Mafuá do HPA

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (26)

POSSIBILIDADES ATRAVÉS DE UMA ESTAMPA NUMA CAMISETA

Estou aqui no Rio de Janeiro (onde ficarei até a próxima quarta) e hoje, domingo, seguia só de metrô, sentido Centro até Copacabana (estava a caminho da casa de Tito Madi, para papos e almoço). O vagão vai lotando aos poucos e numa parada adentra um casal, só o lugar ao meu lado vago. Ele a deixa sentar e fica em pé na nossa frente. Quando olha para minha camiseta com a estampa do Che Guevara, abre um sorriso e me diz: "Ela é cubana e acaba de chegar ao Rio". Paro instantâneamente de ler minha revista e passamos a conversar. Diz ser física e estar no Rio, para aprimoramento profissional, devendo permanecer por aqui mais duas semanas. Seu nome é Beatriz Concepción Rosabal. Foram aproximadamente uns 10 minutos de um papo dos mais agradáveis, onde falamos da Cuba atual, da educação naquele país, de minha estada por lá e da insensibilidade midiática atual diante de um regime onde o humano é o privilegiado. Ressalto a ela o mesmo que o presidente Raúl disse quando esteve com Lula: "Aceitamos discutir tudo sobre Cuba, só que em igualdade de condições. Não me venha falar de uma morte, enquanto os EUA produzem milhares ao dia e nada é discutido. Discutindo tudo, abro o diálogo". Disse também sobre a felicidade que foi a vivida num portão de um escola infantil na periferia de Santiago de Cuba, quando presenciei ao lado do amigo Marcos Paulo, uma criança de quatro anos recitando versos de Pablo Neruda. "Quando isso acontece em qualquer outro país?", ressaltei. Trocamos emails, desço na estação Arcoverde, Copacabana e eles seguem até a próxima, em Ipanema. Quando desço fico pensando nessa coisa maravilhosa, do que uma simples imagem pode fazer com as pessoas. Eu ali sentado num banco de trem, de um momento para outro, por causa da estampa em minha camiseta, conheço gente que nunca imaginaria conhecer. Ganhei o dia. E sigo perambulando numa tarde chuvosa pelo Rio de Janeiro, eu e minha camiseta do Che.