Já estou de volta ao Brasil, cheguei na parte da manhã, onde fui conhecer a Catalunha e a Espanha, mas ainda não em Bauru. Após 11h de vôo entre Madri e São Paulo, malas extraviadas (já localizadas, mas não recuperadas), permanecemos eu e Ana em Sampa mais um dia (eu só com a roupa do corpo) e algumas considerações iniciais sobre a retomada da rotina diária:
1. Triste tomar conhecimento do fracassso noroestino, em derrotas que não me pareciam previsíveis. As do Barcelona e do Real Madri, que todos do outro lado do mundo, onde estive até ontem também não pareciam nada previsíveis, mas aconteceram, parecem dar o tom do que é realmente esse negócio denominado de futebol. Perdemos e iremos permanecer na segunda divisão do Paulistão em 2013. Fico mais triste nas derrotas noroestinas, o time de minha aldeia, do que nas do Corínthians, que também fico sabendo hoje, onde foi desclassificado das finas do Paulistão pela Ponte Preta. Coisas do futebol. O Noroeste continua o mesmo, com endinheirados no seu comando, porém despreparados para tocarem o que tocam. Não entendem nada de paixão, só de negócios e nem isso parecem saber fazer direito. Penamos todos.
2. Mal chego no aeroporto de Guarulhos e uma das primeiras coisas que faço é ir até uma banca de revistas comprar a edição semanal na Carta Capital. Leio desde tenra idade. Lembro de quando estudava na Escolinha da Rede, com meus 14 anos e toda semana comprava o Pasquim nas bancas e o levava para a escola. Buscava regularmente o carioca Jornal do Brasil, religiosamente todo domingo na banca que existe até hoje junto da Praça Machado de Mello. Sabia os horários da chegada do jornal e o fazia para ler a revista de Domingo, os textos do Carlinhos Oliveira e de tantos outros. Lia também a Folha SP, época maravilhosa de Cláudio Abramo, a Veja do Mino e tantas outras. Hoje, deixei de ler os jornalões, pois praticam um jornalismo de péssima qualidade, escamoteando a verdade. Não deixei de ler, mas anda cada vez mais seletivo. Carta Capital é a melhor revista brasileira, sem tirar nem por. Com ela sigo, pois não se desviou de uma rota onde o jornalismo é levado a sério. Folheando a revista no carro, trajeto entre o aeroporto e a casa dos sogros dou uma sonora risada e assusto a todos. Explico o motivo, feito aos
acupantes do carro e a quem aqui me lê. São fatos de uma identificação cada vez maior entre um leitor e o seu meio de informação. Mês passado enviei algumas cartas para o amigo (o vejo como mais que um amigo) Mino Carta, editor e fundador dessa e de tantas outras revistas nesse país e ele acabou publicando um texto meu na seção Brasiliana (já descrito aqui). Num trecho de uma das missivas trocadas por e-mail, fiz a ele uma singela sugestão. Sócrates, o jogador, falecido recentemente manteve na revista uma coluna semanal sobre esportes, a Pênalti e com o seu falecimento e não sendo colocado em seu lugar nenhum novo colunista, foi deixada de lado. Em 19/03, quase nas despedidas de uma longa carta escrevi o seguinte: "E mais uma coisinha, na qualidade de fiel leitor, desde o começo da era semanal (tenho todos aqui no meu mafuá particular), queria te sugerir algo para a continuidade de uma coluna semanal sobre esportes. Sócrates era o cara, mas como nos deixou antes da hora, por que não alguém da mesma cepa para ocupar o espaço? Sugiro dois, José Trajano e Afonsinho. Pense nisso. Um abracito bauruense do HPA". Finalizo. Na edição que comprei, a de nº 695, em suas páginas 42 e 43, o texto "Prezado amigo Afonsinho - Novo Colunista: O ex-craque, também doutor, substitui Sócrates em Carta Capital". Não é para se achar em perfeita sintonia com a revista, quando alguém lembrado por ti é o escolhido para ser o colunista a preencher vaga existente? Não tenho a pretensão de achar que a escolha foi por causa do meu toque, longe disso, mas o que ressalto aqui é a sintonia existente entre o que leio, o que busco e o que encontro em CC. Afonsinho é um velho conhecido dos amantes de um futebol jogado à moda antiga, parentes aqui em Bauru e tendo jogado bola no vizinho XV de Jaú, cruzava constantemente com ele pelas rodas de samba e carnaval carioca, tendo já mantido uma coluna sobre futebol no jornal carioca O Dia e cai como uma luva dentro da linha editorial da revista. Nem bem chego e já aguardo ansioso a edição da próxima semana, quando Afonso estreará, aos 65 anos, o novo espaço.
5 comentários:
AFONSINHO É DOS NOSSOS.
PASSOU COISA DE UM MÊS ATRÁS EM BAURU, OBSERVANDO UNS GAROTOS DO XV DE JAÚ JOGANDO AQUI NO CAMPO DO NOROESTE. SAIU MATÉRIA NO JORNAL. SEI QUE ELE É MÉDICO NO RIO, MAS NÃO SABIA QUE ERA BOM NA ESCRITA.
ALDO
O Noroeste e o Barcelona!
Na última terça-feira, Tavinho quis rasgar sua pseudocamisa do Barcelona, seu time de pseudocoração foi eliminado pelo Chelsea! Tavinho é daqueles inúmeros brasucas “paga-pau” de times estrangeiros! Tavinho mora em Bauru, cidade do sanduíche, da Eny, da Estrada de Ferro, mas recusa-se a torcer para um time da segunda divisão, um tal de Esporte Clube Noroeste! O pior é que Tavinho usa dia sim, dia não, uma camisa do argentino, isso mesmo, argentino. Messi, pra ele “a Pulga”, é melhor que um tal de Edson Arantes do Nascimento, cujo nascimento foi em Três Corações, mas cujos crescimento e aparecimento foram em Bauru, o tal de Edson que se metamorfoseou Pelé, foi um dia Gasolina com o manto do Esporte Clube Noroeste! Um filho do tal do Seu Dondinho que jogou no Norusca! Fico a imaginar se é possível um argentino usar a penta camisa brasileira do Neymar, se é possível um hermano reverenciar o futebol mais campeão do mundo! Não é possível, nunca, nunca, acontecerá isso!
Na nossa Bauru, é perfeitamente possível encontrarmos, seja nos jogos do nosso único e diferenciado futebol profissional amador, seja em clubes, camisas dos times estrangeiros, ou times da moda, como foram São Caetano, Guarani, Atlético Paranaense ou Flamengo! O bauruense é, antes de tudo, um camaleão! O noroestino é noroestino quando sabe o que é ser Noroeste! É para raros, é para Pavanello, Léo de Brito, Amaral do JC, Jabbour, Delei Valério, Eduardo Mauad, Toninho Gimenez, Jorge Campos, Tota, Zungão, Sérgio Paes, Claudinho do Queijo, Jota Martins, Jota Augusto, Samuel Ferro, gente que ama o manto do Noroeste! Essa garotada geração Playstation “paga-pau” dos craques de alguns jogos deveriam procurar no YouTube por Ademir da Guia, Ailton Lira, Pedro Rocha, Carlos Roberto Palito, Clodoaldo, Gérson, Lorico, Enéas, Rivellino e um tal de Pelé!
O Esporte Clube Noroeste nunca será Barcelona enquanto for refém de um esquema típico de permanência na Segunda Divisão e venda de atletas para fazer caixa. No entanto, o Norusca tornou-se uma antítese, se saírem Damião e sua prole e trupe, quem assumirá o Vermelhinho? Entretanto, camisa de time como o Noroeste não é para ser goleado por Penapolense que, com todo o respeito, quem é Penapolense? A diferença entre o Esporte Clube Noroeste e o Barcelona, talvez de anos-luz, nem explicada pelo professor de Física Maurício Quagliato, é o tal de planejamento, pois em 2009 o Norusca foi goleado pelo Guaratinguetá de Luis Carlos Martins, Amauri Knevitz caiu e veio Luciano Dias, depois da goleada, para o prestigiado e famoso Penapolense! Amauri deveria ter caído e assumido Marco Antônio Machado, estaria o Norusca na Elite. Quem subiu? O São Bernardo, de Luciano Dias, técnico de segunda para ascender à primeira, mas nunca técnico de primeira!
Pep Guardiola, venha para o Norusca, aqui há uns 1.500 torcedores a te esperar! Augusto dos Anjos, segundo os professores de Literatura Giba, Gatti e Luiz Vitor Martinello, não tinha time, mas conhecia o futebol: “A mão que afaga é a mesma que apedreja!”. Ah, o Tavinho passou no Calçadão e comprou uma camisa do Chelsea e uma do Bayern. Sabe como é, sempre é bom comemorar títulos!
Eis carta publicada na Tribuna Leitor do JC: Professor Sinuhe Daniel Preto, Norusca sempre!
Henrique
Me desculpe, gosto do teu blog, assim como gosto do Noroeste e de BAURU. Li e concor4dei com vários textos seus sobre o Noroeste, mas nesse curto diz que achava imporvável que o Noroeste fosse cair não gostei, pois o time deixou de convencer do meio do campeonato para cá. Começou bem e despencou, por causa de problemas internos que ainda não foram esclarecidos. Reveja isso. Voce sempre soube como são as coisas lá dentro da estrutura do time, as relações de poder. Nos vemos no campeonato enche linguiça do segundo semestre. Até lá, torcendo sempre e acreditando que algo de novo possa SURGIR.
Rafael - da Sangue
Henrique...Tudo bem?..Espero que vc tenha tido um bom tempo na Espanha...Sobre o Noroeste, infelismente e aquilo ja discutimos varias vezes..Quem dirige o Norusca nao e do ramo e isto ja vem caminhando desta forma a muito tempo.Parece ate que se contentam em ficar disputando uma Serie A2 e conseguir algum lucro com venda de jogadores. Mas um time competitivo em campo pra alegria da torcida,pelo jeito esta longe de acontecer. Torco pra que me facam mudar de opiniao a respeito deles,pois ja estou cansado desta situacao...Na sua ausencia do Brasil o Brizolla Neto foi indicado pela presidente Dilma como o novo Ministro do Trabalho, mesmo a contra gosto do caciques do PDT... Boa sorte pra ele....Abracos e bem vindo de volta a nossa terrinha.
Reynaldo, nosso embaixador em New Jersey EUA:
Tristeza, o resumo de tudo. Nós torcedores estamos assim, a Diretoria nem tanto, pois renova com o Amauri, França já está se apresentando ao Coritiba e o elenco está de férias até 16/05. Toquemos o barcos, porque eles vão e nós, os torcedores ficaremos sempre. Resistir é preciso, em todos os momentos e atividades.
Qto ao Brizola Neto, achei fantástica a escolha Pessoal da Dilma. A mais acertada possível. Publiquei algo ontem no site dele, o Tijolaço e sei que daqui para frente será a maior vidraça do governo, pois sempre atacaou frontalmente todos os males do país, como a mídia do PIG, os falsários da oposição que age pior do que tudo, a elite cruel e insana, etc. Farão marcação cerrada com ele, mas é o nosso cara por lá, 33 anos e vibrante como o avô. Escreverei muito dele por aqui nos próximos dias.
Reproduzo abaixo sua carta saída hoje na Tribuna do leitor do JC.
Um abracito bauruense do amigo
Henrique - direto do mafuá
Noroeste: amor incondicional
O amor incondicional não faz exigências. Ele é simplesmente amor. Não quer saber de altos e baixos, se você está certo ou errado, se é negro ou branco, gordo ou magro. Ele não respeita datas, mistura emoções, complica o que e fácil e descomplica que e difícil. Aceita e tolera erros por mais absurdos que eles sejam, pois como é incondicional, não busca a perfeição.
É esse tipo de sentimento que faz moradia nos corações de um incontável número de noroestinos. Não há como explicar para os que não compartilham das mesmas emoções a tristeza de uma derrota, a emoção de um gol no Alfredão ou a beleza de ver o time do Norusca entrar em campo e vir saudar a sua torcida vestido com o seu tradicional uniforme. Não há como explicar isso!
Ao contrário daqueles que nesse momento dão adeus ao seu clube do coração, como se isso fosse de fato possível, eu quero aproveitar e reafirmar a quem possa interessar que estarei sempre com o Noroeste, ainda que ele maltrate as minhas emoções. Apelo aos que como eu não querem ver seu time em campo apático, combalido, derrotado, dirigido por uma soberba administração que insiste em não ir de encontro aos anseios do torcedor noroestino. Apelo aos corações não dos mercadores que insistem em maltratar o nosso clube, mas daqueles que amam incondicionalmente, que estejam no Alfredão nos próximos jogos, como se fôssemos um verdadeiro exército que pode ate perder batalhas, mas que não foge da guerra e luta pelos seus ideais ate o fim na certeza de que eles não serão em vão.
Estamos tristes e isso é fato. Mas essa também e uma das consequências do amor incondicional, que muitas vezes não nos traz só a felicidade. Amem, amigos noroestinos, pois isso e o que nos une. E nada nos separara. PS: Os meus parabéns ao Sinueh Daniel Preto pelo seu ótimo texto publicado sobre o Noroeste na Tribuna do Leitor do ultimo domingo. Espero realmente que os “paga paus” possam refletir verdadeiramente a respeito.
Reynaldo Grillo - Um entre muitos noroestinos apaixonados pelo seu time de coração
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