Na parada que a Copa Airlines faz na Cidade do Panamá, enquanto aguardávamos nosso vôo, conhecemos um brasileiro, paulista como nós, de Limeira, William Friedrick, indo trabalhar numa indústria plástica na República Dominicana. Já no vôo, empresto um jornal de um argentino de Córdoba, onde a manchete é sobre o aperto de mãos entre Uribe e Chávez, em Santo Domingo, tentando diminuir as escaramuças após a invasão da Colômbia em território equatoriano. Empresto a minha Carta Capital com o mesmo tema na capa e seguimos lendo. Uma nicaragüense me chama a atenção, vestida como se fosse uma baiana brasileira vendedora de quitutes. Sei que o sincretismo religioso em Cuba é tão marcante quanto o nosso. Outra percepção: muita gente da América Latina e do mundo todo entre os passageiros, menos brasileiros. Éramos os únicos.

Descontando o fuso horário, chegamos em Havana, 8/3, por volta das 12h30 e na confereência inicial Marcos constata que seu celular Tim Internacional não funcionará por lá, mesmo com o vendedor brasileiro afirmando que não haveria problemas. De nada valeram as garantias fornecidas. Dali para a frente, os contatos com o Brasil, só pelos fones nos hotéis, os públicos, feitos com cartões (iguais aqui) e via internet (hotéis e postos específicos). Na primeira visão, vista da janelinha do avião, a emoção estava estampada em nossas faces e difícil de ser contida. Na fila da esteira, esperando as mochilas, não me seguro e inicio as fotos, que passariam de 1300, nos 19 dias da estadia por lá.

Num vôo com mais de cem passageiros, poucos são os escolhidos para aquela conversa aduaneira ao pé do ouvido, com o pessoal fardado do aeroporto. Desconheço os critérios, mas fui um dos escolhidos. Éramos uns cinco. São feitas muitas perguntas, acho que de praxe nessas ocasiões, como os motivos da viagem, onde ficarei hospedado, quanto dias, se conheço alguém por lá e se essa era minha primeira vez. Digo ser o sonho de mais de trinta anos e que vim para conhecer a experiência mais impressionante de ser diferente, num mundo dominado pelo capitalismo. Não passo por nada vexatório, tipo o que nossos turistas andam passando na Espanha ou tendo que até tirar os sapatos para entrar nos EUA. O policial cubano é atencioso, conversa num local aberto, com muitas testemunhas e após uns 20 minutos, sou liberado. Marcos, em pé me aguardava e diz: “Ô louco, meu, não voltava mais, vamos perder o translado para o hotel”.

Boca maldita, não deu outra. Como éramos os únicos brasileiros, uma vã estaria a nossa espera e foi dispensada diante da demora na apresentação na saída. O pessoal da Cubatur foram extremamente atenciosos, sendo disponibilizado um táxi até o hotel. Mal deu tempo de olharmos com maior atenção para o aeroporto, modesto, mas com tudo em cima. Tiro uma primeira foto no caminho, um caminhão branco de pequeno porte. Comento sobre os motivos da demora: “Cubano deve ser desconfiado com certos visitantes, talvez pela quantidade de reportagens contrárias ao regime comunista. Possuem um receio normal por certo tipo de turista. São um tanto calados nesse sentido”. Viemos e queremos entender e não contribuir para confundir. Queríamos confrontar toda a bagagem adquirida ao longo dos anos, com a realidade vista naquele momento pela janela do táxi. Mal conversamos, pois olhávamos por todos os lados. Quando nos demos conta estávamos na porta do Hotel Vedado, apartamento 310 (Calle O e/23 25 Vedado), onde ficaríamos até o dia 13. No relógio, pouco mais de 14h e tudo à nossa espera.

Continua...

terça-feira, 22 de julho de 2008

AMIGOS DO PEITO (8 e 9)
CÉLIA GRANDINI E JOÃO ALBIEROEla, assistente social, minha prima preferida; ele, um arquiteto, esposo dela. Formam um casal único na grandiosidade do que possa representar a união de duas pessoas. Atuam em áreas bem distintas e se completam nas diferenças. E nessas diferenças residem o diferencial dessa união. Fogem do trivial, não são vaquinhas de presépio, não dizem amém a tudo e a todos. Construiram suas vidas galgando degraus, sem precisar de grandes favores, pelo talento. Sofreram um bocado por agirem assim, mas não se vergaram e continuam nas paradas, de cabeça erguida e VENCEDORES. O vencer para eles não é acumular, é poder continuar caminhando, ciente de que o fazem bem e dão o melhor de si nas coisas em que se envolvem. Gosto demais dos dois, muito mais do que eles próprios possam imaginam.

Hoje, quando os vejo partirem para uma novíssima experiência em suas vidas, para Palmas - Tocantins, vão cientes de que deixaram verdadeiros e sinceros amigos do lado de cá desse continente chamado Brasil. E os outros. Muitos desses continuam vociferando e mugindo cada vez mais baixo, no meio de uma manada, que adora continuar dizendo "Amém". Os vejo cada vez mais felizes e eu, do mesmo jeito, com a felicidade deles, também. Ela, chega lá no norte como doutora concursada da Universidade Estadual de Tocantins e ele, arquitetando num dos melhores escritórios da região. Souberam dar a volta por cima e riem muito da peça que tentaram lhe pregar. Como é divertido você conseguir dar um troco bem dado para quem tenta lhe apunhalar. Adoro vergar o poder e quando alguém próximo a mim consegue isso, acabo me tornando mais amigo dele.

A vida se abre maravilhosamente para tão distintas pessoas. Vou tomar um porre em homenagem a esse casal. São mais do que amigos do peito. Vão me hospedar lá no Norte do país. Eles não perdem por esperar.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

BAURU POR AÍ (3)
GILBERTO MARINGONI, O SEU LIVRO SOBRE BARÃO DE MAUÁ E UMA EXPOSIÇÃO NO CCBB - CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL - RJ
O amigo Beto Maringoni deve estar em estado de graça. Seu último livro,“Barão de Mauá – O empreendedor do Brasil” (Aori, 2007) fez (e continua fazendo) um sucesso danado. Tenho um exemplar da rica edição patrocinada pelo Sebrae, com ilustrações riquíssimas, cada dura e tratamento de primeira, como merecem a vida do barão e a pesquisa feita pelo escritor. Antes demais nada, Beto é daqui da terrinha e quem o conhece só pelo belo traço (cartunista da melhor cepa), não sabe o que está perdendo. Seu primoroso texto, tanto jornalístico, como o produzido para seus livros é de primeira linha. Dessa vez, a novidade é a mais completa exposição já montada em homenagem ao Barão de Mauá, em cartaz no CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil, na cidade doRio de Janeiro, de 15/07 a 10/08, onde o bauruense, pesquisador do IPEA –Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada tem um destaque do qual faz jus.

“Muito do que o país é hoje é fruto de como foi formado o estado imperial. E o gênio empresarial de Mauá foi a mola propulsora do desenvolvimento.(...) Ele conseguiu crescer, pois sabia onde buscar dinheiro: fez negócios com o Estado e negócios com a Inglaterra. Sofreu na mão do Estado e se aliou ao Estado. Lutou contra o capital inglês e se aliou ao capital inglês. (...) Sua vida e seus altos e baixos coincidem com as oscilações do Império brasileiro”, ressaltou Maringoni, em trechos de entrevistas para a imprensa.

Numa das apresentações feitas quando da abertura, lá está algo sobre sua carreira: “Pesquisador do IPEA e professor de jornalismo na Fundação Cásper Líbero, em São Paulo. É ainda doutor e, História Social pela USP e formado em arquitetura pela mesma universidade. Tem sete livros publicados, entre eles “Barão de Mauá – o empreendedor “ (Aori, 2007) e “A Venezuela que se inventa – poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez” (Editora Fundação Perseu Abramo, 2004). Como jornalista, realizou coberturas na Bolívia, na Venezuela, em Cuba, no Chile, na Itália e na Tailândia”. Acrescentaria mais umas poucas coisinhas: Bauruense, ligado aos movimentos sociais e contrário ao capitalismo selvagem. Uma pessoa antenada com o seu tempo e crente de que o modelo vigente no mundo de hoje, não é o ideal. Portanto, sonha com um novo mundo e luta por esse ideal. É gente da melhor estirpe.

Maringoni merece uma bela exposição por aqui, retratando toda sua obra e de imediato, proponho a união de forças para tentar trazer essa para cá. Quem se habilita nessa empreitada? Arregacemos as mangas...

domingo, 20 de julho de 2008

MEMÓRIA ORAL (41)
TENDLER E DARCY ENTRE A UTOPIA E BARBÁRIE
Fui convidado para presenciar uma entrevista entre um cineasta (ou seria documentarista?), Sílvio Tendler e um ex-guerrilheiro urbano, Darcy Rodrigues, dentro do projeto do seu mais novo documentário, "Utopia e Barbárie", em fase final de conclusão. Ouvindo o nome do cineasta, viajei de imediato no tempo e no espaço, sendo conduzido para os anos 80, quando cursava História na USC – Universidade do Sagrado Coração. Lá, uma professora carioca, Lydia Possas, passava regularmente um filme para todos entenderem melhor o que havia sido de fato o Golpe de 64. O filme era "Jango" (Direção do Tendler, de 1984) e passou a fazer parte de algo marcante para mim, sendo utilizado em aulas variadas ao longo dos anos em minha vida. Lydia, da mesma forma, introduziu-me na obra do cineasta, sendo marcante na vida desse historiador, contribuindo para ser o que sou hoje. O convite foi aceito de imediato.

Logo a seguir fico sabendo dos detalhes. Tendler estaria na noite de quinta, 17/07, em Votorantin, distante uns 300 km de Bauru, ministrando uma palestra e logo a seguir exibindo seu último filme sobre o geógrafo Milton Santos, "Encontro com MS, ou o mundo global visto do lado de cá". Viajamos eu, Darcy e seu filho Jorge, de 28 anos. O local da entrevista seria na casa de sua filha, Dora, 40 anos, em Sorocaba, cidade vizinha de onde ele estaria. "Há uns seis meses Tendler me ligou, falou do novo filme e disse que queria me entrevistar. Topei. Faltava o local. Agora, quando me disse que estaria no interior de São Paulo, justamente onde mora minha filha, disse que poderia ir até lá. Marcamos para a tarde de quinta", diz Darcy, com reconhecido passado na luta armada brasileira, no pós-64, como braço direito do capitão Carlos Lamarca.

Às 14h, Tendler chega de táxi, vindo diretamente do aeroporto de Congonhas. Junto com ele, Fabiana Ferreira, produtora da Caliban Produções Cinematográficas, inseparáveis nessa nova produção. Ambos muito simpáticos, adentram a casa e após os cumprimentos acalorados, a imediata empatia, pois entrevistador e entrevistado professam uma paixão pelo lado mais a esquerda dos acontecimentos. Na escolha do local da entrevista, a sala, mesmo com janelas abertas, apresentava pouca luminosidade e todos fomos para a área externa, junto à calçada da rua. Estúdio improvisado, Tendler conta sobre o filme: "Eu hoje com 56 anos, faço dessa vez algo sobre minha visão de mundo desde o final da Segunda Guerra, por alguém que tinha 18 anos em 68, até hoje, com a aposentadoria de Fidel. É uma longa história e Darcy tem muito o que contar. Queria conhecê-lo já faz um bom tempo. Muitos me falam dele e estava ansioso poresse encontro".

A entrevista dura aproximadamente umas duas horas, sendo interrompida somente para alguns poucos ajustes técnicos e para um breque, quando o som da rua aumenta além do suportável. Logo no começo, lhe mostro a última edição de Carta Capital (nº 504, 16/07), com uma matéria "Caça aos torturadores", onde o Capitão Homero (Homero César Machado) foi identificado por Darcy como um dos que lhe torturou na OBAN. Tendler grava um depoimento onde Darcy confirma a tortura. "Ele foi um dos muitos que me torturaram naquele período, desde minha prisão no Vale da Ribeira, depois na OBAN em São Paulo e, por fim, no Galeão, no Rio", conta Darcy. A partir daí, Darcy faz um relato de sua formação, como ingressou no movimento político e acabou caindo na luta armada. Tendler deixa o entrevistado falar à vontade, interrompe-o em poucas vezes e obtém um depoimento grandioso, de valor histórico inestimável.

Darcy conta as passagens de sua vida com bastante nitidez e riqueza de detalhes. "Não havia espaço para outro tipo de atividade naquele momento no país. O responsável pela resistência armada foi a própria ditadura. O preço foi muito caro, pois muitos dos que morreram poderiam estar hoje ocupando cargos importantes no cenário político atual. A postura do Judiciário da época foi lamentável, visto a passividade diante do AI-5. A resistência foi heróica, não existindo arrependimento de ninguém. Alguma coisa teria que ser feita e se não houvesse aqueles ousados jovens, talvez não desfrutássemos da liberdade atual. A única forma de contestar foi a assumida pela minha geração", relatou Darcy. Na seqüência, Tendler lhe indaga sobre quem tinha mais lucidez naquele momento e ele não pensa duas vezes: "Dilma (a ministra Dilma Roussef), sem sombra de dúvidas, sendo que a pessoa mais importante da minha vida foi Lamarca. Ele, mesmo diante da derrota iminente, havia avaliado comigo que já havia saído do Exército e não poderia sair do país". "Ele sabia que iria morrer?", pergunta Tendler. "Sabia. Conversamos sobre isso e disso ele não abria mão. Nunca quiz sair do país, mesmo tendo a oportunidade", finaliza Darcy, bastante emocionado, quase as lágrimas, concluindo que "as marcas daquela época seguirão comigo até o final da vida".

"Desculpe a tortura", diz o cineasta ao final da entrevista, percebendo que havia conseguido algo valioso. A entrevista não se encerra aí, pois momentos depois novos fatos são lembrados e Fabiana é chamada às pressas para novas gravações, dessa vez sem o tripé. Acompanhando tudo com um grande interesse, a neta de Darcy, Letícia, 14 anos, curiosa pela vida pregressa do avô, ficou um bom tempo encostada numa parede, olhos arregalados e calada. "Me orgulho muito dele e de tudo isso, que vou conhecendo um pouco mais com o passar dos anos", diz a garota. Por fim, duas últimas lembranças, o assalto ao cofre da amante do Adhemar (governador de SP, Adhemar de Barros) e o famoso Congresso Mundial da Juventude e dos Estudantes, em Varsóvia, na Polônia, realizado em 1953, contado em detalhes a ele pelo comandante Pinheiro (ministro do governo cubano), quando estiveram juntos em 1978. "Gorbachev, Letelier, Raul Castro, Lech Wallesa e muitos outros do mundo todo ali estiveram. Lá foi gestado todas as transformações do Leste Europeu. Muitos ficaram acomodados em instalações da igreja, cedidas pelo cardeal Woytilla", relata Darcy. Desse encontro, Tendler concorda e conclui: "Dou uma importância imensa para esse encontro. Ele precisa ser melhor explicado e entendido".
Já eram perto das 17h, quando Tendler teve que ir embora. Um veículo da cidade de Votorantin veio buscá-lo para o compromisso seguinte. Deixou um convite para a ida até a exibição noturna. Não foi possível, pois tínhamos um longo caminho de volta. Antes da volta, ao ler o jornal diário Cruzeiro do Sul, de Sorocaba, na capa do caderno Mais Cruzeiro, um pouco mais do que está sendo rodado no novo filme e do que ficou daquele período: "Tanta coisa! Ficou o espírito rebelde, o ideal libertário, a crítica à sociedade de consumo, a liberdade sexual. Os da minha geração foram filhos de 68. Todos, indistintamente, quiseram romper as barreiras do conservadorismo, da caretice. É isso que eu procuro retratar no filme e que quero compartilhar com o público. O projeto deve estar concluído até o final do ano". Por fim, diz que adoraria ir até Bauru lançar o filme, rever Darcy novamente, debater cinema e o mundo globalizado. A professora Lydia bem que poderia ser a madrinha disso tudo. Desde já, tem a minha torcida.

Henrique Perazzi de Aquino, escrito em 18/07/2008
PRECONCEITO CONTRA O SAPO BARBUDO (4)


Tem gente quer ainda não pegou muito bemo espírito da coisa: quanto mais batem, mais popular o homem fica. E quanto mais preconceito for repassado, continuará sendo distribuido sempre para as mesmas pessoas, num círculo vicioso, que não cresce mais e que não passa disso: algo a demonstrar claramente como existe de fato, algo muito forte contra a pessoa do presidente, pelo simples fato dele ser melhor do que todos os que o antecederam, mesmo não tendo um curso universitário (e quem disse que é preciso ter curso para ser político - isso seria o ápice da baboseira). Vejam o adesivo aí ao lado, querendo ser engraçadinho, mas repassando algo lamentável. Isso continua interessando a quem?


Esse aqui embaixo recebi e reproduzo do jeito que veio. Os termos utilizados, "Genial", por exemplo, são do divulgador da baboseira pela internet. Onde estaria a genialidade de repassar algo tão medíocre. Quem ler descobre logo de cara:

ANTES E DEPOIS DA POSSE DE LULA (GENIAL!)
Haja criatividade!Antes e depois da posse (GENIAL!)

Leia até o fim. Vale a pena... ANTES DA POSSE:

Nosso partido cumpre o que promete.
Só os tolos podem crer que
não lutaremos contra a corrupção.
Porque, se há algo certo para nós, é que
a honestidade e a transparência são fundamentais
para alcançar nossos ideais.
Mostraremos que é grande estupidez crer que
as máfias continuarão no governo, como sempre.
Asseguramos sem dúvida que
a justiça social será o alvo de nossa ação.
Apesar disso, há idiotas que imaginam que
se possa governar com as manchas da velha política.
Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que
se termine com os marajás e as negociatas.
Não permitiremos de nenhum modo que
nossas crianças morram de fome.
Cumpriremos nossos propósitos mesmo que
os recursos econômicos do país se esgotem.
Exerceremos o poder até que
Compreendam que
Somos a nova política.

leia agora de trás para frente

sábado, 19 de julho de 2008

RETRATOS DE BAURU (30)

LÁZARO CARNEIRO, O CAIPIRA ASSUMIDO
Nhô Lázaro Carneiro gosta muito desse termo, o ser caipira. Na verdade, é um entendido da cultura caipira e fez disso um grande motivador de sua vida. Tocou a vida dentro da CPFL e quando conseguiu a aposentadoria, assumiu de uma vez por todas o gosto pelas coisas da roça e a simplicidade (tão inteligente) dessa cultura. Escrevinha como ninguém. Possui um texto refinado, daqueles que fluem naturalmente, de forma apaixonada e desinteressada. Se lhe pedem um texto por encomenda, a coisa não sai, mas se fluir a inspiração, escreve como nenhum outro. Lá no seu canto, nos altos do Jardim Gerson França, possui ao lado de sua casa, um amplo barracão, onde foi juntando peças raras. Possui um museu particular e curte aquilo tudo de forma abnegada. Inseparável mesmo um chapéu, a lhe esconder os cabelos brancos e para ressaltar aquele ar de sujeito simples e despreendido. Sinceridade é contigo mesmo e uma de suas especialidades é contar causos, principalmente as histórias de assombrações. Para gostar dele é simples, basta conhecê-lo. Não existe igual. Assim como eu, possui um blog, onde premia a todos com seus primorosos e bem acabados poemas, causos, crônicas e caipiradas em geral: http://www.lazarocarneiro.blogspot.com/