segunda-feira, 3 de setembro de 2012

DIÁRIO DE CUBA (57)

“FALEM DE MIM”, MAS SERÁ QUE SABEM DO QUE ESTÃO FALANDO – DECLARAÇÃO DE AMOR Á CUBA
Cuba é uma pequena ilha, talvez a que gere mais discussões e debates mundo afora. Todo dia surgem fatos novos e de tudo o que vejo e leio, minha conclusão é somente uma: a imensa maioria desconhece do que fala, pois toma partido pelo que lê na imprensa, nem sempre favorável ao regime cubano. Muitos agem de má fé, pois ao fazer a intransigente defesa do capitalismo, espezinham Cuba de forma infame, cruel, sem dó e piedade. Dou um exemplo. O jornal BOM DIA publicou um Perfil, o “Experiências de um comunista bauruense”, contando breves passagens da vida do advogado e militante Arthur Monteiro. No texto ele faz uma declaração de amor à Cuba, além de relatar algo sobre seu segundo retorno à ilha, nesse ano. Foi o que bastou para já no dia seguinte, numa raivosa carta, um leitor se insurgir contra ele, contra a ilha, com as mesmas declarações, repetitivas e mentirosas de lá ser o próprio inferno na Terra. Por que isso? Por que o ódio à Cuba? Por que acreditam tanto no que lêem sem ao menos tentarem conferir se aquilo tudo condiz com a verdade?
Semana passada, numa mesa de bar, discuti com um grande amigo e um dos motivos foi Cuba. A mesma repetição a me doer os ouvidos e recheada de um algo mais: “Conheci um cubano e ele me confirma que tudo por lá é exatamente como lemos”. Minhas perguntas são as mais simples num caso desses: Quem é esse amigo? Já procurou entender por que ele fala mal do seu país? Por que saiu de lá? O que fez? Não consigo discutir com alguém que fecha a questão por causa de uma só pessoa contra todo o posicionamento de um país. Um dos meus temas preferidos é Cuba. Leio muito, vejo filmes, converso muito com gente daqui e de lá sobre o ontem, hoje e amanhã na ilha.

Na semana passada estive na casa de uma grande amiga cubana, professora residente em Bauru, morando aqui em Bauru há mais de uma década com filho e sobrinha. Recebe em sua casa rotineiramente sua mãe e há um mês, hospedado em sua casa um amigo do seu país. Eles vem e voltam como qualquer outros e com as mesmas dificuldades que nós todos temos para viagens: grana. Só sai do país quem tem condições de fazê-lo ou convidado por alguém, que lhe banca a passagem. Alguma anormalidade nisso. Nenhuma. Assim como li no texto do jornal sobre a última viagem do amigo Arthur, estive somente uma vez na ilha, em 2007, por 20 dias e pretendo voltar no máximo ano que vem, quando levarei comigo meu filho. Não quero provar nada sobre a ilha, só algo simples. Vivemos atolados até o pescoço num mundo onde tudo gira em torno de um grande deus, o “dinheiro”. Lá, a coisa é diferente e o dinheiro não é o motor gerador de vidas, idéias e ações. Isso é o que incomoda e tudo é feito para destruir um exemplo mais do que viável de que outro mundo é possível. Cuba, com todas suas deficiências comprova isso. Eu gosto demais dela exatamente por causa disso, por possibilitar a todos os não inseridos nesse mundo dominado pelo capital, uma alternativa de vida mais simples, sem luxo, sem ostentação, mas com tudo o que buscamos como loucos e não temos, saúde, educação, lazer, cultura, transporte, a custos praticamente zerados e com qualidade. Tudo isso é impossível de acontecer isoladamente no mundo que vivemos e quando juntados, algo a ser combatido, quando deveria ser o contrário, ou seja, incentivado e proliferado.

Isso tudo é o próprio paraíso e ele está aqui na Terra, ao alcance de todos, quando vivos. Não é preciso morrer para chegar a paraísos. Sou mais buscar eles enquanto vivo. Se o sistema cubano é ruim, imperfeito, seu grande bem é buscar esse caminho onde o homem, o ser humano é mais importante do que tudo o mais. Minha luta, algo a me mover, sendo comunista ou não, é buscar alternativas de corrigindo seus erros, chegar a um mundo mais justo, igualitário, onde vivamos em paz conosco mesmo, um diminuindo a pobreza do seu semelhante. Cuba é uma luz no fim do túnel, esse o problema. Quero escrever mais de Cuba e de como encaro isso tudo, portanto, mês que vem tem mais...
OBS: As ilustrações do texto, a primeira uma charge do LATUFF, a segunda foto minha de 2007 (quando de minha viagem com o amigo Marcos Paulo) e a terceira, foto do blog do bauruense LUIS FREITAS, o "Será o benedito?", outro irremediável defensor de Cuba como solucionador de problemas mil, planetários e interplanetários.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sr, Henrique:
A ilha de Cuba é polêmica exatamente por tuo isso que escreveu aqui. Ela é diferente, um modelo de algo possível, de solução conjunta dos problemas de todos, de compartilhamento coletivo de tudo, sem a existência de ricos e pobres, onde o poder público forneça tudo o que o cidadão precise de forma gratuita. A população toda tenha possibilidade de desfrutar de tudo sem ter que pagar para isso. Temos que convir, isso não será possível nunca no sistema político onde vivemos, onde até a água nos é cobrada, aliás, tudo é cobrado. O combate a eles é isso. A acusam de pobreza, mas que mal a nisso, sendo que todos desfrutam de benefícios que não são possíveis aos daqui. Veja o caso norte-americano onde até hoje eles não conseguem aprovar um plano de saúde mínimo no atendimento aos mais pobres. Lá chamam isso de comunismo, atender os que não dinheiro para pagar é comunismo para o sistema norte-americano. Cuba é um exemplo de um caminho, com muitos erros, mas muito mais acertos. As diferenças sociais, tão gritantes em nossas ruas, lá inexistem. Quando umdeserda de lá, vira assunto,mas não falam dos milhares quedefendem com unhas e dentes o país. Quando alguém diz ser contra, precisamos sempre enxergar o outro lado, e voce alerta para isso. Descontentes existem em todos os lugares, mas o acertos suplamtam em muito os erros. Escreva mais sobre esse pequeno imenso país. Cuba é tudo de bom!
Paulo B. Fonseca, professor e defensor de Cuba, sem nunca ter podido estar lá, pelo motivo que escreveu, me falta grana para viajar.

Anônimo disse...

Henrique
Até o Carter acha necessário acabar com esse embargo. Achei isso num jornal em espanhol.
Paulo Lima


CUBA
El ex presidente James Carter afirmó ayer que Estados Unidos y Cuba podrían tener un diálogo más sincero si el primero excluyera a la isla de su nómina de países impulsores del terrorismo. Carter sostuvo que el papel de La Habana como garante del proceso de paz entre el gobierno de Colombia y las FARC elimina cualquier argumento acerca de la permanencia de Cuba en esa lista negra. Carter hizo estas declaraciones en la reunión anual del Banco de Desarrollo de América Latina, la OEA y el centro Diálogo Interamericano.