CARTA (92)
Meus caros e caras - Envio essa Carta Aberta com o intuito que seja lida e entendida por muitos. Fruto da observação de um visitante, que gostou muito do que viu, mas saiu frustrado com algumas coisas. Um entendimento de quem circulou pelas ruas e deu um pitaco baseado em observações feitas a olho nu. Espero que a compreendam e a passem adiante, pois da discussão de seu enunciado esperança de que frutifique algo novo. Leiam e comentem. HPA (Essa a introdução a uma Carta que enviei para meios decomunicação e outras autoridades que consegui e-mail, sobre o que visualizei das eleições em São Luís MA, após minha estada por lá. Leiam e entendam onde fui me meter).
O POVO MARANHENSE E SUA POUCA REPRESENTATIVIDADE NAS ESFERAS DE PODER
Vim conhecer pela primeira vez o Maranhão nos meus 52 anos. Sou jornalista, professor de História, pequeno comerciante, além de blogueiro (Mafuá do HPA – www.mafuadohpa.blogspot.com) em minha cidade natal, Bauru SP. Escrevinho de tudo um pouco e na qualidade de atento observador, adoro ir me envolvendo com as movimentações advindas das ruas. Meu maior apreço é juntar e contar histórias dos mais simples, pois para contar a história dos poderosos existem muitos, bastando uma olhada rápida pelo que circula na mídia nativa. Dos menos favorecidos, tipos populares, personagens do povo, os que atuam com as mangas das camisas arregaçadas, aos trancos e barrancos, sempre levantando e dando a volta por cima, escrevendo sobre esses são poucos e me predisponho a fazer isso, sem aquele tom professoral, recheado de preconceitos e conselhos. Registro o que vejo, reproduzo suas falas, anseios e desejos. Das histórias desses o lado mais saboroso de nossas crônicas.
Observei o maranhense nas ruas e em todos os lugares por onde estive durante o período em que aqui permaneci, de 08 a 13/10. O tipo físico marcante o torna de fácil identificação. A cor bronzeada e marrom, bem característica e a mediana altura são traços pra lá de definitivos na sua constituição. Tudo isso aliado a um jeito bem peculiar de tratar a própria língua. O maranhense se pronuncia com muita correção, predominando nas conversas o uso correto da língua portuguesa. Na maioria das vezes cordial, principalmente no trato com os de fora, os forasteiros, turistas. Lúcido e altivo, batalhador inveterado, vibrante pelas coisas de seu estado natal, não os percebi em nenhum momento fazendo referências desabonadoras ao Maranhão. São orgulhosos de o serem. Isso me cativou. Conversei com muitos, um atrás do outro e tornei-me fã dessa garra, perseverança, principalmente dos ludovicenses, que tive mais contato.
Meu escrito é para repassar a quem de direito e a quem possa levar isso adiante uma reclamação, um sinal de alerta observado desse contato com o povo maranhense. O faço na despedida, fruto de alguma reflexão e de muita observação. Cheguei ao estado justamente no exato momento em que os jornais anunciavam que a cidade de São Luís teria segundo turno nas eleições ocorridas em 7 de outubro. Minha constatação do resultado do pleito à prefeito da capital, algo feito a olho nu, sem necessidade de grandes referências e citações é só uma. Em ambos os candidatos que disputarão a eleição no segundo turno não vejo representada a cara do maranhense que vi nas ruas e nas conversas. Tudo bem que poderão alegar serem ambos prvenientes de famílias tradicionais, possuidores de laços indissolúveis com a história do estado, mas nada disso me convence de que o povo, aquele que aprendi a identificar por tudo quanto é canto da cidade não está neles representado. Falta DNA maranhense em ambos. Na Câmara de vereadores, com certeza dentre seus representantes eleitos muitos devem possuir isso que falta na dupla concorrente ao Executivo. Não que não sejam boas pessoas, adequadas à função almejada, londe disso, trata-se de mera observação. O presenciado pode servir de alerta para a cidade, que está perdendo o que de melhor possui, sua cara, cheiro, gestos e atitudes, deixando que outra, com pouca coisa a ver com sua real identidade ocupe um espaço onde não deveria estar. Sou mais por ver o povo ocupando o espaço que sempre foi deles. O Maranhão deve ser mais de sua gente, cada vez mais, até tomarem conta de tudo. Esse meu pensamento e minhas observações.
Um forte abraço a todos os maranhenses pela ótima receptividade dada a todos que visitam essa bonita terra. Henrique Perazzi de Aquino – Bauru SP
(obs final: todas as fotos foram tiradas por mim e representam o povo maranhense).
domingo, 14 de outubro de 2012
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4 comentários:
Henrique, imagine o seguinte cenário nos dias de hoje, país, Alemanha, um negro disputando cargo de primeiro ministro e alguém escreve um artigo dizendo que este não tem a cara do povo alemão, não tem a ver com a identidade ariana do povo, o que aconteceria?? O cara hoje seria chamado de nazista, xingado, novo Hitler e tal, e com razão seria criticado. Eu também criticaria, mas colocaria algo mais, a identidade de uma nação não está nas cores, físicos e etc, e sim no corpo soberano do estado e seu processo em absorver para sua identidade junto a soberania a diversidade e evolução de nossa espécie humana e mostraria que o que causa as mazelas e as separações sociais é a ordem econômica do sistema.
É muito perigoso esse tipo de colocação, por mais boa intenção que seja, que tenho certeza ser o caso, mas quando se faz por esse lado, cometemos o erro, primeiro em não explicitar a ordem da sociedade de capital, e tratar algo em movimento, em evolução, como algo estático, como se tivesse sido sempre assim, o que não é.
Todo povo que se vê hoje em qualquer lugar, estado, nação, é fruto de um processo histórico, um lugar que foi colonizado, intercâmbios de comércio etc e tal, e essa dinâmica em misturar, absorver é que dá a forma diversificada dos povos, até biologicamente é assim, toda espécie são seres transicionais, e todos temos identificações uns com os outros e é no como fazemos é que podemos dar uma identidade a uma nação, se eu compartilho do mesmo ideal, mesmo sentimento, identidades em comum com vários do Maranhão por exemplo, jamais poderá ser um impeditivo oferecer uma liderança para juntos buscarmos essa identidade da nação como um corpo soberano.
A Catalunha é um bom exemplo atual, vejo muitas pessoas argumentando contra a independência desse estado, mas historicamente a Catalunha tem uma identidade, um corpo soberano e isso não tem nada a ver com fisionomia das pessoas, visto que lá a quantidade de estrangeiros e diversidade é grande, assisti um documentário sobre o país onde os estrangeiros residentes apoiavam a independência da Catalunha falando justamente por esta possuir uma identidade como nação e eles se sentindo a fazer parte da construção de tudo isso, é o que torna possível isso ocorrer, vale lembrar que hoje um argentino faz parte dessa identidade e incorpora do seu jeito essa luta.
continua...
Me preocupa e muito que em pleno século 21 ainda as pessoas estejam falando em raças, gêneros, pois o efeito colateral que isso gera é terrível, porque quando começa a classificar tipos como as cotas por exemplo, não se resolve o problema estrutural que é de ordem econômica do sistema e acaba gerando um sentimento de ódio em muitos.
A Africa do Sul tem na presidência alguém com essa "identidade", olhe para o povo sulafricano e veja que continuam vivendo na mesma condição de miséria, guetos feitos com latões, e uma minoria controlando as riquezas e as melhores terras, nesta minoria hoje há várias cores e todos representando a mesma exclusão social de sempre pelos interesses do capital. Veja que o Steven Biko foi morto justamente porque ele combatia o que realmente estava por trás do apartheid e seus interesses, por isso ele foi executado e o outro que pintaram de herói sobreviveu para manter a base do sistema.
O presidente dos EUA também é tido diferente, julgado pela forma mais absurda e de ideia nazista que se possa ter e é igual ao seu antecessor, o mesmo disse que a carta na manga dele para a reeleição é o Bin Laden, esse Bin é uma figuraça, entra e sai presidente, e ele sempre volta a força para ajudar nas eleições.
Portanto, cuidado com algumas considerações, pois hoje, o preocupante é ver que tudo está maquiado nas boas intenções, mas que acabam caindo nos velhos ódios e problemas, com o agravante de neste acaso estarem acabando com a resistência.
Ao nos identificarmos com a garra de um povo, devemos levar o ideal de luta para somarmos identidades, para que um povo em todo seu merecido orgulho não acabe sendo no final das contas narciso de sua própria escravidão capitalista.
Marcos Paulo
Comunismo em Ação
Marcos
Seu texto é ótimo para nos fazer pensar e refletir. Reescreveria de outra forma após sua leitura. Mas minha crítica velada, embutida permanece, pois o que tentei demonstrar nas entrelinhas é que quem participa das eleições por lá não é nenhum representante do povo e sim, somente o de suas elites. A cara desses está estampado nos dois candidatos. E os interesses e a motivação desses é bem diferente das do povão. Foi só isso.
Henrique - direto do mafuá
Mas é aí que devemos entrar com a crítica Henrique, mas para provocar as pessoas a essa consciência. Os políticos não são uma classe a parte, e sim um pedaço da população e peças do jogo do sistema que rege essa sociedade, essa defesa dos interesses que fazem lá é o que é feito em todos os lugares, a regra é a mesma, é só olhar aqui o nosso banana de pijama, que veja só Henrique, nem precisamos esperar o próximo ano, passou uma semana e já voltou as mesmas reclamações e discussões.
O que chamo a atenção é isso, muitas vezes erra-se o foco da discussão, porque precisamos entrar é nas pessoas para que elas não apenas não sejam marionetes a validar esse jogo de interesses, como também não seja uma mentalidade aburguesada pela "educação" 24hs do mainstream pelas novelas, jornais, músicas lixo e etc a terem através dessa alienação os mesmos desejos e interesses da minoria dominante e desintegre com qualquer chance de revolta por caírem na regra um do capital que é o individualismo.
Se ficarmos entrando na onda desses discursos rasos que pululam pela internet, corrupção pra lá e pra cá, além de deixarmos um povo estático na bundamolice, não levaremos questões e ideias para as cabeças pensarem e transformarem o país.
Marcos Paulo
Comunismo em Ação
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