quinta-feira, 25 de março de 2010

UM COMENTÁRIO QUALQUER (63)

OS BOUQUINISTES DE PARIS E A LIVRARIA/SEBO NO RIO
Essa é para quem adora devorar livros e não se cansa de ficar entre eles nos sebos espalhados país afora. Nas idas ao Rio de Janeiro tenho o meu local, um que bato cartão, esqueço do tempo (e até de que devo e preciso trabalhar). Na última terça, 23/03, voltei ao LE BOUQUINISTE LIVRARIA, na rua Visconde do Rio Branco 28, encravado pouco acima da Praça Tiradentes, a caminho do Campo de Santana e na boca do Saara. Dessa vez fui em busca de CDs de MPB para minha coleção. Tinha pouco tempo e fuçando entre as prateleiras, achei quatro preciosidades, pagando por tudo a bagatela de R$ 10 reais. Só não vasculhei prateleira por prateleira em busca de livros e achados outros, pois tinha visitas de vendas marcadas. Contas a pagar me puxavam para o lado oposto.

No blog http://www.viverparis.blogspot.com/ achei um texto interessante sobre os precursores do termo “bouquiniste”. São relatos de um brasileiro vivendo em Paris. Leiam: “Instalados na margem direita, da pont Marie ao quai du Louvre, e na margem esquerda, do quai de la Tournelle ao quai Malaquais, os bouquinistes de Paris são verdadeiros símbolos culturais da cidade. Com suas características caixas metálicas verdes se debruçando para o rio, propõem a venda de livros antigos, revistas de segunda mão, cartões postais, selos antigos, velhos cartazes publicitários, fotos e até raríssimas historias em quadrinhos. Livreiros de ofício, apaixonados pela propagação cultural, seus pequenos stands são testemunhas oculares da historia de Paris. A tradição dos bouquinistes começou por volta do século XVI, quando pequenos livreiros ambulantes começaram a surgir em Paris. Por pressão das grandes livrarias, um regulamento de 1649 proibiu qualquer tipo de “livraria portátil” e a venda de livros sobre a Pont Neuf - o principal ponto onde os livreiros ambulantes se concentravam. Em 1859, concessões bem regulamentadas são instauradas na cidade de Paris e os bouquinistes podem então se estabelecer em pontos fixos às margens do Sena. Em 1930 são fixadas as normas de padronização e dimensionamento das boîtes - as famosas caixas verdes dos bouquinistes. Instalados sobre mais de três quilômetros ao longo do rio Sena, os bouquinistes parisienses foram declarados em 1992 patrimônio cultural mundial da UNESCO” (09/01/2009 – escrito por Jackson Martins). O pessoal de Paris também possuem um site, em francês é claro: http://www.bouquinistedeparis.com/

A história dos bouquinistes parisienses é de encantar os olhos e ver aquelas fotos antigas, todos às margens do Sena sempre me chamaram muito a atenção. É claro que o nome da livraria carioca foi extraído dali e pedi para Milena, uma quase menina, a filha do livreiro Gama, para bater umas fotos ali dentro. Gama é conhecido de todos os amantes de livros e está com o ponto há exatos quinze anos. Seu espaço é peculiar, uma loja com uns 5 metros no máximo de largura e uma infinidade de profundidade. Quer dizer, você chega, visualiza dois corredores e uma prateleira no meio. Segue vendo livros por todos os lados e poros. Num corredor você vai, noutro volta e com livros do teto até o chão. O prédio é antigo e tudo se encaixa, principalmente ao nome onde Gama foi buscar inspiração para o do seu negócio. Tudo está catalogado e não é difícil buscar o que se deseja. É necessário tempo, muito tempo. Sebo é como bater papo com pessoa idosa, tudo não pode e não deve ser feito às pressas. Tanto um como o outro necessita de tempo, um para contar todas as histórias que estão guardadas em sua memória e outro para ver desvendados todas as preciosidades de suas estantes, cantinho por cantinho. E quando existe isso, perco a noção de tudo o mais. A livraria lá do Rio me deixa assim, prostrado diante de suas estantes, como tenho certeza, ficaria diante daquele amontoado de preciosidades às margens do Sena.
OBS. 1: As duas primeras fotos foram retiradas do blog Viver Paris e as demais são minhas, tiradas no sebo carioca.
OBS. 2: Nos próximos posts, os dois textos que havia me comprometido, um sobre o encontro da prostituta Gabriela e do chargista Latuff e os relatos do 5º Fórum Urbano Mundial e o Fórum Social Urbano, patrocinado pelos movimentos sociais.

4 comentários:

Anônimo disse...

uma lástima que não houve tempo para percorrer as ruas - largas e estreitas - do centro do rio na companhia de JPA - zé pereira de andrade. certamente, em outra ocasião vocês terão muitos causos sobre sebos, bouquinistes e livros pra passar o tempo na cidade maravilhosa. ao menos já marcaram o local do encontro. ana bia

Mafuá do HPA disse...

cara Ana
Qualquer pessoa, ainda mais alguém com o conhecimento livreiro de um zé pereira de andrade seria bem vindo.
Na próxima ligo para ele.
Obrigado pela dica

Henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

Como é gostoso ler textos sobre livros. Para entendê-los só os tendo e amado-os. Livros, sempre livros.

Carlos Souto

Anônimo disse...

Boa tarde Henrique, como vai?

Antes de mais nada peço que me perdoe pela demora em responder seu e-mail, mas ultimamente a correria com trabalho tem dificultado as atualizações do blog e a atenção aos amigos e leitores.

Agradeço imensamente o seu contato e a menção ao Viver Paris no seu blog, que por sinal está de parabéns! Gostei do seu texto ágil e do teor da informação cultural de primeiríssima qualidade! Gostei também bastante da conexão que fez entre os bouquinistes e o sebo do RJ - show de bola!

Seguimos em contato. Um grande abraço,

Jackson Martins
blog Viver Paris