terça-feira, 30 de março de 2010

DIÁRIO DE CUBA (49)

PENÚLTIMO DIA NA ILHA, REFLEXÕES E UMA CERTA MELANCOLIA
No último relato, passado em 25/03/2008, uma terça-feira, reproduzi partes das conversas de despedidas que tivemos, eu e Marcos Paulo, com dois cubanos, Hilda Marin e Fábio González. Ambos nos deram muitas explicações sobre o funcionamento da máquina cubana. Falo mais dela, enfermeira aposentada, possuia uma renda de aproximadamente 600 pesos cubanos quando na ativa, valor depois reduzido, com o qual consegue viver dignamente. Quando o marido faleceu, como ela também possuia rendimentos, não recebeu nada. Se não tivesse ocupação, receberia a pensão dele. Vejo justeza nisso, pois num país onde o acúmulo de dinheiro não diz nada, não existe motivos para acúmulos de aposentadoria, sendo somente uma mais do que suficiente.

Mais detalhes que fui anotando do cotidiano cubano. O homem cubano se aposenta aos 60 anos e a mulher com 55 anos. Só o estudante uniformizado não paga as passagens de ônibus. Os idosos pagam normalmente, pois todos possuem renda suficiente para tanto. Uma de suas filhas se aposentou como arquiteta e teve a renda reduzida, como a de todos por lá. Conseguiu continuar exercendo a mesma atividade e manter o mesmo salário antigo, com algum acréscimo. Está em estudos no Congresso cubano uma ampla reforma previdenciária e o consequente aumento do salário dos aposentados. Porém, todos por lá estão mais do que cientes de que o que recebem é mais do que sificiente para levarem uma vida digna, sem faltar comida no prato e tendo quase tudo sobsidiado pelo Governo. Não existe os sobressaltos do sistema capitalista.

Após essas duas visitas, bate em nós uma tristeza muito grande, pois somente teríamos pela frente em Havana, o dia inteiro de amanhã e mais meio no dia seguinte. Fomos espiar algumas coisinhas para levar de lembrança, como um Havana Club, o rum em garrafinhas pequenas (noventa centavos de peso cada). Liagamos a TV na TeleSur e Chávez dá uma entrevista coletiva para a imprensa estrangeira, durante um almoço em Caracas, pouco antes de ambarcar para sua primeira viagem ao Brasil naquele ano. Pouco depois, dois intelectuais latinos discutem os problemas brasileiros e um deles proclama: "Os países latinos unidos são auto-suficientes em tudo, não precisam de mais ninguém, só precisam estar unidos". Como não gostar de ouvir isso?

Venta muito nesse dia em Havana e Marcos prefere não sair do hotel à noite. Eu quero, mesmo que seja para uma pequena volta na praça Copellia. Circulo pelo interior do grandalhão hotel Habana Libre e tiro fotos de cada detalhe no seu saguão principal. Para diante do cinema, bem na esquina, entre a praça e o hotel e fico bem mais que meia hora olhando para as pessoas a circularem de um lado para outro, fugindo do forte vento. Volto acabrunhado ao hotel, quando noto que os dezenove dias programados estão a se findar. Resta o dia de amanhã e nele vou conhecer os lados da estação ferroviária de Habana. Aguardem no próximo relato.

10 comentários:

Anônimo disse...

meu caro Henrique

Estava lendo outro dia sobre mais ou menos isso que voce diz no seu texto. Consumimos demais e coisas desnecessárias. Quan do li o que escreveu sobre a questão do salário em Cuba, lembrei que consumimos coisas em excesso, muitas delas desnecessárias, coisas totalmente superfluas, sem sentido. O salário cubano dá para as coisas básicas, indispensáveis e para um algo mais, sem luxo, ostentação. Não achei errado o negócio da senhora que já tinha a sua pensão não ter acumulada a do seu falecido marido. Se ela já tem uma ganho que a sustenta, por que deveria acumular outro? Não se faz necessário dentro de uma sociedade onde o ganho é calculado dentro de gastos previstos. E só de saber que vivem sem aquela ansiedade que tanto temos, morro de vontade de experimentar como seria viver sem os sobressaltos a que somos constantemente submetidos. Gostei dessa parte. Me fez pensar no que havia lido.

Paula Gomide
Voce me conhece do FNDC, lembra?

Mafuá do HPA disse...

cara Paula

Claro que me lembro de ti. Precisamos muitop reativar o FNDC aqui por Bauru. Tudo está uma paradeira geral, ruim para o movimento. Gostei do que me escreveste. Esse negócio de cosumismo desenfreado e sem necessidade é mesmo algo a nos atormentar. Disso tudo que me falaste, veio a idéia para escrever meu próximo texto para a edição do próximo sábado para o jornal Bom Dia daqui de Bauru. Aguarde e leia por lá, que falarei disso.

Hoje cedo, outra coisa legfal sobre esse post de Cuba. A amiga Maria José me liga e me pede informações sobre esse hotel, o grandão o Habana Libre. Pelas fotos reconheceu o mesmo que havia ficado há mais de dez anos atrás. Vou enviar as fotos que tenho a ela. Me falou das lojinhas lá dentro dele, das escadarias, do saguão e da praça ao lado. Essa sincronização é muito boa. Fico feliz.

Henrique, direto do mafuá

Anônimo disse...

Henrique,

Sabe qto curto ler seus relatos sobre CUBA e o porquê desse meu interesse.
Parabéns à vc e ao Marcos,de nos presentiar com esse "Diário",os momentos vivenciados lá na ilha com detalhes importantíssimos,mostrando a realidade daquele povo tão hospitaleiro ,com tanta categoria.
Marcos concordo com vc ,qdo disse que as mulheres cubanas são lindas,mas cofesso que os homens não ficam a desejar,são gentis,charmosos tbém....rs
Participei em 97,do Congresso de Pedagogia em Havana,não tive o privilégio de percorrer outras cidades,pelo tempo restrito,fui até Varadeiro,e muitos locais culturais,históricos,etc....
Agora meus amigos ,levei uma vantagem ,conheci "Fidel Castro"e vcs não.....Morram de inveja...kkkk

Beijão

Maria José Ursolini

Anônimo disse...

O povo cubano é belo, além de uma beleza natural, também tem a beleza de um ideal materializado.
Mas claro que observo mais as mulheres rs, são lindas e o que me deixa mais atraido é a consciencia ideologia delas, para um real comunista isso é apaixonante, um dia estarei lá e para sempre.
Não esqueça que o Comandante Fidel é o homem mais incrivel deste mundo rs.

Marcos Paulo
Mov. Comunismo em Ação

Anônimo disse...

Marcos,concordo plenamente contigo com relação a beleza do povo cubano.
São calientes, mas acima de tudo, de uma sensibilidade, dignidade e com consciência ideológiga de causar inveja aos capitalistas...
Fui suscinta nas minhas citações,pois jamais conseguiria explicitar a sua altura intelectual.
Continue assim esse "Real Comunista Apaixonante",defendendo sempre Cuba e seu comandante Fidel com tanto orgulho.

Um abraço.

Maria José

Anônimo disse...

Qual o parâmetro que os cubanos tem para afirmar que o que recebem serve para viver dignamente? O que é dignidade para eles? É bom morar lá? Pq só existem pessoas querendo sair de lá e nenhuma querendo ir morar lá?
Pq as pessoas não tem livre acesso a internet? Pq o jornal é órgão oficial do governo? Há, naquele país, liberdade de pensamento e de expressão? O que acontece com quem pensa diferente do governo? Hum!!!
mistério!!!!

Mafuá do HPA disse...

Meu caro e último anônimo:

Existe muita coisa desencontrada sobre pessoas como você fazem questão de continuar querendo confundir as pessoas.
Veja bem como voce comete inverdades e faz questão de reproduzi-las sem critério algum:

1. Quem foi que te disse que para viver bem é necessário ganhar bem. Muitos que ganham muito pouco vivem muito melhores do que alguns que ganham os tubos. Ganhando pouco, mas tendo cultura, lazer, educação, saúde, bem estar social, paz e nada de sobressaltos, não é mesmo uma melhor forma do que a vivida pelos nossos pobres? Aqui Cuba dá de dez a zero em nós.

2. Quem foi que te disse que todos querem sair de lá. Os que querem são uma ínfima minoria. Uma porcentagem muito pequena, essa talvez sofrendo uma influência externa e ao momento quem que conhecerem a realidade externa, vão querer voltar correndo para os braços do regime curbano. Aqui ponto também para Cuba.

3. Se todos não tivessem acesso à internet a blogueira Yona não teria seu blog feito livremente de dentro de Cuba. Que me diz disso? Cuba é um país pobre, resistente e altaneiro. E quem te disse que todos os seres desse planeta só sobrevivem utilizando a internet. Somos viciados nesse negócio, que ultimamente mais mal nos faz do que bem, pois ainda é utilizada em sua grande maioria para futilidades. Uma vida simples é muito mais saudável. Ponto para Cuba.

4. Se não houvesse liberdade de expressão a blogueira não existiria e nem o cara em greve de fome teria sua vida exposta mundialmente como se estivesse num BBB. Você sabe que ocorrem passeatas, os tais de branco em Cuba nesse momento sem qualquer tipo de repressão, não? Que seria isso se não a mais pura liberdade de expressão em funcionamento? Ponto para Cuba.

5. Quem pensa diferente do regime expõe isso como outro qualquer, sofrendo uma penalização da própria sociedade, que passam a não olhá-lo com bons olhos, pois contrariar a vida ue levam para penar no mundo que vive-se do lado de cá é uma grande besteiro. Uma pena muitos deles não saberem disso ou não acreditarem, pois tomando conhecimento, caindo a ficha, observarão o quanto Cuba lhes é a pátria única. Ponto para Cuba.

Veja como é fácil defender Cuba, meu caro.
Observe o quanto fica difícil defender o regime que voce acha o melhor. Quer continuar comparando. Que venha com novas perguntas.

Henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

Quantos jornais há em Cuba?
Lá tem indústria da pesca? se Não, pq? Concordo que a internet tem 99% de coisa que não presta, mas eu posso escolher ver 1%; e lá em cuba, as pessoas tem o direito de escolher?
Pq há tantos pedidos de asilo político de esportistas, quando participam de competições no exterior?
Se eu quiser abrir uma lan house em cuba eu posso? Mas é para o povão usar, não é para hotel de turista não.
Eu, sendo um cubano, posso tirar meu passaporte, comprar uma passagem de avião e ir para qualquer lugar que quiser? sim/não e pq.
Se alguém, que more nos EUA, mandar um pacote para um cubano amigo, esse cubano pode ter a certeza que seu pacote não será violado por razões políticas? vc sabe como é...

Meu caro, vc pode vir com milhões de argumentos poéticos e floridos para defender cuba, mas nenhum deles é superior ao direito de ir e vir, de escolher o que quero ler, ver e ouvir. Ponto contra cuba.

Moro no Brasil que tem uma corja de políticos sem vergonha, uma desigualdade social tremenda, mas estamos conseguindo, aos poucos e de forma DEMOCRÁTICA, mudar esse quadro. Ponto contra cuba.

Pode-se não gostar do Lula, mas foi pelo voto que ele chegou lá e o substituto irá pelo voto, seja Serra ou Dilma, mas pelo voto POPULAR. Ponto contra cuba.

Eu não quero e não aceito um ditadorzinho de meia pataca, seja de direita ou de esquerda, ficar ditando o que eu posso ou não posso ler, ver e ouvir ou mesmo se eu posso ou não ir. Ponto contra cuba.

Passamos mais de 20 anos de ditadura militar (de direita) e vc vem defender ditadura. Onde vc andou todos esses anos?

Em tempo: DITADURA, de direito ou de esquerda, é a mesma coisa, a diferença é....não tem.

Uma outra informaçãozinha pra vc:

A Yona mandou uma carta ao presidente Lula pedindo que interceda junto aos castros para liberá-la para vir ao Brasil.
Aonde isso é bom? só na cabeça de uns poucos, que graças a Deus estão, a cada dia, virando peça de museu e história de boi-tá-tá.

só mais uma: DEMOCRACIA NÃO É UM BOM SISTEMA, EU CONCORDO HUMILDEMENTE, MAS É MUITO MELHOR QUE O REGIME SANGUINÁRIO DE FIDEL.

Mafuá do HPA disse...

A liberdade no capitalismo é sempre uma liberdade relativa, a de quem pode, contra quem não pode. Ficamos achando que podemos tudo, mas é que temos algo. Imaginemos a grande quantidade (a maioria da população), que nada tem e nada pode. É sobre isso que Cuba nada de braçada sobre nós. Não existe comparativos entre o que acontece lá em benefício da população e nos resto do mundo. Podem me apresentar mil argumentos, todos fragilizados, que um a um vou derrubando-os, pois vale muito mais a dignidade humana reconhecida e valorizada do que ter uma internet. Regime sanguinário é o que vivemos no sistema capitalista, uma verdadeira máquina de triturar pessoas.
Henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

Prefiro a liberdade relativa a prisão imposta.

"Regime sanguinário é o que vivemos no sistema capitalista"

Concordo. Mas podemos mudar pelo voto, DEMOCRATICAMENTE. O maior exemplo foi a eleição do Lula (votei nele). Ele resolveu todos os problemas sociais? Não, definitivamente Não. Até pq as mazelas de 500 anos não se resolve em 8 anos, mas deu início a um processo irreversível.