domingo, 9 de setembro de 2012

CARTAS (90)

MENSALÃO, MENSALEIROS E OS SORRISOS AMARELOS - carta de minha lavra publicada hoje, 09/09/2012, na Tribuna do Leitor, Jornal da Cidade - Bauru SP.
Joaquim, nosso Barbosa, ministro julgador virou celebridade num piscar de olhos. Todos acreditavam que ele votaria pela inocência dos mensaleiros. Já existia na mídia estoque considerável de malvadezas a seu respeito, prontas para serem publicadas (quem pagou o pato foi Lewandowski). Foram devidamente guardadas para outra oportunidade, pois ele incriminou a todos, sem dó e piedade. A ladainha em cima dele foi tão intensa, chegando ao cúmulo de afirmarem ser ele o exemplo vivo da não necessidade do sistema de cotas no país. O negro Barbosa sabe ser raríssima exceção nos diplomados dentro de sua raça e que sua situação não resolve as atávicas diferenças e contradições existentes.

Entrevistado pela imprensa, Barbosa, aproveitando a ocasião, sapecou das suas. Percebendo a felicidade estampada na face da maioria dos jornalistas presentes, reiterou o que havia sacramentado no tribunal, que todos pagariam pelo que fizeram. Disse mais e, aproveitando o solene momento, questiona a turba: “Percebi em todos o empenho pela punição dos mensaleiros. Quero também julgar outros mensalões, como o mineiro e o da privataria. Isso me interessa muito, queria todos aqui e com o mesmo empenho”. Foi um sepulcral silêncio. Rostos murchos e nítidos sorrisos amarelos, quando não uma tentativa de mudança imediata de assunto. Saíram todos pela tangente e tudo acabou por ali mesmo, com o ministro nem tendo seu questionamento respondido.

A conclusão de minha lavra e responsabilidade é a de com a penalização de todos os desse atual mensalão, a imprensa não fará pressão nenhuma para colocar no mesmo balaio os demais mensaleiros, com igual ou até maior perniciosidade que esse. Tudo o que queriam já terá sido feito e a mera prescrição do prazo dos demais nem manchetes mereceriam nos órgãos de imprensa. É dessa forma que moralistas de plantão resolvem os casos de corrupção nesse país, julgando uns e desconsiderando outros. O ministro Barbosa deu a entender que irá contrariar isso tudo. Será o mínimo para magistrados a julgar com a devida isenção os casos mais escabrosos desse país.


OBS.: Uma explicação sobre as ilustrações desse texto - Credibilidade é algo que pode ser perdida com grande facilidade. Essa jornaleira paulistana, banca na Praça da República, cansou de ver estampados na Folha algo em desacordo com o que de fato acontece. Sua reação merece elogios. Simplesmente e tão somente parou de revender a Folha de São Paulo e explicitou tudo para seus clientes em cartazes colados na banca. O texto de minha carta publicada hoje no JC  trata exatamente disso. O leitor ao sacar as malvadezas impostas e gerenciadas pelos grandes grupos pode a qualquer momento optar por procurar leitura honesta e de qualidade em outros meios. Quando vi o cartaz, não resisti e fotografei. Três fotos de minha lavra.

4 comentários:

Anônimo disse...

Pegou na veia seu Henrique.
Os caras querem culpar o PT por tudo o que fizeram de errado nesses 500 anos de Brasil. Só que os males deles são piores que esses. E isso para eles não vale nada. Vão todos para a PQP.
Carlão, seu cumparsa da Feira do Rolo

Anônimo disse...


CONDENAR SÓ O MENSALÃO NÃO É DEMOCRACIA PLENA !! HÁ MAIS GENTE QUE FEZ COISAS PIORES E SEQUER FOI DENUNCIADA. SE O MENSALÃO FOI OBRA DE BANDIDOS, OUTRAS SITUAÇÕES DA REPÚBLICA TÊM BANDIDOS PIORES. PORTANTO :

Moizeis Dias Mizuki

Anônimo disse...

Aos
Sindicalistas
Lideranças do movimento popular
Militantes da Coligação "Bauru de Todos"


PLENÁRIA DOS SINDICALISTAS E LIDERANÇAS DO MOVIMENTO POPULAR EM APOIO À CANDIDATURA DE RODRIGO AGOSTINHO


Companheiros e companheiras,


Toda liderança tem um papel fundamental na construção de um sociedade mais justa, igualitária, com trabalho decente e oportunidades de empregos para todos e todas. Assim, os sindicalistas e lideranças comunitárias devem dizer á sociedade de que lado estão e os motivos pelos quais assumem este lado. Este ato não representa o envolvimento direto das associações, sejam sindicais ou populares, pois todos seus membros tem o direito de expressar seus apoios de forma livre e democrática.


Para unificar as lideranças que enxergam na candidatura de Rodrigo Agostinho a melhor alternativa para os trabalhadores, estamos organizando uma grande Plenária de sindicalistas e lideranças populares que será realizada no dia 17 de setembro, às 17h, no Auditório do Centro Sindical da CUT, localizado na Rua Quinze de Novembro, 03-70, Centro, Bauru/SP.


CONTAMOS COM A PARTICIPAÇÃO DE TODOS E TODAS E PEDIMOS PARA QUE DIVULGUEM ESTE EVENTO.


Um forte abraço,


Chicão - Sindicalista

Anônimo disse...


Há quem diga ser uma farsa o julgamento do chamado "mensalão". Não, não é uma farsa. É fruto de fatos. Ou era mesada, o tal "mensalão", ou era caixa dois. Mas não há como dizer que há uma farsa. E quem fez, que pague o que fez. A farsa existe, mas não está nestes fatos.

Farsa é, 14 anos depois, admitir a compra de votos para aprovar a reeleição em 98 - Fernando Henrique - mas dizer que não sabe quem comprou. Isso enquanto aponta o dedo e o verbo para as compras agora em julgamento. A compra de votos existiu em 97. Mas não deu em CPI, não deu em nada.

Farsa é fazer de conta que em 98 não existiram as fitas e os fatos da privatização da Telebras. É fazer de conta que a cúpula do governo não foi gravada em tramóias escandalosas num negócio de R$ 22 bilhões. Aquilo derrubou um pedaço do governo tucano. Mas não deu em CPI. Ninguém foi preso. Não deu em nada.

Farsa é esquecer que nos anos PC Farias se falava em corrupção na casa do bilhão. Isso no governo Collor; eleito com decisivo apoio da mídia. À época, a polícia federal indiciou 400 empresas e 110 grandes empresários. A justiça e a mídia esqueceram o inquérito de 100 mil páginas, com os corruptos e os corruptores. Tudo prescreveu. Fora o PC Farias, ninguém pagou. Isso foi uma farsa.

Farsa foi, é o silêncio estrondoso diante do livro "A Privataria Tucana". Livro que, em 115 páginas de documentos de uma CPI e investigação em paraísos fiscais, expõe bastidores da privatização da telefonia. Farsa é buscar desqualificar o autor e fazer de conta que os documentos não existem ou "são velhos". Como se novas fossem as denúncias agora repisadas nas manchetes na busca de condenações a qualquer custo.

Farsa é continuar se investigando os investigadores e se esquecer dos fatos que levaram à operação Satiagraha. Operação desmontada a partir da farsa de uma fita que não existiu. Fita fantasma que numa ponta tinha Demóstenes Torres e a turma do Cachoeira. E que, na outra ponta da conversa que ninguém ouviu, teve o ministro Gilmar Mendes.

Farsa é, anos depois de enterrada a Satiagraha, o silêncio em relação a US$ 550 milhões de dólares. Sim, por não terem origem comprovada, US$ 550 milhões continuam retidos pelo governo dos EUA e da Inglaterra. E o que se ouve, se lê ou se investiga? Nada. Tudo segue enterrado. Em silêncio.

O julgamento do chamado "mensalão" não é uma farsa. Farsa é isolá-lo desses outros fatos todos e torná-lo único. Farsa é politizá-lo ainda mais. Farsesco é magnificá-lo, chamá-lo de "maior julgamento da história do Brasil".

Farsa não porque esse não seja o maior julgamento. Farsa porque se esquecem de dizer que esse é o "maior" porque não existiram outros julgamentos. Por isso, esse é o "maior". Existiram, isso sempre, alianças ideológicas, empresariais, na luta pelo Poder. Farsa porque ao final prevaleceu, sempre, o estrondoso silêncio cúmplice.















Eu fecho com o Freixo!



Cláudia Lucciola - Rio de Janeiro (amiga da Ana Bia, e sua)