QUEM QUER MANTER A ORDEM E QUEM QUER CRIAR DESORDEM
Minha cara Tatiana: Não me espanta a manchete, o tratamento dado ao vereador e nem o silêncio sepulcral nos dias seguintes. Quer saber como encaro esse triste momento atual da imprensa brasileira: com galhardia. Faço uma simples comparação, como devorador de
jornais, do que encontro nos ditos jornalões, Folha, Globo, Estadão e o bauruense JC. Aqui eu continuo escrevendo minhas picantes cartas e elas são todas publicadas, mesmo que isso contrarie a sua linha editorial. Tente fazer o mesmo nos jornalões citados e verás que eles não mais publicam quem escreva uma vírgula que contrarie o que pensam. Eis uma significativa diferença. Sei que a população ficou meio que sem entender o que de fato ocorreu, que se avisassem previamente o sindicato, a empresa ou a cidade, nada ocorreria. O meio escolhido, sabemos, foi divinal. Seria melhor se feito como o Marcão propôs, que ao invés de pararem por 2 horas, liberassem as catracas pelo mesmo período. A empresa sentiria mais, mas por outro lado, a repressão seria maior em cima do trabalhador, respaldado somente por ele mesmo, sem ajuda sequer do seu sindicato. Ofereça essa oportunidade ao sindicato como forma de luta. Eles pularão fora. Já, de nós, devemos continuar usando os meios disponíveis e também esses internéticos. Te confesso mais uma coisa e isso diz respeito a nós dois e uma pá de amigos em comum. Fiquei essa semana uma boa parte de alguns dias viajando no facebook e cheguei à seguinte conclusão: perdi um tempo danado de minha vida. Se ali é uma opção de reencontro de pessoas, nada de muito positivo ocorre, pois 90% do que li é futilidade. Deixei de ler um bom livro, de assistir um bom filme, de fazer algo mais útil para ver infantilidades. Nos metemos cada vez mais nisso e esquecemos de atuar em outros meios. 
Vou continuar postando meu texto diário no blog, talvez um post diário no facebook e depois vou em busca de outras coisas. O Roque reverte tudo, sempre com sua ação contínua nas ruas (“e nas lutas”, como diz). O povo nem sabe direito o que venha a ser o tal do mensalão, essa caça a corruptos de um lado e a isenção ao de outros (patrocinado por essa mídia, que acusa uns, mas não reconhece nem os atos criminosos da Veja), mas sabe onde o bicho pega e é aí que precisamos estar, ao lado deles, junto deles e esquecer um pouco dessas batucagens no face. O público daqui já tem a cabeça feita, pregada dentro do consumismo que nos afeta a todos, as leis de mercado, religiosas, credos, dogmas, etiquetas e por mais que fiquemos a martelar o contrário, nada de novo ocorrerá. Isso que ocorreu lá com os motoristas não nasceu aqui, nasceu de um anseio sincero e das ruas. É lá que reverteremos o jogo. Por aqui não veremos nada revolucionário em curso. O face é o que vejo de mais apaziguador, um “sossega leão”, “um boa noite Cinderela” em todos nós, que ficamos menos contestadores e mais deslumbrados com possibilidades de sermos vistos por inimagináveis públicos. Veja hoje, batuquei isso e estou escapulindo para as ruas, vou à feira (do Rolo), passeio Maria Fumaça, exposição do Noroeste no Museu, jogo do Noroeste, encontro matinal no Jardim Botânico, show no SESC à tarde e 
no Teatro à noite, almoço musical no Aldeia, etc. Rua, é disso que precisamos. Não vamos mudar o mundo sentados diante dessa máquina de fazer doido. Quero mais e continuar botando o bloco na rua. Vamos juntos? E se o jornal falou, a gente desdiz isso tudo ali na próxima esquina. Não custa tentar.OBS FINAL E MUSICAL DESSE MAFUENTO ESPAÇO: Como tudo para mim termina em música, observando atentamente isso tudo me lembrei de DESORDEM, dos TITÃS, de um LP arquivado aqui no mafuá, o JESUS NÃO TEM DENTES NO PAÍS DOS BANGUELAS. Sintam se a letra não tem
muito a ver com tudo isso: “Os presos fogem do presídio,/ Imagens na televisão./ Mais uma briga de torcidas,/ Acaba tudo em confusão./ A multidão enfurecida/ Queimou os carros da polícia./ Os presos fogem do controle,/ Mas que loucura esta nação!/ Não é tentar o suicídio/ Querer andar na contramão?/ Quem quer manter a ordem?/ Quem quer criar desordem?/ Não sei se existe mais justiça,/ Nem quando é pelas próprias mãos./ População enlouquecida,/ Começa então o linchamento./ Não sei se tudo vai arder/ Como algum líquido inflamável,/ O que mais pode acontecer/ Num país pobre e miserável?/ E ainda pode se encontrar/ Quem acredite no futuro.../ Quem quer manter a ordem?/ Quem quer criar desordem?/ É seu dever manter a ordem?/ É seu dever de cidadão?/ Mas o que é criar desordem,/ Quem é que diz o que é ou não?/ São sempre os mesmos governantes,/ Os mesmos que lucraram antes./ Os sindicatos fazem greve/ Porque ninguém é consultado,/ Pois tudo tem que virar óleo/ Pra por na máquina do estado./ Quem quer manter a ordem?/ Quem quer criar desordem?”. Para ver e escutar a música cliquem a seguir: http://letras.mus.br/titas/48964/
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